Fanfic: Radioactive Age | Tema: Distopia, Jogos Vorazes, Futuro, Divergente
Capítulo 2
Minha mãe e meu Pai chegam, e olham diretamente as minhas mãos, onde seguro o objeto quadrado. Minha mãe se apressa para tira-lo da minha mão, mas meu pai a impede e senta ao meu lado. Em seguida minha mãe senta do outro lado e então começo a falar.
- Por que não sou igual a vocês? Por que minha aparência é normal?
Eles olham um para o outro. Meu Pai e minha Mãe, tem algum tipo de mutação que acompanha nossa família e algumas outras da Província há séculos. Nossos antepassados sobreviveram á ataques nucleares, mas como eles tiveram contato com a radiação, seus filhos nasceram com mutações. No começo era apenas a falta de um braço ou de uma perna, mas o tempo foi passando, e algumas outras alterações foram sendo vistas, como a mudança da cor do fundo dos olhos de branco para qualquer outra; Ou alguns casos em que as pessoas nasceram com dois cérebros... Essas morriam pois ficavam loucas.
- Filha nós não sabemos!- Diz minha mãe com uma tristeza em sua voz- Você foi um caso especial, nasceu perfeita, sem nenhuma alteração física ou mental percebida. Mesmo assim eles colocaram em sua ficha deficiências que você não possuí! Isso é um espelho, não podemos usar...
Penso em razões para fazerem isso, não acho nenhuma, lembro-me da justificativa para nós não podermos usar espelhos " Por que as mutações dessas aberrações não devem ser transmitidas" Por isso não aparecemos na TV, por isso ninguém nos quer por perto, mas eu não sou diferente, porque todos ao meu redor me tratam assim!?
- Eu sou adotada?- Pergunto séria, mas ela não me leva á sério e começa a rir.
-Claro que não, não seja tola- Ela continua rindo, então a encaro, e ela para.
- Kareen- Diz meu Pai- Você deve tomar cuidado, todos enxergam que você não tem nenhum tipo de mutação, mas eles ainda te veem como uma Aberração, por isso te protegemos todo esse tempo.
Eu assinto com a cabeça, e então nos pegamos o monotrilho em direção a nossa vila, estou tentando ainda organizar as informações na minha cabeça, mas ainda não dá. Preciso investigar saber se existem mais pessoas como eu, descendentes de mutantes, mas que parecem ser normais, sem nenhum tipo de mutação.
Ao chegar a casa, vou correndo para meu quarto, passando pelo corredor sem olhar para o quarto do meu irmão Johnny, que provavelmente estava se arrumando para o Festival. Tento esquecer um pouco das minhas recentes descobertas e me concentrar no Festival e com qual roupa eu vou. Lembro-me que estou com o espelho no bolso, e que poderei me arrumar olhando para ele, assim como qualquer garota faria.
Pego o espelho e me olho, me desenho mentalmente, esse é o meu rosto, preciso me acostumar com ele, eu não sou nada como pensava, só meu cabelo que continua negro como consigo vê-lo, eu tenho olhos azuis, meu nariz é empinado, minha boca vermelha, mesmo sem batom, posso dizer que sou bonita... Por que parece que não sou eu!
Coloco meu melhor vestido, um dos poucos que eu tenho, por que mutações não podem ter muitas roupas, são muito caras, e minha família não consegue bons empregos. Minha mãe ganha a vida limpando as Casas da Alta Sociedade, onde é sempre vítima de humilhações e até espancamentos. Meu Pai trabalha na manutenção dos engenhos de oxigênio, os enormes canos que trazem da superfície o nosso ar, que são colocados em enormes máquinas onde ou é produzida a Energia Elétrica, ou o são usados para consumo de hospitais e agentes do governo. Meu pai faz um favor a sociedade, mesmo assim o tratam como lixo, nem ele nem ninguém das mutações já respiraram o ar puro. Nós respiramos o que resta do Oxigênio no Ar de Barrow, que é o mais poluído de New Sea, por causa das Indústrias, ou utilizamos os galões velhos de ar.
Termino de colocar meu vestido, e peço para minha mãe que arrume meu cabelo, do jeito que apenas ela sabe arrumar. Sinto seus dedos leves e delicados, alisando cada fio, um arrepio me dá a cada instante, suas mãos estão geladas. Ela passa o pente com muito cuidado, já que ele está meio gasto e pode acabar machucando a minha cabeça, e assim termina fazendo um pequeno laço com uma fita azul em minha cabeça. Espero ela sair para pegar o espelho, e quando me olho vejo uma outra garota totalmente diferente, talvez não seja eu, ou todas as pessoas ao meu redor eram cegas! Eu realmente estou bonita, com um rabo de cavalo no alto da cabeça, e o laço azul dando um tom de delicadeza, estou quase perfeita!
Ouço meu pai me chamando na sala, deve estar na hora, meu coração acelera, levanto da minha cama e escondo o espelho debaixo do colchão, ainda quero me analisar muito, para perceber que aquela sou eu. Vou andando lentamente, e encontro todos na sala me esperando. O Mais impressionante é como meu irmão está vestido, meu pai há algumas semanas achou um terno com apenas um rasgo pequeno na lateral do paletó, quem jogaria uma peça de roupa cara por causa disso? O Seu cabelo está muito bem penteado, sua franja cai nos seus olhos, e ele balança sua cabeça botando no lugar os fios negros. Se não fosse a enorme cicatriz em seu nariz, seus olhos totalmente negros, e sua boca um pouco deformada, meu irmão seria um homem bonito!
- Vamos Então, queremos chegar cedo para conseguir um lugar bom no festival- Diz minha mãe com muita ansiedade.
Autor(a): guilhermevida
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