Fanfic: Irresistível | Tema: Light

Alejandro Sanz - Amiga mia

Alex parou abruptamente e ficou olhando para uma vitrine. Por trás do vidro, vários gatinhos listrados rolavam com uma bola de pelos e perseguiam uns aos outros em um poste de arranhar forrado com carpete.

Cerca de seis filhotinhos eram mantidos em um grande cercado de arame e, enquanto Alex olhava maravilhada, Ucker percebeu um vislumbre da garotinha que roubara seu coração no Marymooor Park.

-Quer entrar e dar uma olhada? - (Ucker perguntou à Alex)

Alex olhou para Ucker como se ele tivesse sugerido um crime.

-Minha mãe diz que eu... - (Alex fez uma pausa e um sorriso lento surgiu nos lábios dela) - Certo. Vou entrar com você - (completou)

Ucker abriu a porta da Patty`s Pets e deixou a filha entrar. A loja estava vazia, exceto pela vendedora atrás do balcão que escrevia algo em uma caderno.

Alex entregou-lhe o gato de vidro que ele comprara e caminhou até cercado. Colocou a mão dentro e remexeu os dedos. Imediatamente, um tigrado amarelo lançou-se e enrolou seu corpo peludo ao redor do pulso dela. A garotinha deu risada e levou o gatinho ao peito.

Ucker enfiou o gatinho de vidro no bolso de sua camisa polo azul e verde e ajoelhou-se ao lado de Alex. Acariciou as orelhas e os nós dos dedos roçaram no queixo da filha. Não sabia o que era mais macio.

Alex olhou par Ucker, tão entusiasmada que mal podia se conter.

-Gosto dela, Ucker - (Alex disse)

Ucker tocou a orelha do gatinho e roçou com as costas da mão o queixo de Alex.

-Você pode me chamar de papai - (Ucker disse, segurando a respiração)

Os olhos amendoados dela piscaram uma vez e, então, Alex escondeu um sorriso no alto da cabeça do gatinho. Uma covinha surgiu na face pálida, mas ela não disse uma palavra.

-Todos os gatinhos estão vacinados - (anunciou a vendedora por trás de Ucker)

Ucker olhou para baixo, para o tênis de corrida, o desapontamento arrancado de seu coração.

-Estamos apenas olhando hoje - (Ucker disse, se levantando)

-Pode ficar com o gatinho tigrado por cinquenta dólares. Esse é um grande negócio - (a vendedora disse)

Ucker se deu conta de que com a obsessão de Alex por animais, Se Dulce quisesse ter um, ela teria.

-A mãe dela provavelmente me mataria se eu levasse para casa um gatinho - (Ucker disse)

-E um cachorrinho? -Acabei de receber um filhote de dálmata - (disse a vendedora)

-Um dálmata? - (Alex eufórica)

Os ouvidos de Alex se aguçaram.

-Você possui um dálmata? - (Alex perguntou com os olhos brilhando)

-Bem ali - (a vendedora disse)

A vendedora apontou para uma parede de vidro.

Alex colocou gentilmente o gatinho de volta co cercado e moveu-se para o canil. Os cubículos de vidro estavam vazios, exceto pelo um dálmata, um pequeno husky gordo de costas e adormecido e um rato grande enroscado em uma tigela de comida.

-O que é isso? - (Alex perguntou, apontando para o rato quase careca com orelhas enormes)

-É um chihuahua. Ele é cãozinho muito doce - (disse a vendedora)

Ucker não achava que aquele animalzinho pudesse ser chamado de cachorro. O cachorro se sacudiu, parecia patético e deixava os cão em geral com má fama.

-Está com frio? - (Alex perguntou à vendedora e encostou a testa no vidro)

-Acho que não. Tento mantê-lo bem aquecido - (disse a vendedora)

-Ele deve estar com medo -(Alex colocou a mão no canil) - Ele sente falta da mamãe - (disse)

-Ah, não - (disse Ucker, quando viu a lembrança de entrar no pacífico para salvar um peixinho cruzar sua mente. De maneira alguma iria fingir salvar aquele cão estúpido e trêmulo) - Não ele não sente falta da mãe dele. Ele gosta de viver aqui sozinho. Aposto que gosta de dormir no prato de comida. Aposto que está tendo um bom sonho agora e está tremendo porque está sonhando que está em um vento forte (completou)

-Chihuahuas são uma raça agitada - (informou a vendedora)

-Agitada? - (Ucker apontou para o cão) - Ele está dormindo

A vendedora sorriu.

-Ele só precisa de um pouco de amor e carinho - (a vendedora disse)

Então a vendedora sumiu por uma porta de vaivém. Alguns segundos depois, a parte de trás do canil se abriu e duas mãos pegaram o cão enroscado no prato.

-Precisamos ir se quisermos chegar a tempo ao cinema - (Ucker disse, tarde demais)

A vendedora voltou e enfiou o cão nos braços de Alex.

-Qual o nome dele? - (Alex perguntou olhando para os olhos pretos pequenos e brilhantes que a encaravam de volta)

-Ele não tem nome - (respondeu a vendedora) - O dono é que dá nome

A língua do cãozinho saiu apressada e lambeu o queixo de Alex.

-Ele gosta de mim - (Alex disse, rindo)

Ucker olhou para o relógio, ansioso para que Alex e o cão se separassem.

-O filme vai começar. Precisamos ir agora - (Ucker avisou)

-Já vi três vezes - (Alex disse sem tirar os olhos do cão) -Você é um querido precioso - (falou lentamente, parecendo-se incrivelmente com a mãe) - Dê-me um pouco de dengo!

-Não - (Ucker balançou a cabeça, sentindo-se repentinamente como um piloto tentando aterrisar um avião com apenas um motor. "Chega de dengo".)

-Ele parou de tremer - (Alex disse)

Alex roçou o rosto na cara do cãozinho e ele lambeu a orelha dela.

-Precisa devolvê-lo agora - (Ucker disse)

-Mas ele me ama e eu o amo. Posso ficar com ele? - (Alex pediu)

-Ah,não. Sua mãe me mataria - (Ucker disse)

-Mamãe não vai se importar - (Alex disse)

Ucker ouviu a armadilha na voz de Alex e ajoelhou-se ao lado dela. Sentiu o outro "motor morrer com o solo" se aproximando dele. Precisou pensar em algo rápido antes que batesse.

-Sim, ela vai. Mas vamos fazer assim, eu compro uma tartaruga, você deixa na minha casa e, toda vez que for lá, pode brincar com ela - (Ucker disse)

Com o cãozinho feliz enroscado nos braços dela, Alex inclinou-se no peito de Ucker.

-Não quero uma tartaruga. Quero o pequeno Pongo - (Alex disse manhosa)

-Pequeno Pongo? -Não pode dar um nome a ele Alex. Ele não é seu - (Ucker disse)

As lágrimas começaram a brotar nos olhos de Alex e o queixo dela tremeu.

-Mas eu o amo e ele me ama - (Alex disse chorosa)

-Você não gostaria de ter um cão de verdade? Podemos olhar cachorros de verdade no próximo fim de semana - (Ucker disse)

-Ele é um cachorro de verdade. Apenas é pequeno. Não tem uma mamãe e, se eu deixá-lo aqui, sentirá minha falta - (as lágrimas escorriam pelos cílios e Alex soluçava) - Por favor papai, me deixe ficar com Pongo

O coração de Ucker colidiu com as costelas e subiu pela garganta. Ele olhou para o rostinho triste digno de pena e ficou em pedaços. Ele ardia. Sem chance de reação. Estava atônito. Alex o chamara de "papai". Pegou a carteira e entregou o cartão de crédito à vendedora feliz.