Fanfic: Irresistível | Tema: Light

Música Tema - Alejandro Sanz - Cuando Nadie Me Ve

-O que acha que Lyle vai fazer quando descobrir? - (Dul questionou)

-Lyle é um empresário esperto e sou um jogador franqueado dele. Não acho que fará alguma diferença. Já se passaram sete anos e são águas passadas. Agora, não estou dizendo que vai ficar feliz quando eu lhe contar sobre Alex, mas ele e eu trabalhamos juntos muito bem. Além disso, está casado agora e parece feliz - (Ucker disse e deu de ombros)

É claro que Dulce sabia que Pablo estava casado. Os jornais tinham noticiado o casamento dele com Caroline Foster, diretora do Museu de Arte de Seatlle. Dulce esperava que Ucker estivesse certo que Pablo estivesse feliz. Ela não guardava nenhum rancor de Lyle.

-Responde outra coisa? - (Ucker perguntou)

-Não. Respondi à sua pergunta, é minha vez de perguntar - (Dul rebateu)

Ucker negou com a cabeça.

-Contei sobre DeeDee Delícia e a bebida. São dois esqueletos. Você me deve mais um - (Ucker disse)

-Ok! -O que? - (Dul disse)

-O dia em que você levou as fotos de Alex, mencionou estar aliviada por ela não ter dificuldades na escola. O que quis dizer com isso? - (Ucker perguntou)

Dulce não queria falar sobre sua dislexia com Christopher Uckermann.

-É porque você acha que sou um atleta estúpido? - (Ucker perguntou)

A pergunta surpreendeu Dulce. Ucker parecia calmo e tranquilo como se a resposta dela não importasse, independentemente de qual fosse. Mas ela tinha a sensação de que Ucker se importava mais do que deixava transparecer.

-Desculpe ter chamado você de estúpido. Sei o que é ser julgado pelo que você faz ou como você é - (Dul respondeu cautelosa)

Muitas pessoas sofriam de dislexia, ela lembrou a si mesma, mas saber que alguém famoso como Cher, Tom Cruise e Eistein tinham passado por isso também não tornara mais fácil revelar-se para um homem como Christopher Uckermann.

-Minha preocupação com Alex não tem nada a ver com você. Quando eu era criança, tinha dificuldades na escola. Tive muitos problemas com leitura, escrita e matemática - (Dul disse ainda cautelosa)

Exceto por uma leve ruga entre as sobrancelhas, Ucker não disse nada, Continuou sem expressão.

-Mas você deveria ter me visto na escola de etiqueta e de balé - (Dul continuou, querendo parecer indiferente) - Embora eu tenha sido a pior bailarina a saltar em um palco, acredito ter sido uma excelência em etiqueta. Na verdade, me formei como primeira da classe - (Dul fez questão de ressaltar)

Ucker balançou a cabeça e a ruga desapareceu de sua testa.

-Não duvido nem por um segundo - (Ucker disse)

Dulce riu e baixou um pouco a guarda.

-Enquanto as outras crianças memorizavam suas tabuadas, eu estudava como servir uma mesa. Eu conhecia as posições corretas para tudo, de garfos para camarão a tigelas de lavanda. Lia sobre modelagens de prataria enquanto algumas garotas liam Nancy Drew. Não tinha problemas em distinguir a prataria para o almoço e para o jantar, mas as palavras como lua e rua ou ler e ser, me deixavam louca. - (Dul disse pensativa na sua história de vida, esquecendo um pouco de tudo...)

Os olhos de Ucker se estreitaram um pouco.

-Você é disléxica? - (Ucker perguntou)

Dulce se endireitou na cadeira.

-Sim - (Dul se tocou)

Dulce sabia que não deveria sentir vergonha.

-Mas aprendi a superar - (Dul acrescentou) - As pessoas acham que alguém que sofre de disléxia não consegue ler, isso não é verdade. Apenas aprendemos de um modo diferente. Eu leio e escrevo como a maioria das pessoas, mas matemática nunca será o meu forte. Ser disléxica não me incomoda mais - (Dul falou angustiada)

Ucker olhou para ela por um momento.

-Mas incomodava quando era criança? - (Ucker disse)

-Claro - (Dul confirmou)

-Você foi examinada? - (Ucker perguntou)

-Sim. Na quarta série, fui examinada por um tipo de médico. Não lembro direito - (Dul afirmou)

Dulce se remexeu da cadeira e levantou-se, sentindo o antigo ressentimento dentro de si.

Ressentimento por Ucker forçá-la a contar, como se fosse da conta dele.

E sentia a velha amargura em relação ao médico que virara sua adolescência de cabeça para baixo.

-O médico disse para minha avó que eu tinha disfunção, o que não está de todo errado, mas é um termo muito duro e um diagnóstico muito generalizado, nos anos setenta, tudo, de dislexia ao retardo mental era considerado disfunção - (Dul concluiu engolindo saliva)

Dulce concluiu com uma risadinha forçada.

-O médico ainda disse que eu não seria brilhante. Então, cresci sentindo-me um pouco retardada e muito perdida - (Dul disse angustiada)

Ucker levantou-se lentamente e tirou a cadeira do caminho. Os olhos muito estreitos.

-Ninguém nunca mandou esse médico se foder? - (Ucker irado)

-Bem, eu...eu... - (Dul gaguejou, surpresa com a raiva dele) - ...Não consigo imaginar minha avó falando isso - (concluiu)

-Sua avó não levou você a outro médico? - Você não foi examinada em outro lugar? - Encontrou outro professor? - Qualquer maldita coisa? - (Ucker continuava irado)

-Não - (Dul disse assustada com a atitude dele)

"Minha avó me matriculou  em uma escola de etiqueta", Dulce pensou.

-Por que não? - (Ucker insistiu)

-Minha avó achava que não havia nada a ser feito. Foi na metade dos anos setenta e não havia muita informação como agora - (Dul informou)

Mesmo hoje, nos anos atuais, as crianças são mal diagnosticadas às vezes.

-Bem, não deveria ser assim - (Ucker disse)

O olhar de Ucker passeou pelo rosto de Dulce, voltando para os olhos. Ele parecia ainda bravo, mas ela não conseguia pensar em uma razão pela qual Ucker pudesse se importar.

Era um lado de Ucker que Dulce nunca vira. Um lado cheio do que parecia ser compaixão, talvez "amoroso"???. Aquele homem em pé na frente dela, o homem que se parecia com Ucker, a confundia.

-Melhor eu ir me deitar agora - (Dul anunciou)

Ucker abriu a boca para dizer algo, mas fechou-a de novo.

-Bons sonhos - (Ucker disse e deu um passo para trás)