Fanfics Brasil - Capítulo II - Clarice Sinas de Sangue

Fanfic: Sinas de Sangue | Tema: Vampiros


Capítulo: Capítulo II - Clarice

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EMPURREI A OITAVA PORTA À ESQUERDA DO corredor, que era feito de rocha escura, que tinha uma plaquinha “C. R. Moraes”. O quarto que era meu. Minhas malas estavam aos pés da cama, em cima do baú. A cama era feita de pedra sólida, nascida direto do chão de granito. Na cabeceira nascia uma árvore de tronco grosso, colada na parede. Seus ramos faziam um dossel de flores vivas na cama, que era forrada com uma coberta verde e as flores que caiam de forma natural. As paredes eram feitas de madeira escura.


Fechei a porta do quarto e tirei meus tênis, ficando de meias brancas. Fui até a janela, que dava para uma varanda cheia de pequenos cravos e rosas no beiral. Dali eu via a praça. O lado de grama verde parecia o Jardim do
Éden, rico e vivo. Toquei nas flores, respirando o aroma irresistível, então fechei a porta-janela e pulei na cama. Orquídeas brancas – minhas flores favoritas. A janela de vidro mostrava ainda o céu muito escuro, mas no horizonte eu já podia começar a ver que o sol queria levantar.


Meu corpo estava exausto, mas não ia dormir sem tomar um belo banho. Ainda deitada rolei até ficar com a barriga para cima. Desabotoei meu jeans, deslizando-o pelas pernas, junto com minhas meias. Depois tirei todo o resto das roupas, puxando a cortina verde que combinava com a cama para que ninguém me visse. Puxei a toalha (sim, verde também! Fiquei imaginando como seria passar cinco anos da minha vida só com essa cor... um dia cansa, não?!) e fui para o banheiro.


Lá dentro, o ambiente voltara a ser como o corredor: paredes de pedra. O chuveiro era uma estranha combinação de uma cachoeira que terminava numa banheira de mármore, que brotava do chão. Na verdade, pensando bem, tudo naquela casa brotava do chão. Era como se a própria terra se modificasse para atender as necessidades da sua Família. Fiquei imaginando como não deveria ser nas outras casas.


Tirei a roupa e adentrei na banheira. A água estava límpida e quente, como se houvesse ficado exposta ao sol por todo um dia. Depois que terminei, olhei-me no espelho, que era cercado de trepadeiras. Meus cabelos negros e lisos estavam molhados, caídos até minha cintura. Minha pele era castanho-avermelhada, contrastando com meus olhos da cor de esmeraldas. Estava ali há apenas algumas poucas horas, mas já me sentia diferente.


Suspirei, enrolando-me na toalha e fui para o quarto. Ao abrir o baú vi que já havia ali dois vestidos, ambos de um verde bem claro, e um bilhete, escrito numa caligrafia formal:


 


C. R. Moraes


Uniformes


 


Levantei uma sobrancelha e ergui o primeiro vestido: era frente única (sério que teria que usar aquilo?!), com um local vago para um cinto na altura dos quadris, e longo até meus tornozelos. Era bonito, mas ainda assim... me deixava meio receosa. Joguei-o em cima da cama e peguei o outro. Era da mesma cor, mas o tecido era mais grosso. O decote em U e ia até os joelhos, além das mangas ¾. Havia a mesma entrada para cinto na altura dos quadris.


Dei uma olhada para dentro do baú – não, nenhum cinto. Será que esqueceram0-no? Meu inconsciente sabia que não. Vampiros simplesmente não esquecem nada. Dei de ombros e, por um instante, desejei ter um gancho para pendurar os dois vestidos – não queria amassá-los. Automaticamente, perto da porta-janela, surgiu um, crescido da terra. Arregalei os olhos e sorri. Muito interessante.


Coloquei o pijama e fui dormir – apesar de não ter visto ninguém ali, sabia que amanhã o dia seria longo.


 


Um despertador tocava ao meu lado.


– Ai, me deixa paz – murmurei. Mas então abri os olhos. Nove da noite. Putz, o café era às nove e meia!


Pulei da cama, indo correndo tomar banho – sim, era um costume meu. De jeito nenhum saia da cama e não tomava um banho, assim como tinha que tomar banho para dormir. Então veio a indecisão: o que vestir?


Pensei comigo mesma... As aulas só começavam amanhã, então era melhor vestir-me normalmente. Coloquei uma calça jeans escura junto com uma blusa regata cinza, prendi meu cabelo para o alto e desci as escadas.


Novamente me maravilhei com a sala.


Os sofás eram feitos de trepadeiras modeladas e a pedra da mesa de centro parecia nascer da própria terra. A estante, que abrigava a TV de 42’, tinha dos lados duas árvores, que pareciam girar em si mesmas, se entrelaçando. As paredes pareciam ter sido forradas do mesmo jeito que o corredor: rocha pura. O chão era de terra batida, mas ainda assim tudo parecia fabuloso. A escada, na parede entre a sala e a cozinha, era cercada de pedras preciosas, com o corrimão de trepadeiras também.


Nada parecia fora do lugar ali. A sensação quente, de conforto, de vida campestre... lembrava-me dos poemas arcaicos que aprendíamos em Literatura na escola. Vida simples, do campo. Então notei as pessoas.


Todas elas estavam nos sofás. Eram sete vampiros ao total e todos me encaravam, até que um menino olhou para todos e se levantou. Era claramente o líder da turma. Alto, com 1,86 metros, devia ter em torno de uns 18 anos, com seu cabelo cor de mel cacheado cortados bem curto. Sua pele era parda, mais puxada para o branco, e com um ar que emitia força. Os olhos eram de um assustador verde esmeralda, assim como os meus – outra explicação de tia Milena: todo o membro da Terra tem olhos verdes, mas de tons variados. As orelhas já estavam totalmente formadas: pontudas, parecendo as de um elfo, mas os dentes pontiagudos destruíam essa imagem. A aura dele passava força, inflexibilidade. O colar, como o meu, denunciava quem ele era. Fiquei imaginando se ele seria tão teimoso quanto o pai, Renan Rodrigues.


– Boa noite, Srta. Moraes – ele disse com um aceno de cabeça.


– Olá Sr. Rodrigues. – Direcionei-me, as costas retas.


As regras entre os vampiros eram bem claras. Sempre um líder se direciona à você; nunca você se direciona à ele. E, obviamente, sendo PraetoriaePrimogenitus e estando no 4º ano devia ser um Guardião também. Fiquei imaginando quais das meninas era a Guardiã.


– A senhorita recebeu as Normas?


Acenei com a cabeça.


– O Sr. Heilung fez questão de providenciar isso.


Fabio Rodrigues estremeceu.


– Claro. Bom, a sua Guardiã é a Srta. Letícia Cunha, Centurio.


A menina sentada ao lado dele se levantou. Ela tinha o cabelo idêntico ao meu, porém cortado em chanel. Seus traços eram mais redondos e usava muita maquiagem, que destacava seus olhos verdes musgo e as pequenas presas brancas, que pareciam hipnotizar. Poderia ser uma princesa com a postura que assumia. Deveria ter em torno de 18 anos também, mas não tinha as orelhas pontudas. Contando o fato de ela ser Guardiã, estava um nível à cima de mim, que era caloura.


– Bem-vinda, Srta. Moraes. A senhorita foi o último de nossos calouros a chegar, e este ano só tivemos três. O Sr. Isaac Kaure e a Srta. Eloá Andrade são os outros dois calouros.


– Obrigada Srta. Cunha.


Olhei atentamente para Eloá. Ela era minha prima, isso não havia dúvidas – uma mini-cópia de tia Milena: morena com cabelos lisos, a pele daquele tom de leite-com-café perfeita e os olhos de um verde-escuro que eu nunca vi em mais ninguém além dela. E então para Isaac... que parecia a versão masculina dela. Ah não... Fiquei com meus pensamentos para mim.


– Bom, vamos para o refeitório e então organizamos essa noite para o término dos materiais e a leitura das Normas. – Acenei. Ela apontou para cada pessoa. – Srta. Andrade, Praetoriae Nobilis, Sr. Kaure, Centurio, 1º ano; Srta. Rodrigues, Praetoriae Nobilis, Sr. Andrade, Praetoriae Nobilis, 2º ano; Srta. Neves, Centurio, 3º ano; Sr. Rodrigues, Praetoriae Primogenitus, Srta. Cunha, Centurio, 4º ano; Sr. Neves, Centurio, 5º ano.


Acenei, tentando decorar os sobrenomes. Nós podíamos até saber os primeiros nomes, mas, até adquirir intimidade, vai contra as normas chamar alguém pelo primeiro nome. Vai entender.


Todos se levantaram com um gesto do Sr. Rodrigues.


– Quero todos aqui às 23:45hs sem falta – disse ele. – Quem ficar para fora irá substituir os Tribuumve por 15 dias, em todos os horários livres; isso serve até para os calouros.


Seu olhar foi direcionado principalmente para Isaac Kaure. Pisquei. Só porque ele era um Centurio não significava que arranjaria problemas! Ele abriu a porta da sala e todos nós saímos. Logo eu estava sozinha, atrás de todos, observando a lua cheia, coberta pelas nuvens. As ruas pareciam movimentadas por onde passávamos. Andamos pela rua que circundava a Sétima Roda até uma rua que passava entre o sobrado dos Aer e o sobrado dos Terra, indo em direção à escola. Então viramos à esquerda e, no quarteirão à frente do sobrado da minha família estava o refeitório. Ali era um galpão médio, todo decorado por dentro, onde havia sete grandes mesas.


Já estavam com três mesas ocupadas e, como reparei nos olhos de todos ali, a família Aqua, na primeira mesa à esquerda, a família Ignis e a família Corpus já estavam presentes. Ocupamos a terceira mesa, do lado esquerdo da mesa da família Ignis. Olhei para lá e vi apenas cinco pessoas. Já esperava isso. Seus olhos eram vermelhos como o sangue e os cabelos loiros esbranquiçados. Cutuquei quem estava à minha esquerda e me deparei com o Sr. Kaure. Dei um sorriso para ele.


– Olá.


– Oi... Srta. Morais – ele parecia desconfortável. Não podia culpá-lo. Provavelmente nem sabia que era vampiro até algum Consolari ter ido até seu pai e “raptado” ele até a Conspiração.


– O senhor é filho de quem mesmo?


Ele remexeu os ombros desconfortavelmente, como se o assunto o incomodasse.


– Meu pai é de Roraima, de uma tribo indígena. Não conheci minha mãe. Papai diz que ela foi morta, mas... depois do que aconteceu quinta-feira eu duvido. Ela era uma Praetoriae Nobilis, não é mesmo?


Observei seus olhos verde-escuros, com uma relutante saudade de casa... Endireitei os ombros.


– Já te contaram que é sua mãe?


Ele maneou com a cabeça.


– Disseram que seria melhor eu descobrir por mim mesmo... ou deixar ela se apresentar à mim. Sei que não deve ser a Sra. Morais, sua mãe... foi ela que fez o Teste de Reconhecimento quando cheguei. Mas pode ser qualquer outra, certo?


Acenei com a cabeça.


– Eu sou descendente de uma tribo indígena também, do Amazonas. Mas nasci aqui na conspiração e fui levada para Belo Horizonte para ser criada na Sede da Terra, por minha tia: Praetoriae Nobilis Milena Rocha Andrade. Ela é a líder dos Nobilis, então é quem fica responsável pela Sede.


– Não sabia que existiam Líderes, além dos Chefes de Famílias – ele se mostrou interessado pelo assunto e eu também achei interessante estar ali, ensinando à ele sobre... ele mesmo.


O jantar foi servido e, enquanto eu comia uma fatia de pizza de calabresa junto com coca-cola, fui explicando a ele o que era o colar que somente eu e Fabio tínhamos.


– ... E eu te desaconselho a roubar um desses – digo-lhe. Ele levantou uma sobrancelha, indagando com o olhar. A aparência era de tia Milena, mas já tinha percebido que a personalidade passava longe da dela. – Quando um Colar Immortalis é roubado ele fica branco, perde a cor. Isso é um sinal de maldição. Ele gruda na sua pele e suga toda a sua vida... é assim que um vampiro vira um Tribuumve. Nos humanos puros é diferente, óbvio, mas nunca me disseram como.


Ele ficou quieto, bebericando sua fanta uva. Depois se levantou e estendeu a mão para mim.


– Vamos para a reunião, antes que demos descanso para os Tribuumve por 15 dias? – Seu rosto era iluminado por um sorriso. Acho que aquela foi a primeira conversa que ele realmente teve desde que chegou aqui. Metade de nossa família já havia ido, restando somente os irmãos Neve e nós. Peguei sua mão e levantei, mantendo um espaço depois.


Caminhamos sem pressa até a sala do sobrado verde. Ainda eram onze horas pelo meu relógio.


– O que está achando dessa loucura? – Perguntei à ele, mas continuava quieto. Recolhi-me para mim mesma também... até chegarmos na rua da Sétima Roda.


– A senhorita sabe quem é minha mãe, não é mesmo? – Ele perguntou, encarando-me com aqueles grandes olhos. Acenei com a cabeça. Era perspicaz. Ele pensou por um momento e mudou de assunto. – Estou achando confuso. Não havia falado com quase ninguém além do Sr. Rodrigues desde que cheguei... e ele não vai com a minha cara. Sei disso.


– Também sei... mas vamos mudar de assunto. Qual o seu poder?


Ele piscou para mim e me estendeu a mão. Seu braço se transformou em uma pata de onça-pintada. Arregalei os olhos.


– Que demais! Você é um Transformador! – Ele abriu um sorriso para mim e seu rosto adquiriu a forma de uma onça... não totalmente formado, mas os traços se modificaram, o ponto perfeito entre animal e humano.


– E você, o que é? – sua voz havia mudado para algo mais felino. O garoto era um gênio.


Sorri também, e apontei para a rua abaixo de nós, rodando o dedo. Um círculo se quebrou do chão e eu ergui a mão. O pedaço de terra também se levantou. Minha mão tinha um brilho esverdeado. Abaixei a mão e a pedra voltou ao lugar, se reconstruindo com a parte desconectada. Sr. Kaure já havia voltado à forma humana.


– Sou uma Manipuladora.


Os olhos dele se encheram de empolgação. Ele estendeu a mão para apertar a minha.


– Isaac.


– Clarice. – Confirmei, apertando a mão dele. Pelo menos, naquela noite, eu tinha arranjado alguém normal para ficar.


 


Entramos na sala e eu vi um dálmata olhando para um relógio na parede da escada. Uni minhas sobrancelhas. Um dálmata? Não me lembrava de ter visto um na noite anterior. Ele olhava impacientemente para o relógio, como se esperasse algo. Dei de ombros e olhei ao redor. Ali estava somente a Srta. Rodrigues e a Srta. Cunha. Ambas estavam entretidas numa conversa sussurrada em um sofá. Eu e Isaac nos sentamos no outro, pegando as Normas que estavam ali.


Como se eu não tivesse igual lá no meu quarto. Revirei os olhos. Sr. Rodrigues parecia um maníaco por controle.


 


Normas da Conspiração do Sete


 


Anexo 1


CALENDÁRIO DO MÊS


 


SETEMBRO


 


03 – Início das aulas (todos os anos)


07 – Recrutamento de novos Guardiões (2º, 3º, 4º e 5º ano)


10 a 13 – Época de Eleições para Guardiões (todos os anos)


14 – Votação para Guardiões (todos os anos)


30 – Divulgação dos Destaques do mês (todos os anos)


 


Anexo 2


LISTA DE PROFESSORES


 


1º ANO


 


Biologia Vampiresca


Dimitri Smith (PraetoriaePrimogenitusda PrimusFamiliaAqua)


 


Habilidade com Elementos


Pietro Dell’Armi (Praetoriae Primogenitus da Sextus Familia Anima)


 


História Ancestral


Marie-Anne Heilung (Praetoriae Primogenitus da Quartus Familia Ignis)


 


Latim


Bonnie Dellacour (Praetoriae Primogenitus da Septimus Familia Corpus)


 


ESPORTES (Escolha um)


 


Vôlei


Andrea Bazzo (Praetoriae Primogenitus da Sextus Familia Anima)


 


Esgrima


Catherine Lewis (Praetoriae Primogenitus da Primus Familia Aqua)


 


Futebol


Renan Rodrigues (Praetoriae Primogenitus da Tertus Familia Terra)


 


Anexo 3


AVISOS


 


A partir das 06:00hs todos os Noturnos (Praetoriae PrimogenituseCenturio) deverão estar dentro de seus alojamentos. Quem estiver fora pagará uma detenção à mercê do Guardião que o confiscar.


 


As atividades escolares funcionaram das 22:00hs as 05:00hs, tendo meia hora entre cada aula.


 


O Esporte que vocês escolher (VEF) terá a duração de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses. Sendo assim, todos deverão cursar os três esportes.


 


Parei de ler, encarando os papéis. Eu teria que escolher um esporte? Levantei minhas sobrancelhas... bom, teria que fazer todos, pelo visto. Depois tirava na sorte qual iria fazer – não tava muito a fim de ficar pensando nessas escolhas.


Olhei para o lado e, no lugar do dálmata, estava o Sr. Rodrigues. Vi que Isaac olhava-o impressionado e... aquilo era ressentimento? Revirei os olhos, mas depois entendi. O que muitos Centurio não dariam para serem Praetoriae? Isaac só estava passando por mais esse desejo.


Fechei os olhos, apoiando meu rosto em minhas mãos e os cotovelos nos joelhos. Quando eu fosse uma Anciã... parei com esse pensamento. Toda a minha família me perseguiria se eu mudasse as regras mais antigas e fundamentadas da Conspiração.


– Você está bem? – Isaac tocou meu ombro. Só acenei a cabeça e sentei-me de forma melhor. Como o Sr. Rodrigues e os outros Primogenitus conseguiam pensar em liderar uma família e ficarem calmos?


Sr. Rodrigues sentou-se ao lado da irmã, mas ficou me encarando. Não emitia nenhuma emoção, então imaginei que estava apenas se distraindo. Olhei para o relógio: 23hs30. A porta se abriu e todos estavam ali dentro. Os sofás se arrumaram em um círculo, com uma poltrona maior para o Sr. Rodrigues e outra para a Srta. Cunha. Pisquei – todos os lugares foram remodelados em apenas um piscar de olhos. Meninas do lado da Guardiã, meninos do lado do Guardião.


– Bom, hoje a noite abrimos a 1ª Reunião Escolar – anunciou o Sr. Rodrigues. – E, primeiramente, iremos redefinir os cargos, já que houveram algumas mudanças. Por hoje, o nosso Escriba será o Sr. Andrade.


Percebi que Jack Andrade estava com papéis nas mãos. Hmmm...


– Portanto, o primeiro ponto será esse: cargos. Obviamente os cargos poderão mudar após o dia 13, dependendo quais serão os Guardiões escolhidos. – Seus olhos se estreitaram para Elias Neves. Letícia Cunha continuava impassível. – Teremos que ter um Escriba, um Supervisor de Atividades e um Secretário. Todos nós iremos fazer patrulhas, mas isso será resolvido após esses três cargos estarem escolhidos.


– Os alunos que começaram o 1º ano não poderão se inscrever para esses cargos – assinalou Srta. Cunha. – Portanto quem está apto à se inscrever será: Karina Rodrigues, Jack Andrade, Carolina Neves e Elias Neves. – Ela passou três papéis para cada um de nós.


 


ESCRIBA


 


(  ) K. Rodrigues [2º ano]


(  ) J. Andrade [2º ano]


(  ) C. Neves [3º ano]


(  ) E. Neves [5º ano]


 


 


SUPERVISOR DE ATIVIDADES


 


(  ) K. Rodrigues [2º ano]


(  ) J. Andrade [2º ano]


(  ) C. Neves [3º ano]


(  ) E. Neves [5º ano]


 


 


SECRETÁRIO


 


(  ) K. Rodrigues [2º ano]


(  ) J. Andrade [2º ano]


(  ) C. Neves [3º ano]


(  ) E. Neves [5º ano]


 


Encarei o papel e peguei a caneta.


– Vocês podem votar agora e já anunciaremos – falou Srta. Cunha.


Peguei o primeiro papel – Escriba. Hmmm... não via nada de errado do Sr. Andrade continuar num papel que já estava exercendo no momento. Supervisor de Atividades – ta, eu podia imaginar o que fazia. Alguém mais experiente, não? Votei em E. Neves. E por último, Secretário... Era entre a irmã do Guardião ou a Srta. Neves. Decidi-me por Karina Rodrigues.


Percebi que fui uma das últimas a terminar, e então a Srta. Cunha passou recolhendo os papéis. Passado cinco minutos, a decisão foi anunciada.


– Para a função de Escriba: Srta. K. Rodrigues. Parabéns. Para a função de Supervisor de Atividades: Sr. E. Neves. Parabéns. Para a função de Secretário: Srta. C. Neves. Parabéns. – O Sr. Rodrigues ergueu os olhos para nós. – A partir de amanhã suas funções estarão válidas.


Todos acenaram.


– Sobre as patrulhas. – Começou a Guardiã. – Hoje serei eu e o Sr. Rodrigues, mas amanhã, assim que levantarem pode descer até o mural – ela apontou para a parede da escada. Tinha um enorme mural de mármore branco ali – e verem quais serão suas rondas. Avisando aos novatos que as rondas duram das seis da manhã até as oito, horário que os Consolari já estarão acordados. O nosso Supervisor de Atividades, Sr. Neves, se encarregará de, mensalmente, pregar a escala no mural.


– Imagino que ninguém tenha recebido os materiais ainda, não? – Perguntou o Sr. Rodrigues. Acenei, junto com todos. – Bom, para o 1º ano será: Biologia Vampiresca – Nível I, de John Lewis, Por Dentro dos Elementos, de Ellen Sasaki, Um Pulo pela História, de Barbara Hoffnung e o dicionário Latim para Principiantes, de Jonathan Rodrigues. Todos esses livros deverão estar em seus quartos quando subirem. Caso falte algum, podem ir direto falar comigo. Seguindo para o 2º ano...


Isaac chamou minha atenção. Arregalei os olhos. Agora não, falei sem voz para ele. Revirou os olhos – que ótimo. Ele apontou para Elias Neves e eu observei. O cara tava ainda mais branco do que eu lembrava. E seus olhos verdes irradiavam uma fúria homicida... mas ele estava controlado fisicamente. Reparei que Fabio Rodrigues estava no mesmo estado. O que será que havia acontecido com os dois?


–... portanto pessoal, a contagem de pontos será de precisão extrema. Não estou animado em ficar em segundo lugar novamente por causa de míseros dois pontos! – Expressou Sr. Rodrigues.


– A culpa disso foi do Paulo Carvalho, você sabe disso Fabio. – Srta. Cunha resmungou do lado.


– Eu sei, eu sei, eu sei Carol. Mas isso não quer dizer que vamos deixar isso se repetir neste ano, não é mesmo? Acho que ninguém quer ficar vendo o idiota do Hans Hoffnung sorrindo com superioridade para nós, não é mesmo?


Jack Andrade e Karina Rodrigues fizeram cara de nojo. Carolina Neves fez uma careta.


– Idiota – sussurrou Elias Neves.


– Ordem, pessoal. Eles não vão ganhar esse ano. Temos mais quatro famílias se empenhando nisso conosco. Mas precisamos nos esforçar também. E esse ano terá a Copa dos Cem Anos... todos sabem que a CCA toma quase dois meses e é decisiva para o final do ano.


– É, sabemos irmão, mas o caso é que a Srta. Moraes entrou esse ano – Karina Rodrigues me encarou com superioridade. – Nada contra, Clarice... posso te chamar assim?


Acenei com a cabeça.


– Pode Karina. – Ela deu um sorriso tímido e vi parte de sua fachada se dissolver.


– Mas você entrou esse ano. Das seis Primogenitus, você será a mais despreparada para a luta física. Dos meninos, o mais despreparado será o Johann Heilung e o Benjamine Russeau. Mas não sabemos os poderes deles, então também não podemos arriscar.


– Mas vocês não sabem quais são os meus poderes... sabem? – Perguntei. Vi cada pessoa focar seus olhos em mim. Isaac quase riu.


– Qual o seu poder, Srta. Moraes? – Perguntou o Sr. Rodrigues.


– Sou uma Manipuladora – assinalei. Vi Carolina Neves arregalar os olhos.


– Bom, já é um começo – Disse Elias Neves, com um sorriso nos lábios. – Você sabe quando começa Sr. Rodrigues?


Ele negou com a cabeça.


– Só sei que é depois das férias de inverno. O caso é... eu e a Srta. Moraes vamos treinar todos os dias, a partir de amanhã. Quem quiser nos ajudar, iremos treinar uma hora e meia no Salão de Parmênides. Das 5:00 as 6:30, por isso nem eu nem ela ficaremos nas rondas.


– Aonde é esse salão? – Perguntei.


– Aqui no subsolo.


O relógio bateu no canto. Seis horas da manhã. Bocejei, e mais alguns se espreguiçaram.


– Bem, a 1º Reunião Escolar está encerrada. As próximas reuniões que serão agendadas estarão presas no mural com, no mínimo, 24 horas de antecedência. Podem se retirar.



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Autor(a): hnribeiro

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