Fanfic: Irresistível | Tema: Light

-Vire-se - (Ucker ordenou ríspido, enquanto caminhava na direção dela)

Sem dizer uma palavra, ela virou e encarou o espelho sobre a penteadeira. Quatro minúsculos botões fechavam o vestido às suas costas. Puxou o cabelo para o lado, expondo os minúsculos cachos na nuca. 

A pele dela, o cabelo, o sotaque do sul, tudo naquela mulher era suave, a não ser a tagarelice e os peitões que faziam um homem querer se ajoelhar aos seus pés, pensou Ucker enquanto se embrenhava nos botões, CALMA UCKER!!!

-Como você entrou nessa coisa? (Ucker perguntou intrigado)

-Tive ajuda - (olhou para Ucker pelo espelho)

Ucker não se lembrava de alguma vez ter ajudado uma mulher a se despir sem levá-la para a cama, mas não tinha a menor intenção de tocar na noiva fugitiva de Pablo Lyle além do necessário.

Ergueu as mãos e puxou com força até que um botãozinho deslizasse de sua alça.

-Não consigo imaginar o que eles devem estar pensando neste momento. Sissy tentou me alertar, era contra o casamento com Lyle. Achei que deveria ir em frente, mas não consegui. - (disse Dul tristemente)

-Não acha que deveria ter chegado a essa conclusão antes de hoje? - (disse Ucker sarcástico, enquanto estava ocupado com os botões)

-Acho. Tentei dizer a Lyle que estava em dúvida. Tentei conversar com ele na noite passada, mas ele não me ouviu. Então, vi a prataria - (Dul balançou a cabeça) - Escolhi o modelo Francisco I e os amigos de Lyle enviaram uma boa quantidade - (Dul continuou sonhadora, como se Ucker soubesse do que ela estava falando) - Ah, só de ver todas aquelas frutas no cabo da faca fiquei toda arrepiada. Sissy acha que eu deveria ter escolhido outro, mas sempre fui uma garota estilo Francisco I. Mesmo quando criança... (continuou Dul sonhadora)

Ucker não tinha muita paciência com conversa de mulher. Queria ter um MP5 ali com fones de ouvido. Como não tinha, ignorou-a. Frequentemente era acusado de ser um verdadeiro imbecil, uma reputação que ele considerava vantajosa. Dessa maneira não precisava se preocupar com mulheres querendo um relacionamento sério.

-Enquanto está aqui, pode abrir o zíper? De qualquer forma (Dul contiuava) - Quase chorei de alegria quando coloquei os olhos nos garfos de aperitivo e nas colheres e...

Ucker olhou-a pelo espelho com uma expressão ameaçoadora, mas Dulce não estava prestando atenção. Então ele pensou, Cara, o que essa garota tinha de gostosa tinha de pé no saco!!!

Assim que Ucker começou a deslizar o fecho de metal, descobriu por que a garota tinha dificuldade em respirar. Sob o zíper do vestido, ganchos prendiam uma roupa de baixo que Ucker reconheceu instantaneamente. O corpete, cortara a pele macia da garota.

Dulce levou uma mão ao laço e apertou-o contra os seios grandes para evitar que o vestido caísse.

-Ver minha prataria favorita subiu à minha cabeça e acho que deixei Lyle me convencer de que eu estava apenas tendo uma crise de ansiedade pré nupcial. Eu realmente queria acreditar nele... - (Dul prosseguia)

-Acabei - (cortou Ucker, quando terminou com o zíper)

Pelo espelho, Dulce encontrou os olhos de Ucker e baixou os seus rapidamente e se tocou da situação de estar seminua na frente dele. Então corou. Mas ainda precisava da ajuda dele.

-Poderia afrouxar um pouco meu...hã...essa coisa? (Dul perguntou corada)

-Seu corpete? - (Ucker)

-Sim, por favor! (Dul mais corada, impossível)

-Não sou uma maldita ama (Ucker resmungou com seu humor de cão, erguendo mais uma vez as mãos para puxar os ganchos)

Enquanto se ocupava dos minúsculos fechos, os nós dos dedos de Ucker roçavam a pele macia de Dulce. Um tremor precorreu-a e um longo e baixo suspiro saiu do fundo de sua garganta.

Ucker olhou pelo espelho e suas mãos pararam. A única vez em que vira tanto êxtase no rosto de uma mulher foi quando estava dentro dela. Um golpe de excitação atingiu-o em cheio no baixo ventre. A reação instantânea de seu corpo ao prazer nos olhos dela e no seu próprio corpo o irritou. Perigo, fique alerta!!!

Ucker, pensou, seu corpo reagir frente a uma mulher seminua e gostosa, está dentro da normalidade. Na verdade, ficaria preocupado se não reagisse, mas não faria nada a respeito.

-Ah que maravilha! - (Dul suspirou fundo) - Não tenho palavras para expressar esta sensação incrível. Não tinha planejado usar este vestido por mais de meia hora e já faz três.

-Lyle é um homem velho - (disse Ucker, sem se preocupar em esconder a irritação na voz) - Como você acha que ele iria arrancá-la disso?

-Isso não foi gentil - (Dul sussurrou)

-Não espere gentileza de mim, Dulce (Ucker a alertou e soltou mais alguns ganchos) - Ou estarei prestes a desapontá-la

Ela o encarou e soltou o cabelo sobre as costas.

-Acho que você poderia ser agradável se quisesse - (Dul disse firme)

-Está certa - (Ucker ergueu a ponta dos dedos para esfregar as marcas nas costas dela feitas pelos ganchos, mas antes que pudesse tocá-la, deixou as mãos caírem ao longo do corpo) - Se eu quisesse ser gentil, mas não quero e não sou - (Ucker disse isso e saiu do quarto fechando a porta atrás dele)

Quando entrou na sala, sentiu na hora um olhar especulativo de seu avô Luis. Pegou a cerveja da mesa, sentou-se no sofá diante do avô e aguardou suas perguntas. Não precisou esperar muito.

-Onde você pegou essa? (Luis quis saber)

-É uma longa história - (respondeu Ucker, e então explicou toda a situação, sem omitir nada para seu avô)

-Meu Deus, Christopher, perdeu o juízo? (Luis inclinou-se para a frente e quase caiu da poltrona) - O que pensa que seu chefe vai fazer? (e continou o sermão) - Pelo que sei, o homem não é exatamente o tipo que perdoa, e você praticamente sequestrou a noiva do velhote ricaço.

-Não a sequestrei (Ucker colocou os pés na mesinha de centro e afundou-se nas almofadas) - Dulce o deixou

-Sim - (Luis cruzou os braços no peito e olhou sério para Ucker) - No altarrrrr (ele berrou) - Um homem provavelmente não perdoa, nem esquece algo desse tipo

Ucker apoiou os cotovelos nas coxas e levou a garrafa à boca.

-Ele não vai descobrir - (disse Ucker, tomando um grande gole de cerveja)

-É melhor mesmo. Trabalhamos muito pra chegar até aqui (Luis lembrou ao neto)

-Eu sei - (Ucker disse, embora não precisava ser lembrado.)

Ucker devia muito do que possuía ao avô. Depois da morte do pai, Ucker e a mãe tinham ído morar ao lado de Luis. Todos os invernos, Luis enchia o pátio com água para que o neto tivesse um lugar para patinar. Fora o avô Luis quem treinara com Ucker no gelo frio até quase congelarem os ossos. Fora Luis que o ensinara a jogar hóquei, levava-o aos jogos para incentivá-lo. Era Luis quem mantinha as coisas em ordem quando a vida ficava ruim.

-Vai comê-la? - (perguntou o avô, tirando Ucker de seus pensamentos)

-O que? - (Ucker ergueu o olhar para seu avô, dando um pulo do sofá)

-Não é que vocês jovens dizem? - (disse o avô simples, como se fosse algo banal)

-Caralho Luis! - (disse Ucker, embora realmente não tivesse ficado chocado, mas era seu avô) - Não, Luis, não vou comê-la

-Espero, realmente, mesmo que não (Luis cruzou os pés um sobre o outro, calmamente) - Mas, se Lyle descobrir que ela está aqui, de qualquer modo achará que vocês transaram

-Luis, hoje você está engraçadinho, mas pode deixar ela não faz meu tipo (Ucker disse olhando pra frente)

-Há, faz me rir, você pode querer enganar qualquer um, menos seu avô, mas é claro que ela faz seu tipo (Luis argumentou) - Ela me lembra aquela stripper que você namorou um tempo atrás, Cocoa LaDude, tinha mais peitos que corpo

Ucker olhou para o corredor grato por estar vazio e Dulce não estar ouvindo a conversa "aberta" de seu avô.

-O nome da stripper era Cocoa LaDuke e eu não a namorei - (Ucker olhou de volta para o avô e franziu a testa)

Embora Luis nunca tivesse dito nada, Ucker tinha a sensação de que o avô nunca aprovou seu estilo de vida .

-Não esperava encontrá-lo aqui (Ucker disse, tentando mudar de assunto propositadamente)

-Onde mais estaria? (Luis)

-Em casa - (Ucker sarcástico)

-Amanhã é dia seis - (disse Luis olhando para o neto)

Ucker olhou pela janela imensa que dava para o mar. Ficou observando  a formação de várias ondas, e então voltou à conversa.