Fanfic: Irresistível | Tema: Light

Dulce Maria - Ya No

Ucker seguiu Caroline Foster Lyle pelo hall da propriedade rural de Pablo em Bainbridge. O cabelo loiro tinha algumas mechas acizentadas e linhas finas se alojavam no canto dos olhos. Era um daquelas mulheres com sabedoria e graça. Tinha a sabedoria de não lutar contra a idade com tinturas no cabelo ou cirurgias plásticas, e a graça de ser bonita apesar dos sessenta e cinco anos.

-Pablo está esperando por você - (Caroline disse à Ucker, enquanto passavam pela sala de  jantar formal)

Quando chegaram à  frente das portas duplas de mogno, Caroline olhou para Ucker com a preocupação brilhando nos olhos azuis pálidos.

-Preciso pedir que seja uma visita curta. Sei que Pablo pediu que o encontrasse agora à noite, mas ele está trabalhando mais do que o habitual nos últimos dias. Está exausto, mas não descansa. Sinto que há algo errado, mas ele não vai dividir comigo. Você sabe o que aconteceu para aborrecê-lo? São os negócios? - (Caroline perguntou à Ucker)

-Não sei - (Ucker disse calmo)

Ucker estava no segundo ano de um contrato de três, portanto não precisava se preocupar com negociações por mais um ano. Por isso duvidava que Lyle o tivesse chamado para discutir o contrato.

Além disso, o dono do time não lidava diretamente com as negociações, pagava uma empresa de gereciamento esportivo para cuidar dos interesses profissionais deles.

-Presumo que Lyle queira falar sobre a escalação dos jogadores - (Ucker disse à Caroline, embora achasse esquisito que Lyle quisesse falar com ele pessoalmente, em especial às 21 horas de uma sexta)

Uma ruga se formou na testa de Caroline antes de ela abrir a porta.

-Ucker está aqui - (anunciou Caroline à Pablo, entrando no escritório)

Ucker a seguiu até a sala decorada com madeira de cerejeira e couro, esculturas de pescadores japoneses e litografias Currier & Ives. As diferentes texturas se misturavam e criavam um ambiente de riqueza e bom gosto.

-Mas só vou deixá-lo ficar por meia hora - (Caroline continuou) - Então vou pedir que vá embora para você descansar 

Pablo tirou o olhar de vários papéis espalhados pela mesa executiva diante dele.

-Feche a porta quando sair - (foi a resposta de Pablo a Caroline)

Os lábios de Caroline formaram uma linha fina, mas ela não disse nada e saiu da sala.

-Por que não senta Uckermann? - (Lyle indicou uma poltrona de couro na frente da mesa dele)

Ucker olhou no rosto do velho homem e soube por que ele estava sendo intimado. Amargura e fadiga formavam pequenas bolsas sob os olhos de Pablo. Ele aparentava cada um de seus setenta e cinco anos. Ucker sentou e esperou.

-Em outro dia, você parecia genuinamente surpreso ao ver Dulce Saviñón na televisão - (Pablo disse sério)

-Fiquei - (Ucker disse)

-Você não sabia que ela tinha seu próprio programa de televisão aqui em Seatlle? - (Pablo o encarava sério)

-Não - (Ucker respondeu)

-Como pode ser isso, Uckermann? Vocês dois são bem próximos - (Pablo disse carrancudo)

-Não somos assim tão próximos - (respondeu Ucker, perguntando-se exatamente quanto Pablo sabia...)

Pablo pegou uma folha de papel e entregou a Ucker.

-Isso prova que você é um mentiroso - (Pablo acusou Ucker com rancor)

Ucker pegou o documento e analisou rapidamente. Era a cópia da certidão de nascimento de Alexandra. Ucker estava registrado como pai de Alex, o que o deixava satisfeito, mas não apreciava que alguém vasculhasse sua vida pessoal. Jogou o papel de volta à mesa e encontrou o olhar de Pablo.

-Onde conseguiu isso? - (Ucker disse sério)

Pablo respondeu à pergunta de Ucker com um aceno de mão.

-É verdade, então? - (Pablo disse com raiva)

-Sim, é. Onde conseguiu isso? - (Ucker não se intimidou)

Pablo deu de ombros.

-Pedi que alguém fizesse uma pequena investigação a respeito de Dulce e imagine minha surpresa quando vi seu nome - (Pablo disse com amargura)

Pablo segurava uma série de documentos do tribunal com o reconhecimento legal da paternidade de Ucker. Pablo não os entregou, mas não precisava. Ucker tinha suas próprias cópias em casa.

-Aparentemente... (fez uma pausa) - ...você gerou uma  filha com Dulce - (Pablo cuspia as palavras)

-Você sabe que sim, então por que não corta a conversa fiada e vai direto ao ponto? - (Ucker disse sério)

Pablo colocou os papéis de volta na mesa.

-Isso é algo que sempre admirei em você, Uckermann. Não fica enrolando com nada - (o olhar de Pablo não hesitou quando questionou) - Você transou com minha noiva antes ou depois de ela me deixar plantado no meu pátio parecendo um velho tolo ridículo? - (completou)

Embora Ucker não tivesse gostado de ver alguém remexendo no seu passado, nem daquela pergunta pessoal, achava que era justa. Respeitava Lyle o bastante para acreditar que ele merecia uma resposta.

-Vi Dulce pela primeira vez depois que ela deixou o casamento. Nunca a vi antes de sair correndo de sua casa e me pedir carona. E ela não estava usando vestido de noiva e eu não sabia quem era - (Ucker resumiu)

Pablo recostou-se na cadeira.

-Mas em algum momento ficou sabendo - (Pablo afirmou)

-Sim! - (Ucker afirmou)

-E, depois de descobrir quem era, você transou com ela de qualquer jeito - (Pablo disse sério)

Ucker franziu a testa.

-Obviamente - (Ucker disse simples)

Segundo seu modo de ver as coisas, Ucker fizera um favor a Pablo de tirar daquele casamento. Dulce podia ser bem malvada e Ucker não achava que o velho pudesse suportar ouvir que não era memorável na cama. Não como Ucker.

Pablo estava melhor sem Dulce. Ela podia fazer um homem arder e ficar excitado, e depois dizer a ele que estava se humilhando. E então, com aquela voz gotejando mel e farpas, lembrá-lo de seu segundo casamento com uma stripper. Dulce era cruel, sem dúvida.