Fanfic: Irresistível | Tema: Light

 Camila - Bersarme

-Vamos Alex - (Dul gritou, caminhando de volta para a casa)

Dulce não queria estar ali quando Ucker voltasse. Não queria confronto. Não confiava em si mesma. Fora legal. Tentara ser justa,  mas acabara. A fúria dela a abastecia como um tubo de gás abastecendo um maçarico. Sentia queimar incontrolavelmente por dentro. Era melhor sentir aquela fúria do que a humilhação patética e a mágoa que entorpeciam-lhe a alma. O seu coração fora estraçalhado mais uma vez por Christopher Uckermann e ela, Dulce Maria, uma burra romântica e carente, permitira.

Alexandra saiu da cozinha, ainda vestindo seu pijama roxo da princesa Jasmine e com os cabelos frisados.

-Vamos a algum lugar, mamãe? - (Alex quis saber)

-Para casa - (Dul respondeu sem a olhar)

-Por que? - (Alex perguntou)

-Porque está na hora de ir - (Dul disse séria)

-Ucker vai também? - (Alex perguntou)

-Não - (Dul disse e  revirou os olhos)

-Não quero ir ainda - (Alex negou com a cabeça)

Dulce abriu a porta da frente da casa e fez um movimento com a cabeça para que Alex a seguisse.

-Que droga! - (Dul gritou)

Alex franziu a testa e saiu da casa.

-Ainda não é sábado - (Alex falou com beiço, enquanto caminhava pela calçada com a cabeça baixa) - Mamãe, você disse que ficaríamos até sábado - (completou)

-Houve uma mudança de planos. Vamos para casa mais cedo - ( Dul colocou o cinto de segurança em Alex no assento traseiro e deu uma camisa, um short e uma escova de cabelo para ela) - Quando estivermos na estrada, você pode trocar de roupa - (Dul explicou sentando atrás do volante. Deu partida e engatou a ré)

-Esqueci minha Barbie na banheira - (Alex disse rapidamente)

Dulce pisou no freio e olhou para Alex mal humorada. Sabia que se não voltasse lá e pegasse a Barbie. Alex ficaria preocupada e inquieta, e falaria sobre isso todo o caminho de volta a Seatlle.

- Qual delas? - (Dul perguntou impaciente)

-A que tia Maite me deu de aniversário - (Alex fez beiço)

-Qual banheira? - (Dul disse e revirou os olhos)

-Ao lado da cozinha - (Alex disse e baixou a cabeça)

Dulce estacionou o carro de novo e saiu.

-O motor do carro está ligado, portanto, não mexa em nada - (Dul disse séria e apontando um dedo para Alex)

Alex deu de ombros com indiferença.

Pela primeira vez desde a infância, Dulce correu. Correu de volta para a casa e para o banheiro. A boneca Barbie estava na saboneteira junto da parede de azulejos e pegou-a pelas pernas. Virou-se e quase colidiu com Ucker. Ele estava parado na porta com as mãos plantadas no batente de madeira.

-O que está acontecendo, Dulce? - (Ucker disse com a testa franzida)

O coração dela saltou do peito. Ela o odiava. Ela se odiava. Pela segunda vez na vida, permitira que Ucker a usasse. Pela segunda vez, ele causava-lhe uma dor tão forte que ela mal conseguia respirar.

-Saia do meu caminho, Uckermann - (Dul disse grossa)

-Onde está Alex? - (Ucker questionou sério)

-No carro. Não vamos mais ficar - (Dul respondeu grossa)

Os olhos dele se estreitaram e tinha uma cara de interrogação.

-Por que? - (Ucker disse sério)

-Por sua causa - (Dul disse magoada)

Dulce colocou as mãos no peito dele e o empurrou. Deu alguns passos, mas não foi muito longe antes de Ucker agarrá-la pelo braço e impedi-la de sair pela porta da frente da casa.

-Você age assim com os outros caras com quem dorme ou eu dei sorte? - (Ucker disse sarcástico)

Dulce rodopiou e atacou-o com  sua única arma. 

Bateu forte no ombro de Ucker com a boneca molhada.

A cabeça da boneca saltou fora e voou pela sala. Dulce fervia por dentro e se sentia como se sua cabeça estivesse prestes a saltar como a da pobre da  Barbie.

Ucker olhou da boneca sem cabeça para o rosto de Dulce. As sobrancelhas se ergueram.

-Qual é o seu problema? - (Ucker disse sério)

A graça sulista inata, as lições de etiqueta da Srta. Virdie e os anos da influência educada e adequada de sua avó viraram cinzas no inferno do passado, da raiva que Dulce sentia daquele homem perguntando "qual era seu problema?".

-Tire sua mão pegajosa de mim, seu FILHO DA PUTA imoral !!! - (Dul gritou com raiva)

O aperto de Ucker ficou mais forte no braço de Dulce e os olhos encaravam os dela.

-Na noite passada você não me achou pegajoso. Posso ser um FILHO DA PUTA, mas não pelo que fizemos juntos. Na noite passada você estava excitada, e eu estava duro, e cuidamos desse assunto. Pode não ter sido a escolha mais inteligente que fizemos, mas aconteceu. Agora, trate de lidar com isso como uma mulher adulta, pelo amor de DEUS!!! - (Ucker cuspiu as palavras perigosamente)

Dulce livrou o braço das mãos dele e deu um passo para trás. Desejava ser grande e forte e poder bater bem forte nele. Desejava ser rápida com as palavras mordazes como Ucker era, e esmagar o coração dele. Mas não era nem fisicamente forte, nem rápida sob pressão. Era patética.

-Você garantiu que eu estivesse feliz de verdade na noite passada, não? - (Dul perguntou magoada, mas sem deixar transparecer)

Ucker piscou para ela.

-"Feliz" (Ucker fez aspas com os dedos) - Não é uma boa palavra para você, presumo. Embora eu prefira "saciada", mas se quiser usar "feliz", por mim tudo bem. Você estava feliz. Eu estava feliz. Nós dois estávamos divinamente felizes - (Ucker disse sarcástico fazendo gestos com as mãos)

Dulce apontou a boneca sem cabeça para Ucker.

-Seu imbecil dissimulado. Você me usou - (Dul disse irada)

-Sim. Quando foi isso? -Quando sua língua estava na minha garganta ou quando sua mão baixava minha calça? - Da maneira como eu vejo, houve um uso de ambas as partes acontecendo - (Ucker disse sarcástico, apontado o dedo para ela e para ele)

Dulce encarou-o através de sua ira. Eles não estavam falando da mesma coisa, embora uma coisa estivesse ligada à outra.

-Você mentiu pra mim? - (Dul o acusou séria)

-Sobre o que??? - (Ucker disse abrindo os braços, esperando uma explicação)

Em vez de lhe dar a oportunidade de mentir de novo, Dulce foi até a cozinha e rebobinou a  fita da secretária eletrônica. Então, apertou o play e observou o rosto de Ucker quando a voz do advogado preencheu a sala silenciosa. Seu rosto não revelava nada.

-Dulce, você está criando caso por causa disso - (Ucker disse assim que a secretária eletrônica desligou) - Não é o que você está pensando (completou)

-É seu advogado - (Dul disse séria)

-Sim! - (Ucker disse dando de ombros)

-Então, qualquer contato futuro entre NÓS - (Dul disse apontando o dedo para ela e ele) - Acontecerá através de advogados. E fique longe da Alexandra - (Dul disse com uma voz extremamente calma)

-Sem chance - (Ucker negou com a cabeça)

Ucker aproximou-se dela.  Um homem grande e forte que costumava conseguir as coisas através da simples força do desejo e utilizando-se de seu porte físico.

Dulce não se intimidou. Ela estava ferida.

-Você não tem lugar na nossa vida - (Dul disse séria)

-Para o DIABO que não - (Ucker disse irado)

-Não quero VOCÊ perto dela - (Dul rebateu)

-Sou o PAI de Alex, não uma invenção EStÚPIDA chamada Tony. Você mentiu pra ela por toda a sua vida. Já está na hora de Alex saber a verdade. Os problemas que temos entre nós não mudam o fato de ela ser MINHA FILHA - (Ucker gritava irado)

Dulce sabia que Ucker provavelmente estava certo. Mas também sabia que faria qualquer coisa para não perder a filha.

-FIQUE LONGE!!! - (Dul gritou irada e virou-se para ir embora)

Quando Dulce virou seus pés cabalearam.

Alexandra estava parada na porta da cozinha. Ainda vestia o pijama roxo e o cabelo permanecia arrepiado ao redor da cabeça. O olhar parado em Ucker como se nunca o tivesse visto antes.

Dulce  não sabia quanto tempo Alex estava ali, mas temia pelo que ela tivesse ouvido. Agarrou a mão da filha e arrastou-a para fora da casa.

-Não faça isso, Dulce - (Ucker gritou atrás dela) - Podemos resolver tudo...

Mas Dulce não parou. Já dera muito a Ucker. Dera-lhe o coração, a alma e a confiança. Não lhe daria a coisa mais importante da sua vida. 

Poderia viver sem o coração, mas não sem Alexandra.