Fanfic: Além do Bosque - Portinon- (adaptada) -Finalizada- | Tema: portinon

Anahi desceu as escadas e saiu pela porta da frente quase correndo em direção ao carro, não foi como ela imaginou que seria, e em vez de sair de lá mais tranquila com tudo resolvido, ela saiu ainda mais confusa. Entrou no carro já sentindo que ia chorar, ligou o motor com a mão tremula e seguiu adiante sem pensar para onde exatamente estava indo. Simplesmente seguiu em frente, com a imagem dos olhos de Dulce parados nos seus… As lagrimas escorriam de seu rosto fazendo com que mal visse por onde passava e ao ver que não tinha mais como seguir em frente, que seus olhos já estavam praticamente cegos, ela parou o carro encostando a cabeça ao volante, deixando seu choro sair por completo… Ao conseguir se acalmar passou a mão em seu rosto molhado, encostando a cabeça no banco do carro e respirando fundo duas vezes… Olhou para o banco do carona e viu a caixa que Dulce havia lhe dado, e sem pensar duas vezes ela a pagou, abriu e retirou uma carta qualquer. Teve receio ao começar, mas respirou fundo mais uma vez e começou a ler…

Dia 18 de dezembro de 1997

Eu não sinto minhas mãos Anahí… Na verdade não sinto meu corpo todo, acho que é efeito da parada que usei… Por um lado eu fico bem anestesiada, mas não é o suficiente, meu coração ainda dói, dói como se fosse o meu primeiro dia sem você, como se fosse aquele mesmo momento em que cheguei em sua casa e você já não estava mais…

Hoje é seu aniversário… Você esta completando seus dezessete anos, seria o seu primeiro aniversário comigo, mas em vez de estar ao seu lado, brigando e brincando com você, eu estou aqui, sentada nessa varanda solitária, drogada e triste…

Ai Anahí, como eu sinto falta de você me deixando com vergonha quase o tempo todo, como eu sinto falta dos seus beijos, da sua pele… Você não sabe como é difícil para o meu coração aceitar que você não esta aqui comigo… Que não tenho mais motivos para sorrir ou ao menos tentar… Sinto falta das nossas brigas, das nossas brincadeiras… Das tardes que passamos juntas naquela pequena casa…

Agora além de não sentir meu corpo, eu já mal consigo escrever, as lagrimas estão me cegando Anahí… E onde você esta agora para me ajudar? Onde você esta para me fazer sorrir de novo? Onde você esta para me dar o seu colo? Onde você está para secar minhas lagrimas?… Porque não volta logo para mim, porque não arruma um jeito de me ligar, ou de mandar uma carta para que eu possa mandar as minhas…

Onde você esta Anahí?… Eu queria tanto te dar um abraço de feliz aniversário, queria tanto te entregar o presente que te fiz. Queria tanto deitar no gramado e ver as estrelas até cansar… Por favor meu amor, volte logo para mim, meu coração esta chorando de tanta dor, acho que ele não vai aguentar por muito tempo…

Feliz aniversário meu amor, que você esteja bem…

Eu te amo.

Dulce Maria.

Anahí estava como uma pedra, estática, mal conseguia respirar, as lagrimas vinham ainda maiores e com mais frequência. Foi como sentir seu coração virar pó com os poucos cacos que sobraram… Ela sentia tristeza, vazios, raiva, ódio, amor, angustia… Chegou a gritar até perder o ar ainda dentro de seu carro, para ver se tudo se amenizava… Mas nada adiantou, pensou em ler outra carta, mas desistiu antes mesmo de olhar para elas outra vez… Ela ligou o motor do carro, deu a volta e foi em direção a casa de Dulce… A única coisa que ela queria naquele momento era abraçá-la com força, até sentir que ela estava protegida.

 A loira totalmente transtornada saiu entrando na casa onde havia saído a pouco tempo. Subiu as escadas correndo entrando no quarto de Dulce como um furacão.

 - Anahí? – Dulce a olhou passando a mão em seu próprio rosto, como se limpasse alguma lagrima. – O que foi? Porque voltou? Porque esta chorando?

 Anahí não disse nada, simplesmente se deixou levar, foi em direção a ela e fez o que queria, a abraçou deixando suas lagrimas escorrem por seu rosto até pingarem no ombro da outra…

Dulce não estava entendo absolutamente nada, mas com a amada, se deixou levar pelo momento a abraçando tão intensamente quanto, afagando suas costas e tentando segurar o choro… Ficaram o tempo que acharam preciso ali naquele contato tão intenso e cheio de afeto… Se separaram só depois de que Anahí parecia mais calma e sem chorar…

 - O que foi meu amor… – Dlce disse baixinho segurando em suas mãos olhando em seus olhos.

- Por que fez isso comigo Dulce… Porque? – Ela pareceu voltar a chorar.

- Mas o que eu fiz?

- Me deu aquelas malditas cartas… – Ela voltou a lembrar do que leu e a abraçou de novo. – Eu me sinto tão culpada…

- Não tem que se sentir assim, o mundo da voltas… – Ela dizia afagando suas costas. – Tivemos esse tempo todo separadas, mas agora estamos aqui, de novo, no mesmo lugar… Não tem que sentir nada ruim… Só agradecer pelo destino ter feito isso de novo…

 Amélia se separou de pressa como se fosse fugir mais uma vez.

- Hey… – Dulce se aproximou pegando em sua mão. – Não vai fugir de novo… Para de lugar contra seu coração… Faz o que ele esta mandando e vem comigo… – Ela disse em um impulso.

- Ir com você… – Anahí disse confusa. – Para onde?

- Para nossa casa… – Dulce deu um sorriso de canto. – Vamos comigo… deixa eu tentar te mostrar que você ainda pode ser feliz de verdade…

- Não Dulce… não… – Ela parecia querer fugir. – Eu não posso, eu tenho um noivo, eu o amo!

- Se o ama de verdade, não vai ser passando um tempo comigo que você vai deixar de amá-lo… – Dulce estendeu a mão. – Vem Anahí, vem comigo… Deixa eu tentar só uma vez… Não seja como eu era quando nova, não tenha medo de ser feliz… Feche os olhos e lembre de si quando me conheceu…

 Anahí fez exatamente o que ela havia pedido, fechou os olhos e lembrou da menina autentica e cheia de coragem que era, e com toda a força do mundo ela buscou dentro de si a mesma menina de anos atrás… Sem pensar muito como Anahí mesmo fazia ela disse…

 - Seja como Deus quiser…

 Fechou os olhos e saiu puxando Dulce porta a fora. Descendo as escadas como duas loucas. Por sorte ou azar ninguém as viu sair, entraram no carro de Anahí e foram quase correndo em direção ao bosque.