Fanfic: Milionário do mês | Tema: Vondy

A banda começou a entoar uma balada romântica. Assim que enlaçou a cintura de Dulce, Christopher sentiu uma descarga elétrica atingi-lo da sola dos pés até o topo de sua cabeça.

Dulce sorriu para ele e Christopher teve certeza de que ela havia sentido a mesma coisa.

O ar estava gelado e a rua repleta de gente, mas Christopher teve a sensação de que ele e Dulce estavam sozinhos nos trópicos, tamanho era o calor que emanava de ambos.

— No que é que você está pensando? — perguntou Dulce, enquanto ele a conduzia pela pista de dança.

— Acho melhor não contar a você — disse Christopher, desviando os olhos deliberadamente do brilho verde dos dela. — Tenho a sensação de que você vai acabar usando isso contra mim.

— Oh, você é um executivo muito durão, não é? — disse Dulce, contendo uma gargalhada.

Ele arriscou olhar para Dulce novamente, e percebeu que a intensidade do olhar dela não havia diminuído em nada.

— Você já me chantageou antes.

— Mas foi por uma boa causa.

— Não creio que um juiz considerasse isso como atenuante.

— Sou a prefeita por aqui. Acha que eu faria alguma coisa ilegal?

Ela sorriu novamente para ele e o corpo de Christopher reagiu com força. Ele a segurou com mais firmeza, puxando-a mais para perto de si. Os movimentos de Dulce durante a dança estavam provocando o seu corpo de uma maneira muito intensa.

Para se distrair, ele deixou seu olhar vagar pela cidade. As construções eram antigas, mas bem cuidadas. As calçadas eram limpas. Havia jardineiras em todas as janelas que certamente deveriam ficar repletas de flores durante a primavera.

Havia cerca de 100 pessoas nas ruas, desde casais mais idosos, sentados de mãos dadas, até adolescentes trocando olhares amorosos intensos.

Dulce combinava com aquele ambiente. Ela havia sido cumprimentada por todos com abraços, beijos, risos e gritos. Christopher se pôs a pensar por um momento em como seria pertencer assim a algum lugar. Aquela era uma sensação que ele não conhecia desde criança. Mais que isso, ele havia mesmo se esforçado, ao longo dos últimos anos, para impedir que algo assim acontecesse.

Lá no alto, a lua despontou por entre as nuvens, banhando a cidade num brilho prateado, fazendo o lugar ganhar ares de magia.

Se Hunter Palmer não tivesse escolhido justamente aquela cidade, certamente pela diversão de ela ter o mesmo nome que ele, Christopher jamais ficaria sabendo da sua existência. Ele não era o tipo de pessoa que explorava lugares desconhecidos.

Christopher preferia cidades grandes. O anonimato dos quartos de hotel com um mar de rostos cada vez diferentes ao seu redor. Ele não tinha nenhum interesse em criar vínculos com uma cidade, nem com as pessoas que jamais votaria a ver depois que deixasse aquela montanha.

No entanto...

Dulce segurou a sua mão com um pouco mais de firmeza, como se tivesse lido os seus pensamentos e tentando, sutilmente, mantê-lo por lá.

Christopher tinha que admitir, ao menos para si mesmo, que era muito bom tê-la em seus braços, e aquele corpo curvilíneo pressionado contra o seu.

A reação de seu corpo à proximidade dela era pura e simplesmente uma reação química.

O fato de já não desfrutar há muito tempo da companhia de uma mulher em sua cama era certamente o responsável pelo modo como ele estava reagindo a Dulce.

A simples imagem dela deitada na sua cama foi suficiente para fazer uma lava quente correr pela sua corrente sangüínea.

— Oh — disse ela, inclinando a cabeça para trás para fitá-lo —, agora realmente tenho que saber no que é que você está pensando. O seu rosto enrijeceu e seus olhos ficaram turvos.

— Turvos?

— É uma palavra como qualquer outra. Você está tentando mudar de assunto.

— E sem sucesso, pelo jeito.

— Quando me conhecer melhor, você saberá que nunca desisto tão fácil.

— Pode acreditar — disse Christopher. — Já percebi.

— Uau! — disse ela com um brilho nos olhos.

— Estamos fazendo progressos!

— Progressos?

— Já sei que você fica todo rígido quando não quer falar sobre alguma coisa e você já sabe que sou um pouco teimosa.

— Um pouco?

— Nós já somos praticamente amigos.

— Amigos?

— Acho que não há nada de errado nisso, não é? — perguntou ela, detendo-se quando a música acabou. — Ou será que você tem tantos amigos assim a ponto de poder dispensar a minha amizade?