Fanfic: Irresistível | Tema: Light

 Música tema - Luis Fonsi - Imaginame Sin Ti

Ucker mudou a marcha de seu Range Rover e pegou a rodovia 405. O vento da janela aberta não era capaz de esfriar a cabeça caótica. Esticou os músculos dos dedos e apertou o volante com força.

Alexandra. SUA FILHA!!! Uma pirralha de seis anos que usava  mais maquiagem do que uma drag quenn e queria um gato, um cão e um porco. Ergueu o quadril e pegou no bolso a foto de Alex que "roubara" e colocou-a no console. Os olhos amendoados o fitavam. Logo abaixo, os lábios rosados enrugados. Pensou no beijo que ela dera na mãe e voltou o olhar para estrada.

Sempre que Ucker pensava em ter um filho, imaginava um garoto. Não sabia porque. Talvez devido a Toby, o filho que perdera, mas sempre se imaginara pai de um garoto travesso. Pensava nos jogos da liga infantil, em pistolas com espoleta e caminhões Tonka. Sempre visualiza unhas sujas, jeans rasgados e joelhos ralados.

O que ele sabia de garotinhas??? O que garotinhas faziam??? Ela o tinha intimidado, um homem bruto e seco, não sabia lidar com uma garotinha de seis anos!!!

Deu outra olhada na fotografia enquanto dirigia pela 405. Garotinhas vestiam estolas rosa pink e botas de caubói rosa e cortavam cabelo de suas Barbies. Uma garotinha tagarelava e ria e dava beijo de tchau na mãe com lábios doces.

A mãe dela, Dulce.

Ao pensar em Dulce, as mãos de Ucker seguravam a direção com mais força. Ela mantivera a filha em segredo. Todos aqueles anos de espera, observando outros homens com seus filhos, e o tempo todo ele tinha uma filha.

ucker perdera muito. Perdera o nascimento, os primeiros passos e as primeias palavras. Alex era uma parte dele. Os mesmos genes e cromossomos que o haviam criado eram parte dela. Era parte da família dele e ele tinha o direito de saber.

Porém, Dulce decidira que não precisava lhe contar, e agora ele não conseguia perdoá-la. Pela primeira vez em quatro anos que deixara de beber, desejou uma garrafa de Crow Royal. Uma dose, sem gelo para não estragar o excelente uísque

Culpava Dulce por esse desejo, porque estava odiando o que ela fizera, tanto quanto odiava o que ela o fazia sentir.

Como podia querer colocar as mãos na garganta daquela mulher, e apertar, e ao mesmo tempo querer descê-las e sentir os seios dela??? Soltou uma risada alta. Ao encurralá-la contra a parede na sala dela, ficara surpreso por ela não notar a reação física que ela causava nele. Uma reação que não conseguia controlar ao chegar muito perto dela.

Sete anos antes ele quisera não desejá-la. No minuto em que havia pulado para o carro dele, Dulce já significara um problema. Certo ou errado, bom ou mau, ficara irresistivelmente atraído por ela. Pela vivacidade dela, pela ingenuidade, pelos olhos castanhos sedutores, pelos lábios. Ele reagia a tudo nela, independente da situação.

O velho ditado, de que certas coisas não mudam nunca, no caso dele em relação a Dulce, era verdade. Porque a desejava de novo e parecia não fazer nenhuma maldita diferença o fato de ela ter escondido a filha dele. E ele se odiava por isso. Queria tocá-la todinha de novo. O que o transformava em um canalha doente.

Enquanto dirigia pelo sul em direção à parte oeste, esforçava-se para apagar da mémoria a imagem de Dulce quando seu robe verde se abriu, lhe dando uma privilegiada visão dos seus seios. EU ADMITO SOU UM DOENTE!!!!!!!!!!!!!!

Quando parou o carro no estacionamento, pegou a foto da filha e seguiu até o final do cais, onde estava ancorada sua casa flutuante de dois andares. Comprara aquela casa havia dois anos. A casa já havia até sido fotografada para revistas do ramo.

Até duas horas antes, era o lugar perfeito para ele, agora, enquanto enfiava a chave na porta não sabia se era o lugar certo para uma criança.

"Alex é minha". "Espero que vá embora e esqueça-se da gente". As palavras de Dulce ecoavam na cabeça dele, estimulando um misto de sensações.

Ucker entrou na casa, colocou a foto de Alex na mesinha de carvalho. E ouviu o toque de um dos três telefones que estavam em um balcão da sala de refeições. Quatro toques e depois o barulho da secretária eletrônica. Ucker parou, mas quando ouviu a voz de seu agente lembrando-o do horário do voo do dia seguinte, retornou seu pensamento aos acontecimentos recentes. Seguiu até a porta que dava para o deque e parou, olhando para fora.

"Esqueça Alex". Agora que ele sabia sobre a filha, não havia a menor chance de esquecê-la. "Não vou dividi-la com você".  Retornou para dentro da casa e pegou um dos telefones, discando o número de seu advogado, Alejandro Sanz. 

Quando Alejandro Sanz atendeu, Ucker explicou-lhe a situação.

-Você tem certeza de que é sua filha? - (perguntou o homem)

-Tenho - (Ucker olhou para foto de Alex em cima da mesa. Dissera a Dulce que aguardaria até sexta para entrar em contato com seu advogado, mas não via razão para esperar) - Sim, tenho certeza

-É um choque e tanto, meu caro amigo - (disse Alejandro)

Ucker precisava saber em que situação se encontrava legalmente.

-Nem me fale - (Ucker falou sem muito humor)

-Acha que ela não vai deixar você ver a garota de novo? - (o advogado perguntou)

-Não vai. Ela foi bem clara sobre isso - (Ucker disse)

Ucker pegou um peso de papel, lançou no ar e pegou-o com a palma da mão. Estava ansioso.

-Não pretendo tirar minha filha da mãe dela. Não quero machucar Alexandra, mas quero vê-la. Quero conhecê-la e que ela me conheça - (Ucker continuou falando)

Houve uma longa pausa antes de Alejandro Sanz falar.

-Sou especialista em direito comercial, Ucker. A única coisa que posso fazer é indicar um bom advogado de família - (disse Alejandro)

-Por isso liguei pra você. Quero alguém muito bom - (Ucker suspirou)

-Então você quer Richard Goldman. especializou-se em guarda de menores e é o melhor. Posso lhe garantir. - (confirmou o advogado)