Fanfic: Irresistível | Tema: Light

Dulce fechou o sutiã, pegou a camiseta e enfiou-a pela cabeça. Seu olhar subiu pelo espelho e ela não gostou do que viu. O algodão preto ficava justo nos seios, mas largo nos outros lugares. Parecia um pesadelo da moda. Então enfiou a camiseta para dentro do short largo com cordão, o que só destacou os seios grandes e o traseiro, duas regiões que não queria enfatizar. Puxou a camiseta para fora até que caísse sobre os quadris e pegou o chocolate na valise.

Deitou-se na cama e soltou um longo suspiro enquanto devorava o chocolate.

Dulce ouvia a conversa abafada de Ucker e o avô através da porta. Considerando que Ucker parecia que não gostava muito dela, achava estranho que o tom baixo da voz dele a acalmasse. 

Talvez porque fosse a única pessoa que conhecia em quilômetros ou talvez porque ela sentia que ele não era o idiota que fingia ser. Por outro lado, apenas o tamanho do homem faria qualquer mulher sentir-se segura, era um metro e noventa de puro músculo.

Ajeitou sua cabeça no travesseiro e lembrou da primeira vez em que encontrara Pablo Lyle na seção de perfumaria da Neiman-marcus em Dallas.

Era difícil de acreditar que, apenas um mês antes, ela era uma vendedora de perfumes, entregando amostras de Frendi e Liz Claiborne

Provavelmente nem teria notado Pablo Lyle se ele não tivesse se aproximado dela.

Talvez não devesse ter concordado em jantar com Lyle naquela primeira vez se ele não tivesse aparecido com rosas e uma limousine esperando por ela depois do trabalho. Ela era uma romântica patética, isso sim.

Fora muito fácil entrar naquele carrão com ar condicionado, longe do calor, da umidade e do ônibus fumacento. 

Se ela não se sentisse tão sozinha e se o futuro não fosse tão incerto, talvez não tivesse concordado em casar-se com Pablo quando o conhecia a tão pouco tempo.

Na noite anterior, Dulce tentará cancelar o casamento, mas Pablo não lhe derá ouvidos. Sentia-se péssima, mas não sabia como consertar aquela loucura que acabava de se meter.

Deixou rolar as lágrimas que segurou o dia todo, soluçou silenciosamente no travesseiro. Chorou pela bagunça que fizera com a própria vida e pelo vazio que sentia. O futuro a sua frente parecia assustador e incerto.

Não tinha ninguém e não conhecia ninguém a não ser o homem, Ucker, que dissera para não esperar gentileza da parte dele.

Estava amendrontada e sozinha, mas também aliviada por não precisar mais fingir.

Não precisava fingir que gostava do péssimo gosto de Pablo para roupas e das coisas bregas que ele gostava que ela usasse, às vezes ela sentia-se uma coelhinha da Playboy, nas mãos do Lyle.