Fanfic: A Pérola das Arábias (Vondy) TERMINADA | Tema: Vondy

— Violada? Disse isso?

— Não exatamente, mas está grávida, não negou. — Saviñon disse com a voz rouca. — Minha própria filha foi desonrada e engravidou de algum bárbaro que pagou por seu corpo. Santo Deus. Não posso nem pensar no que deve ter passado, e muito menos sei como lidar com isso.

Dulce esperava um filho dele? Christopher pensou nessa… possibilidade, é obvio, era possível, mais do que possível se contassem quantas vezes tinham feito amor. E se perguntava como se sentiria Dulce se realmente ocorresse.Ia ser pai, pensou com surpreendente felicidade.

— Podemos nos casar — ofereceu sem entonação, — e isso resolverá a maioria dos problemas.

Aquela declaração fez com que o Duque Saviñon se detivesse, sua taça, agora vazia, pendia de seus dedos e suas espessas sobrancelhas se ergueram com incredulidade.

— O que? Pedi sua opinião, não outro favor. Acho que já fez muito em nome de nossa amizade, Uckermann. Consideraria se casar com uma mulher arruinada que leva no ventre o filho de outro homem?

— Não tenho nem idéia — respondeu Christopher sinceramente.

O duque levou um momento para entender. O homem mais velho piscou, sua expressão mudou, tornando-se sombria.

— O que está dizendo? Cristo, está me dizendo que… — balbuciou, parecendo incapaz de proferir as palavras.

— Estou dizendo que se Dulce estiver grávida, não há dúvidas de que o filho que espera é meu. E asseguro que não foi violada de maneira nenhuma.

— Seu?— gritou o Duque, e depois pareceu acalmar-se de repente, esfregando o rosto com as mãos — Que demônios? Se eu estava confuso antes, agora mesmo que não entendo mais nada.

— Então, deixe-me explicar.

O som da suave voz os fez enrijecer. Dulce estava de pé na soleira da porta, recatada e adorável com um vestido que se ajustava a seus perfeitos seios e caía até o chão. O corpete era bordado com minúsculos ramalhetes de lilás, e seu brilhante cabelo dourado estava na nuca em um coque. Parecia jovem e docemente bonita.

Christopher sentiu o coração se apertar, enquanto educadamente ficava de pé, seu olhar percorrendo cada centímetro de seu rosto, de seus tentadores lábios a seus olhos azuis rodeados pelos longos cílios. Parecia pálida, pensou, e tão arrebatadoramente bela que quase doía olhar para ela.

Por Deus, como sentiu saudades dele!

Com um firme e franco olhar dirigido a seu pai e o queixo erguido, falou com clareza.

— Christopher não teve escolha, pai. O sultão me comprou, e logo me ofereceu como presente a seu hóspede pelo tempo que durasse sua visita. Sei que parece espantoso, mas eles não pensam que há nada de mal nisso. Estava horrorizada diante do que ia me acontecer, quando descobri que Christopher não era… o que esperava, — suas faces se coloriram levemente enquanto ruborizava, mas seus olhos continuaram firmes. — Se ele houvesse se negado a deitar comigo, pensariam que eu o aborreci e seria castigada cruelmente. Mas se eu o agradasse, talvez pudesse me levar com ele quando sua visita acabasse; sabíamos que era minha única oportunidade. Quando fui a sua cama as noites, o fiz com muito prazer.

O Duque pareceu emudecer e se voltou procurando a garrafa de brandy.

— Alegro-me que não foi a horrível experiência que imaginei, mas continuo dizendo que se fosse um cavalheiro não deveria ter tocado em minha filha.

Grunhiu as palavras, vertendo o líquido sem nenhum cuidado no copo.

— Fomos vigiados — disse simplesmente, — e há atos que não podem ser simulados sem fazê-los de verdade. As relações sexuais são um deles.

A franca declaração de sua, uma vez inocente filha, fizeram com que o Duque esvaziasse a metade da taça garganta abaixo.

— Bom Deus, — engasgou — ouvi mais do que o suficiente.

— Não, não terminei ainda. Por favor compreenda que não o farei, — Dulce declarou com tranqüila dignidade, — Não o obrigarei a casar comigo, com filho ou sem ele. Deu-me não só esta vida que cresce dentro de mim, mas devolveu a minha vida. Não é justo pedir mais.

Esse era o espírito que ele sempre admirou, que era evidente na forma como mantinha a postura do corpo e no olhar orgulhoso. Christopher disse arrastando as palavras.

— Quem está forçando alguém? — então ordenou em voz baixa— Dulce, venha aqui.

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