Fanfic: A Pérola das Arábias (Vondy) TERMINADA | Tema: Vondy

O Duque Saviñon parecia mais do que infeliz. Christopher aceitou uma taça de brandy, embora não fosse nem sequer meio-dia, e se perguntou sombrio que assunto requeria um licor tão forte para ser discutido.

Dulce teria contado a verdade a seu pai?

Não, decidiu, tomando um gole de sua taça, se fosse isso, duvidava que Saviñon estivesse tão satisfeito de compartilhar uma bebida com ele.

O escritório do Duque era grande, revestido de painéis de carvalho e as paredes cheias de estantes com livros. Era um escritório magnífico e certamente não estava cheio de papéis como o seu. Em lugar de sentar-se, o Duque passeava nervoso, levando a taça à boca com nervosismo, várias vezes. Apesar de estar nos últimos dias do verão, uma pequena lareira crepitava para afastar a umidade, e era o único som que se ouvia no lugar.

— Espero, — começou o pai de Dulce. — que tenha recebido minha carta de agradecimento. Não é suficiente… Como agradecer um homem pela volta de sua filha?

Sem sombra de dúvidas, o Duque não sabia.

Muito neutro, Christopher disse.

— Não foi uma situação fácil.

— Não — adicionou Saviñon, com o rosto sombrio e crispado. Era alto e tinha a cabeça coberta de cabelos acinzentados, seu rosto bronzeado e as feições delicadas como as de sua filha. — Foi por isso que pedi que nos encontrássemos… eu, bem, acho que preciso de sua ajuda outra vez. Parece deplorável de minha parte lhe pedir isso, mas estou completamente perdido e não tenho nem idéia do que fazer. A mãe de Dulce - acrescentou pesaroso — morreu quando ela tinha apenas doze anos. Esta moça é a luz da minha vida.

— Minha ajuda… como? — perguntou Christopher cautelosamente.

— Seu pai era um bom amigo meu.

A evasiva a sua pergunta não foi muito tranqüilizadora.

— Sim — adicionou Christopher.

De sua posição em uma poltrona, observava os bruscos movimentos do outro homem, e o agitado estado do Duque era visível na contração de sua boca e no tremor de suas mãos.

— Com isso em mente, e o fato de que o vi crescer até se tornar um excelente jovem, confio que mantenha esta conversa e qualquer outra coisa que saiba da terrível experiência de minha filha para si mesmo.

O homem estava angustiado, lembrou-se Christopher, e levou algum tempo para conseguir falar, sem alterar-se.

— Se não tivesse a maior consideração por lady Dulce, ela não estaria aqui agora.

O Duque se deteve diante de uma mesa, parecendo de repente completamente esgotado.

— Sinto muito, não quis questionar sua honra, Christopher. Suponho que estou muito preocupado com Dulce e falei sem pensar, — com uma audível inspiração, perguntou. — Preciso saber o que aconteceu em seu cativeiro.

— Senhor? — perguntando-se como exatamente ia responder a essa pergunta, tomou um gole de sua taça, e depois de um momento questionou em voz baixa, — O que Dulce contou?

— Nada — o Duque suspirou. — Tudo o que diz é que foi raptada e vendida, mantida em um harém até que a descobriu e usou sua influência para obter seu resgate, e depois que a levou para a Itália e colocou-a sob os cuidados de minha irmã, que a trouxe de volta para casa.

— É uma versão resumida, estou certo, mas até onde eu sei, verdadeira.

— Por que então, — perguntou o pai de Dulce — de repente dorme… sem roupas? — afogou-se com as palavras enquanto as balbuciava. — Sua donzela veio ver-me e me disse isso. Que mais? Nega ter sido maltratada durante essa… catástrofe. Ao invés disso parece realmente considerar toda esta experiência como uma aventura e não a ruína de sua vida.

— O pai de Ali, o sultão, não é um homem cruel, — Christopher aventurou-se, distraído pela declaração do Duque de que ela preferia ainda dormir nua. A lembrança de seu suave e doce corpo em seus braços o perseguia todas as noites. — mas sua cultura é muito diferente.

— Não posso entender, volta para casa depois de ser violada e mantida prisioneira e não está nem minimamente preocupada com seu futuro.

Apesar de sua determinação de manter-se inexpressivo as sobrancelhas de Christopher se arquearam.