Fanfic: FatWilly, amor em triângulos | Tema: William Bonner e Fátima Bernardes

 Todos trabalhavam animadamente na redação, a ponto de não perceberem a presença de Henrique.

 Ele havia chegado na redação há quase 2 minutos, mas ninguém o viu ali. O clima do jornal era intenso: as matérias eram cada vez mais emocionantes.

 Como percebeu que não seria notado sem fazer nada, Henrique decidiu tornar-se visível.

 - Com licença... - começou Henrique. - Eu adoraria que todos voltassem a me enxergar e também que me escutassem com atenção!

 Todos pararam, imediatamente, de fazer o que faziam. Largaram tudo e ficaram "hipnotizados" a ver Henrique. Sua expressão facial era neutra: nem brava, nem com raiva, nem triste e nem feliz.

 - Bem, eu preciso que todos me escutem. - todos ficaram em silêncio por um instante, então Henrique prosseguiu. - Acho que vocês já sabem que o Carlos foi embora e que essa redação está sem editor-geral. Eu, juntamente com outros profissionais, já tomei uma decisão. Ainda não falei com ninguém, pois eu quero pressioná-lo a aceitar o cargo.

 Todos se olharam e sorriram "maliciosamente". Cada um queria ascender de cargo. O que não faltavam eram repórteres recém-chegados sedentos pelo cargo; assim como jornalistas "antigos" que nunca haviam conseguido uma promoção qualquer.

 Fátima olhou para William que estava distante e "disse sem deixar sua voz sair":

 - Vai ser você, meu amor! - e dizendo isso, abriu um largo sorriso.

 William sorriu ainda mais e jogou um beijo à namorada. Olhou pra baixo e cruzou as mãos.

 - Tomara que ela esteja certa. Assim poderemos casar logo, logo! - murmurou William.

 Felipe, que também torcia pela promoção, não ouviu direito o que William falou e ficou curioso pra saber do que se tratava.

 - Não foi nada... Pensei alto! - e então voltaram a prestar atenção.

 Henrique olhava pra todos e pra cada um. Apenas o observando, não era possível advinhar quem seria o promovido.

 - Bem... O cargo tem suas dores e suas delícias, assim como a própria vida. As responsabilidades irão aumentar, mas não há nada que esse alguém não seja capaz de fazer. Peço a compreensão de todos e já disparo: todos têm competencências e habilidades, mas só temos cargo para um.

 Henrique fez uma pausa e encarou William. Ele demorou um pouco pra entender que seria ele o promovido, mas logo começou a rir.

 - E então, Bonner? Muito ocupado?

 - Hã? Eu? Ergh... Não, claro que não! Sempre sobra um tempinho... - brincou William.

 - O que achou da ideia?

 - Qual ideia? - William estava meio estabanado devido ao nervosismo e todos acharam graça da situação, onde acabaram rindo dele.

 - De subir de cargo. O que acha de ser o editor-chefe do Jornal da Globo?

 William lembrou dos lábios de Fátima o comunicando que seria ele o promovido e pensou em como ela podia ser sempre tão certa. Suas previsões eram exatas. Era como se ela fosse dona do mundo, da verdade e das ações das pessoas. Sua namorada era, sem sombra de dúvida, a melhor mulher do mundo para ele!

 William respirou fundo e olhou em volta. Sorria muito e ainda estava com as mãos cruzadas, apertando-as com maior força. Todos os outros editores torciam em coro para que ele aceitasse o cargo.

 Entre a cruz e a espada, William não deixou a oportunidade escapar.

 - É claro que eu aceito! Inclusive, me sinto muito honrado pelo convite. Se você, Henrique, que é o diretor geral do jornalismo da Globo me escolheu, quem sou eu pra dizer "não"? Pode confiar em mim, porque eu darei e farei o melhor que puder.

 - Mais que isso, William. Você vai dar e fazer muito mais que o seu melhor. Do fundo do meu coração, é isso que eu espero de você.

 - Fique tranquilo. Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance e também o que não estiver, eu subo em uma cadeira! - brincou William. - Muito obrigado!

 Henrique foi até William e o abraçou. Ele não deixou de fazer graça: subiu na cadeira e comemorou. Enquanto fazia isso, jogou um beijo para Fátima, que permitiu o balanço das suas pernas.

 - Agora sim, vocês já podem casar! - brincou Márcia.

 - Ainda não. Antes eu preciso conhecer meus sogros! - e as duas riram.

 William seguiu até a sala de Henrique e todos voltaram a trabalhar.

 Fabiano estava em seu consultório e recebeu uma paciente muito carinhosa. Era uma senhora de aparentes 80 anos de idade. Era doce e muito querida.

 - Então minha senhora, o que a senhora está sentindo que tanto a incomoda?

 - Uma dor nas costas terrível, além de uma dor de cabeça constante!

 Fabiano a examinou e deu-lhe um diagnóstico. Receitou-lhe uns remédios e percebeu que a senhora não parava de o olhar.

 - Algum problema, senhora?

 - O senhor é feliz?

 - Se eu sou feliz? Por que a senhora está interessada nisso?

 - Desculpe a intromissão, mas é que o senhor sorri bastante, mas não aparenta estar alegre e tão pouco feliz.

 - Sou feliz, sim. Eu amo o meu trabalho e fico muito satisfeito com ele!

 - O senhor não tem família, doutor?

 - Não, eu não tenho. Apenas meu pai, pois minha mãe já faleceu. Acontece que ele mora em outra cidade e nos falamos muito pouco.

 - O senhor nunca se apaixonou?

 - Uma vez, apenas. Um amor platônico, pois eu nunca pude estar perto dela, de fato. Até que, por uma coincidência ou acaso do destino, ela acabou ficando doente e teve que se tratar comigo. Inclusive, temos que nos ver todo o mês!

 - E ela sabe disso?

 - Ela é compromissada. É noiva e o ama muito. Jamais teria chance!

 - Sabe, doutor... Eu tenho um tumor no cérebro. Eu descobri à alguns meses atrás e me disseram que eu não teria mais que 2 semanas de vida. Acontece que estou aqui, bem bela e faceira! Ainda não morri, ao contrário do que me disseram. Eu já fiz dezenas de exames e todos confirmaram a minha doença: é câncer. Eu confesso que também achava que iria morrer em seguida, mas fui lutando, lutando, até que consegui viver mais um pouquinho. - Fabiano, ao ouvir a história da senhora, notou que seus olhos lacrimejavam. - Se ela o ama de verdade, o senhor não poderá fazer nada. Mas o senhor também tem o direito de amar e ser amado. Não tente passar por cima do sentimento dela e destruir a relação que ela já construiu, mas mostre à ela o quanto é importante. Comente com ela sobre o seu sentimento e decida se vai tentar ou não uma relação com o amor da sua vida. Amor platônico ou não, todos temos o direito de amar e ser amado. Não passe por essa vida sem se envolver com ninguém! Siga o meu conselho! - e a senhora levantou calmamente da cadeira que estava sentada, deixou a receita em cima da mesa de Fabiano e saiu do consultório.

 Ele permaneceu ali, incrédulo com as palavras da senhora. Sempre teve vontade de contar à Fátima sobre seus sentimentos, mas sentia que faltava um "empurrãozinho". E nada como a voz da experiência para lhe ajudar!