Fanfic: Irresistível | Tema: Light

-Por que não pode? (Ucker intrigado)

-Meu corpete está muito apertado...meu Deus! - (o sotaque arrastado do sul de Dul se intensificou) - (e ela continuou com sua ladainha já familiar) - Desta vez fiz bem feito, não acredito...

Ucker começou a achar que ajudar a gostosa da ruiva não fora uma boa idéia. Pisou fundo no acelerador, impulsionando o Porsche pela ponte, deixando para trás Bainbridge Island.

-Sissy nunca vai me perdoar. (Dul continuava com sua preocupação extrema, o que para Ucker estava sendo um saco)

-Eu não me preocuparia com sua amiga  - (disse Ucker, bastante desapontado ao descobrir que a gostosa em seu carro era  tão frágil quanto um croissant e continuou) - Lyle lhe comprará alguma jóia bem cara e ela esquecerá tudo isso

Uma ruga surgiu entre as sombrancelhas de Dulce.

-Acho que não - (disse Dul)

-Claro que vai - (insistiu Ucker) - Provavelmente a levará a lugar bem caro e os olhos dela ficarão brilhando, esquecendo qualquer mágoa - (Ucker disse certo)

-Mas Sissy não gosta do Lyle. Ela o acha um duende velho e pervertido - (disse Dul inocentemente)

Ucker explodiu numa gostosa gargalhada com a inocência da garota e de ouvir como realmente as garotas tinham comparado o velhote ricaço, Pablo Lyle, que se achava o garanhão.

Mas derepente uma sensação ruim tomou conta de Ucker e ele parou de rir, e ele pensou, não custava perguntar???

-Sissy não é a noiva? (ressabiado)

Ela o encarou com seus enormes olhos castanhos, destacados por uma maquiagem negra e balançou a cabeça negativamente.

-Eu sou - (Dul respondeu)

-Não tem graça, Dulce Maria - (Ucker aos berros)

-Eu sei - (Dul choramingou) - Não acredito que deixei Lyle no altar!

A sensação ruim foi para a cabeça, lembrando-o da ressaca. Ucker pisou no freio enquanto guiava o Porsche para a direita e parou no acostamento. Dulce bateu contra a porta e agarrou a maçaneta com as duas mãos.

-Eu é que não acredito, garota! - (Ucker desligou o carro e tirou os óculos escuros) - Diga que está brincando! - (Ucker exigiu, jogando o Ray-ban no console do carro)

Não queria pensar no que aconteceria se fosse pego com a noiva fugitiva de Lyle. Mas não precisava pensar muito, sabia o que aconteceria. Sabia que seria vendido a um time perdedor mais rápido do que conseguiria esvaziar seu armário. Gostava de jogar para o Chinooks. Gostava de morar em Seatlle. A última coisa que queria era ser vendido por causa de uma gostosa, louca e ruiva.

-Mas você não está usando um vestido de casamento! (Ucker sentiu-se trapaceado e a inquiriu) - Que tipo de noiva não usa um maldito vestido de casamento???

Dulce agarrou a barra do vestido e puxou-a para baixo, tentando cobrir as coxas. Mas o vestido não fora feito para o pudor. Quanto mais ela o puxava em direção aos joelhos, mais descobria os seios.

Ucker não ficava imune aos atributos físicos de Dul, mas no momento ele estava com muita raiva e sentindo-se um tolo.

-Este é um vestido de casamento - (Dul respondia) - Apenas não é um vestido tradicional - (explicava enquanto agarrava o grande laço branco e puxava o corpete para cima) - Afinal, Pablo, já foi casado cinco vezes e achou que um vestido branco seria de mau gosto -  (Dul respondeu envergonhada pela situação)

Respirando fundo, Ucker fechou os olhos e passou a mão no rosto pedindo paciência. Precisava se livrar dela. E rápido. O carona dos infernos, pensou ele.

-Você mora no sul de Tacoma, certo? - (Ucker perguntou)

-Não. Sou de Mckinney, Texas. Até três dias, nunca tinha saído ao norte de Oklahoma - (Dul)

-Isso está ficando cada vez melhor - (Ucker riu sem humor e olhou-a novamente ali sentada como se fosse um presente embrulhado para ele, só que agora tinha virado uma pegadinha muito perigosa)

-E sua família está aqui para o casamento, certo??? - (Ucker perguntou)

Novamente Dulce negou com a cabeça e Ucker franziu a testa e falou:

-Claro que não - (Ucker debochado)

-Não estou me sentindo bem - (afirmou Dul)

Ucker pulou do carro e correu para o outro lado. Se ela fosse vomitar que não fosse dentro dos seu Porsche novo. Abriu a porta e a agarrou-a pela cintura.

-Vai vomitar? - (perguntou Ucker sobre a cabeça dela)

-Acho que não. - (Dul olhou-o com olhos de súplica)

Ucker já estivera com muitas mulheres e reconhecia uma gatinha manhosa quando uma se sentava no seu colo. Conhecia a "raça" "ame-me, alimente-me, cuide-me". Elas ronronavam e se roçavam,e, exceto para fazer um homem uivar, não serviam para mais nada. Ele a ajudaria a chegar aonde precisava, mas a última coisa que queria era alimentar e cuidar de uma mulher que havia rejeitado Pablo Lyle, seu chefe.

-Onde posso deixá-la? - (Ucker indagou)

Dulce sentiu-se como tivesse engolido centenas de borboletas e estava com dificuldades de respirar. Espremera-se em um vestido dois tamanhos menores e mal conseguia puxar ar para os pulmões. Olhou para aqueles olhos amendoados cercados por longos cílios e soube que preferia cortar os pulsos com uma faca a vomitar na frente de um homem tão lindo. Os cílios enormes e a boca carnuda deveriam tê-lo feito parecer um pouco feminino, mas não. O homem exalava masculinidade demais, ele tinha era uma cara de bebê apesar de ser mais velho que ela. Dulce que tinha um metro e setenta e cinco e pesava sessenta e cinco quilos sentia-se pequena perto dele.

-Onde posso deixá-la, Dulce? - (perguntou Ucker novamente) 

-Não sei - ( Dul sussurrou)

Durante meses, vivera com uma pressão no peito. Um peso que ela não tinha certeza se um homem como Lyle conseguiria fazer desaparecer. Com Lyle, nunca mais teria cobradores ou que pensar no aluguel. Tinha vinte e um anos e tentara cuidar de si mesma, mas como na maioria das coisas em sua vida, fracassara miseravelmente. Sempre fora um fracasso. Na escola e em todos os empregos que tivera, e agora fracassara quando tentou convencer-se que poderia amar Pablo Lyle.

Naquela tarde, na frente do espelho, estudando o vestido de noiva que ele escolhera, a pressão no peito ameaçava sufocá-la e ela soube que não conseguiria casar-se com Lyle. Nem mesmo por todo aquele maravilhoso dinheiro, conseguiria ir para cama com um homem que a lembrava do seu avô.

 -Onde está sua família? - (Ucker perguntou)

-Eu tenho uma tia avó e um tio avô que vivem em Duncanville, mas Lolly não podia viajar devido a idade avançada e meu tio avô Clyde teve que ficar cuidando dela. (explicou Dul)

-Onde estão seus pais? (ucker insistiu)

-Fui criada pela minha avó, mas ela se foi há alguns anos - (Dul respondeu na esperança que ele não perguntasse sobre o pai que nunca conhecera ou sobre a mãe que vira apenas uma vez, no funeral da avó)

-Amigos? - (Ucker já estava impaciente)

-Ela está na casa de Lyle - (Dul disse simples)