Fanfic: Além do Bosque - Portinon- (adaptada) -Finalizada- | Tema: portinon

Elas correram, correram até perder o ar, aquela sensação de liberdade, de donas do mundo era a melhor coisa que elas poderiam sentir. Fazia tanto tempo que não sentiam algo parecido, que assim que pararam praticamente se jogaram no meio fio sentando-se lado a lado, rindo como duas meninas. Ainda estavam próximas a praça, mas ninguém estava passando por ali naquele momento. Se olharam ainda com sorrisos enormes no rosto e se beijaram sem medo de nada… Após se levantarem, pegaram um taxi até o inicio do bosque, estava tudo dolorido para elas, sem duvidas o taxista deve ter achado que elas estavam drogadas, de tanto que riam de tudo…

Passaram o resto do dia e a noite na casa do bosque, se amando, e trocando as juras de amor mais lindas do mundo. Na manha seguinte tiveram que ir à casa de Dulce, não tinha o que comer na pequena casa e elas estavam famintas. Assim que chegaram ao portão da morena, Clara sua mãe parecia que as esperava. Sua expressão estava fechada, coisa que Anahí nunca havia visto, e estava de braços cruzados sentada em um bando na varanda… Elas se aproximaram o bastante fazendo com que Clara se levantasse e olhasse para filha com certa decepção.

- O que foi mãe? – Dulce perguntou sem entender seu olhar.

- O que foi? – Clara perguntou de modo como se fosse a pergunta mais idiota do mundo. – A cidade inteira fala de você, você some sem dar explicações, sua filha pergunta a todo o momento onde você está, e ainda me pergunta o que foi? – Ela ainda parecia abismada com a pergunta. – Pensei que você fosse no mínimo responsável Dulce Maria, no mínimo!

- Mãe, eu posso explicar… – Dulce deu um passo a frente, mas Clara voltou a falar a interrompendo.

- Vai me explicar o que Dulce? Que deixou sua filha chorando em casa para se divertir? Que me fez passar vergonha na rua por curtição?

- Não mãe, não é desse jeito, não é bem assim… – Dulce parecia nervosa de mais, parecia não saber o que realmente dizer. – Essa aqui é Anahí mãe… – Ela apontou para Anahí.

- Eu conheço a Anahí, Dulce… A conheço há muito tempo, se é que não se lembra. – Clara olhou rapidamente para Anahí que estava parada sem reação a poucos metros delas, mas logo voltou a olhar para a filha.

- E ela mãe… Ela é o amor da minha vida, eu a amo desde o primeiro dia que a vi, foi por ela que chorei todos esses anos, foi por ela ter partido naquela época que eu fiz tantas besteiras… – Dulce pareceu tirar coragem de onde ela nem sabia que tinha.

- Eu sei disso tudo Dulce. – Blanca disse com certa naturalidade, fazendo Dulce e Anahí ficarem de boca aberta. – Eu sempre soube. Mas não é sobre isso que estou falando… To falando das suas responsabilidades, você tem uma filha, mora debaixo do meu teto, me deve satisfação. Tem que me dizer aonde vai, com quem vai e porque vai… Não pode ficar sumindo assim, nós ficamos preocupadas! E de verdade Dulce, não sei o que esta acontecendo com você, não é a primeira vez que some desse jeito. – Clara estava mesmo com raiva.

- Desculpa mãe. – Dulce abaixou a cabeça como uma menina de dez anos.

- Não, não quero que peça desculpas a mim, e sim a sua filha. A mim eu quero respeito, porque sou sua mãe e sempre fui muito boa com você, não é certo o que você fez, não é certo o que você vem fazendo…

- Mesmo assim me desculpe mãe. – Ela continuava de cabeça baixa. – Isso não irá se repetir. – Ela levantou a cabeça para olhar para mãe.

- Eu tenho certeza que não irá… – Clara fez uma pausa, olhou para Anahí e depois voltou para Dulce. – E sobre o que estão falando na cidade… Convenhamos meninas, desnecessário o show que vocês fizeram, já são duas mulheres, acho que eu com essa idade não precisava mais passar por isso… Porque as piadinhas que ouvi só de ir ao mercado foi deprimente. Estou muito triste com vocês duas… – Ambas abaixaram a cabeça como meninas levando bronca.

- A culpa foi minha Dona Clara. – Ela levantou a cabeça em seguida. – Peço perdão pelo o a senhora passou, foi mesmo algo tolo de se fazer, mas ou era desse jeito ou de nenhum deles. Estou realmente chateada com essas piadas que te falaram, mas de verdade, se fosse preciso eu faria de novo. Eu não me arrependo.

- É por isso que gosto de você Anahí. E mesmo não entendendo muito bem isso tudo, se eu tivesse que escolher alguém para ficar ao lado de minha filha o resto da vida dela, eu escolheria você. Estou feliz que tenha voltado para cá, e mais feliz ainda por fazer minha filha feliz. – Clara sorriu para ela.

- Obrigada mãe. – Dulce disse antes de Anahí.

- Obrigada. – Anahí também disse.

- Mas isso não muda o fato de estar muito chateada com você Dulce, e outra coisa, daqui para frente você não mora mais aqui. – Disse Clara virando as costas e entrando em casa.

Anahí e Dulce se entreolharam sem entender, seus rostos mostravam quase tudo que estavam sentindo. Duvida, medo, espanto… Logo elas entraram indo em direção à cozinha. Que era onde Clara havia ido.

- Mãe… Mãe! – Disse Dulce entrando à cozinha. – Você não acha que esta exagerando? Me expulsando assim de casa? Eu nem tenho para onde ir.

- Mas vai arrumar, tenho certeza que vai. – Clara disse pegando uma xícara.

- Mas mãe, para com isso, como vou arrumar um lugar assim de uma hora para outra? – Dulce não estava entendo nada.

- Não precisa ir hoje, procure um lugar e quando achar pode ir… – Clara disse com naturalidade colocando café na xícara.

- Mas mãe, acabamos de reformar o quarto da Lise, ela vai ficar muito triste de ter que ir embora.

- Mas ela não precisa ir Dulce. – Clara disse olhando para ela. – Na verdade ela não vai com você…

- Mãe, ela é minha filha, agora você esta passando dos limites… – Dulce disse com certa raiva.

- Dulce… – Ela disse com calma ao se sentar a cadeira. – Eu amo você… E por te amar tanto assim, eu quero que você seja feliz! Quero que saia de baixo da minha asa, quero que vá viver um pouco sua vida, quero que tenha sua casa, suas responsabilidades… E quando tudo em sua vida estiver estável e você tiver pronta para ter sua família morando debaixo do seu teto, a Marlise volta a morar com você. Não quero roubar ela para mim, e nem quero te castigar… Você pode e deve vê-la todos os dias… Mas me fala Dulce… – Ela fez uma pequena pausa. – Você acha certo levar sua filha com você sem nem ao menos ela ter o quartinho como merece?

Dulce não disse nada, apenas se aproximou da mãe e a abraçou com força tentado fazer aquele momento eterno em sua mente.

- Obrigada mãe. – Dulce segurou sua mão e a beijou. – Obrigada por ser tão boa para mim!

- É, de nada filha, por mais chateada que eu esteja com você, isso não muda o fato de ser minha filha e eu querer o seu bem. – Ela olhou para Anahí. – Agora quero que se sentem e comam. – Ela apontou para a mesa farta. – Eu sei que estão morrendo de fome… Fiquem a vontade que eu vou ver se a Lise acordou. – Ela disse tomando o ultimo gole de café e se levantando da cadeira.

Depois daquele dia, tudo mudou na vida delas. De inicio elas ficaram morando na pequena casa no bosque. Anahí continuou a trabalhar na construção do shopping, já Poncho voltou para casa. Dulce assinou contrato com uma gravadora e logo estaria gravando seu primeiro CD. O dinheiro começou a entrar rapidamente, e logo compraram uma grande casa na mesma rua que da mãe de Dulce. Lise não tinha casa certa, às vezes ficava com a avó e às vezes com a mãe. Mas quase todo final de semana iam as três para a casa no lago. E se divertiam como uma verdadeira família.

- Ela esta crescendo tão rápido Any. – Disse Dulce vendo a pequena Lise dormir na rede da varandinha da pequena casa de madeira.

- É, ela vai fazer seis anos né? – Disse Anahí olhando para Lise.

- Vai sim, mês que vez. – Disse Dulce ao empurrar levemente Anahhí que estava entre suas pernas. – Vamos dar uma volta?

- Vamos sim. – Disse Anahí se levantando para Dulce se levantar também.

E lá estavam elas, andando lado a lado, de mãos dadas, na beira do lago, olhando o céu e as estrelas daquela noite fresca.

- Já se passaram dois anos que voltei para cá, mas é incrível, como a cada dia que se passa eu me sinto mais feliz, amando ainda mais você. – Disse Anahí ainda olhando para o céu.

- É estranho né?! Parece que eu estou sempre no meu limite, que não tem como amar mais você, mas ai eu acordo pela manha e te vejo ao meu lado, e parece que esse amor se multiplica. – Disse Dulce parando de andar e olhando nos olhos dela. – Você é linda… – Ela disse deixando a loira meio envergonhada.

- É incrível, você pode dizer isso para mim mil vezes ao dia, que sempre que disser eu vou me sentir desse jeito, envergonhada. – Disse Anahí sorrindo. – Eu te amo Dulce…

- Eu te amo Anahí… – Dulce completou a abraçando com força.