Fanfic: Irresistível | Tema: Light

Alejandro Sanz - No me compares

-Adivinha só, Rodrigo! - (Alex disse animada) 

-O que? - (Rodrigo perguntou)

-Estou no primeiro ano. A minha professora é Sra. Burguer. Como hambúrguer, mas sem "ham". Gosto dela porque é legal e possui um esquilo na nossa sala. Ele é marrom e branco e tem orelhas bem pequenas. Todos os chamam de Stimpy. Mas eu queria chamá- lo de Pongo, mas não consegui. - (Alex conclui sua história meio chateada)

Alex manteve uma conversa interminável durante o percurso entre o prédio e o estacionamento. No entanto no carro, a caminho de casa, ficou muito quieta. Dulce tentou falar com ela, mas estava claramente distraída.

A uma quadra de distância, Dulce percebeu o Range Rover de Ucker estacionado na frente da sua casa. Viu-o sentado na varanda, os pés separados e os braços apoiados nas coxas.

Dulce parou o carro na entrada e deu uma olhada no banco traseiro. Alex olhava reto para a porta da garagem e apertava o lábio superior entre os dentes. As mãozinhas seguravam com força a prancheta que Rodrigo lhe dera para que escrevesse suas ideias para os novos programas da mãe.

No papel, Alex desenhara vários gatos e cachorros sem forma e escrevera: pet sho

-Está nervosa? - (Dul perguntou, sentindo as próprias mãos tremendo)

Alex deu de ombros.

-Se não quiser ir, não acho que Ucker vá forcá-la, minha preciosa - (Dul acrescentou, na esperança de que Alex falasse a verdade)

-Você acha que ele gosta de mim? - (Alex perguntou depois de uns segundos de silêncio)

A garganta de Dulce apertou. Se Alex, que sempre fora segura de si, sempre tão certa de que todos a amavam, não tinha certeza a respeito do pai???

-É claro, minha preciosa, que ele gosta de você. Ucker gostou de você desde a primeira vez em que a viu - (Dul manteve a voz firme sem chorar)

-Ah... - (foi tudo que Alex disse)

Juntas, as duas saíram do carro e andaram pela calçada. Por trás dos óculos pretos e grandes, Dulce viu-o levantar-se. Parecia à vontade, vestindo uma calça sarja beje, camiseta branca e uma camisa xadrez aberta por cima. O cabelo estava mais curto que da última vez em que o vira. O olhar estava fixo na filha.

-Oi, Alex! - (Ucker cumprimentou meio nervoso)

Alex baixou os olhos, para a prancheta, repentinamente interessada.

-Oi - (Alex disse)

-O que tem feito desde a última vez que a vi? - (Ucker perguntou interessado)

-Nada - (Alex disse)

-Como está o primeiro ano? - (Ucker quis saber)

Alex não olhava para Ucker.

-Ok. - (Alex disse dando de ombros)

-Gosta da professora? - (Ucker perguntou)

-Hã-Hã. - (Alex disse)

-Qual é nome dela? - (Ucker perguntou)

-Sra. Burguer - (Alex disse)

A tensão era quase palpável. Alex era mais amigável com o carteiro do que estava sendo com o próprio pai, e os dois sabiam disso. Ucker ergueu o olhar para Dulce os olhos amendoados acusando-a. Dulce irritou-se. Podia não gostar dele, mas não dissera uma palavra contra ele, ao menos não ao ouvido de Alex. Só porque não queria deitar e deixá-lo passar por cima dela de novo, não significava que tentaria envenenar Alex contra o pai.

Dulce estava surpresa pelo surto de timidez incomum da filha, mas sabia o motivo.  A causa para sua reserva estava na frente dela, como um gigante enorme e musculoso, e Alex não sabia como se comportar com Ucker agora, que sabia que ele era o pai.

-Por que não conta ao Ucker sobre o esquilo, Alex? - (Dul sugeriu, introduzindo o assunto da fixação mais recente dela)

-Possuímos um esquilo - (Alex disse)

-Onde? - (Ucker quis saber)

-Escola - (Alex disse)

Ucker não conseguia acreditar que aquela garotinha era a mesma que ele tinha conhecido em junho. Olhou para baixo e ficou imaginando para onde tinha ído sua menina tagarela.

-Quer entrar? - (Dul perguntou numa tentativa de quebrar a tensão)

Ucker preferia sacudir Dulce e exigir saber o que ela tinha feito com a sua filha. Contra ele.

-Não. Precisamos ir - (Ucker respodeu para Dul seco)

-Aonde? - (Dul quis saber)

Ucker olhou fulminando para aqueles grandes óculos escuros e pensou em dizer que não era da conta dela, mas suavizou por causa da filha.

-Quero mostrar a Alex onde moro - (Ucker pegou na prancheta e puxou-a suavemente da mão de Alex) - Trago-a de volta às 21 horas - (disse e entregou  prancheta para Dul)

Dulce olhou para Alex e colocou um sorriso forçado no rosto.

-Dê-me um pouco de dengo, minha preciosa - (Dul disse carinhosamente)

Alex ficou na ponta dos pés e deu um beijo de tchau na mãe.