Fanfics Brasil - 6. Terminando meu romancezinho extraoficial com o menino sem nem mesmo ter começado com ele. A Maldição de Perséfone

Fanfic: A Maldição de Perséfone | Tema: Percy Jackson Abandono


Capítulo: 6. Terminando meu romancezinho extraoficial com o menino sem nem mesmo ter começado com ele.

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Acredite ou não, eu fiz exatamente o que John me mandou fazer.


Só que ao contrário.


Eu fiz perguntas, eu xeretei, tentei técnicas de adivinhação – okay, eu não cheguei exatamente a tentar isso – eu me cansei de falar sobre aquilo, cansei de pensar sobre aquilo, e, de tanto pensar e falar, eu até sonhei com aquilo.


Ninguém me pediu pra fazer nada a respeito, no entanto, mas, se tivessem, eu também teria feito.


Todavia, nada disso me garantiu qualquer resultado imediato. Como pude confirmar logo que comecei a investigar, os únicos que sabiam da coisa toda da profecia eram Quíron, Dionísio, Percy, Grover e Rachel.


E nenhum deles ia me dizer, é claro.


Mas obtive informações importantes em minha pesquisa, por exemplo, que havia um montão de profecias, e que todas elas foram feitas por um negócio chamado de Oráculo de Delfos, uma entidade protegida por Apolo capaz de predizer o futuro, que atualmente residia o corpo de Rachel.


Pelo que eu entendi, a função básica desse Oráculo se resumia a fazer previsões para os heróis antes de enviá-los em suas jornadas homéricas, mas que, de vez em quando, soltava uma “Grande Profecia”, se houvesse algum evento importante para relatar à vista de um futuro próximo – algo na escala de pode-ser-que-seja-o-fim-do-mundo-como-nós-o-conhecemos-hoje, tipo assim.


Eu ainda não tinha certeza, mas estava começando a desconfiar que a minha profecia fosse algo nesse patamar.


De qualquer forma, passei aquela semana tateando às cegas. Não vou entediar ninguém com os detalhes minuciosos dessa transição, apenas direi que eu me empenhei de verdade em me integrar dessa vez – me arrisco a dizer que até meus psiquiatras mais céticos ficariam orgulhosos se me vissem ali.


Em uma semana, eu aprendi a montar cavalos alados, aprendi a montar cavalos marinhos, aprendi a dirigir uma quadriga, aprendi a construir uma quadriga, aprendi a usar um arco, eu aprendi a usar uma kopis, eu aprendi a lutar com uma dory, aprendi a lutar com uma xiphos, eu aprendi as formações espartanas básicas e táticas fundamentais de estratégia atenienses – enfim, aprendi um montão de coisas.


É claro, tudo superficialmente, assim, não é como se eu tivesse virado a rainha do swing grego da noite pro dia também, não.


Além do mais, eu ainda passava boa parte do tempo barganhando comigo mesma para aceitar algumas daquelas inovações arrombando o meu conceito de realidade.


Anyway.


As coisas começaram a melhorar só na sexta-feira à tarde, quando vários campistas chegaram para passar o final de semana.


E, entre eles, adivinhem quem:


Julian Keener.


Julian? — Eu exclamei, praticamente sem fôlego. No meio daquele acampamento cheio de crianças armadas, centauros, cães infernais, cavalos alados e menininhas namorando garotos meio bodes, ver um rosto amigo do meu antigo, e-quase-normal, cotidiano, foi como reencontra meu oásis de paz preferido no centro de um deserto turbulento.


Eu só queria correr e pular em cima dele, pra nós dois cairmos na grama e ficarmos rolando lá pra sempre, como dois pombinhos apaixonados.


Mas, bem, não ia acontecer.


— Olá, Pierce. — Ele sorriu, como sempre fazia quando nos cruzávamos pelos corredores do colégio. Sua bochecha estava coberta por um curativo exagerado e sua testa fora remendada com meia dúzia de pontos.


Tentei lembrar se ele parecia tão ruim assim da última vez que eu o vira, mas não fui capaz de formar uma imagem com clareza.


— Oi! Hum... O que está fazendo aqui? — Eu perguntei, embora, bem, eu já pudesse fazer alguma ideia.


— Então... Como direi... — Seus olhos rolaram pelo céu, enquanto Julian manejava seu vocabulário para fazer sair de lá uma explicação. — Eu sou um frequentador regular, por assim dizer.


— Você é um semideus? — Sim, eu estava dizendo o óbvio, é claro, mas há certas coisas que precisam ser ditas sob a forma de uma interjeição para que possam ser devidamente digeridas.


E como é que eu ia saber? Até onde me dizia qualquer respeito, ele podia ser um centauro ou um fauno – desculpe, minha língua escorregou, eu quis dizer um sátiro.


— Podemos pôr dessa forma.


Isso explicava um monte.


Por isso Julian sempre me livrava das piores enrascadas, e por isso nunca fazia perguntas. 


E, eu tinha que admitir, eu nunca, nem sequer uma vez, suspeitara dele.


Menos dez pontos pra mim, para ser justa. Eu devia ter visto os sinais.


— Nós podemos, hum, conversar em outro lugar? — Ele colocou uma mão no bolso, assumindo uma postura um tanto socially awkward para o seu perfil, e olhou ao redor, como se não quisesse ser visto falando comigo ali.


Isso jogou um belo balde de água fria na minha empolgação em vê-lo.


— Claro. — Eu disse assim mesmo. 


Julian sorriu, encorajando-me a ir à frente, e nós seguimos em direção ao anfiteatro, que não tinha atividades àquela hora.


Como nenhum de nós parecia saber como começar aquela conversa, eu apontei para seu curativo e falei:


— Isso foi daquele dia? Na... Na lanchonete?


— Ah. Não. — Ele disse. Não pareceu estar mentindo, mas também não emendou o assunto para explicar a origem daquele machucado.


Não que ele tivesse que, mas fiquei me perguntando por que não fez isso. 


— E Ellen está bem? Na lanchonete, alguém se machucou? Minha mãe falou com você? Ela está bem? Ela não colocou você em problemas por causa do meu desaparecimento, né? Eles não me deixam ligar, e ninguém aqui tem sinal, é horrível...


— Hm, Pierce, ouça... — Julian colocou suas mãos em meus ombros, visivelmente preocupado em me acalmar. Eu me calei, imaginando de onde vinha todo aquele receio. Será que...? Eu fiquei pensando. — Estão todos bem, não precisa se preocupar. Quíron conversou com a sua mãe, ela sabe que está aqui, e sabe que está segura.


Ele estava atenuando o verdadeiro estado da situação, eu podia ver. Pelo menos em relação a minha mãe. Eu tinha certeza de que ela devia estar ameaçando todo mundo com um mandado de prisão se eles não me mandassem logo de volta.


Eu imaginei a polícia invadindo o acampamento, tentando prender Quíron e o Sr. D, e sendo pulverizados no processo...


Aquilo não parecia bom.


 — Você pode conseguir que me deixem falar com ela? Eu sei que posso fazê-la entender se deixarem que eu fale com ela. Por favor?


Julian soltou uma risadinha, mas tentou logo contê-la.


— Veja bem, hum, Pierce... Eu não tenho toda essa influência por aqui...


— Mas você pode falar com eles, não pode? Ninguém me escuta! Minha mãe pode mandar uma tropa de elite pra esse lugar, com o pretexto de que isso aqui seja uma espécie de crime organizado que sequestra crianças por todo o país! Ela pode colocar o FBI na nossa porta! Você faz ideia das consequências que isso geraria?


Ele estava fazendo um esforço heroico para não rir, mas eu não achei a menor graça.


— O que foi? Eu não estou brincando!


— Eu sei, eu só... Me desculpe...


E ficou ali, se controlando.


Isso não funcionou tão bem pra mim.


— Okay, ótimo, se você não acredita em mim, eu vou achar alguém que entenda. — Eu disse, e saí pisando forte pro outro lado.


— Não, Pierce, calma, eu acredito em você! — Ele estava rindo de verdade agora, posicionando-se para bloquear o meu caminho antes que eu fosse embora. — E você tem razão, não é engraçado... Quer dizer, não seria, se fosse possível. Humanos normais não podem chegar a esse lugar. Sabe, por causa da Névoa. Eles passariam por aqui sem nem mesmo ouvir os gritos de guerra do pessoal durante a corrida de quadrigas.    


— Névoa? — Eu franzi a testa. — Não tem nenhuma névoa aqui.


— Eu quis dizer “a Névoa”. — Ele pensou. — A Névoa é como... É como uma barreira mágica entre nós e os olhos dos humanos, entende? Ela distorce a realidade, para que eles não possam ver o que não podem explicar. Ela nos afeta também, boa parte do tempo. Foi por isso que eu não percebi o que Patrick e E... Bem, é por isso que ninguém acredita em nós quando dizemos que tem um lagarto gigante com sete cabeças cuspidoras de fogo tomando banho no Hudson River.


E eu pensei: what the heck?


Mas pelo menos algumas coisas estavam começando a fazer sentido.


— Então foi por isso que Percy e Grover não o viram... — Disse eu aos meus botões. — Você o viu? O cara que jogou aquilo na gente na lanchonete?


— Hum, não, eu estava... — Ele murmurou, desviando o olhar lentamente. E então olhou de novo pra mim. — Hm. Pierce, sobre o que eu queria dizer...


— Sim? — Eu pisquei, de repente esquecendo tudo sobre a minha mãe, ou sobre policiais sendo pulverizados por Dionísio, ou sobre Godzillas mutantes lavando suas madeixas crespas no rio entre New Jersey e Nova York.    


— Eu... — Terminei com a minha namorada? Queria chamar você pra sair? Só nós dois? A embromação estava esmagando meu estômago com o peso de uma bigorna, embora eu tivesse certeza de que ele não fosse dizer nada disso. Afinal, que tipo de cara terminaria com a namorada logo depois de ela sofrer o equivalente a um ataque terrorista? Não o cara por quem eu estava estupidamente apaixonada. — Menti pra você. Eu sinto muito por isso...


— Ah. — Eu pisque mais um pouco. — Tudo bem, eu acho... Sobre o que você mentiu pra mim?


— Bem, eu mais-ou-menos-meio-que-sabia sobre você... — Ele me olhou com certa apreensão, como se esperasse que eu fosse repreendê-lo seriamente por isso ou algo assim. — Quer dizer, eu sabia quem você era... É... A essa altura eles já devem ter contado isso, hm... Certo?


— Ah. Sim. Eles, hm, me contaram.


Eu fiquei lá, olhando, esperando que ele terminasse a história.


Confesso que não senti nada quando Julian me disse aquilo. Quer dizer, mentir, veja bem, mentir eu mentia pra todo mundo, e praticamente o tempo todo. Eu não tinha problemas com isso.


Mas foi o que ele disse depois que me deixou realmente P da vida.


— O seu, hum... Marido... Me pediu pra ficar de olho em você. Ele estava... Preocupado... E me pediu para manter sua localização em segredo. Ele não queria que você viesse pra cá, e, como tinha bons motivos, eu concordei... Mas eu estava, hum, “quebrando regulamentos”, por assim dizer. Eu devia ter reportado sua localização, e não fiz isso...


Meus ouvidos demoraram um pouco para transitar toda essa informação pra dentro, embora Julian estivesse falando bem devagar.


Inconscientemente, eu fechei e abri os olhos, sentindo minha boca aberta, e olhei pra ele.


Aquilo tudo significava o que eu achava que significava?


— John colocou você lá pra me espionar? — Falei. A palavra “espionar” estalou na minha língua com um gosto amargo, e eu tive vontade de cuspi-la.


— Não... Não exatamente... Ele queria que eu o avisasse se visse alguém daqui procurando por você. Só isso.


Só isso.


— Certo. E você está me dizendo isso porque...


— Bem, eu...


— Não, eu adivinho: — eu o interrompi — porque você pode se meter em problemas com os outros deuses se eu sair dando com a língua nos dentes por aí, certo? Ora, não se preocupe. Eu sou muito boa em guardar segredos. Mas muito obrigada pela franqueza.


Eu me virei para ir mais uma vez.


— Pierce, espere... — Ele disse ainda, lançando uma mão sobre o meu ombro.


Eu olhei pra ele. Apenas olhei, não disse nada, nem me mexi, mas dei o meu melhor em fazer com que aquele olhar ficasse gravado na sua memória como uma péssima lembrança.


Julian tirou sua mão do meu ombro, e eu fui embora.


Pensando bem, não foi naquela sexta-feira que as coisas começaram a melhorar.     



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Autor(a): ookamipuppy

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Na verdade, foi no dia seguinte, quando conheci Nico di Angelo, e reencontrei Annabeth. Os dois chegaram ao acampamento lá pelo meio dia. Annabeth tinha perdido o ônibus no dia anterior, e, pelo que eu entendi, Nico tinha dado uma carona a ela. Na verdade, eu não entendi muito bem isso, não. Quer dizer, Nico devia ter uns doze anos, e eu nã ...


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