Fanfic: Irresistível | Tema: Light

Música tema - Por besarte -Lu

Escapando do caos na cozinha, Dulce entrou no salão de banquete uma última vez. Com olho crítico, analisou as trinta e sete mesas com linho drapeado cuidadosamente colocadas no salão.

No centro de cada mesa, vasos de vidro moldado foram habilmente decorados com uma variedade de rosas, mosquitinhos e frondes de samambaia banhadas por cera.

Maite a acusara de ser obcecada, compulsiva ou as duas coisas. Seus dedos ainda doíam de toda aquela parafina, mas quando olhava para cada centro de mesa, sabia que o aborrecimento, a dor e a bagunça tinham valido a pena.

Ela, Dulce Maria, tinha criado algo único e belo, a garota que dependia dos outros, criara uma vida maravilhosa. Fizera-se sozinha. Aprendera métodos para ajudá-la a lidar com a dislexia. Não escondia mais o problema, embora também não falasse abertamente sobre ele. 

Superara muito dos antigos obstáculos  e aos vinte e oito anos, era sócia de um bufê. Caminhara no fogo, fora queimada até a alma, mas sobrevivera. Era uma pessoa mais forte agora, talvez menos crédula, e talvez se tornado relutante à ideia de dar seu coração a um homem novamente, mas não via essas características como impedimentos para sua felicidade.

Não gostava de pensar no passado, a vida dela estava completa agora e cheia de coisas que amava.

Dulce esticou o braço, puxou o punho  do seu fraque preto e olhou no relógio. no saguão do velho hotel, sua equipe de garçons servia um jantar para trezentos convidados.

Pegou um cálice tirou um guardanapo de dentro. As mãos tremiam enquanto redobrava o linho branco para parecer uma rosa. estava nervosa. Mais que o normal. ela e Maite Já haviam servido em festas para trezentas pessoas antes. Nenhuma novidade. Nenhum suor. Mas nunca haviam trabalhado para a Fundação Harrison. Nunca tinham servido para uma arrecadora de fundos que cobrava quinhentos dólares o prato.

Bem, na verdade, ela sabia que os convidados não estavam pagando aquela quantia de dinheiro pela comida. O dinheiro arrecadado naquela noite ía para o Hospital Infantil e Centro Médico. Mesmo assim, o simples pensamento de todas aquelas pessoas pagando tanto dinheiro por um pedaço de vitela dava-lhe palpitações.

Uma porta lateral do salão abriu-se e Maite, ou melhor, May, entrou por ela.

-Achei que a encontraria aqui - (May disse enquanto caminhava até Dul)

Na mão tinha uma pasta verde que continha os pedidos de trabalho e de compras, um inventário operacional de todos os suprimentos e um punhado de receitas.

Dulce sorriu para a amiga e sócia nos negócios e colocou o guardanapo dobrado de volta no copo.

-Como estão as coisas na cozinha? - (Dul perguntou a May)

-Ah!, o novo auxiliar de cozinha bebeu todo o vinho branco especial que você trouxe para a vitela - (May disse séria)

Dulce sentiu o estômago revirar.

-Diga que está brincando - (Dul apavorada)

-Estou brincando - (May rindo)

-Mesmo? - (Dul em dúvida)

-Mesmo - (May ainda rindo)

-Isso não é engrançado - (Dul suspirou, enquanto May parou ao lado dela)

-Claro que não, mulher, mas você precisa relaxar (disse May certa)

-Não conseguirei relaxar até que esteja indo pra casa - (disse Dul enquanto se virava para arrumar a rosa na lapela do paletó de May)

-Tudo está de acordo com o programa. Não fique agitada e atordoada como fez no casamento da Angela Everett (disse May)

Dulce franziu a testa e caminhou para a porta lateral.

-Ainda quero colocar minhas mãos naquele poodle azul da avó de Everett (disse Dul certa)

Maite riu enquanto seguia Dulce.

-Nunca vou esquecer aquela noite. Estava servindo o bufê e podia ouvir você gritando - (May baixou o tom de voz e continuou imitando o sotaque de Dul) - "Meu Deus. Um cão comeu minhas bolas!" - (rindo muito)

-Eu disse bolas de carne - (Dul se defendia)

-Não, não disse. Em seguida sentou e ficou olhando para a bandeja vazia por uns bons dez minutos - (disse May zoando da cara da Dul)

Dulce não se lembrava de ter acontecido daquela maneira. Mas tinha de admitir que ainda não era boa em lidar com estresses repentinos. Embora estivesse melhor do que já fora.

-Você é uma mentirosa terrível Maite Perroni - (disse Dul puxando o rabo de cavalo da amiga, em seguida virou-se para dar mais uma olhada no salão)

A porcelana brilhava, os talheres de prata cintilavam e os guardanapos dobrados pareciam centenas de rosas brancas flutuando sobre as mesas.

Dulce estava extremamente satisfeita consigo mesma.