Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
A boca da noite começou a chegar, colorindo o céu em um tom azulado e com nuvens negras, encobrindo as suntuosas estrelas de se exibirem. Os ventos frios batiam velozmente contra a cidade acinzentada, esbarrando nos grandes arranha-céus.
Uma jaqueta preta levemente forrada cobriu o corpo de Any a loira tremeu
levemente e fechou a porta do seu guarda-roupa.
- Dulce eu acho melhor você se agasalhar, – disse a loira
está com cara de que vai chover.
- Eu irei. – disse a karateca, arrumando o cadarço do seu tênis. Levantou-se e abriu a porta do guarda-roupa, pegando uma jaqueta de couro, vestido-a rapidamente – Estou atrasada – falou.
- Então, vai logo! – sorriu, beijando em passo acelerado os lábios de Dulce
- E o que você vai fazer? – Dulce indagou, passando a mão por sua franja.
- Não sei. Acho que vou ver um filme. – falou.
- Qualquer coisa me ligue, – pediu – tchau!
O casal se beijou e Dulce saiu do quarto. Any suspirou e olhou para a grande cama de casal, se jogou no meio das cobertas e ali ficou por um tempo, pensando em seu pai. A novidade de ter um pai estava mexendo com seus sentimentos, todo mundo tinha uma opinião a respeito desse relacionamento, contudo é sempre mais fácil analisar a situação de fora.
Any era a filha , sabia como lidar com seus sentimentos. Se fosse por Dulce, a loira deveria dar um ponta pé na bund*a do pai e viver sua vida, contudo não é tão fácil destratar uma pessoa que aparentemente não fez nada de errado. Isso é segundo as palavras de Heimel.
“Será que depois que eu der o dinheiro, ele irá embora?” – indagou angustiada– “Eu não sou nada para ele? Não significo nada para o meu pai ainda hoje?”.
O celular de Any começou a tocar, a loira saiu correndo pelo apartamento, procurando o aparelho, encontrando-o jogado no chão da sala. Logo o pegou e atendeu.
- Fala, Leona. – sorriu.
- Oi, Any. Você vai fazer alguma coisa, hoje?
- Não, por quê?
- Eu vou num barzinho com algumas amigas, quer ir?
- Sim, eu quero. Fale-me o endereço!
- Eu vou te buscar.
- Vem? Com quem?
- Minha prima. – respondeu.
- Juliana?
- Não, Any. Victoria, ela está aqui na minha casa.
Any engoliu em seco, sentindo um frio na espinha ao ouvir o nome da prima mais velha da sua amiga.
- Any?
- Hum?
- Eu vou passar na sua casa umas sete horas, tudo bem?
- Ah... sim...
- Até logo.
- Ah... até.
A ligação foi encerrada, Any caminhou para trás e caiu sentado no sofá. A loira sabia que seu corpo se arrepiava só de olhar para a prima da sua amiga, contudo não podia recusar o convite por isso. Sendo que, sentia que traía Dulce quando pensava em Victoria.
- “Maldita atração,” – refletiu – “mas eu gosto da Dulce, óbvio que ela não tem chance... é só pensar na Dul quando eu vê-la. Isso! Minha namorada não tem pra ninguém”.
Any entrou no banheiro e só saiu de banho tomado, foi até o quarto com uma toalha enrolada no corpo e ficou olhando para as roupas penduradas no cabide do guarda-roupa. Pegou uma calça jeans justa e uma blusa preta, com alguns detalhes acinzentados na sua barra, por cima colocou uma jaqueta da mesma cor forrada, que ficava com a gola alta.
Um par de tênis baixo com alguns detalhes em vermelho foi calçado, Any passou um pouco de perfume, maquiagem e penteou seus cabelos. Olhou-se no espelho, achando-se muito arrumada para ir a um barzinho.
O tempo foi passando e Any ouviu a campainha tocar, atendeu ao interfone ouvindo a voz de Leona, pegou sua bolsa e celular, saindo rapidamente de casa.
- “Eu preciso mandar uma mensagem, avisando a Dul.” – lembrou, começando a mandar uma mensagem de texto através de seu celular, enquanto descia a escadaria do prédio.
Quando chegou à rua, o vento frio atingiu seus fios molhados, permitindo que os pêlos se sua nuca se arrepiassem. Any sorriu para Leona, cumprimentando-a com um beijo no rosto.
Any se aproximou de um carro preto, olhando para a motorista que estava lhe observando desde que havia saído do prédio. A loira sentou-se no banco de trás.
- Como está, Any? – indagou Victoria.
- Eu estou bem – sorriu – e você?
- Melhor agora. – sorriu – Vamos buscar duas colegas minha e já iremos.
Leona sentou-se ao lado da sua prima e colocou o cinto de segurança. O carro logo partiu, caminhando pela cidade.
- Onde está sua namorada, Any? – Victoria indagou de repente.
- Assistindo a um campeonato de vale-tudo. – respondeu, olhando Victoria pelo retrovisor.
- Ela é bem mal humorada, não é mesmo?
- Sim, – Any respondeu – peço para não provocá-la mais, por favor.
- Ah, aquela conversa no telefone lhe causou problemas? Perdão, Any. Não era minha intenção.
O carro ficou estacionado num jardim com a grama bem aparada, Any e Leona param ao lado da outra e se entreolharam.
- Pensei que fosse um barzinho, – Any comentou – por que não me falou que era numa casa?
- Eu também não sabia, – disse – minha prima não fala nada direito. – suspirou – Desculpe-me, Any.
- Ah, tudo bem. – sorriu amarelo.
Victoria e suas amigas começaram a entrar na casa, sendo acompanhadas das mais novas. Any e Leona torceram o nariz ao sentir o forte cheiro de maconha que exalava pelos cômodos, se olharam novamente, detestando o lugar.
O anfitrião logo veio recebê-las, juntamente com sua namorada, uma bela garota de longos cílios negros e olhos castanhos, que atendeu muito bem, beijando-as nos seus rostos, permitindo que sua marca de batom ficasse estampada em suas peles.
A função do anfitrião era mostrar onde estavam as bebidas e os petiscos, dizendo que poderiam pegar tudo à vontade. Leona e Any caminharam até a geladeira, pegando duas garrafas long neck, depois se sentaram em um banco de metal que ficava ao lado da piscina.
- Pelo menos dá para respirar aqui fora. – Leona comentou, sorvendo um pouco do líquido amargo.
- Ah... pelo visto essa festinha vai até amanhã. – murmurou.
- Eu estou com remorso de ter te trazido, – suspirou – desculpe de novo.
- Se eu soubesse dirigir – Any lamentou – já teria meu carro, e poderia ir embora.
- E se eu não estivesse com esse braço, eu já teria ido embora também. – falou, tocando no seu braço engessado.
As garotas começaram a conversar sobre seus relacionamentos para se distraírem e faziam isso com sucesso, pois gostavam da companhia uma da outra. Contudo a paz do diálogo logo foi interrompida por Victoria que se aproximou com uma garota.
- Experimentem. – Victoria disse, entregando um copo de caipirinha para Any.
A loira e sorveu alguns goles, concordando que estava realmente boa.
- Então fique com você, eu pego outra – disse Victoria – e Leona, eu queria falar com você.
- Sobre? – indagou a prima.
- Uma amiga minha queria te conhecer. – sorriu, dando uma leve piscada – O que você acha de falar com ela?
A morena arregalou os olhos e balançou a cabeça negativamente, havia pensado em Juliana automaticamente.
- Vamos, Leona. – Victoria insistiu, puxando sua prima pelo braço, começando a arrastá-la para longe de Any que ficou com um olhar perdido
- “Ótimo! Agora eu fico sozinha.” – pensou, voltando a beber a caipirinha.
OoO
Do outro lado da cidade, a agitação estava tomando conta do lugar, assim como a conversa alta e os gritos da torcida. Dulce e Amanda estavam sentadas em uma arquibancada, olhando para o grande ring.
- Está vendo aquele homem barbudo? – Armando indagou.
- Sim. – Dulce respondeu.
- Ele é muito bom, eu acho que vai ganhar.
Dulce sorriu e indagou o motivo e assim começaram a conversar. O tempo foi passando e a emoção começava a tomar conta do corpo da karateca, que desejava estar em pé naquele ring.
Dulce ia comentar alguma coisa com Amanda, entretanto ficou quieta, puxando o celular de seu bolso, lendo uma mensagem que havia recebido da sua namorada.
- Algum problema? –indagou a outra, passando a mão por sua franja castanha.
- Nenhum. – respondeu seriamente, olhando com intensidade para a tela do aparelho telefônico.
Amanda virou o rosto lentamente e leu a mensagem, abrindo um leve sorriso para Dulce. Deu um tapa de leve nas costas da maior e disse:
- Esses namorados que saem e nos avisam pelo celular! Você deve ser ciumenta, não é mesmo?
- Bastante. – respondeu seco, colocando o celular novamente no bolso.
- E você namora há quanto tempo, Dulce?
- Mais de um ano – comentou – e você namora?
- Sim – sorriu – três meses. Pouco tempo, mas não está dando certo.
Dulce a olhou de esgueira, achando melhor não perguntar. Afinal, se ela perguntasse algo pessoal, certamente receberia uma pergunta de igual tamanho e não gostava de ficar falando de sua vida pessoal para qualquer pessoa.
- Qual o nome do seu namorado? – indagou Amanda.
- Eu namoro uma mulher. – respondeu.
Dulce olhou de esgueira para a outra, não esboçando nenhuma feição no seu rosto impassível. Voltou sua atenção ao ring, ao ver que Amanda estava perplexa demais para comentar alguma coisa.
- Mesmo? – indagou
A karateca não respondeu, apenas balançou a cabeça levemente.
- Nossa! – exclamou em seguida – Isso foi uma surpresa. Mas Dulce, não tenho problema nenhum com isso.
- Isso para mim, tanto faz. – respondeu – Se você se importa ou não, para mim não interessa, não vou deixar de falar ou ser de um jeito com você.
- Ah, tudo bem, – sorriu – não precisa falar assim comigo.
- Então tire essa cara de boba. – pediu, olhando com certa irritabilidade para a outra.
Amanda riu baixinho e passou a mão por seu rosto, puxando sua pele para os lados, chamando a atenção de Dulce.
- Estou com uma cara melhor agora?
A frieza da karateca se quebrou com aquela brincadeira, ela sorriu amarelo e balançou a cabeça, voltando sua atenção ao ring. E elas voltaram a comentar sobre a luta, esquecendo-se do que havia ocorrido.
- Hei, Dulce...
- Hum?
- Vamos comer lanche na rua, depois?
- Pode ser. – sorriu.
- Que bom que você não é fresca. – riu baixinho.
Dulce relaxou seus músculos, mas logo voltava à emoção da luta, contudo seu relaxamento era com relação a sua mais nova colega.
OoO
Enquanto isso, Any estava encostada ao assento de cobre, com o seu copo de caipirinha vazio. Olhava para a piscina, sentindo friagem só de imaginar a temperatura da água.
As mãos de Any suavam levemente, como tinha hipoglicemia e não havia comido nada, o açúcar da bebida a deixava ligeiramente tonta. Colocou o copo no chão e passou a mão por sua testa suada.
- “Ótimo, só me falta desmaiar.” – pensou.
Any ergueu seu tronco, olhando para a garota que se sentou ao seu lado no banco, era Victoria que lhe sorria.
- Você está bem?
- Ah, sim. – sorriu amarelo.
- Está gostando?
- francamente?
Victoria balançou a cabeça, pedindo para que dissesse.
- Não. – respondeu.
A mais velha se levantou e disse:
- Venha comigo, talvez você se sinta mais à vontade.
Any se ergueu lentamente e a seguiu, passando pelos cômodos daquela bela casa, subindo uma escada de madeira. Victoria andava a frente, e o seu perfume era intenso, fazendo Any ficar encantada com aquela fragrância.
- “Isso não está me cheirando a algo bom.” – pensou, olhando para os lados.
Victoria abriu uma porta e entrou, sendo acompanhada por Any. A porta se fechou, e a loira olhou para o grande escritório a sua frente, onde uma lareira estava acessa, deixando o ambiente quente, iluminado e aconchegante.
- Sente-se. – Victoria pediu, sentando-se numa poltrona de couro preta – Aqui é bem legal, não é mesmo?
- Sim. – sorriu, sentando-se num sofá cheio de almofadas, sentindo que sua cabeça rodava um pouco – Eu vou dormir aqui. – disse em seguida, ao sentir o conforto do lugar.
- Pode dormir. – Victoria sorriu, dando um gole na sua bebida – Quer? – indagou, oferecendo o copo para Any.
- Não, obrigado.
- Não gosta de beber?
- Até gosto, mas eu não posso beber muito. Eu não comi nada e sou muito fraca. – falou.
- Quer que eu pegue algo para você comer? – indagou, erguendo-se da poltrona, indo até o sofá que Any estava sentada, parando logo a sua frente.
- Não precisa, obrigada. – sorriu com constrangimento.
Victoria sentou-se ao lado de Any, começando a conversar com ela sobre a faculdade e o curso que a loira estava fazendo. E assim ficaram por um período.
Any começou a fechar seus olhos, sentindo muito sono. Estava com tontura, fome e aquele lugar era quente e confortável, um convite ao mundo dos sonhos. Entretanto, a presença de Victoria a deixava bem desperta, não tinha como ignorar o sorriso sedutor daquela mulher.
- Any, o que você acha da traição física? – Victoria indagou de repente.
- Traição física? – indagou com desentendimento – O que seria isso?
- Traição apenas física, pelo corpo. Sem envolver sentimentos. – explicou.
- Para mim é traição do mesmo jeito, – falou – por quê?
- Eu não acho. – sorriu – Para mim é diferente a traição com sentimentos, e uma traição apenas carnal. – falou.
- Se alguém te traísse apenas por atração sexual, você não ligaria? – Any indagou.
- Não – sorriu – e você se importaria?
- Claro que sim. – respondeu rapidamente.
- Mas se você sentir vontade de beijar alguém, isso já é traição mental. – disse – Diga-me, Any, você já sentiu vontade de beijar outra mulher ou homem?
Any ficou pensativa, obviamente que sim, contudo isso não queria dizer que estava traindo sua namorada.
- Com certeza, a resposta é sim – Victoria riu baixinho – e sua namorada também já deve ter sentido vontade disso.
- É difícil de eu acreditar nisso, – falou – não imagino Dulce desejando outra pessoa.
- Você é bem confiante, – sorriu – gosto de pessoas assim. Você sabe que sua namorada come na sua mão. Sabe o que é engraçado?
- O que?
- Se você a traísse, certamente ela perdoaria, isso é, depois de um escândalo básico. Porém... se ela a traísse, eu acho que você não perdoaria. – falou.
- Como pode dizer isso sem nem me conhecer? – Any indagou.
- Pelo seu jeito confiante. Pessoas confiantes têm uma estima alta, e sempre se colocam em primeiro lugar, mesmo que isso machuque os outros. Você é assim, como eu também sou, – discursou – somos egoístas, Any.
As palavras de Victoria eram válidas, entretanto Any não concordava com tudo que ela havia dito. Ela não podia dizer que não sentiria nada se Dulce a traísse e depois sairia da vida da karateca.
- Se Dulce me traísse, eu ficaria arrasada. – falou.
- Eu não disse que não ficaria. Isso iria ferir seu orgulho, e você ficaria abalada, mas... você é orgulhosa o suficiente para afastá-la de você, enquanto ela está pedindo perdão. – falou.
- Você nem me conhece, – Any disse com agastamento – eu não sou assim.
A mão de Victoria tocou o rosto de Any, que arregalou os olhos e arredou um pouco sua cabeça. E vendo esse ato desesperado, Victoria começou a rir.
- Eu não vou fazer nada, Any – comentou – isso é, se você não quiser.
- Eu acho melhor procurar Leona. – disse, levantando-se.
- Senta aí Any, não vou te devorar. – sorriu, passando a mão por seus longos cabelos – Leona está conhecendo gente nova, isso é bom para ela. Não agüento mais vê-la com Juliana.
Any voltou a se sentar, ficando um pouco mais afastada da mais velha, que continuou a rir baixinho.
- Se teme tanto minha presença, significa que eu sou uma ameaça. – falou – Eu ameaço sua fidelidade. – sussurrou em seguida – Não precisa fugir Any, ninguém sabe o que você pensa.
- “Maldição, melhor eu sair daqui.” – ajuizou-se, voltando a se levantar – “Não consigo deixar de sentir atração, mas não sou burra de cair nesse papo idiota de traição carnal e trair a Dul”.
- Se eu não te ameaçasse, você não estaria nervosa. – sorriu, aproximando-se mais da loira.
Victoria voltou a tocar em Any, resvalando sua mão por seu ombro, descendo os dedos esguios até o pulso. Tornou a subir os mesmos dedos e dessa vez os subiu até o queixo da loira, que estava com os olhos arregalados.
A mais velha se inclinou para frente e puxou a cabeça de Any, encostando seus lábios carnudos aos dela. Os lábios se abriram mecanicamente, Victoria inseriu sua língua num beijo calmo, cálido e cheio de presteza, enquanto Any estava entorpecida, enlevada com o magnetismo da mais velha.
- “Dulce.” – pensou de repente, afastando-se por um segundo, contudo foi puxada igualmente pela mão forte de Victoria que continuou o beijo, segurando a cabeça da menor com as duas mãos, movendo-a a seu bel-prazer.
O ar ficou cada vez mais abrasador, o corpo de Any suava frio, ela sabia que sua pressão estava caindo, assim como sua fidelidade e crenças. Seu psicológico estava abalado, sentia atração e desejo ao mesmo tempo em que seu racional a alertava para o seu erro.
Não havia força que pudesse tirá-la, talvez a imagem da sua namorada pudesse lhe dar alento para afastar o corpo de Victoria, entretanto não conseguia mais pensar em Dulce. A língua que serpenteava por sua cavidade parecia lhe magnetizar e quando Any deu-se conta da situação que estava, seu corpo já se encontrava deitado no sofá, sendo coberto pelo o corpo da outra.
Os lábios de Victoria se afastaram por um segundo, para começarem a resvalar pelo jugular da mais nova. Any abriu seus lábios, aspirando todo o ar a sua volta, apesar de sentir que não era o suficiente para acabar com o calor que a consumia.
- Victoria. – a chamou
- Hum?
- Melhor parar. – disse.
A mais velha não respondeu, continuando a lamber e beijar o pescoço, sentindo o gosto do perfume, misturado com o suor de Any. Ela estava seduzida pela mais nova e não permitiria que ela fosse embora naturalmente.
- Victoria! – chamou do mesmo modo, como se estivesse despertando do feitiço.
Victoria voltou seus lábios para a boca vermelha de Any, beijando-a com intensidade, desejando que ela ficasse atordoada outra vez. Contudo, Any não estava sentindo-se bem, sua respiração começou a ficar penosa e aos poucos fechou seus olhos, desmaiando no sofá.
- Any? – Victoria a chamou – Ah! Que ótimo. – falou com desgosto, tocando no rosto gelado da mais nova.
Com um suspiro, Victoria a puxou e a fez se sentar, começando a chamá-la, enquanto dava alguns tapas de leve no seu rosto. Aos poucos ouviu alguns murmúrios de Any.
- Respira bem fundo e solta o seu ar, – Victoria aconselhou – não se preocupe, eu estou aqui.
Any queria falar algo, mas não conseguia. Quando desmaiava por causa de sua baixa glicemia, ficava em um estado de lentidão. A loira aspirava e soltava o ar, desejando melhorar o quanto antes.
- Quer ir até a varanda? – Victoria indagou.
A cabeça de Any moveu-se para cima e para baixo, concordando.
Victoria a puxou, pegando-a no colo com facilidade. Elas foram até o terraço de pedras, onde havia um banco de lenha ao lado de dois vasos de samambaias. As duas se sentaram, Any deitou sua cabeça na perna de Victoria, que ficou a acariciar seus fios loiros.
- Minha mãe desmaia com freqüência também. – falou – No começo eu ficava desesperada, mas é só ter calma e deixá-la respirar.
O tempo foi passando e Any começou a melhorar, sentou-se no banco e segurou sua cabeça com as duas mãos. Victoria se levantou, chamando sua atenção.
- Vou buscar algo para você comer, já volto. – falou, afastando-se.
- “O que foi que eu fiz?” – indagou em pensamento – “Não acredito que beijei outra pessoa e se eu não tivesse desmaiado, onde estaria agora? Ah... eu não presto”.
Alguns minutos se passaram e Victoria voltou com um lanche e um pouco de refrigerante para Any que aceitou com acanhamento, começando a comer sem pressa.
OoO
Do outro lugar do bairro. Kirias entrou em sua casa, estava suavemente alterada pela bebida alcoólica que corria por suas veias, cambaleou e rodopiou duas vezes antes de começar a subir a escadaria até o segundo andar.
Aos poucos foi subindo os degraus até chegar ao seu quarto. A loura tinha um sorriso satisfatório no rosto, havia conseguido levar sua namorada para um motel e se aproveitou de seu corpo durante horas. Kirias entrou no banheiro e só saiu de lá após tomar um alongado banho e vomitar parte do que havia bebido.
O tempo foi passando e o mal estar também, foi até uma gaveta onde havia um remédio para o estômago e logo o tomou. Vestia um roupão vermelho e por baixo apenas uma calcinha azul clara.
O tédio começou a se apossar da mente dela, Kirias saiu do quarto e foi até o final do corredor, abrindo lentamente a porta do quarto da sua irmã, quando entrou, olhou para a garota que estava sentada numa poltrona de couro. Alexia estava diferente, parecia que seus cabelos estavam mais curtos, ou talvez fosse a bebedeira que estava lhe dando uma visão estranha.
Contudo, Kirias podia afirmar que sua irmã estava diferente. Encostou-se na porta e começou a observá-la, sendo que Alexia também a olhava com vigilância.
- Você está diferente. – Kirias comentou.
- Ah, você percebeu? – abriu um dilatado sorriso, levantando-se da poltrona – Coloquei esse par de brincos de argola. O que achou? – indagou, tocando na sua orelha direta onde havia um brinco miúdo de prata, em formato de argola.
- Você cortou mais o cabelo? – Kirias indagou.
- Sim. – sorriu, virando-se de costas, passando a mão na sua nuca onde a máquina havia passado – Resolvi mudar um pouco, fui comprar roupas com a mãe. – falou.
Kirias balançou a cabeça positivamente e caminhou até a cama da irmã, sentando-se no colchão fofo. Ajeitou suas pernas, deixando-as em cima da outra e passou a mão por sua testa.
- Está com dor de cabeça? – Alexia indagou.
- Isso que dá beber coisa de má qualidade. – Kirias resmungou.
Um som jovial e elevado chamou a atenção das irmãs, o celular de Alexia vibrou ligeiramente. Ela foi até o aparelho em cima da cômoda e leu a mensagem que havia recebido com um contente sorriso no semblante.
Kirias observou a reação da sua irmã e logo ficou curiosa.
- O que te mandaram? – indagou a mais velha.
- Nada demais, – sorriu – propaganda.
A loura ergueu a sobrancelha, pensando em como Alexia podia mentir tão descaradamente para ela. Com aquele sorriso tolo no rosto, era impossível dizer que estava lendo a propaganda da operadora de celular.
- Deixe-me ver? – Kirias pediu, estendendo a mão.
- Eu apaguei, mas se quiser olhar. – disse, voltando sua atenção a irmã.
- Por que apagou? – indagou com certo agastamento.
- Porque era uma propaganda. – disse, voltando a olhar para o aparelho, exibindo um sorriso satisfatório – “Ah, ela ainda quer me ver! Pensei que fosse me chutar depois do que fiz” – pensou com entusiasmo.
- Alexia!
- Hum?
- Com quem você está saindo? – indagou com o semblante sério – Eu quero saber, conte-me a verdade.
- Ninguém. – respondeu, colocando o celular em cima da cômoda.
A ex-loura foi até seu guarda-roupa, pegando um shortinho e uma regata branca e lisa. Trocou-se em passo acelerado, e passou a mão por seus fios negros, adorando sentir sua nuca livre de cabelos. A sensação de mudança estava lhe deixando com um alto astral.
O celular tocou novamente e antes que Alexia se movesse, Kirias saiu do seu lugar e pegou o aparelho, começando a ler a mensagem que era destinada a sua irmã. Alexia bateu a porta do guarda-roupa e caminhou até ela.
- Quem é essa pessoa? – indagou Kirias, impressionada com a mensagem.
- Ninguém. – respondeu, puxando o aparelho da mão da sua irmã, lendo a mensagem que havia recebido. E como Alexia já conhecia Kirias de longa data, não havia marcado o nome “Aziel” na sua lista de contatos, apenas colocou um apelido.
- Quem é “Azul”? – indagou Kirias, referindo-se ao mandante da mensagem, não imaginaria que era uma das pessoas que mais possuía antipatia nesse mundo.
- Ninguém. – respondeu do mesmo modo, correndo seus olhos esverdeados pela mensagem, que lhe fez sorrir.
A mensagem:
“Passe logo aqui. Ou está com medo de mim?”.
Alexia ficou com o celular na mão e apagou a mensagem, não queria deixar rastros para Kirias.
- Por que essa pessoa indagou se você está com medo? – indagou com suspeita.
- Por nada, Kirias. Eu não quero falar sobre isso. – disse – O que você fez de interessante hoje?
Kirias bufou, não conseguia mais conversar com sua irmã e aquilo a deixava enlouquecida. A loura fechou suas mãos nos ombros de Alexia, assustando a menor.
- Quem é? – indagou num tom superior – Pode ir falando, daqui eu não saiu até saber.
- E depois que souber. O que vai fazer? – indagou desafiante.
- Nada, eu só quero saber quem é. – respondeu.
- Tudo bem. É uma garota que eu estou saindo, – confessou – agora pode me soltar?
- E quem é ela? Eu conheço?
- Não, você não a conhece. – mentiu, engolindo em seco, mas manteve seu olhar firme, erguendo seu queixo.
- Posso conhecê-la? – indagou, soltando o corpo da sua irmã.
Alexia respirou bem fundo, a fim de oxigenar seu cérebro e pensar numa resposta que deixasse sua irmã satisfeita.
- Não quero te apresentar, Kirias. Ela ficaria constrangida e eu também, e sei que você vai implicar, por isso, deixe-me conhecer o mundo sozinha. – discursou – Você disse que eu precisava deixar de ser mimada, certo? É o que eu estou tentando fazer. Agora preciso que me deixe experimentar as coisas.
Kirias cruzou os braços e disse:
- Mas eu só quero conhecê-la.
- Eu sei, – sorriu – mas eu não quero que você a julgue, eu quero julgá-la, entendeu? Eu quero sorrir, quebrar a cara, sofrer, ser feliz sozinha! Por mim mesmo, sabe? Eu quero vivenciar as coisas agora.
- Você está melancólica demais nesses dias, – revelou – acha que eu não percebo?
- E daí se eu estiver? O que você vai fazer para mudar isso? Conhecer ou não minha nova namorada, não vai mudar. – falou, virando-se de costas para Kirias, caminhando até sua cama, onde se sentou.
- Alexia, eu só peço uma coisa, se precisar conversar, por favor, não fique chorando pelos cantos. Fale comigo, está bem? – pediu – Eu sou sua irmã, apesar de saber que você está com raiva de mim.
Alexia não respondeu, sentindo o baque daquela revelação. Certamente que tinha raiva de Kirias, isso era visível. Até mesmo seus pais haviam indagado o motivo de Alexia estar tão distante da irmã.
- Eu estou com raiva de você, sim – Alexia contou – e não me sinto à vontade em te contar nada pessoal.
- Eu sei. Você se sente traída – falou – desculpe-me, mas saiba que eu te amo.
A ex-loura riu baixinho ouvindo aquelas palavras. O “eu te amo” de Kirias era confortável de se ouvir ao mesmo tempo em que lhe feria, pois sabia que era um amor incompleto, não era o amor que desejava.
- Tudo bem, Kirias. Vá dormir, eu estou com sono. – falou.
- Não me ama também? – indagou Kirias
- Acho que meu coração não te pertence mais. – confessou com um leve sorriso, deixando seus orbes esverdeados mirarem o teto, lembrando-se da figura de Aziel
E agora quem estava incomodada era Kirias. Ela balançou sua cabeça e deu um tapa em sua testa, resmungando alguma coisa em tom baixo, enquanto tentava assimilar a nova realidade.
- Quando sair apague a luz, por favor. – Alexia pediu, deitando-se, cobrindo-se com seu acolchoado.
Kirias foi até o interruptor, apagando a luz, bateu a porta e não saiu do quarto. Foi até a cama da menor, sentando-se na sua beirada, tocando no corpo deitado.
- O que quer Kirias? – indagou num sussurro – Vai dormir.
A mais velha não respondeu, começou a se deitar na cama, empurrando Alexia para o outro canto. Kirias retirou seu roupão e depois se cobriu com o acolchoado.
- Quem é a pessoa que pegou seu coração? – indagou num sussurro, abraçando o corpo menor.
- Uma garota. – respondeu.
- Nem eu deixei de dar parte de mim a você. Como pode me deixar tão rápido?– indagou.
- Não seja egoísta. Você está namorando outra pessoa. – disse com irritação, virando seu corpo para o outro lado, ficando de costas para Kirias.
Kirias resvalou suas narinas pelo jugular da mais nova, aspirando o seu cheiro. Aos poucos seus lábios começaram a tocar na sua pele, sentindo como ela havia se arrepiado, Alexia era sensível na região do pescoço, e Kirias sabia disso.
- Kirias, vá dormir! – pediu num tom mais alto.
- Como se você pudesse mandar em algo, – falou – eu quero ficar aqui.
- Então fica quieta!
- Eu não vou ficar quieta.
- Vai chifrar aquela lesma? – indagou, num riso leve.
Kirias parou por um segundo, pensando naquela indagação. Ela ia mesmo trair sua namorada, por isso parou com o que fazia, ficando com a testa encostada na cabeça de Alexia.
- Agora sossega e dorme!
Os minutos foram se passando, a respiração acelerada de Alexia começou a diminuir o compasso, ela foi fechando suas pálpebras, sentindo um sono gostoso começar a puxá-la. Fazia tempo que não dormia abraçada com sua irmã, aquilo lhe trazia boas lembranças, apesar de ficar um pouco nostálgica também.
Se a respiração de Alexia estava diminuindo, a de Kirias estava começando a ficar agitada. Ela estava enciumada por saber que havia outra mexendo na vida da sua irmã
- Você já transou com essa garota? – Kirias indagou.
- Já. – respondeu secamente, bocejando em seguida.
- E ela foi ativa?
- Sim.
- E você gostou?
- Sim.
- Como foi? – indagou.
- Como assim, Kirias?
- Como ela fez? Conte-me. – pediu.
- Isso não é coisa que se fale. – falou com indignação, – Kirias, eu não vou ficar entrando em detalhes.
- Eu só vou sossegar quando você me falar. – disse – Estou curiosa, enciumada... e quero saber.
- Ah, eu sabia que não ia dormir tão fácil. – resmungou.
Alexia moveu seu corpo, deixando-o de frente para Kirias. As duas irmãs estavam deitadas com a cabeça no mesmo travesseiro, uma olhava para a outra, embora de não conseguirem se ver por causa da escuridão, apesar disso podiam sentir o hálito forte de cada.
OoO
Na mansão onde Any e Leona estavam, a prima mais nova de Victoria estava sentada numa mesa, conversando com uma garota mais velha que lhe dizia o quanto estava interessada na sua pessoa.
- “Ah, Victoria, você me paga.” – pensou Leona, olhando para a bêbada a sua frente – Vou procurar minha amiga, depois nos falamos. – disse, erguendo-se de repente.
- Leona, eu queria ficar com você. – falou a garota.
- Eu já tenho alguém. – disse rapidamente, sentindo seu coração disparar.
- Eu não sabia, sua prima falou que você é solteira, – falou com desconfiança – não precisa mentir para mim.
- Olha, eu tenho alguém sim, minha prima não sabe. – falou – Vou procurar minha amiga, me desculpe.
Leona saiu velozmente daquela cozinha, antes que a garota a puxasse novamente para outra conversa azucrinante e inacabável. Ela começou a caminhar pela casa, indagando sobre a sua prima e sua amiga até que descobriu que elas estavam no andar de cima.
- “Victoria o que você fez com a Any?” – indagou em pensamento.
A morena entrou numa sala, olhando ao seu redor, chamando Any e Victoria baixinho, até que ouviu uma resposta por parte de Any que apareceu vindo do terraço.
- Finalmente te achei, – Leona sorriu – vou chamar um táxi. Vamos embora?
- Sim. – Any sorriu, amando aquela proposta.
- O que? Vão fazer essa desfeita? – indagou Victoria, aparecendo atrás de Any.
- Victoria, eu estou com sono, esse lugar é chato, eu não conheço ninguém – Leona falou – e a Any está com cara que quer ir pra casa também.
Victoria passou seu braço pelos ombros de Any, apertando-a delicadamente. A loira sentiu um frio correr por sua espinha ao sentir aquele toque, ficando levemente vermelha.
- Eu já liguei para um táxi – Leona falou – ele vai aparecer logo. Depois nos falamos Victoria.
- Você está brava comigo, Leona? – indagou Victoria com preocupação.
Leona sorriu para sua prima, ela não devia estar brava com Victoria, pois sabia que ela tinha as melhores das intenções em lhe apresentar alguém novo em sua vida. Contudo sabia que sua prima estava de olho na sua amiga.
- Não, Victoria, – sorriu – mas eu quero ir embora. Vou descendo, você vem Any?
- Claro. – Any sorriu, desvencilhando no toque de Victoria, caminhando até Leona.
- Eu as acompanho. – sorriu, voltando a passar seu braço pelos ombros de Any, que voltou a sentir seu corpo esquentar.
O trio caminhou até a entrada da mansão. O táxi chegou dentro de quinze minutos, Leona despediu-se com um beijo no rosto, Any foi copiar o gesto e recebeu um selinho rápido nos lábios.
Os olhos de Any ficaram arregalados, ela cambaleou até o táxi, entrando no mesmo com a ajuda de Leona que queria livrar sua amiga das garras da sua prima.
- Depois eu te ligo Any. – Victoria disse, acenando para as duas.
O táxi saiu em passo acelerado a pedido de Leona que passou o endereço. Em primeiro lugar ele deixaria Any em casa, pois sua amiga parecia estar psicologicamente estremecida.
- Any?
- Hum?
- a minha prima... e você?
- Hum... ela me beijou, – disse, passando a mão por sua cabeça de modo desesperado – eu me sinto tão mal.
- Não vou contar nada, não se preocupe, – disse, passando a mão pelas costas da sua amiga – mas cuidado, que minha prima é bem saidinha.
- Dulce vai morrer se descobrir... ou melhor, ela vai me matar. – falou, sentindo angústia.
- Ela não precisa saber. Foi um surto, acontece. Isso não quer dizer que você goste de outra pessoa, não foi premeditado, aconteceu. – Leona falou.
- Obrigado, Leona, mas eu fui uma sadafa, – falou – não vou conseguir olhar para a cara da Dul. Ela vai perceber, eu vou contar, ela vai querer terminar
comigo e...
- Hei, hei, hei! Calma – pediu – não é bem assim, Dulce te ama. Ela vai ficar brava, pois estamos falando da Dulce, mas tudo passa. Se quiser contar, saiba que não será fácil.
- Mas se eu não contar, eu vou me afogar no remorso!
O táxi parou em frente ao prédio de Any, a loira deixou um pouco de dinheiro com Leona e se despediu. Começou a entrar no prédio, subindo a escadaria com a cabeça baixa, quando abriu a porta do apartamento, encontrou o cômodo escuro.
Entrou e trancou a porta, indo até a sala, onde encontrou sua namorada deitada no sofá, assistindo televisão.
- Onde estava? – Dulce indagou, sentando-se lentamente, olhando para o seu relógio de pulso, vendo que já se passava das três horas da manhã.
Any retirou seu tênis e sentou-se no sofá ao lado de Dulce. A karateca passou sua mão pelo rosto exausto da mais nova, sentindo sua brandura, se aproximou e encostou seus lábios nos de Any, num beijo célere.
- Leona e... Victoria me levaram numa festa na casa de alguns amigos. – falou.
- Victoria? – indagou com irritação – Você saiu com aquela idiota? Você viu o que ela falou comigo no telefone, não tem respeito por mim, Any?
A loira suspirou, prevendo aquela reação.
- Eu pensei que fossemos a um barzinho com Leona, porém ela apareceu com a prima dela, e acabou nos levando para essa casa. – discursou com certo cansaço – Leona e eu odiamos e voltamos logo.
Dulce passou a mão por seus cabelos, balançando a cabeça negativamente, não gostando da história que estava ouvindo.
- E essa idiota deu em cima de você? – Dulce indagou.
- “Pronto, é agora” – Any pensou, sentindo o coração disparar – Sim. – respondeu.
- Mesmo? – indagou a karateca com raiva – O que ela te disse? Ou melhor, o que ela fez? Fala Any.
Any se levantou, sentindo que toda sua coragem havia se dissipado, o olhar da karateca era amedrontador. A loira virou as costas e começou a caminhar para o quarto, sendo seguida pela mais velha que lhe enchia de perguntas.
- O que aconteceu, Any?
Any sentou-se na cama e começou a retirar sua roupa, ficando apenas de calcinha. Abriu a porta do seu guarda-roupa e ficou procurando seu pijama, ignorando os chamados de Dulce.
A karateca puxou seu braço, virando o corpo de Any, olhando-o nos seus olhos, ansiando por uma resposta.
- Ela...
- Ela?
- Bom... ela... – deu uma pausa, não sabendo como continuar – você já deve imaginar.
- Vocês se beijaram!? – indagou num grito.
Any não respondeu, fixando seu olhar no rosto da sua namorada. Dulce esperava uma resposta negativa, entretanto não ouviu mais nada. A karateca fechou os olhos, e soltou o braço de Any, saindo do quarto com passos pesados.
A loira vestiu seu pijama de pano e caminhou até a cama, jogando-se no colchão, passou a mão por seu rosto, não acreditando que estava passando por aquela situação.
- “Dulce não disse nada? Não me agrediu... não gritou... não me xingou...” – pensava – “será que ela vai me abandonar?”.
Os minutos foram se passando. A karateca entrou novamente no quarto, sentando-se na cama ao lado de Any que continuava com as mãos no rosto.
- O que você quer que eu faça Any?
- Me perdoe, – respondeu rapidamente – foi um lapso.
- Por que a beijou?
- Hei... eu não a beijei. – disse – Estava mal... tonta... ela veio com uma conversa mole, e começou a me beijar... e eu desmaiei.
- Você o quê? – indagou com surpresa – Desmaiou? Por que desmaiou?
- Não comi nada, me deram uma caipirinha, eu bebi... e comecei a passar mal – confessou – perdão Dulce, eu me senti tão mal, eu parei quando me dei conta. Eu precisava te contar, eu não queria fazer aquilo...
- Mas você fez! – gritou – Beijou outra pessoa, saiu com ela, sabendo que eu não queria.
- Eu também não queria. – falou.
Dulce puxou os braços de Any para baixo, procurando olhar para os olhos cheios de lágrimas da sua namorada.
- Eu não confio mais em você. – falou.
- Ah... Dulce... – fechou os olhos ao ouvir aquilo – me perdoe, por favor.
A karateca ia contra sua natureza, se fosse no passado, já teria jogado Any no chão e começado a lhe dar uma surra pela traição, mas agora se controlava para não cometer ações que se arrependeria no futuro.
- Por que me contou? – indagou com a voz controlada.
- Porque eu queria que soubesse, – respondeu – eu não estou me sentindo bem.
- Por que a beijou Any? Por quê?
- Ah, Dulce. Eu não queria, eu não queria – falou rapidamente, com irritação – ela veio, começou a me encher de perguntas idiotas sobre traição, depois foi se aproximando... eu tava tonta... ela me beijou, eu a empurrei, depois desmaiei e agora estou aqui te contando!
- Você o afastou? – indagou.
- Claro! O que você acha que sou Dulce? – indagou – Mas eu a beijei, e estou mal com isso. Tinha que te falar, eu já disse, não agüentaria te olhar e ver você me tratando com carinho, sendo que eu fui safada.
- Que bom que você não é tão hipócrita. – Dulce observou.
A loira se sentou de repente, chamando a atenção da karateca.
- Aonde vai? – Dulce indagou.
- Vou... tomar um banho. – falou – Se quiser sair, eu te entendo, Dul.
- Não, não... vamos conversar. – disse, fechando sua mão no braço de Any, apertando com força, pela raiva que sentia, voltando a puxá-la para baixo.
- O que quer falar? – indagou
- Eu estou puta, – disse – com raiva, mágoa e me sinto uma idiota. Aquela garota deve estar rindo da minha cara, isso porque ela falou comigo no telefone, você me desrespeitou, Any.
- Eu sei, eu sei... – falou.
- Eu não posso confiar em você.
- Tudo bem. – concordou – O que quer fazer agora, Dulce?
- Eu não sei. – falou – O que quer que eu faça Any?
- Qualquer coisa que você se sinta melhor. – falou.
Dulce fechou sua mão no cabelo de Any, puxando sua cabeça para cima, fazendo-a se sentar, aproximou seus lábios aos da loira, e fechou os olhos por um segundo. Any tremeu levemente ao sentir um puxão mais possante no seu cabelo, inclinando sua cabeça para baixo.
A outra mão de Dulce foi parar no rosto da loira, com os dedos eretos, pegando parte de seu rosto, ela afastou um pouco sua mão e a levou ao rosto da menor, batendo levemente. Any fechou suas pálpebras, sentindo outro tapa um pouco mais leve.
A torção no seu cabelo aumentou, ela foi deitando-se na cama, sentindo a mão pesada da sua namorada. Dulce sentou-se em cima do seu abdômen e puxou os braços de Any para cima, colocando-os no alto de sua cabeça.
- Posso aliviar minha raiva? – Dulce indagou num sussurro.
- Pode. – respondeu, engolindo em seco.
A respiração de Any ficou agitada ao sentir um tapa forte contra sua face, até virou seu pescoço com o baque, sentindo seu pescoço estalar, tocou na sua bochecha, sentindo a ardência.
E não teve tempo de reclamar, pois recebeu outro tapa no outro lado. Abriu seus olhos, encontrando o olhar penetrante da namorada. Dulce puxou seus braços para o lado de sua cabeça novamente, inclinou seu corpo para baixo e aproximou seus lábios do ouvido de Any.
- Deixe os braços aqui em cima, – falou – não se mexa novamente.
Any olhou a mão de Dulce se erguer novamente e fechou os olhos, sentindo outro baque, moveu seu braço mecanicamente para baixo, mas logo os levou para o alto de sua cabeça, fechando suas mãos na cabeceira de madeira da cama, segurando-se ali, quando sentiu o outro tapa.
Mais dois tapas e Dulce se sentiu satisfeita, deslizou suas mãos pelo tronco da loira, olhando para o rosto que estava de perfil, avermelhado pelas marcas de seus dedos.
Dulce afundou seus lábios na curva do pescoço, começando a chupar a região, dando leves mordidas, enquanto suas mãos começaram a lhe apertar a carne, puxando a calça de Any para baixo. A loira continuava a segurar na cabeceira, abrindo a boca para aspirar ao máximo de ar que podia.
Any ficou nua debaixo da sua namorada. Dulce puxou suas mãos para baixo e a virou de costas, voltando a cobrir seu corpo, devorando seu pescoço com mordidas energéticas. Dulce deu alguns tapas nas nádegas de Any, que gemeu baixo.
- Posso continuar a descontar minha raiva, Any? – Dulce indagou sussurrante.
- Pode. – respondeu.
- Mesmo? – tornou a indagar – Eu estou muito puta.
- Desde que você me perdoe Dulce. Pode fazer o que quiser. – falou.
Dulce sorriu amargamente, saiu de cima do corpo menor e a puxou para que a cabeça de Any ficasse próxima ao seu rosto. Dulce olhou para as lágrimas transparentes que resvalavam pelo rosto avermelhado.
- Dorme Any, – Dulce falou – não vou mais te machucar.
As pálpebras se fecharam, Any se acomodou na cama, ficando com o corpo de lado.
- Posso te abraçar? – indagou a mais nova.
- Claro que pode, – Dulce respondeu o óbvio – você é minha namorada, apesar de fazer idiotice.
- Pensei que ia querer dar um tempo... ou coisa pior. – falou.
- Não foi tão grave, se foi exatamente como me contou. – falou – Não foi premeditado e você interrompeu, até desmaiou. – comentou – Durma agora.
A loira fechou os olhos e passou sua mão pela cintura de Dulce que a abraçou também. E assim as duas adormeceram, sendo acordadas na manhã daquele mesmo dia com a campainha.
Any se sentou na cama velozmente, tocando seu rosto que estava dolorido e vestiu sua calça e uma camiseta que estava jogada na cama. Dulce acordou também, olhando para sua namorada.
A loira correu até a cozinha e atendeu ao interfone, ouvindo a voz familiar de Heimel.
- Bom dia, Any. Eu posso subir?
- Ah... pode. – respondeu a contra gosto – Abriu? – indagou ao apertar o botão.
Ela ouviu uma resposta positiva e se afastou, caminhando até o banheiro, onde lavou o rosto e observou as marcas de dedos que estavam estampadas na sua pele. Dulce entrou no banheiro, olhando para Any, sentindo remorso por tê-la marcado daquele jeito.
A karateca a abraçou por trás, beijando a linha do seu ombro, enquanto observava Any tocar na sua face.
- Quem era? – Dulce indagou.
- Heimel, ele está subindo. – falou.
- Agora? – indagou a karateca com surpresa.
- Sim. – respondeu.
Any se afastou do toque da karateca friamente, sentindo raiva por ver aquelas marcas por seu corpo apesar de não ter se arrependido de senti-las na madrugada. Ouviu a campainha tocar, a loira abriu a porta para Heimel que lhe sorriu, adentrando e caminhando até o sofá, mas não se sentou. Any fechou a porta e foi até sua visita.
- Any... o que houve com seu rosto? – indagou Heimel, com os olhos arregalados.
- Nada. – respondeu, tocando na sua bochecha.
- Como assim, não aconteceu nada? – indagou, aproximando-se da sua filha, tocando no seu braço, percebendo que havia algumas marcas de dedos – e essas marcas?
- Não é nada. – tornou a falar com exaltação, sentindo-se envergonhada por estar daquele jeito.
E nesse instante Dulce entrou na sala, olhando para Heimel.
- Bom dia. – disse Dull, com seriedade.
- Foi você, não foi? – Heimel acusou.
- O quê? – Dulce indagou sem entender.
- Você bateu na minha filha? – indagou com revolta.
Dulce não respondeu, olhando para Any que estava com a mão cobrindo seu rosto avermelhado. Sua namorada estava envergonhada, Dulce sabia e agora começava a se arrepender verdadeiramente do que havia feito. Mas estava com raiva na hora e Any havia permitido.
- Ah, pelo seu silêncio é verdade. – disse Heimel – Quem você pensa que é sua canalha? Eu vou te denunciar, Por que não vem bater em mim?
Dulce cruzou os braços, não sabendo o que responder, mas mantinha seu olhar em Any. A loira tocou no braço de Heimel que o encarou, parando de xingar e provocar a karateca.
- Eu vou me trocar, e vou almoçar com você,– Any falou – já volto.
Any passou reto por Dulce, com a cabeça baixa, fechando a porta do quarto. Na sala, o clima ficou mais carregado, Heimel apontou seu dedo a milímetros do rosto de Dulce.
- Se você acha que eu vou te engolir, está enganada, vou tirar você da vida da minha filha, custe o que custar! – ameaçou.
- Como quer fazer isso? – Dulce se pronunciou finalmente.
- Ah, não pense que eu não posso. Any ainda não tem seus vinte e um anos, e pelas leis desse país, eu ainda tenho poder sobre ela – falou – eu até aceitei essa relação nojenta de vocês, porém não vou mais tolerar. Posso tirá-la daqui quando quiser. – sussurrou.
- Até parece! – debochou.
- Mesmo? – sorriu – Pergunte a qualquer advogado desse país. Eu não sei onde nasceu, mas nessa nação, tenho todo o poder sobre Any.
Dulce não respondeu, pois não tinha consciência até que ponto Heimel tinha razão, sentiu um frio na espinha ao ouvir aquela ameaça. Se não fosse o pai da sua namorada, com certeza, Heimel já estaria apanhando.
Any apareceu na sala, pegou sua bolsa e olhou para Heimel que parecia estar mal humorado.
- Vamos, indo. – Any disse, estendendo a mão para seu pai ir à frente. Heimel obedeceu, passando pelo pequeno corredor, caminhando até a porta.
Any olhou para Dulce, ela tocou no braço de Dulce, dando um tapa de leve, numa despedida. A karateca a puxou rapidamente e lhe beijou os lábios sem pressa.
- Perdão. – Dulce pediu.
- Eu te peço perdão, – Any falou – espero que não esteja mais com raiva de mim.
- Não estou. – falou – Quer que eu vá junto? – indagou baixo.
- Melhor não, – Any falou – até mais. Tem comida na geladeira.
A loira se afastou, deixando a karateca com uma agonia e angústia no coração.
OoO
Continua...
Autor(a): lunaticas
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Naquela mesma manhã, Leona estava jogada em seu colchão, havia sido acordada pelo som de seu celular, sua mão moveu-se preguiçosamente até o aparelho, vendo o nome da pessoa que lhe ligava. - “Amín?” – ficou surpresa, atendendo rapidamente. - Alô? - Leona. Sou eu Amín, tudo bem? - Ah, oi... eu estou be ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 61
Para comentar, você deve estar logado no site.
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu