Fanfic: Além do Bosque - Portinon- (adaptada) -Finalizada- | Tema: portinon

No dia seguinte na casa de Dulce, além de seu humor está péssimo, tudo ocorria naturalmente. Lana via televisão com Lise, Clara colocava a roupa na corda, enquanto Dulce estava em seu quarto, mexendo em suas velhas coisas… E dentro do armário uma antiga caixa ela pegou, sentou ali no chão mesmo com ela no colo e a abriu em seguida… Era como se tudo sobre Anahí estivesse ali. A única foto que elas tiraram, os bilhetinhos da escola, as cartas que Dulce escrevera todos esses anos e nunca entregou. Aquela caixa era como um verdadeiro veneno, que fazia tudo doer, que fazia seu coração espremer e chorar de tanta dor… A morena por um lado ainda era a mesma, por outro era totalmente diferente. Seu lado menina dizia que Anahí ainda a amava, e que elas iam ser felizes para sempre um dia, mas seu lado mulher lhe dizia que não, que tudo não passou de uma brincadeira de criança e que Anahí jamais voltaria a olhar para ela, jamais voltaria a quere-la como antes… Perdida em seus pensamentos, deixando suas lagrimas caírem sem medo, alguém bateu em sua porta. Rapidamente ela passou a mão no rosto, mas nem ao menos olhou para trás para ver quem era ao mandar entrar.

- Oi… – Disse ao baixinho ao fechar a porta.

Foi como se estivesse sonhando, Dulce sentiu seu coração ir a boca e voltar, porque lá estava Anahí, como uma assombração parada perto da porta de seu quarto… Dulce levantou com pressa ficando de pé a sua frente sem saber o que dizer ou fazer.

- O que esta fazendo aqui? – Dulce perguntou do mesmo jeito arrogante que perguntava quando menina.

- Vim conversar com você… – Anahí disse sem rodeios. – Mas me diga, como esta sua vida? – Era como se esse fosse o primeiro encontro delas depois dos dez anos.

- Minha vida? – Dulce riu da pergunta. – Ótima, maravilhosa… – Ela foi irônica. – Me diga logo o que você quer Anahí… – Sem paciência.

- Vim te dizer porque fugi de você ontem e lá no bosque… – Ela pareceu triste ao lembrar.

- Não precisa dizer nada, eu já entendi tudo. – Ela foi fria.

- Eu estou noiva Dulce… – Ela mostrou a aliança. – E eu amo o Poncho… Ele é meu melhor amigo, me ajudou quando fui embora daqui, foi ele quem me fez voltar a sorrir… Estou a dez anos com ele e me caso no final desse ano… – Ela abaixou a cabeça, olhou ao redor do quarto, respirou fundo e voltar a falar. – Dulc3… o pouco tempo que passei com você aqui foram os melhores de minha vida… Mas já passou, já acabou, agora é tarde de mais… Por isso eu vim aqui para te dizer que já passou, que é para você seguir sua vida… Você vai encontrar alguém melhor do que eu, você vai ver…

- Não quero encontrar ninguém Anahí – Ela disse com raiva nas palavras. – Não quero me contentar com pouco, se não vou ver o que quero, prefiro ficar com nada… E realmente me desculpe pela minha inocência todos esses anos… Mas o beijo que demos no lago a dias atrás foi real, eu senti seu coração batendo junto ao meu, eu senti seus olhos em mim, eu senti sua respiração… Se amasse tanto assim o seu noivo não teria me beijado, na verdade se o amasse mesmo não teria ido ao lago, e teria falando normalmente comigo, e não fugido como uma menina apaixonada cheia de medos e inseguranças… – Dulce jogou as palavras em cima dela.

- Eu amo o Poncho! – Ela repetiu com fervor.

- É claro que ama, ele é seu melhor amigo, como você mesma disse…

- Não, eu o amo como mulher… – Ela parecia tentar convencer a si do que falava.

- Anahí– Ela se aproximou ficando um pouco menos de um metro de distancia. – Olha em meus olhos… – Ela fez uma pausa para ela olhar. – Agora me diz de verdade se é com esse cara que você quer ficar para o resto da sua vida… Se é com ele que você quer ter seus filhos… Se é com ele que você quer envelhecer e ver o ultimo por do sol da sua vida… – Ela se aproximou mais um pouco. – Me diz Anahí… – Ela disse em tom baixo…

- É-é… – Ela estava nitidamente sem palavras. – Eu sinto a sua falta… – Foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

Nesse momento Lise entrou correndo pelo quarto fazendo-as dar um pulo, uma para cada lado.

- Mamãe, mamãe, mamãe! – Ela entrou sorrindo com um papel em mãos. – Olha o desenho que eu fiz para você mamãe! – Lise disse mostrando a Dulce.

- Nossa filha, que lindo… – Ela pegou o desenho. – Sou eu e você?

- Sim, e esse aqui do meu lado é o Freed! – Ela apontou para algo que aprecia um cachorro.

- Freed? – Dulce perguntou sem entender.

- Sim mamãe, é o meu cachorro de estimação… – Ela sorriu.

- Mas Marlise, nós não temos um cachorro de estimação! – Disse confusa.

- Eu sei sua boba, mas eu tenho um… Já que não tenho um de verdade eu imaginei… Só eu posso ver! – Ela disse sorrindo.

- Então princesinha, acho que ta na hora de colocar comida imaginaria para ele né? – Ela devolveu o desenho a Lise. – Desenha a tia e a vovó ai também para elas ficarem felizes…

- Não vão não, eu vou fazer um para cada uma. – Ela devolveu a folha. - Esse é seu, só seu… Agora eu vou lá dar comida para o Freed, depois eu venho aqui para gente ir passear com ele na rua ta mamãe?

- Ta bem pequena… – Ela beijou a cabeça da filha. – Eu te amo viu, amei o seu desenho… – Lise já ia saindo quando Diana a chamou. – Lise… Desde as escadas sem correr, não quero você caindo de novo.

- Ta bem mãe, eu já sei, e não se esqueça que eu já sou grande. – Ela sorriu e saiu fechando a porta atrás dela.

Anahí estava estática olhando Dulce e Lise, foi como se surpreender com o final de um filme.

- Sua filha? – Anahí perguntou ainda confusa.

- Sim… – Ela disse com um sorriso orgulhoso. – Marlise, mas a chamamos de Lise… Linda não é?

- Eu sabia que essa menina tinha alguma coisa, sabia que ela me lembrava alguém…

- Como assim Anahí – Onde foi que a viu?

- Na praça com a Lana. Achei que fosse filha dela, mas alguma coisa na Lise era familiar de mais, era igual de mais… – Ela olhava nos olhos de Dulce. – E agora eu descobri o que é… É o seu sorriso, ela tem o seu sorriso… Na verdade ela é igual a você, até o jeito!

- É minha mãe vive dizendo que ela é minha copia, que quando esta brava parece que esta falando comigo quando pequena.

- E ela tem quantos anos? – Anahí  perguntou curiosa.

- Cinco. – Dulce pareceu se lembrar do que estavam falando. – Mas então Anahí… Ainda não terminamos aquele assunto.

- É… Na verdade não sei o que dizer, o que pensar, o que fazer…

- Deixa seu coração falar Anahí… – Ela sorriu de canto.

- Eu preciso pensar… – Ela disse já querendo sair dali.

- Você tem todo o tempo do mundo.

- Não tenho não…

- Pior que tem, pior que temos…

- E-eu… vou para casa, depois procuro você… – Ela já ia saindo.

- Espera… – Dulcd pensou antes de fazer, mas resolveu se deixar levar pelo impulso. – Eu quero te dar uma coisa.

Dulce voltou para onde estava, se abaixou próxima a caixa, retirou os bilhetinhos que Anahí havia lhe escrito na época da escola, tirou também uma copia da única foto que tiraram juntas, deixando dentro da caixa as cartas e uma foto, fechou-a se levantando sem seguida.

- É tudo seu… – Ela disse lhe dando a caixa. – Quero que fique com você…

- O que são? – Ela perguntou pegando curiosa.

- São cartas, e algumas outras besteiras… – Ela disse séria. – Não precisa nem ler se não quiser, pode jogar fora, mas quero que você faça isso, não eu…

- Não, e-eu… vou ler… – Ela sorriu meio envergonhada. – Até mais Dulce…

- Até… – Foi a ultima cosia que ela disse ao ver Anahí fechar a porta atrás dela.