Fanfic: Além do Bosque - Portinon- (adaptada) -Finalizada- | Tema: portinon

Anahí não conseguia parar de chorar, precisava respirar ar puro, tentar se controlar um pouco… Na verdade a única coisa que ela queria naquele momento era que Dulce estivesse ali ao lado dela. A loira colocou a carteira no bolso da calça e saiu de casa querendo fazer aquela dor passar, aquele tormento amenizar. Andou até a praça e sentou-se em um banco qualquer… Ela observou as pessoas, estava bem cheio por ali, crianças brincando no parquinho, idosos jogando xadrez, jovens conversando animadamente, pessoas correndo, mães passeando com seus filhos, casais apaixonados por todas as partes… Tudo aquilo só fazia a sua dor aumentar… E pensar em Poncho e Dulce era como pisar em seu coração. Porque as duas únicas pessoas que ela amou de verdade na vida estavam odiando ela naquele momento. 

E lá estava ela, sentada, chorando como uma criança perdida, vendo as pessoas passarem como vultos em sua frente, querendo se prender a algo, ganhar um abraço, achar uma solução para que ninguém saísse ferido dessa historia, mas nada, nada mesmo que ela pensasse era útil para toda aquela situação. E a única coisa que ela conseguia realmente fazer era chorar, fazia tanto tempo que ela não chorava daquele jeito com aquela intensidade… E como se tivesse saído de seus sonhos Dulce surgiu a sua frente com a expressão mais assustada que ela havia visto.

- Anahí? – Dulce se abaixou a sua frente pegando em sua mão. – O que você esta fazendo aqui? Porque esta chorando desse jeito?

- Eu não to chorando. – Anahí disse com a voz falhando passando a mão no rosto e abaixando a cabeça.

- Não, eu que to. – Dulce disse meio sarcástica. – Olha para mim Anahí. – Ela levantou o rosto dela com a mão. – Me diz, o que aconteceu, porque você ta chorando aqui sozinha?

- Ai Diana… – Ela voltou a chorar a abraçou com força.

Dulce retribuiu o abraço do mesmo jeito, afagando suas costas com uma das mãos, tentando acalmá-la pelo menos um pouco, e fazia som de ‘shii’ baixinho em seu ouvido enquanto passava a outra mão em seus cabelos. Ela chorou por um bom tempo em seu ombro, ali naquela praça cheia, que varias pessoas passavam e olhavam a tal cena, onde Anahí estava sentada no banco abraçada a Dulce que estava abaixada a sua frente. Depois de que a loira conseguiu se acalmar pelo menos um pouco ela soltou a outra passando a mão mais uma vez em seu rosto, tentando limpar suas lagrimas.

- Me perdoa, por favor, me perdoa. – Anahí disse ainda com a voz chorosa, segurando firmemente na mão de Dulce.

- Shiiii… – Dulce disse baixinho passando a mão no rosto dela. – Me fala, o que aconteceu…

- O Poncho me odeia, você me odeia, todos me odeiam… Eu sou uma idiota, só faço merda, nada que eu tenha feito nessa vida foi certo. – Ela dizia rápido tentando não chorar. – Eu deixei você, nunca tive corarem para voltar, eu menti para ele, nunca foi realmente verdadeira com aquele que foi meu melhor amigo, eu fui covarde, eu tive medo… medo Dulce, medo… – Ela tampo o rosto, respirou fundo e voltou a falar. – Me perdoa Dulce, por favor, me perdoa por ter sido tão covarde… – Ela abaixou a cabeça.

- Para de dizer essas cosias, ninguém de odeia… Bom eu não te odeio, e jamais poderia sentir algo assim por você.

- Me odeia sim, me odeia porque acha que eu não te amo, porque eu sou uma covarde e sempre tive medo de encarar aquilo que realmente queria. – Anahí disse olhando em seus olhos.

- Não Anahí, eu não te odeio para com isso… – Dulce se levantou sentando ao seu lado. – Eu estou chateada, triste e até com raiva, mas não te odeio…

- Então você me perdoa? – Anahí disse tentando sorrir.

- Mesmo se eu não quisesse, eu não conseguiria dizer que não.

- Isso quer dizer que você quer ficar comigo?

- Não sei Anahí, eu to confusa, to ferida, você é noiva, e já disse que não sabe o que realmente quer. Não quero ficar no seu caminho, eu te amo de mais para te forçar a fazer alguma coisa, eu te amo de mais e só quero que você seja feliz… – Dulce disse com os olhos tristes.

- Não… não… não! – Anahí pegou nas mãos de Dulce mais uma vez. – Meu coração quer você, meu corpo quer você, tudo o meu ser quer você… Me perdoa por te deixar triste e confusa, nunca quis que você passasse por isso, eu te amo e quero ficar com você… E o meu amor esta sendo tão egoísta que eu não to pensando em mais nada além de passar o resto da minha vida ao seu lado.

- Não sei Anahí… – Dulce disse emocionada, mas ainda parecia confusa.

- Eu provo, eu provo a você que te amo, eu provo que a única coisa que eu quero nessa vida é estar com você! – Anahí se levantou ainda segurando em suas mãos. – Vem comigo!

Anahí saiu na frente puxando Dulce pela mão, andando pela praça, indo em direção ao chafariz  passando pelas pessoas como um furação, fazendo com que todos as olhassem assustados… Anahí parou em frente ao tal chafariz enquanto Dulce apenas a olhava tentando decifrar o que ela iria fazer. E sem pensar duas vezes Anahí subiu na borda do tal ficando de frente para todos que estavam na praça.

- Desce daí sua doida! – Disse Dulce a puxando levemente pela mão.

- Não Dulce, não antes de fazer o que vou fazer. -Anahí sorriu decidida para a outra.

- E o que esta pensando em fazer sua louca? Se jogar na água suja? – Dulce disse ainda sem entender as intenções dela.

- Apenas olhe e escute. – Anahí sorriu do mesmo jeito que antes para Dulce, antes de voltar seus olhos a praça, onde varias pessoas já a olhavam.

Anahí fechou os olhos e viu um filme passar em sua mente, o filme de toda a sua vida com Dulce.  Respirou fundo e voltou a olhar para mais algumas pessoas que agora também a olhavam. Sorriu da melhor maneira que podia e tomou coragem para fazer o que tinha em mente.

- Hey, vocês? – Anahí balançou os braços para chamar atenção. – Gostaria de um pouco da atenção de todos vocês, juro que é só um pouco mesmo. – Incrível como a praça inteira parou para olhar para ela.

- Não acredito que você esta fazendo isso, para Anahí, desce daí. – Dulce disse baixinho ainda puxando a mão dela, mas Anahí a ignorou.

- Todo mundo aqui já amou alguém, todo mundo sabe o que é sofrer de amor… – Quase todos balançaram a cabeça positivamente. - Você! – Anahí apontou para um estudante. – O que é o amor para você?

- Eu? – Disse o jovem.

- É você mesmo… O que é o amor para você menino? – Ela perguntou sorrindo.

- Ah… o amor para mim é… sei lá… é quando você quer o bem da pessoa, quando você quer estar perto, mas ficaria longe se ela quisesse, é quando você respeita, admira e se encanta por alguém… É quando seu coração sente paz, alegria e vontade de voar quando a pessoa esta perto. – Ele parecia meio constrangido. – É… não sei… acho que é isso…

- Ótimo! – Ela sorriu para ele. – O amor é algo que não tem cor, sexo, religião ou qualquer cosia do tipo. Amar é você ficar feliz apenas com o sorriso de uma pessoa. É você acordar pela manha e acha que o dia esta maravilhoso, mesmo estando caindo a maior tempestade dos tempos. É correr na chuva em um dia frio e achar isso a melhor coisa do mundo. É saber das qualidades e dos defeitos e querer aquela pessoa mesmo assim… – Ela já não olhava mais só para o menino, falava olhando para todos, olhando nos olhos de cada um. – Mas não digo só o amor tradicional aquele de homem e mulher, todo amor é valido… O amor pelo seu antigo cão, por aquela pessoa que já se foi, amor de pais, de filhos, o amor pelos seus amigos, pelas suas coisas… São tantas as formas de amarmos… E muitas vezes não vemos que temos amor por todas as partes… – Ela fez uma pausa, olhou para Dulce e voltou a olhar as pessoas. – Eu disse que não ia tomar muito o tempo de vocês, então eu vou direto ao ponto…

Dulce estava corada como costumava ficar quando ainda eram duas meninas, e por mais vergonha que ela estivesse sentindo, ela estava achando aquilo a coisa mais linda que ela já havia visto…

- Então… eu amo uma pessoa gente, amo mais que tudo nessa vida, sou completamente louca, apaixonada… E hoje eu sei que faria qualquer coisa para ficar com ela, eu faria todas as coisas daquela musica que diz: Eu iria a pé do Rio a Salvador… – Ela cantarolou essa pequena parte da musica e riu antes de voltar a falar. – Mas tem um grande problema, eu errei com essa pessoa, eu a abandonei, disse que ia voltar e de fato nunca voltei, não por ela… E quando voltei eu a magoei… Fui covarde em tudo, sempre com medo de fazer o que o meu coração berrava… – Anahí respirou fundo mais uma vez, olhou rapidamente para Dulce que a olhava com os olhos cheio de amor e voltou a olhar as pessoas. – Sei que essa pessoa vai me matar depois por esta fazendo isso aqui, mas eu não tenho mais medo de nada, na verdade o meu único medo é perde-la mais uma vez…

Anahí olhou para Dulce e estendeu a mão a ela, mas a mesma não subiu, continuou onde estava e olhando uma nos olhos da outras Anahí prosseguiu.

- Eu te amo Dulce, não quero mais ter que ficar longe de você, não quero mais ter que te perder. Eu errei e peço que você me perdoe… A nossa vida ainda ta começando, e mesmo que já estivesse acabando, ainda temos tempo, sempre há tempo de ser feliz… Sempre… Fica comigo, até o ultimo dia de nossas vidas? – Ela sorriu esperando por uma resposta.

Todos da praça pareceram ficar de boca aberta ao saberem que Anahí estava falando de uma mulher, e ficaram mais espantados ainda por ela ser Dulce, a famosa cantora dos bares… A morena pareceu tirar coragem de onde nem ela sabia que tinha, e subiu junto com a outra ao chafariz.

- Não… – Dlce disse ao sorrir. – Até o ultimo dia é muito pouco, quero ficar com você além disso, quero estar com você em todas as partes, aqui, no céu, no inferno… Quero nascer de novo e ter você ao meu lado mais uma vez… Nunca mais me deixe, por favor… – Dulce a abraçou com força, soltou do abraço e olhou em seus olhos.

- Isso foi um sim? – Anahí perguntou com um sorriso iluminado no rosto.

- Você ainda tem duvidas?

E como em um filme elas se beijaram ao som de aplausos, todos, todos aplaudiram, até os velhinhos que estavam jogando xadrez ao longe, era como se todo mundo estivesse assistindo ao vivo um ‘felizes para sempre’… Ela pararam de se beijar desceram do chafariz e saíram correndo de mãos dadas como duas meninas apaixonadas de dezesseis anos.