Fanfic: Além do Bosque - Portinon- (adaptada) -Finalizada- | Tema: portinon

Dulce não fez nada, ficou parada olhando para porta como se ela fosse voltar a qualquer momento. Mas Anahí não voltou, saiu correndo pelo bosque apenas de toalha, chorando como uma menina, querendo mais que tudo poder voltar no tempo, ter tido coragem de enfrentar a mãe e dizer que iria ficar por lá. Depois quis nunca ter conhecido Dulce, e logo em seguida mais uma vez quis voltar lá abraçá-la e ficar assim para sempre… Anahí chegou em seu carro completamente sem fôlego, ao tentar abri-lo lembrou que não havia pego nada, nem a roupa ela havia colocado. Chorou ainda mais sem saber o que fazer, o que Poncho iria dizer quando a visse daquele jeito, o que seu noivo iria achar de tudo isso… A loira saiu andando pela rua até achar um taxi que a levou até em casa, pediu que ele esperasse que ela logo voltaria com o dinheiro… Assim que Amélia estava em fim em sua casa, seu quarto, ela se jogou na cama e chorou até pegar no sono. 

Anahí acordou tarde, já estava escuro, procurou Poncho pela casa, mas não o achou. Tentou ligar para o seu celular, mas também não conseguiu. Achou estranho toda aquela situação, mas preferiu esperar ele chegar para saber onde estava e poder começar ou não a pensar alguma besteira… Anahí tomou um banho pensando no que deveria fazer em sua vida. Ela amava estar com Poncho, ele era o seu melhor amigo, confidente, divertido, sempre estava lá quando ela precisava dela… Agora Dulce não… Diana era amor, paixão, carne, desejo, loucuras. Anahí tinha vontade de se casar com ela, construir uma família, ter filhos, netos e ficar velha ao lado dela… Era confuso de mais para uma pessoa só e ao mesmo tempo simples… Anahí soube que era Dulce desde o momento em que a viu pela primeira vez, ela a amou desde o inicio, assim que seus olhos se cruzaram… Já com Poncho foi diferente, ela construiu esse amor, levou anos para conseguir ter o que tinha hoje… Depois de tanto tempo pensando, tanto tempo esperando ela pegou no sono mais uma vez…

 Quando Anahí acordou pela manha e viu que Poncho ainda não havia chegado, achou estranho, confuso e sentiu vontade de chorar. Pensou que ele teria ido embora e deixando-a para lá, pensou que ele tivesse descoberto algo e nunca mais quisesse olhar na cara dela. A loira ainda meio sonolenta ligou para a construção para saber se ele estava por lá. Talvez tivesse saído com alguns amigos e ficado na casa de algum deles. Mas assim que falou com um dos empregados seu coração acelerou, eles não o viam a dois dias, assim como ela também.

 Com pressa e nervosismo Anahí ligou para varias pessoas, mas não teve sorte ninguém sabia dele. E foi nesse momento em que ela decidiu sair pelas ruas, procurar em algum hospital, delegacia e se fosse preciso até no necrotério. Ela se vestiu correndo para procurá-lo, estava quase de saída quando alguém entrou batendo a porta da sala.

- Poncho é você? – Ela saiu de dentro do quarto correndo.

- Sou. – Ele disse meio surpreso ao vê-la.

- Oh Poncho, eu estava tão preocupada com você… – Ela o abraçou com força o soltando em seguida. – Onde você esteve? Por onde andou? Porque esta com esse cheiro de que não toma banho a dias? – Ela perguntou tudo de uma só vez.

- Não… A pergunta certa é… – Ele disse serio. – Onde você estava? – Ele enfatizou o você.

- Eu estava aqui… – Ela pareceu confusa.

- Não Anahí, você desapareceu, sumiu, sem ao menos dizer para onde ia, eu fui atrás de você quando não voltou de noite, quando não atendia o celular, fui em vários lugares, até na delegacia… E era lá que eu estava, desacatei uma autoridade de tão nervoso que estava e eles me deixaram de castigo lá até hoje de manha. – Ele disse com raiva. – Agora me diz, onde você estava Anahí?

- E-eu… Estava com uma amiga… – Ela disse assustada.

- Amiga? Que amiga Anahí? Para de mentir para mim, para de mentir, você me disse que não tinha amigos aqui… – Ele estava nervoso e gritava com ela.

- Para… – Ela disse com cara de choro. – Não grita comigo, eu não to mentindo, eu estava com uma amiga sim…

- Que amiga é essa Anahí me fala, me conta, onde você a conheceu, quando?

- Eu a conheci quando morei aqui naquela época… – Ela disse com medo.

- Quero que você me fale Anahí, me diz o que esta acontecendo, você mudou completamente quando botou os pés nesse cidade, você é outra pessoa, eu não te conheço mais… – Ele ainda gritava com ela. – Eu quero saber o que aconteceu aqui, quero saber de tudo, e quero saber agora!

- Não Poncho, por favor, não me pede isso… – Ela já dava sinal de choro.

- Me fala Anahí, eu quero saber, eu tenho direito de saber… – Ele também parecei que ia chorar a qualquer momento.

Anahí abaixou a cabeça, não sabia o que fazer e nem o que dizer, guardou esse segredo dele por tantos anos que nem sabia como começar a falar sobre o assunto. Na verdade falar do assunto seria até fácil, o difícil seria fazê-lo entender…

- Ta… – Ela disse quase em um sussurro ainda com a cabeça baixa.

- Então fala… – Ele disse ainda em tom alta esperando por ela. - To esperando…

- É… eu não sei como começar… – Ela disse olhando para ele.

- Do começo Anahí do começo. Lá trás quando você veio morar aqui… – Ele fez uma pausa. – Ou do final, me dizendo onde verdadeiramente estava…

- Não sei… – Ela colocou a mão no rosto chorando. – Eu não sei… – Ela olhou em volta da sala e se sentou ao sofá, olhou para baixo e voltou a olhar para ele. – Eu te amo Poncho eu te amo…

- Anahí… – Ele apenas a acompanhava com os olhos. – O que esta acontecendo? – Ele disse firme.

- Dulce… – Ela disse como se sentisse dor.

- Dulce? Quem é Dulce? – Ele perguntou confuso.

- Há dez anos trás… – Ela engoliu a seco, desviou o olhar olhando para suas mãos. – Eu a conheci… Entrei naquela sala de aula mais nervosa do que de costume… – Ela olhou rapidamente para ele que a olhava atentamente com a maior cara de interrogação do mundo e logo voltou seus olhos para algum ponto fixo. – Ninguém me chamou atenção como ela ali, os olhos verdes, os cabelos preso de mal jeito, a boca vermelha… – Anahí pareceu sorrir de canto ao lembrar-se. – E antes mesmo de sentar no único lugar vazio que era ao lado dela, nossos olhares se cruzaram por segundos e eu cheguei a sentir um arrepio da cabeça aos pés… – Ela estava voltando a chorar. – O jeito dela, a voz, os olhares, tudo me encantava de uma tal maneira, que mesmo ela sendo uma chata grosseira eu queria estar perto dela… – Ela olhou rapidamente para ele mais uma vez que ainda estava com a mesma expressão. – Nós… – Ela parecia não saber como prosseguir. – Eu e ela achamos uma pequena casa abandonada em uma clareira no meio do bosque perto de onde morávamos… E aquele lugar passou a ser nosso, só nosso… Vivemos muitas coisas boas lá… E sem perceber, sem pedidos, sem clichês, quando vimos já éramos uma da outra, e nos amávamos mais que tudo, eu, ela e a casa do bosque era o suficiente para nos fazer feliz… Antes de ir embora, passamos nossa ultima noite juntas naquela casa, e eu nem ao menos me despedi dela, apenas deixei uma carta ao lado da cama…

Era a primeira vez na vida que ela falava disso para alguém, e era ainda pior esse alguém sendo Poncho. Ele parecia confuso, distante, tentando encaixar as coisas, tentando se lembrar de tudo que eles já passaram antes… Ele passou a mão no rosto olhou para o teto e depois voltou a olhar para Anahí.

- Você estava com ela então? – Ele perguntou em tom baixo.

- Sim… – Ela respondeu sem olhar para ele.

- E vocês estavam na tal casa? – Ainda em tom baixo.

- Estávamos… – Ela disse com a voz chorosa.

- Você a ama Anahí?! – Ele mais afirmou do que perguntou.

- Sim eu amo… – Ela tomou coragem para olhar em seus olhos. – Mas eu amo você também.

- É claro que me ama. – Ele sorriu como se fosse uma afirmação idiota. – Eu sou seu melhor amigo esqueceu?

- Sim e eu não… – Ele a interrompeu.

- Mas só me ama desse jeito… Como um amigo.

- Não, não é assim… – Ela se levantou, tentou pegar em seu braço, mas ele recuou.

- Anahí… Se você visse o jeito que você falou dela. Você nunca falou nem metade de mim assim…

- Eu te amo e não quero te perder Poncho… – Ela disse chorando. – Me promete que não vai me deixar…

- Te deixar? Mas como eu posso deixar uma coisa que nunca tive?  - Ele perguntou serio.

- Como assim nunca teve, nós estamos noivos! – Ela disse em um tom mais alto. – Eu amo você é com você que eu vou casar.

- Não Anahí, olhe para você, olhe para sua vida, eu te amo de mais para deixar você fazer isso. – Ele fez uma pequena pausa. – Eu poderia simplesmente matar você, matar ela ou me matar, mas nada disso me faria feliz, nada disso iria fazer com que eu tivesse você por completa… Mesmo com todos esses anos e toda essa omissão, meu coração sempre soube que você não era minha, ele sempre soube que você iria me magoar um dia…

- Não Poncho, eu nunca quis te magoar… – Ela tentou pegar no braço dele outra vez, mas ele novamente recuou.

- Eu sei, mas a culpa não é sua, e sim minha, sempre foi minha…

- Me perdoa por favor…

- Não tem o que perdoar… Ninguém manda no coração… – Ele deu um passo atrás. – E-eu vou tomar um banho, preciso relaxar. – Ele saiu da sala indo em direção ao quarto.

Anahí sentou novamente no sofá e desabou em chorar, não sabia o que fazer, estava perdida, sem chão, sem amparo. Foi como perder tudo ao mesmo tempo, um irmão, um amigo, um confidente, um namorado, um noivo… uma vida…