Fanfic: Cicatrices Portiñon (Finalizada) | Tema: RBD Anahi e Dulce Maria
Durante todo o dia Dulce paparicou Annie, pois notara sua carinha triste. Por mais que esta dissesse que estava tudo bem, Dulce não acreditou.
Annie passou todo o dia pensando em que Bertha havia lhe dito, ás vezes achava uma loucura contar toda sua história para Dulce, mas algo dentro dela pedia para que ela o fizesse. Ela não sabia ao certo o que sentia por Dulce. Não era amor, mas era algo forte com certeza, Dulce transmitia confiança, Annie se sentia a vontade com ela como jamais se sentira com alguém.
*casa de Annie*
Será que chegou o momento de me entregar? Será que chegou o momento de me abrir com alguém?Será que Dulce é esse alguém? – pensava Annie enquanto mirava as estrelas da varanda da casa de seus pais.
*hotel Copacabana palace*
-Preciso falar com você.
-Fale – se ajeita na cama.
-Sei que estou parecendo uma chata, mas preciso saber se você está disposta a assumir algo com a Annie futuramente.
-De novo isso Bertha?
-Dulce, essa menina tem sérios problemas. Estive conversando com ela, e ela me confessou que há algo no passado dela que a impede de viver e de confiar nas pessoas. Eu lhe conheço perfeitamente bem, sei que pode ser uma ótima pessoa, mas sei também que tem seus medos. O que eu quero saber é se você estará preparada para assumir algo com a Annie, ou se é só sexo.
-Não é só sexo disso você pode ter certeza, nós nos beijamos duas vezes e em nenhum momento avancei com ela. Algo me bloqueia. Com as outras eu transava no primeiro encontro e as deixava de lado, mas com a Annie eu não quero que seja assim, ela é especial para mim de certa forma. Não a amo, creio que tudo que vem rápido demais acaba rápido demais, sinto por ela um carinho enorme, uma vontade de protegê-la. Quando a vi chorando senti que tinha que protegê-la. Eu nunca me senti assim bá, eu tenho medo de me machucar e de machucar a Annie.
-Mas você estaria disposta a assumir algo com ela?
-Sim – faz uma careta.
-Então confie nela, faça com que ela confie em você.
-Ás vezes você me assusta. Você nunca se empenhou tanto em me juntar com uma pessoa como está fazendo com a Annie.
-A Annie é diferente. Ela é a pessoa certa para você, assim como você é a pessoa certa para ela.
-Como você pode ter tanta certeza?
-A Annie não confia nas pessoas, mas veio para cá passar a noite e o dia com você, chorou no seu colo, você não perguntou e não forçou nada com ela, o que é estranho vindo de você. Enquanto você mesmo tendo a oportunidade de atacá-la não o fez com todo o senso de proteção, e agora mesmo disse que não quer tratá-la como qualquer uma e que se sente na obrigação de protegê-la. Juntas você estão quebrando uma barreira existente na outra. Vocês têm tudo para darem certo, mas para isso terão de ter : confiança, paciência e saberem respeitarem o limite da outra.
-Vou falar com a Annie amanhã.
-Vai com calma – alerta Bertha.
-Ok!
* Empresa DMS & Cia*
- Bom dia Srta. Annie!
-Bom dia Marília!
-A Srta. Dulce pediu para que ligasse para ela assim que chegasse.
-Obrigada! – diz entrando em sua sala.
Annie liga para Dulce e elas marcam de almoçarem juntas.
*casa dos pais de Annie*
-O que aconteceu Ângela? – pergunta Alberto preocupado.
-Carolina desmaio na escola – responde aflita.
- E qual foi a causa desse desmaio?
-Parece que foi na educação física. Ana Paula estava correndo com as amigas quando ficou tonta e desmaiou.
-Espero que não seja nada grave.
-Eu também.
*almoço*
-Annie eu quero conversar com você, mas acho que não podemos conversar aqui.
-Eu também tenho que conversar com você. O que acha de nos encontrarmos a noite?
-Por mim tudo bem.
-Eu tenho que dar uma passada no meu apartamento, pois a arquiteta finalizou a obra e quer que eu aprove.
-Já vai se mudar?
-Espero fazê-lo no final de semana. Não agüento mais viver com os meus pais.
-Eles são chatos?
-Não, mas eu já sou grandinha para ficar dando satisfações de onde vou e com quem vou – diz fazendo uma careta.
-Isso realmente é chato.
-A Bertha faz isso com você?
-Faz. Ela me trata com um bebê.
-Oh bebê! – fala com voz de criança.
-Sua palhaça – ri.
-Você é um bebê lindo – diz dando um beijo na bochecha de Dulce.
-Você está me deixando com vergonha.
-Bom saber – ri – Então quando sairmos da empresa você me acompanha em casa?
-Claro.
O dia passa rápido. Com a aproximação da semana de moda há muito que fazer.
Bertha faz um tour pelas coberturas escolhendo uma na Av. Epitácio pessoa.
-A senhora gostou?
-Sim. Era exatamente o que eu estava procurando – fala Bertha encantada.
-É um ótimo imóvel.
-Sim. Preciso fazer uma ligação – diz Bertha se afastando da corretora.
-Fala amor da minha vida.
-Filha, eu encontrei nosso futuro lar.
-Sério?
-Sério. A cobertura é linda.
-Tem minha hidromassagem?
-Tem uma hidromassagem gigante em uma das suítes. Tem uma piscina de porte médio e ao lado tem um ofurô de madeira para quatro pessoas.
-Já me apaixonei. Quanto custa?
-O preço é um pouco salgado – ri Bertha.
-Quantos milhões Bertha? – pergunta impaciente.
-R$ 7.500.000.
-Ui! Quando posso ver a cobertura?
-Eu estou nela, não gostaria de vê-la e conversar com a corretora?
-Sim, mas eu tenho que ir com a Annie na casa dela.
-Por que você não vem com ela? Se bem me lembro vocês trabalham e a Annie comprou uma cobertura aqui na lagoa.
-Vou falar com ela, espere na linha.
-Ok!
Dulce liga para Annie
-Annie você pode ir comigo ver uma cobertura que a Bertha adorou?
-Posso. Quando?
-Agora.
-Ok! Só vou pegar minha bolsa e nós vamos. Você já terminou seu trabalho?
-Já.
-Ok! Já passo na sua sala.
Dulce desliga e fala com Bertha:
-Nós já estamos indo para aí, dê-me o endereço.
Bertha passa o endereço para Dulce que a anota. Quando termina de anotar Annie entra em sua sala.
-Vamos?
Vamos. Onde fica localizada a cobertura?
-Av. Epitácio pessoa.
-Então seremos vizinhas?
-Se eu gostar sim – ri.
-Então roubarei a Bertha de você às vezes – ri Annie.
-Nada disso – fiz parecendo está brava – a Bertha é minha, só minha.
-Oh que bebê bravo – diz Annie dando um selinho em Dulce – Vamos?
-Vamos.
Elas chegam à cobertura e Annie fala:
-Realmente seremos vizinhas – diz rindo saindo do carro para encontrar Dulce.
-Que cara é essa?
-Eu moro naquele prédio – diz apontando para três prédios depois.
-Você mora ali? – pergunta espantada.
-Aham.
-Então vamos vê se realmente seremos vizinhas – pegando a mão de Annie e entrando no edifício.
Lá ela liga para Bertha que desce com a corretora, então as quatro se encaminham para a cobertura. Dulce fiscaliza cada quanto da cobertura que possuía:
• Quatro quartos sendo todos suítes
• Uma sala de jantar rodeada por espelhos, com piso tabua corrida.
• Uma ampla sala de estar também com o piso de tabua corrida.
• Um escritório amplo
• Uma sala de ginástica
• Uma sala que poderia dar em uma ótima sala de vídeo.
• Uma cozinha monstruosa com armários embutidos de madeira.
• Um banheiro principal grande cheio de espelhos, e de cor clara.
• Uma área de lazer com uma piscina grande, com um ofurô de madeira na parte coberta, dois conjuntos de mesas em madeira com quatro cadeiras, e uma porta de vidro que levava para outra parte até então desconhecida. Essa área dava para uma ampla sala, com janelas de ponta a ponta, onde havia um bar de mármore e vidros.
-O que achou Dulce?
-Eu amei – responde empolgada.
-Que bom! – diz a Corretora sentindo que fechará a compra.
-O que você acha Annie? – pergunta Dulce.
-Se eu não tivesse comprado a minha, com toda certeza compraria esta.
-Eu vou ficar com ela – diz Dulce se virando para a corretora.
Elas conversam mais um tempo sobre a compra do imóvel. A corretora passa os valores de condomínio, IPTU, quantas vagas ela tem direito na garagem, a forma de pagamento, quando mais ou menos estarão prontas as papeladas e a entregue das chaves.
Na saída do prédio.
-Bertha, como vou estar em são Paulo daqui alguns dias, e também viajarei para New York você será a responsável pela decoração. Contrate alguém para auxiliá-la, não importa o quanto custe, quero que a cobertura fique confortável, e que tudo combine com o piso e os detalhes de madeira.
-Ok menina.
Elas se encaminham para a cobertura de Annie, onde a arquiteta e a decoradora já a esperam.
-Oi Annie!
-Oi Luciana – dando dois beijos no rosto da decoradora – Oi Clarissa – dando dois beijos no rosto da arquiteta, e em seguida vira-se para Dulce – Essas são Dulce e Bertha.
Todas se cumprimentam com dois beijos no rosto. Em seguida dão uma volta pela ampla e aconchegante cobertura de Annie que possuía:
• Três quartos, sendo uma suíte.
• Um banheiro principal com duas pias e um grande espelho no centro delas.
• Uma sala de estar decorada com moveis brancos, com alguns quadros, e enfeites decorativos de bom gosto.
• Uma ampla varanda com uma pequena saleta com móveis com acabamento em palha, uma piscina totalmente iluminada, um espaço com duas redes, algumas duas espreguiçadeiras de madeira na cor magno na beira da piscina.
• Uma sala com um tapete de pelúcia na cor branca, com alguns sofás duplos e individuais espalhados pela sala, além de um sofá amplo parecendo uma cama ao fundo, ou seja, uma sala de vídeo e cinema bem equipada e decorada.
• Uma cozinha totalmente em aço com uma enorme bancada estilo americanas com dois bancos altos também em aço inox.
• Uma sala de jantar, com uma mesa de vidro e mármore branca com 10 lugares.
Toda a decoração é em tons claros, com alguns contrastes na cor preta e vermelha.
-E agora vamos à parte mais importante – diz Luciana com um sorriso travesso.
-Só quero vê o que você aprontou – diz Annie abraçando a amiga.
Elas chegam ao quarto e Annie fica de boca aberta.
-Está maravilhoso – diz encantada – e o quarto da Aninha?
-Esse deu trabalho – diz Clarissa fazendo uma careta.
-Já está pronto?
-Sim. Vamos lá?
-Vamos.
-Ela vai amar. Nem parece quarto de criança.
-Ela disse que não é mais criança e que não queria bichinhos de pelúcia, nem nada rosa, queria tudo roxo – diz Luciana.
-Ela é terrível – diz Annie rindo.
Elas passeiam mais um pouco pela cobertura. E Clarissa e Luciana vão explicando como funcionam algumas coisas.
-Obrigada meninas, não sei o que seria de mim sem vocês – diz Annie abraçando as duas.
-Para isso servem as amigas – diz Luciana.
-Bertha – chama Annie.
-Oi menina!
-Porque você não pede para a Luciana e para a Clarissa ajudarem você a Dulce com a decoração?Elas são ótimas.
-Eu estava para perguntar isso, mas fiquei sem jeito – diz Bertha encabulada.
-Ora, não seja por isso – pegando a mão me Bertha – meninas quero que ajudem a Bertha com a decoração da cobertura da minha amiga que está no celular há horas – ri Annie.
Luciana e Clarissa conversam com Bertha enquanto Annie se afasta indo em direção a Dulce que falava no celular encostada na pilastra. Annie se aproxima devagar sem ser notada por Dulce que falava em espanhol ao celular, ela abraça Dulce pela cintura e dá um beijo no ombro da mesma.
Dulce se espanta no inicio, mas sorri em seguida, passando a mão sobre as mãos de Annie, fazendo suaves cariciais enquanto fala no celular.
-Ok! Te mando muchos besos.ciao – diz Dulce desligando o celular e virando-se de frente para Annie.
-Está com problemas?
-Estava falando com o meu tio. Ele que cuida dos meus bens na Espanha. Ele ficou assustado com a quantia que eu pedi – ri Dulce – me fez mil perguntas, até que eu disse que era para comprar uma casa.
-Seu patrimônio está todo na Espanha?
-Sim. Eu sou de lá. – diz Dulce .
-Você pretende voltar para a Espanha?
-Por agora não, tenho uma empresa aqui. Lá eu só tenho alguns amigos, uma família que eu passei a odiar, e alguns milhões em euros que eu herdei de minha vó por parte de pai, e de uma tia solteirona que me tinha como filha. Esse patrimônio é administrado por meu tio por parte de mãe. Ele foi o único que me apoiou quando eu resolvi dar um basta e me rebelar contra o meu pai e toda a família.
-Sua família parece um tanto conservadora.
-Eles são mesquinhos e preconceituosos. A família de minha mãe é mais liberal, mas vivem todos na Mexico. Agora a família de meu pai é extremamente preconceituosa, é uma família tradicional e de nome na Espanha. Eles vivem nas colunas sociais, quando meu pai descobriu que era lésbica foi uma confusão só, me fez terminar o namoro, mas eu o peitei, afinal já tinha 18 anos. A única que me deu apoio foi a minha vó, mãe dele, ela me levou para morar com ela, mas faleceu quando eu me formei. Ela me fez jurar que eu seria feliz, e que não iria permitir que o meu pai me domasse nunca. Foi horrível no dia da abertura do testamento dela, todos ficaram revoltados porque ela deixou todos os bens para mim. Ela deixou um vídeo gravado que foi assistido por toda a família, ela simplesmente disse que não deixaria os bens que ela e o marido construíram com tanto sacrifício para pessoas que viraram as costas para um membro de sua família apenas por ele ser homossexual, todos ficaram revoltados, entraram com vários recursos, mas o testamento havia sido escrito anos antes de sua morte, e o vídeo meses antes.
-Nossa! E como ficou? Eles conseguiram pegar sua herança?
-Não. Eu sou dona de uma fortuna na Espanha, meu pai me odeia – faz uma careta -acho que se ele pudesse mandava me matar, primeiro me mataria por eu ser lésbica e segundo porque ter ficado com todo o patrimônio dos pais dele. Eu fiquei surpresa com o testamento da minha vó, jamais esperaria que ela fosse fazer isso. Agora eu entendo mais ou menos o porquê ela me fez fazer faculdade de administração. Apesar de ter profissionais cuidando de todo o patrimônio deixado por ela, sempre estou nas reuniões, é um pouco chato porque meus tios trabalham na empresa, são acionistas, mas eu sou a presidente e possuo 55% das ações, está tudo entre a família, não há estranhos no comando, ou na diretoria da empresa. Houve um período que tínhamos outros acionistas, mas graças a uma crise conseguimos comprar as ações de volta. Tudo é altamente fiscalizado pelos meus advogados que eram de inteira confiança de minha vó.Com o dinheiro que ganhei da herança de minha tia mais uma parte do dinheiro da herança da minha vó montei a DMS & Cia, agora já cobri todo o dinheiro investido e coloquei no lugar de onde havia tirado.A Bertha me diz que é para eu ter um filho logo para que eu possa ter para quem deixar o dinheiro porque se amanhã eu morro, todo o dinheiro vai para os meus pais, e meus irmãos, caso eu não deixe um testamento.Se a Bertha fosse mais nova, eu deixaria todos os meus bens para ela e para o meu tio, mas ela se nega.Ela é turrona, eu já cansei de falar que ela é como minha mãe e que merece tudo o que eu dou para ela, mas ela insiste em ser empregada.Ela que cuida de tudo da casa, claro que temos outras empregadas, mas ela cuida de cada detalhe.
-Sua família tem empresa de que?
-Na verdade é uma companhia. Trabalhamos com no setor de construção. Atualmente atuamos em: construção; recolha e tratamento de lixos urbanos, a limpeza de ruas, no fornecimento de águas, gestão de parques, transportes de passageiros, inspeções oficiais de veículos e mobiliário urbano entre outras atividades, ou seja, uma prestadora de serviços. Atualmente somos os lideres na Espanha, pois compramos a nossa concorrente há 8 anos.
-E porque você não tem um filho?
-Não queria fazer inseminação, com o sêmen de um desconhecido. Se eu tivesse um primo de segundo grau e gay de preferência eu pediria o sêmen dele, mas como eu não tenho fica difícil – faz uma careta – tenho alguns primos, mas jamais pediria para eles doarem esperma para mim, são uns idiotas.
-Eu também não faria inseminação com o sêmen de um completo desconhecido, amigos gays são o que não falta, mas eu não quero ter filhos.
-Vamos morrer sem herdeiros então – ri Dulce.
-Você já pensou em adotar?
-Já, mas da mesma forma que não quero o sêmen também não quero criar o filho de um desconhecido correndo o risco de os pais biológicos baterem um dia na porta da minha casa querendo conhecer a cria que eles abandonaram.
-Você é contra isso?
-Contra o que?
-Você não acredita que existam pais que se arrependeram de ter dado seus filhos para adoção?
-Acredito que existam casos assim, mas penso da seguinte maneira: Se você não quer engravidar use camisinha, mas não carregue uma criança por nove meses para depois deixá-la em um orfanato qualquer. A criança não tem culpa dos erros dos pais.
-Ás vezes a mãe pode ter sido violentada – diz Annie com lágrimas nos olhos.
-Ei! Por que você está chorando? – pergunta Dulce abraçando Annie.
-Eu tenho uma filha Dulce – diz chorando desesperadamente.
-O quê? – se afasta de Annie olhando-a nos olhos – você tem uma filha?
-Eu tive, tenho, não sei onde ela está – diz enrolado em meio a lágrimas.
-Como você não sabe onde está sua filha? – pergunta Dulce a encarando – O que você fez com ela Annie?
Annie chora desesperadamente sentando-se no chão abraçando as pernas em seguida. Bertha chega à porta da varanda e vê a cena e prefere se retirar, mas antes chama Dulce em um canto:
-Dulce eu vou para o hotel.
-Ok! – diz passando a mão nos cabelos e respirando fundo.
-Aconteceu alguma coisa? – pergunta preocupada - Por que Annie está chorando?
-Problemas bá – respira fundo - Os problemas dela são mais fortes que eu imaginei.
-Fique com ela aqui esta noite, peça algo para comerem pelo telefone, qualquer coisa eu estarei no hotel – diz dando um beijo em Dulce – não deixe que o passado dela afaste vocês duas, procure saber toda a história, e não abandone a Annie agora. Ela está começando a se abrir com você.
-Eu não vou deixar ela sozinha, quero saber o que aconteceu para que ela tenha abandonado uma criança.
-Que criança?
-Ela teve uma filha bá, e se livrou dela.
-Meu Deus! – exclama Bertha levando a mão na boca.
-Vai para o hotel, depois nós conversamos – suspira – As meninas já foram embora?
-Já.
Bertha se despede de Dulce e segue para o hotel
Dulce volta para o lado de Annie que continua a chorar desesperada.
-Vem Annie vamos para o seu quarto.
Annie estende a mão para Dulce e elas vão abraçadas para o quarto de Annie.
-Você quer alguma coisa? Quer que eu ligue para algum lugar e peça algo?
-Não. Fica comigo – diz abraçando Dulce.
-É claro que ficarei com você – diz acariciando os cabelos de Annie.
Depois de alguns minutos Annie se acalma um pouco.
-Você tem tempo?A história é longa.
-Tenho todo tempo do mundo para você – diz dando um selinho em Annie e a acomodando em seus braços.
-Eu tinha 15 anos quando conheci o Poncho, Alfonso o nome dele. Ele era dois anos mais velho que eu. Nós nos apaixonamos perdidamente, eu fazia tudo por ele e ele fazia tudo por mim. Tínhamos planos para nos casar quando eu terminasse o ensino médio. Meus pais e os dele eram amigos e torciam para que nós ficássemos juntos. O tempo foi passando e o Poncho começou com as cariciais mais ousadas, algumas eu permitir outras eu o mandava parar. Ás vezes nós brigávamos feio por causa disso. Eu era nova e ele por ser mais velho que eu queria ter sexo, mas eu não estava preparada para dar esse passo. Ele reclamava que os amigos dele ficavam encarnando-o por ele não ter me comido. Acho que isso foi revoltando ele um pouquinho –respira fundo - foi quando começaram as traições. Eu descobri que ele estava saindo com uma menina da sala dele, eles não faziam questão de esconder isso, chorei e sofri muito, e então terminamos o namoro. Eu fiquei dias sem ir para o colégio, fiquei muito abalada com o fim do namoro e com a traição, nos meus sonhos pensava que ele iria esperar eu estar pronta para me entregar para ele, mas ele ia pela cabeça dos amigos. Os amigos eram mais importantes que eu. Ficamos dois meses separados até que o Poncho me ligou chorando falando que estava arrependido, que me amava muito e pediu para que eu voltasse para ele. Ele prometeu nunca mais me trair, prometeu que ia esperar eu estar preparada – diz limpando as lágrimas que caiam – Os meses foram passando, eu fiz 16 anos e o Poncho 18. Nós éramos o casal mais popular do colégio, eu o amava perdidamente e ele parecia me amar da mesma forma. Nós dávamos alguns amassos, eu tentava aliviar ele de outras formas que não fosse sexo porque não me sentia preparada, ele entendia e se conformava com isso. Algumas amigas me avisaram que o Poncho estava andando com um pessoal da pesada, que estava começando a usar drogas, mas comigo ele era sempre o mesmo, o que me levou a não acreditar nos boatos – se ajeita no colo de Dulce – Então chegou o dia da formatura do Poncho, a noite estava perfeita, nós dançamos o juntos o tempo todo, percebi que o Poncho já estava um pouco alegre devido ao álcool, pedi para ele dá um tempo e ele deu por volta de meia noite ele foi ao banheiro com uns amigos e voltou um pouco alterado, pediu para irmos embora, eu não entendi direito, mas resolvi ir embora com ele. Entramos no carro e o Poncho começou a falar que os amigos dele o zoavam por nós não transarmos, falou que ele era homem e que ele precisava disso, que já não agüentava mais o meu charminho, fiquei assustada. Eu o olhava fixamente, então percebi que os olhos dele estavam dilatados e ele estava muito alterado, perguntei se ele havia usado drogas e ele disse para eu não me meter na vida dele. Fiquei com medo, pois ele falou de uma forma agressiva - pausa tentando conter as lágrimas – O Poncho desviou o caminho da minha casa e entrou em um motel, eu fiquei assustada, ele disse que só queria um carinho, que não ia fazer nada, eu pedi para ele me levar embora que eu não estava no clima para fazer nada porque ele estava alterado e drogado. Ele não me escutou, saímos do carro e ele me arrastou para o quarto, me jogou em cima da cama e começou a me beijar com violência, eu tentava empurrá-lo, mas ele era mais forte que eu, comecei a gritar com ele pedindo para ele me largar, mas ele não me escutava. Ele rasgou o meu vestido me deixando apenas de calcinha, beijava os meus seios com violência, me machucando, eu chorava desesperada e implorava para ele parar, ele parou por um momento, pegou uma coisa na calça, abriu e cheirou. Então eu tive a certeza de que ele estava se drogando, enquanto ele cheirava, eu o empurrei e corri para a porta, mas ele me alcançou me puxando pelos cabelos falando que eu não ia embora sem ele me comer. Ele me jogou novamente na cama com violência e começou a tirar a calça – Annie chora compulsivamente.
-Annie, se quiser você me conta depois – diz Dulce preocupada.
-Não – diz respirando fundo – Eu quero contar tudo – diz limpando as lágrimas e voltando a narrar – Eu chorava desesperadamente, pedia em vão para ele parar, com raiva ele me virou dois tapas na cara e me chamou de vagabunda. Falou que era para eu calar a boca, ou eu ia me arrepender. Ele arrancou a minha calcinha com um puxão me machucando um pouco, eu tremia e chorava com medo, aquele não era meu namorado, aquele não era o Poncho por quem eu era apaixonada e que fazia planos de me casar. Ele então tirou a própria roupa e tentou me penetrar, mas eu fechei as pernas, então vieram mais socos e puxões de cabelos, até que ele com raiva abriu as minhas pernas e penetrou sem dó, sem nenhum cuidado.Eu gritava de dor – Dulce cerra os punhos enquanto Annie narrava - eu sentia dor física e dor emocional. Ele me penetrava com violência e dizia que eu era uma vadia que iria gozar gostoso dentro de mim. Eu tentava tirar ele de cima de mim, cada vez que eu tentava sair daquele contato ele me esbofeteava, até que ele gozou e caiu em cima de mim. Ele caiu desfalecido, achei que ele estava morto e aquilo me assustou muito, eu o tirei de cima de mim e verifiquei o seu pulso, vi que ele estava vivo. Eu estava morrendo de medo que ele acordasse, me levantei da cama, e corri para portar sem pensar, mas ela estava trancada, então eu me tranquei no banheiro com o meu celular e liguei para o meu pai chorando desesperada. Meu pai perguntou onde eu estava, e com muita vergonha e medo eu disse que estava em um motel, li o nome dele em uma toalha que estava em cima da pia e meu pai disse que já estava indo me buscar, no desespero eu disse para ele que era para ele correr porque estava com medo do Poncho me bater e me violentar outra vez, meu pai perguntou o que havia acontecido e eu contei que o Poncho tinha me violentado sexualmente e que tinha me agredido, meu pai ficou histérico falando que iria matar o Poncho e mandou-me permanecer no banheiro, trancada. O Poncho acordou, e começou a esmurrar a porta. Ele gritava me mandando sair, me chamava de vagabunda, dizia que queria me comer mais. Com medo eu me encolhi ao lado do sanitário, abracei minhas pernas e chorava pedindo para que o meu pai chegasse logo. O Poncho chutava a porta e me Chamava de coisas horríveis até que eu percebi algumas vozes dentro do quarto, percebi que uma delas era o meu pai. O meu pai bateu na porta e me chamou, falou que já estava ali, e que era para eu abrir a porta para ele, com muito custo eu abri a porta e abracei o meu pai com toda a força existente em mim, e chorei desesperadamente pedindo para ele me levasse embora, o meu pai percebendo que eu estava nua, entrou comigo dentro do banheiro e fez-me vestir um roupão, quando eu me afastei ele reparou que o meu rosto estava muito machucado, que no meu corpo havia marcas de sangue, principalmente nas minhas coxas. O meu pai saiu do banheiro desesperado e partiu para cima do Poncho, mas os dois policiais o detiveram, falaram que não era para ele fazer nada, que o que era dele estava guardado. Eu saí do banheiro assustada, ouvi quando um policial gritou com o Poncho falando que ele era um filho da puta, que ele iria sofrer muito na prisão. Meu pai me abraçou e falou que ficaria tudo bem. O policial recomendou que nós fôssemos para a delegacia, que era preciso prestar queixa e que seria bom aproveitar os vestígios intactos da agressão para fazer o corpo delito – pausa Annie pede para Dulce pegar a garrafa de água que estava dentro de sua bolsa, Dulce pega e a entrega. Annie bebe e continua a narrar os fatos – Fomos para a delegacia. A delegada teve todo o cuidado comigo, me deu água e pediu para que eu narrasse os fatos, enquanto eu estava prestando depoimento o meu pai já contatava os nossos advogados, ele me prometeu que iria colocar o Poncho na cadeia. Depois do depoimento eu fui fazer corpo de delito, tiraram fotos de mim nua, a médica me examinou e eu só chorava, não conseguia parar de chorar. Ela disse que agora ficaria tudo bem, que o desgraçado que havia feito isso comigo iria pagar caro. Ela recolheu a amostra do sêmen do Poncho que estava em minhas pernas para análise, mais provas segundo ela. Depois do exame ela me liberou e conversou um pouco com o meu pai, sugeriu que ele me Levasse para uma clinica onde eu iria ser sedada para controlar os meus nervos, e onde seria examinada melhor.
Meu pai me levou para uma clínica, lá eu tomei banho com a ajuda do meu pai que era o único que eu deixava me tocar, depois eu fui instalada em um quarto. Como eu não parava de chorar e não permitia que ninguém além do meu pai me tocasse, me deram um sedativo que me fez dormi por dois dias, enquanto eu dormia foram feitos exames de sangue, foram feitos exames para vê se estava tudo bem dentro de mim, vê se não havia nenhum órgão afetado. Quando eu acordei estavam comigo: os meus pais e meus irmãos. Todos estavam aflitos e chorosos olhando para mim. Meu pai me abraçou com todo o carinho do mundo dizendo que me amava, pedindo-me perdão por não ter evitado aquilo, minha mãe me abraçou chorosa dizendo que me amava muito. Meus irmãos também me abraçaram e prometeram vingança. O pai do Poncho foi me visitar, ele e meu pai discutiram no início, mas para a minha surpresa o pai do Poncho disse que iria fazer o filho pagar, que não iria beneficiá-lo em nada, contou que foi descoberto que o Poncho não só estava usando drogas como também estava vendendo-as para menores de idade. Depois que eu saí da clínica fui para casa. Desde àquela noite eu não fui mais a mesma, não comia, não falava. Isso já estava deixando os meus pais desesperados. Eles contrataram uma psicóloga, no início eu não falava nada com ela, ficamos nisso por uma semana, até que eu comecei a falar com ela. Ela começou a conversar comigo como uma amiga e não como uma profissional. Ela e minha família eram os únicos que eu aceitava que chegassem perto de mim, um dia eu estava almoçando e vomitei, minha mãe ficou preocupada comigo e chamou um médico, para minha surpresa ou para aumentar ainda mais o meu desespero este informou que eu estava grávida. Eu chorei desesperadamente dando socos na minha barriga falando que não iria ter aquele bebê, que era para tirarem ele de mim ou eu me mataria. Novamente me levaram para o hospital e me sedaram, fiquei quase uma semana sedada porque quando eu acordava e me dava conta do que tinha acontecido, iniciava uma nova crise. Meus pais conversaram muito comigo quando eu me acalmei dizendo que eu não poderia fazer um aborto que isso era perigoso. Eu chorava muito e chamava por Marisa, mas ela já havia voltando para o EUA onde ela e marido viviam, eu não queria ter aquele bebê, implorava para o meu pai para me deixar fazer um aborto, e ele dizia que não me perderia que não perderia a princesa dele por causa de um crápula igual o Poncho. Como eu era menor de idade os meus pais não permitiram o aborto, eu dizia os odiar da mesma forma que odiava aquele bebê, que eu iria matá-lo quando ele nascesse. Quando recebi alta, não queria fazer nada, não queria voltar para escola, tinha vergonha de sair na rua, passava parte do dia trancada no meu quarto com uma enfermeira que me vigiava dia e noite a pedido dos meus pais, pois eles tinham medo de que eu fizesse alguma besteira. Com o passar dos dias eu implorei para os meus pais para que me levassem para longe do Brasil, que eu não queria que ninguém me visse carregando aquele monstro. Com muito custo os meus pais me mandaram para a Inglaterra onde morava minha madrinha. Lá com a ajuda de professores particulares eu não perdi o ano escolar, minha barriga crescia a cada dia, eu fazia os exames sem nenhuma emoção, eu não queria aquela criança, eu a odiava na mesma proporção que odiava o Poncho.
Depois de um tempo eu soube que o Poncho estava preso, que havia pegado 7 anos de prisão por uns crimes praticados. Enquanto preparava minhas malas para ir para a Inglaterra fui obrigada a testemunhar contra ele, eu queria que ele apodrecesse na cadeia. Com o passar dos meses quando eu estava mais ou menos grávida de 7 meses minha mãe foi para a Inglaterra me deu a noticia de que a minha sobrinha Ana Paula já estava para nascer, que Marisa gostaria de me visitar, mas o médico não permitiu, pois a gravidez da Aninha era de alto risco. Pedi para que fosse feita uma cesárea, não queria ter parto normal, não queria sentir dor por causa daquele monstro que estava dentro de mim. Quando completei 8 meses a bolsa rompeu, eu gritava de dor e pedia uma cesárea, a médica responsável entendendo o meu caso, realizou a cesárea. Quando o bebê nasceu eu o rejeitei ainda mais, não queria vê-lo de jeito nenhum. Meu pai viajou para a Inglaterra no mesmo dia do nascimento da criança, quando recebi alta eu disse que agora era para ele cumprir a promessa que ele havia me feito, que era para ele se livrar daquele maldito bebê, afogá-lo ou qualquer coisa, mas que sumisse com ele. Meu pai respeitando o meu pedido saiu uma semana depois de casa levando com ele aquele fardo juntamente com uma assistente social do hospital. Fui informada duas semanas depois que minha irmã havia tido a Aninha, ao contrário do que senti pelo bebê que saiu de dentro de mim, fiquei ansiosa para conhecer a Ana Paula, afinal eu seria madrinha daquela pequena. Depois de dois meses eu fui para a Flórida visitar a minha irmã e minha sobrinha linda. Quando vi a Aninha foi amor a primeira vista de ambas as partes – sorri com a lembrança - uma vez eu até amamentei ela porque minha irmã havia saído com minha mãe, deixado a Aninha comigo. Ela acordou e começou a chorar, tentava dar a mamadeira, mas ela rejeitava então eu tirei o meu sutiã e a amamentei, quando ela estava mamando minha irmã e minha mãe, junto com meu pai e meu cunhado chegaram e ficaram emocionados com a cena. Minha irmã sentou ao meu lado chorando falando que nós éramos as bebês dela. Fiquei quase um mês na casa da minha irmã até que fui obrigada a voltar para a Inglaterra porque iriam começar as aulas. Voltei para a Inglaterra e tive que ir para um colégio normal, era super arredia, não falava com ninguém, apenas estudava, por pedido meu, fui matriculada em um colégio para meninas, tinha pavor dos meninos. Fazia terapia três vezes na semana. Quando me formei no colégio decidi que não voltaria para o Brasil, que iria fazer moda na Itália. A princípio os meus pais foram contra, mas devido a minha insistência eles acabaram aceitando. Tornei-me uma adolescente fria, triste, não tinha vontade nenhuma de viver ou de me relacionar com as pessoas. Sempre que via um garoto ou um homem eu me encolhia. Com os passar do tempo fui me afastando da minha família, já não tinha mais meus amigos do Brasil, me afastei de todos me dedicando apenas a terapia e aos meus estudos. Vi na moda um refugio. Quando completei 23 anos regressei, estava com inúmeras propostas e morrendo de saudade da minha família, possuía um atelier com uma amiga da faculdade, nós estávamos nos saindo muito bem naquela empreitada. Foi com ela que comecei a olhar diferente para mulheres, nós namoramos durante alguns meses, terminamos porque eu não conseguia me entregar da mesma forma que ela estava se entregando – respira fundo – Meu passado me impediu de viver aquela relação. Uma vez meu irmão foi me visitar e nós saímos para algumas baladas pela cidade, todos pensavam que éramos namorados, ás vezes até fingíamos quando um homem chegava perto de mim e eu ficava assustada. Com a ida de meu irmão nós pudemos conversar sobre a vida, ele me contou de Heloisa sua namorada do colégio, me contou que Marisa já havia voltado a viver no Brasil e que Aninha estava linda. Fiquei com uma vontade louca de voltar para o Brasil, mas não tinha coragem, voltar seria reviver tudo outra vez, e eu tinha medo - pausa - até que depois de muita insistência o Sérgio me convenceu a voltar, a deixar o passado de lado e voltar para o Brasil. Que lá no Brasil eu tinha minha família e que isso era o mais importante – pausa para beber um gole de água – Larguei minha sociedade com a Laura e voltei com Sérgio para o Brasil. Fui bem recebida por todos, me senti amada, mas não mudei muito, continuava solitária. Como meu pai dizia não havia mais brilho no meu olhar, que estava apagada. Eu tentava sair com meus irmãos, com os amigos deles, mas era aquela felicidade momentânea, faltava algo. Estar no Brasil fazia eu me sentir mal, pois foi ali que tudo aconteceu, aquela noite trágica que acabou com a minha vida, que deixou uma cicatriz marcada em meu corpo. Um dia estava caminhando na orla de Copacabana com minha mãe, quando se aproximou de mim uma mulher, perguntando se eu era a Annie ex-namorada do Poncho, aquilo foi o horrível, saí correndo desesperada com a minha mãe correndo atrás de mim pedindo para eu parar. Mais uma vez o Poncho me roubou a vida, entrei em uma depressão horrível, olhar para Ana Paula era um tormento porque ela me lembrava o bebê que eu havia tido e me livrado sem dó nem piedade, um bebê que eu havia rejeitado sem ao menos olhar para o seu rostinho. Meus dias foram tristes, passei a tomar remédios para dormi, voltei a fazer terapia novamente. A Aninha estava sempre ao meu lado, não desistia de mim, chegava ao ponto de chorar junto comigo secando minhas lágrimas. Nesses três Últimos anos ela não tem saído do meu lado, por mais que eu tente afastá-la ela continua ali insistindo e fazendo-me perceber que apesar do meu sofrimento por causa do meu passado existe um mundo maravilhoso do outro lado da janela. A minha vida tem se resumido a empresa, a desenhar e a dar uma esmola de carinho para a minha família. A Ana Paula aos poucos está devolvendo a minha vontade de viver – conclui em um longo suspiro – é isso, essa sou eu - diz levantando do colo de Dulce e a encarando.
-Nossa! – exclama Dulce passando as mãos no cabelo – Jamais imaginei que você tivesse passado por tudo isso, mas como a Ana Paula mesmo “te disse”: existe um mundo Annie e você faz parte dele – fala com carinho tocando o rosto de Annie - e você tem que se dar a oportunidade de viver novamente, de ser feliz.
-Eu não posso Dulce, eu não consigo esquecer aquela noite, eu não consigo esquecer aquele bebê – esconde o rosto entre as mãos chorando.
-Annie já se passou 10 anos. Você é linda, saudável, tem uma carreira brilhante, tem uma família que te ama e que te apóia em tudo. Tenho certeza que aquele bebê encontrou pessoas que o amem – ergue o rosto de Annie fazendo-a olhar para ela - você não pode se martirizar por isso, afinal você era uma criança praticamente quando tudo aconteceu. Uma menina cheia de sonhos, que fantasiava uma vida ao lado do seu príncipe encantado, mas infelizmente as coisas não saíram como você imaginava. Sei que você sofreu muito e que ainda sofre, mas não pode se entregar, você não pode deixar que o que aquele desgraçado lhe fez há 10 anos atrás a impeça de viver, impeça você de ser feliz.
-Eu sei Dulce, mas é difícil, é mais forte do que eu. Há alguns meses eu decidi procurar aquele bebê, coloquei um detetive para buscá-lo. Naquele dia que eu tive aquela crise de choro ele havia me informado que por fim havia conseguido os todos os registros de nascimentos do dia do nascimento do meu bebê, da entrada e saída do mesmo, e havia conseguido a lista de assistentes sociais que trabalhavam no hospital naquela época. Não sei se vou encontrá-lo, mas espero que sim, sinto que só vou poder ser feliz novamente sabendo que ele está feliz.
- Isso é Simples, é só você perguntar para o seu pai onde ele deixou o seu bebê. Porque foi ele que o buscou no hospital e negociou tudo para a assistente social, não é?
- Foi, mas uma vez ele me disse que quem tratou de tudo isso foi a assistente social. Se eu conseguir chegar nessa mulher, eu acho o meu bebê. Eu quero fazer isso sozinha, não quero que meus pais se metam nisso. Eu quem quis me livrar daquele bebê, eles não entenderiam essa minha súbita vontade de encontrar um bebê que me fez tanto mal há 10 anos atrás.
-No que eu puder ajudar, eu te ajudarei – fala com carinho.
-Você não me acha um monstro? – pergunta com receio.
-Confesso que fiquei assustada quando você contou que tinha um filho perdido por aí, fiquei ainda mais assustada quando me que tinha se livrado da criança, mas agora sabendo toda a sua história e entendendo todos os seus motivos, não te acho mais um monstro. Eu no seu lugar faria o mesmo. Quem gostaria de ter nos braços um bebê fruto de uma violência e de um trauma? Talvez se te fosse obrigada a conviver com essa criança o seu trauma seria ainda maior e com toda a certeza essa criança sofreria ainda mais em ser rejeitada pessoalmente por sua mãe.
-Na época eu pensava o mesmo, mas agora sei que aquela criança não tinha culpa de nada – chora – eu a abandonei no momento em que ela mais precisou de mim, quando ela mais precisava do meu carinho e da minha proteção – entrando em prantos – Eu não irei me perdoar nunca por isso.
-Annie – diz abraçando ela – Você era uma adolescente fragilizada, com raiva. Você não teve culpa de nada, não chora vai – limpando as lágrimas de Annie – Olha para mim – segurando o rosto de Annie – Eu vou sempre estar ao seu lado e vou te ajudar a encontrar o seu bebê, mas devo te avisar que o mesmo pode estar sendo criado por outra família, e já é grande. Tem dez anos de idade e pode não aceitá-la como mãe.
-Mas eu não quero ser mãe, eu não mereço isso, nem sei se estou preparada para ter um filho. O que eu quero é saber se essa criança é feliz. Eu quero pedir perdão por tê-lo abandonado.
-Eu só não quero que você se machuque mais com isso, promete?
-Prometo que tentarei não me machucar mais.
-Isso mesmo mocinha – diz Dulce sorrindo dando um selinho em Annie – eu estou com fome e você?
-Estou morrendo de fome - limpando os vestígios de lágrimas – Que horas são?
-São – olhando para o relógio – 10h20min.
-Nossa!
-O que acha de sairmos para comer alguma coisa? Se você quiser pode vir comigo para o hotel.
-Ok!
Annie passa no banheiro para lavar o rosto, apaga todas as luzes, fecha todas as portas com chave com a ajuda de Dulce e parte com a mesma para o hotel.
No hotel elas não encontram Bertha, provavelmente a velha e simpática senhora já havia se recolhido. Dulce pede serviço de quarto. Durante a comida Annie e Dulce conversam sobre a empresa.
*Na suíte de Dulce*
Após terminarem de tomar banho as duas deitam na cama e ficam conversando.
- Annie?
-Eu.
-Qual é o sexo do seu bebê?
-É uma menina. Eu já havia lhe dito.
-É que às vezes você falava como se fosse menino – ri – A sua filha deve ser linda.
-Isso eu não sei, eu não quis vê-la.
-E se ela estiver em um orfanato? O que você vai fazer?
-Eu não tenho idéia.
-Você poderia adotá-la.
-O que eu faria com uma criança de 10 anos com a vida que eu tenho?
-Ser a mãe dela e amá-la.
-As coisas não são tão simples assim.
-Annie, ninguém disse que as coisas seriam fácies, mas se ela estiver em um orfanato e você deixar essa criança mais uma vez, eu juro que te bato – diz Dulce agarrando Annie pela cintura.
-Vai me bater, é?
-Aham.
-Na verdade eu tenho medo de ela não me aceitar ou não me perdoar por tê-la abandonado.
-Ela está no seu direito, mas se ela tiver em um orfanato acho que o que ela mais quer é ter uma mãe e uma família, não é?
-Acho que sim – faz uma cara triste.
-Vamos mudar de assunto, não quero vê-la triste – diz Dulce acariciando o ventre de Annie.
Annie se vira de frente para ela. As duas se olham e lentamente vão aproximando suas bocas. Quando o contato ocorre, ambas fecham os olhos visando sentir aquele beijo calmo e explorador. Quando esse é encerrado elas abrem os olhos e sorriem uma para outra. Dulce é a primeira a quebrar o silêncio:
-Nunca me senti assim – ri – Estou me portando como uma adolescente.
-Como assim? – pergunta se entender.
-Não sei explicar, digamos que eu sempre fui de avançar o sinal, entende? – diz um pouco sem graça.
-Acho que entendi - diz Annie sorrindo.
-Mas com você eu não consigo avançar, eu fico nervosa – diz Dulce fazendo uma careta engraçada.
-Eu te deixo nervosa? – pergunta Annie com um olhar malicioso.
-Muito – confessa Dulce.
-Eu não vou mentir. Eu sinto um tesão absurdo por você, mas acho que ainda está cedo para irmos além de beijos. Já fiz sexo por fazer, na tentativa de me “curar” do trauma do Poncho, mas não quero fazê-lo com você, entende? Eu quero que seja especial – fala com vergonha – Você vai me achar uma boba depois disso – diz Annie cobrindo a cara.
-Então somos duas bobas – diz Dulce tirando o edredom da cara de Annie –Eu também quero que nossa primeira noite juntas seja especial.
-Quando eu passei por aquilo com o Poncho, não deixava ninguém me tocar. Só fui ter relações com 23 anos com a minha amiga, namoramos por alguns meses como já te disse, foi bem difícil para eu me entregar, mas ela foi tão carinhosa que acabei me viciando um pouquinho em fazer amor com ela, quando terminamos tentei ter ralações com outras pessoas, mas na hora H, ficava nervosa e nada. Já tentei ter relações com homens para tentar superar o trauma, mas foi impossível. Quando eles ficavam em cima de mim, me batia um desespero e eu saia correndo deixando-os na mão. Eu ainda tenho certo bloqueio na cama, já fiz sexo com algumas mulheres, mas não as deixo me penetrar, nem a Laura me penetrava direito porque eu a mandava ela parar.
-Então tenho uma quase virgem nas mãos - diz Dulce rindo.
-Sua boba – diz Annie jogando uma almofada em cima da Dulce – Você sempre foi lésbica?
-Sempre tive preferências pelas meninas, no colégio eu olhava mais para as meninas que para os meninos. Já namorei um menino, perdi minha virgindade com ele. Apesar de ele ter sido um fofo comigo, não consegui sentir prazer quando tínhamos relações. Depois disso fiquei com uma amiga de turma, e pintou de transarmos, foi como ir ao céu. Então naquele dia descobri e aceitei que era lésbica.
-Eu falo que sou bi, mas eu só consigo beijar homens na balada, ir para cama só com mulheres mesmo, mesmo assim deixando muito a desejar – faz uma careta.
-Você vai muito para balada?
-Ia muito com o Sérgio, agora nem tanto. Meu humor e minha personalidade mudam muito. Ás vezes me sinto livre para viver novamente, e outras eu me tranco no meu próprio mundo. Com essas atitudes acabo afastando as pessoas de mim, ou magoando-las.
-Você continua fazendo terapia?
-Aham.
Elas passam a noite trocando beijos e algumas carícias inocentes até que acabam dormindo em posição de conchinha.
Autor(a): Miaagron
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Pela manhã Bertha entra na suíte de Dulce com o intuito de acordá-la, mas ao ver que ela não estava sozinha acaba desistindo. Annie acorda com o seu celular tocando, se solta dos braços de Dulce para atendê-lo. -Aló! – diz com voz de sono. -Annie, onde diabos você se meteu? – pergunta Ângela aflita. -M&a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 48
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tryciarg89 Postado em 10/08/2024 - 01:30:04
Linda essa fic,ameii
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bellapilo Postado em 26/12/2014 - 02:11:34
Você deveria ter me dado os Créditos, pois essa estória não foi você quem escreveu e sim eu no site Xana in box e depois no livre arbítrio. Sem mais, Belladonna. belladonnapilocarpina@yahoo.com.br
Miaagron Postado em 13/02/2017 - 16:45:46
Oi, tudo bem? Bom amei a estoria Cicatrizes e gostaria de adapta-la para Camren( Camila Cabello e Lauren Jauregui) se você mim der a autorização vou dar total créditos de criação a você.
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snuffyrj Postado em 27/10/2014 - 19:21:50
Oi linda, acabei de ler sua fic e fiquei simplesmente encantada com a estória. Atualmente estou adaptando a fic "quebrando a rotina clanessa" e gostaria de pedir sua autorização para adaptar sua fic para clanessa (Clara e Vanessa do BBB14). Claro que os créditos da fic serão seus, não se preocupe... Se puder me adciona no twitter @naretapasamio ou pelo e-mail snuffy@bol.com.br Fico torcendo pela sua autorizaçao. Obrigada e mais uma vez parabéns pela excelente fic.
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justin_rbd Postado em 01/06/2014 - 20:35:52
li a fanfic e amei ,mt boa !!!!
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vverg Postado em 11/05/2014 - 17:43:27
Olá. Li a fic em dois dias. Adorei a estoria. Envolvente e interessante.. *_*
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juliapuente Postado em 28/09/2013 - 10:43:32
lindaa web *-* amei
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chavinonyportinon Postado em 27/09/2013 - 19:07:55
web mt mt mt linda, adorei =)
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sarah_gilbert Postado em 26/09/2013 - 12:48:09
Adorei essa web. Perfeita!
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brunamachado Postado em 25/09/2013 - 01:55:58
MUITO LINDO O FINAL,AMEI SUA FIC,FOI MUITA LINDA,TEREI SAUDADES
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juju_simoess_ Postado em 25/09/2013 - 01:43:02
Muitoo boa essa Web! Gostei muito de ler ela! Sentirei falta. E essa declaração da Annie foi emocionante, simplesmente perfeita!