Fanfics Brasil - Capitulo 1 Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capitulo 1

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Anahi abriu a porta da varanda, sentindo o cheiro fresco daquela manhã e diferentemente da visão que tinha da cidade, agora a loira avistava o oceano a sua frente. O céu estava azul e límpido, algumas gaivotas voavam, cantarolando. O ar era úmido e a respiração era facilitada por esse motivo.


 O assoalho da varanda era de madeira, pintada a tinta branca. Any caminhou até a cerca de proteção. O vento que provinha do mar lhe refrescava, a loira passou a mão por seus cabelos, jogando-os para trás, fechando os olhos por um momento para aproveitar aquela sensação de férias e liberdade. Enfim estava livre do Saint Rosre, eram as férias de verão daquele colégio.


 O Hotel Água Branca sempre foi reservado para as férias de verão das garotas do Saint Rosre. Obviamente nem todas as garotas viajavam, pois o pagamento era feito à parte, contando com a mensalidade e muitas alunas voltavam para casa, a fim de ver seus parentes.


 A maioria das garotas quem iam eram do terceiro e quarto ano. As garotas do primeiro ano raramente iam, por causa do trauma que o Saint Rosre lhes causava, o segundo ano era a mesma coisa. Porém algumas alunas possuíam boas relações com as veteranas.


 O quarto foi escolhido aleatoriamente. Em cada quarto havia quinze camas, ele era enorme e espaçoso. O hotel era especializado para receber colégios de várias regiões do país, por isso sua arquitetura suportava bastante adolescentes.


           Das duzentas e quarenta alunas, apenas cinqüenta foram participar da viagem. Felizmente para Any, a maioria das garotas que estavam no hotel lhe era conhecida de vista ou eram suas amigas.


 Carei ficou felicíssima ao ver que havia ficado no quarto com Any, mas para sua tristeza, nesse mesmo quarto estavam Kirias e Juliana, com quem não se simpatizava. As garotas haviam chegado há uns trinta minutos, elas foram instruídas a arrumarem suas coisas e descerem para o almoço.


 Any pois um biquine preto e por cima vestiu um shortinho jeans escura e uma blusinha branca. A cor favorita da loira era o preto, que chegava a ser 90% de suas roupas, mas como estava na praia, Any acabou puxando suas roupas mais claras no fundo do guarda-roupa. Ela calçou suas Havaianas vermelhas e saiu do quarto, a fim de ver o quarto das outras garotas.


 Ao todo, o colégio acabou por ocupar quatro quartos, ficando com algumas camas sobrando em alguns dormitórios, porém ninguém poderia trocar durante esses sete dias e seis noites. Cameron deixou uma monitora responsável pelas alunas, ela não tinha mais humor para acompanhar as alunas por causa de sua situação atual.


Any passeava pelos corredores, observando a decoração praiana, amando aquele espírito de repouso. A loira ficou na recepção do hotel, tomando um pouco de água que havia no bebedouro, olhando para os lados distraidamente.


 – Olá!


 A loira olhou para o lado, vendo um belo garoto que aparentava ter a mesma idade lhe cumprimentando. Ele usava uma sunga azul marinho, sob sua pele amorenada. Seus olhos eram verde oliva e seus cabelos negros caíam sobre os olhos.


 – Ah... oi – sorriu, olhando para o corpo do garoto discretamente. Ele era um rapaz muito bonito, porém não era de seu interesse.


 – Você veio com o colégio? – ele indagou.


 – Ah, sim. Somos do Saint Rosre – sorriu.


 – Eu ouvi falar muito bem desse colégio – comentou, puxando um copo descartável e o enchendo de água em seguida, inclinando-se para baixo de qualquer jeito, Any apenas a olhou de cima, vendo que tinha total visão do seu corpo definido.


 – “Ah... esse cara está com segundas intenções” – pensou, olhando para os lados com preocupação. Talvez Dulce estivesse escondida atrás da planta, observando-a com seu olhar possessivo. Ela não queria brigas.


 – Eu vou indo! Até mais – Any disse, começando a caminhar para fora da recepção.


 – E qual é o seu nome? – ele indagou.


 – Anahi e o seu?


 – Meu nome é Eliéser – disse – prazer, Anahi.


 Any sorriu e acenou com a cabeça, afastando-se em seguida. Ela voltou para o seu quarto, encontrando Dulce, Juliana e Kirias sentadas na sua cama, conversando animadamente.


 – Onde você estava? – Dulce indagou, vendo a loira colocar a cabeça para dentro do quarto.


 – Conhecendo o hotel – respondeu.


 Any sentou-se ao lado de sua namorada, ficando a conversar com o trio até o momento em que foram chamadas para o almoço. Any separou-se um pouco de Dulce a contragosto, pois foi puxada por Carei, que desejava ficar com sua amiga.


 


OoO


 


No refeitório, Hudi foi puxado pela mão por sua namorada que olhava para os cantos com receio. Elas estavam fora do Saint Rosre, as pessoas não aceitavam muito bem o relacionamento entre duas garotas, porém a veterana mostrava não se importar. Aliás, Miles mostrava não se importar com nada.


 Elas sentaram-se numa mesa sozinhas. Hudi suava frio, olhando para um grupo de garotos que lhe encaravam com malícia, depois olhou para o refeitório com mais vigilância percebendo que havia muitos garotos no lugar.


 – Tem muito homem aqui, você não acha? – Hudi indagou.


 – Colégio interno de garotos – Miles comentou, pegando o cardápio.


 – Mesmo? Que droga! – resmungou.


 – Não gosta de homens?


 – Não, não mesmo. Eles me deixam... nervosa – falou, pegando o cardápio, escondendo suas faces avermelhadas. Hudi sempre teve problemas com homens, isso se deve ao fato de ser criado numa família com três irmãos.


 – Por quê? – indagou erguendo suas sobrancelhas.


 – Eu já te disse. Minha família tem muitos homens. Eles me deixavam louca – resmungou.


 – Hum...


 – Você não entenderia. Você é filha única – resmungou, observando o cardápio.


 Miles não disse nada como de costume, ela deslizou sua mão pela superfície lisa da mesa, encostando seus dedos na mão de sua namorada, acariciando-a enquanto observava o menu com atenção. A ruiva arregalou os olhos e fugiu daquele toque.


 – Está louca? – indagou gesticulando os braços.


 – Hum?


 – Eles estão olhando para nós! – disse, olhando para os lados.


 Os orbes negros de Miles cruzaram o salão observando as pessoas em silêncio, ela olhou para a parede e viu o aviso que era proibido o fumo, aquilo a deixou triste. Ela voltou seu olhar na ruiva que estava esperando que ela dissesse alguma coisa, mas a veterana apenas suspirou e voltou sua atenção ao cardápio.


 – Ah! Eu desisto! – disse batendo a mão na mesa – fala sério Miles! Você está brincando comigo, não é?


 – Ah?


 – Pare de fazer essa cara de desentendida. Eu falo, falo, falo e você só fica em silêncio – resmungou.


 – Você parece uma mariquinha – disse baixinho.


 Hudi resmungava alguma coisa, mas silenciou-se ao ouvir aquilo. Ela parecia uma mariquinha? Será que ouviu direito? Estava indignada, ela não acreditou que a morena havia lhe dito aquilo.


 – O... o que disse?


 – Você parece uma mariquinha. Não pára de falar, reclamar e observar as coisas – disse secamente.


 As bochechas de Hudi ficaram rubras, inicialmente ficou envergonhada com aquela observação, depois ficou com raiva e por fim sua vontade de comer acabou indo embora. Ela levantou-se com a cabeça baixa e saiu em silêncio, pensando nas palavras de sua atual namorada.


 – “Eu não sou uma mariquinha” – pensou com tristeza.


 Miles observou a menor se afastando, ela ficou no seu lugar refletindo nas suas palavras, procurando entender o motivo de tanta chateação. Os minutos foram se passando e após analisar a situação, a francesa ergueu-se, exibindo seu corpo esguio para os garotos assanhados.


 A francesa caminhou pelos corredores, olhando atentamente para os cantos mais arejados. Pelo pouco que pode observar, sua querida ruiva gostava de ar fresco. Por esse motivo, Miles nem sequer subiu para os quartos, saindo pela entrada principal do hotel.


 E como havia previsto, ao longe viu os ventos balançarem os fios avermelhados da sua namorada. Ela estava do outro lado da rua, sentado perto da beirada da praia. Miles colocou um cigarro na boca e começou a fumá-lo, dando passos lentos até sua namorada. Quando a francesa se aproximou, ela sentou-se ao lado da ruiva, ficando a olhar para o imenso azul a sua frente.


 O tempo passou e o silêncio entre as duas bateu seu recorde. Era a primeira vez que Hudi não havia se incomodado com aquela calmaria, quebrando o silêncio com seus gritos e comentários afobados.


 – Poderia não me deixa sozinha? – Hudi indagou.


 Miles nem sequer respondeu, saboreando seu cigarro. E com um suspiro impaciente, Hudi se levantou, postando-se a caminhar com a cabeça baixa e as mãos no bolso de seu short jeans. Ao seu lado, sua namorada a acompanhava no mesmo ritmo.


 A caminhada foi longa. Elas passaram por um caminho de pedras, terra e muitas plantas, por um momento Hudi achou que viu uma cobra deslizar pelos eixos, aquilo a amedrontou.


 Ambas pararam de andar ao ver que à frente a trilha ficou mais estreita e dificultosa, elas teriam que se pendurar às raízes das plantas para subir um pequeno elevado de terra. Os pernilongos começaram a grudar em suas pernas, ambas estavam usando chinelos que estavam atolados na lama daquele mangue.


 – Ainda está irritada? – Miles indagou.


 – Sim – respondeu – você não pode me comparar com uma mariquinha – disse revoltado – eu não tenho nada disso. Eu me pareço uma?


 – Às vezes – respondeu.


 – Ah! Eu não acredito que você ainda está dizendo isso! – gritou – chega esse relacionamento não está dando certo. Nós somos muito diferentes, eu acho melhor pararmos por aqui antes que alguém fique magoada.


 Miles apagou seu cigarro na rocha cheia de cogumelos, depois guardou a bituca do cigarro apagado no seu bolso, ela se recusava a sujar aquele lugar admirável. A francesa deu um passo para frente e segurou o rosto da ruiva.


 – Não adianta me beijar, pois eu não vou mais...


 Hudi não terminou de falar, os lábios quentes e macios de Miles a envolveram, mostrando todo seu romantismo, deixando o calor de seu corpo se envolver com o corpo menor. A ruiva se derreteu novamente. A quem ela queria enganar? Estava apaixonada.


 – Eu acho que precisamos conversar...


 E outros beijos calaram a menor, os lábios de Miles resvalaram por seu pescoço, saboreando-se com o gosto e o cheiro adocicado da menor. Seus braços compridos deslizaram por sua cintura, parando as mãos espalmadas nas suas nádegas.


 – E... e... não vou ceder... porque você está fazendo isso...


 Os dedos finos e compridos de Miles fecharam-se levemente nas nádegas de Hudi, puxando o ruivo para ficar em cima de algumas pedras a fim de sair daquela lama. A ruiva encostou suas costas na parede e ficou a olhar para os orbes negros da francesa.


 – E... eu...


 – E você? – indagou com um leve sorriso, dando toda sua atenção para a ruiva, deixando seu olhar grudado nas suas feições, amando ver cada detalhe daquela mente confusa.


 – Eu... eu te odeio – falou.


 – Que pena – sussurrou.


 – Deixe-me sozinha – pediu, sentindo sua voz sair fraca.


 Os dedos frios e cheirando a cigarro da maior tocaram no lábio avermelhado de Hudi, sentindo sua maciez, depois continuou sua viagem até sua nuca, afagando-a delicadamente.


 – Por quê?


 – Porque eu estou brava com você – respondeu – você viu o que disse?


 – Não.


 – Ah! Você falou que eu me pareço com uma mariquinha reclamona! – tornou a falar com revolta.


 – Hum...


 – Não fale mais isso – pediu, abaixando a cabeça.


 – Por quê?


 – Eu vou te contar. No meu primeiro ano... as garotas viviam me fazendo colocar roupas de garotos – confessou baixinho – pediam para eu falar grosso e ficavam pedindo para eu fazer coisas que eu odiava.


 Miles abraçou o corpo da menor. Hudi estava com a respiração acelerada, mas depois começou a se acalmar. As mãos de Miles pareciam lhe curar de qualquer mal estar, o seu silêncio mostrava sua total compreensão e respeito.


 – Eu não sabia. Desculpe-me – falou.


 – Tudo bem – disse – “e mais uma vez eu te perdôo. Você... nunca vai embora quando eu peço e entende tudo o que eu quero”.


 – Quer voltar para o hotel? – indagou.


 – Deixe-me ficar assim... mais um pouco – pediu.


 Depois de um tempo o abraço teve seu fim, e quando Hudi se afastou, ela voltou a caminhar em silêncio sendo seguido por sua sombra. As duas voltaram pela beirada da praia, segurando seus chinelos pelas mãos, aproveitando a água do mar para lavar a lama que as sujou.


 O sol começou a ficar mais forte, pelo seu posicionamento deveria ser duas horas da tarde, e elas estavam longe de chegar ao hotel. Hudi tocou no seu estômago que começou a reclamar de fome.


 – Quer almoçar em algum lugar? – Miles indagou.


 Hudi parou de andar e olhou a região vendo que estavam no meio de uma praia que era escondida pelas montanhas, pela vegetação e pelas trilhas. Elas haviam chegado de jipe no hotel. Como achariam um restaurante pela região?


 – Ô espertalhona!! Onde você acha que podemos comer, hein? – indagou com impaciência, balando a cabeça negativamente.


 – Ali – disse, apontando para frente.


 – Não acredito! – disse com perplexidade, vendo que havia um quiosque feito de madeira ao longe – Que mentira!


 Miles permitiu que um leve sorriso fixasse nos seus lábios, ela tocou nas mãos frias da sua namorada e começou a andar. Elas chegaram no quiosque que estava vazio. O casal sentou numa mesa redonda feita de bambu.


 Um rapaz se aproximou com um largo sorriso, cumprimentando as garotas e lhe entregando um cardápio de plástico. As duas ficaram olhando com atenção, acabaram por pedir cerveja, uma porção de isca de peixe e uma porção de batata frita.


 – Está gostando daqui? – Miles indagou.


 – Sim – sorriu – esse lugar é lindo. Eu queria muito vim aqui.


 – Hudi Você fará o quarto ano?


 – Minha mãe e minhas tias querem que eu faça – disse cabisbaixo.


 – Não tem como não fazer? – indagou.


 – Não. Quando elas cismam com uma coisa, nada as fazem mudar de idéia – falou com um olhar cabisbaixo.


 Miles ficou prestando atenção no que sua namorada falava, ouvindo seus lamentos, prestando atenção no seu olhar que brilhava e se apagava dependendo do assunto. A francesa apoiou seus cotovelos na mesa, ficando a observar a pessoa que mais apreciava.


 – “O que eu mais gosto em você é algo que ninguém percebeu. Você é tão triste Hudi, mas não deixa transparecer. Sua vida é difícil, sofreu muito, mas sempre está sorridente. O que eu mais amo é observar você, triste, chorando, sorrindo... tanto faz... eu amo cada detalhe” – pensava extasiado – “por isso falo pouco, pois eu acho um desperdício o seu silêncio”.


 Quando a comida chegou, elas começaram a alimentar-se. Hudi atacava a comida, enquanto Miles comia sem pressa, demorando a mastigar e engolir o alimento.


 – Vai mesmo fazer faculdade de psicologia? – Hudi indagou, bebendo sua cerveja.


 – Sim – respondeu.


 – Acho que é sua cara. O paciente vai falar, falar e falar... e você só vai ouvir. Perfeito para você – riu baixinho – eu não queria me tratar com você, eu ficaria nervosa.


 – Por quê?


 – Oras! – sorriu – eu não agüento seu silêncio. Por que não fala mais?


 –Porque é desnecessário – respondeu.


 – Não é não! Eu gosto de ouvir você falando. Fale mais comigo, por favor – pediu – eu sempre te peço isso, mas você não me ouve.


 – Desculpe – pediu.


 – E você sempre pede desculpas e não muda – suspirou.


 Os ventos estavam ficando mais fortes, os cabelos cor de fogo da menor estavam para cima, dançando conforme o ambiente pedia. Ela ria baixinho e comentava alguma coisa com a boca cheia. Quando terminaram de comer, ficaram mais um tempo conversando. No final Miles pagou a conta e elas saíram.


 – Vamos andar por ali? – Miles pediu, apontando para uma trilha.


 – Hum... e se tiver cobra? – indagou com receio.


 A morena não respondeu, ela começou a caminhar na direção da trilha. Hudi hesitou um pouco, todavia a seguiu, agarrando seu braço como se fosse uma criança. As duas caminharam pela trilha que era mais acessível que a outra.


 


Um tempo depois...


 


– Eu estou cansada – Hudi reclamou.


 A ruiva sentou-se num tronco de árvore que estava envolto por algumas pedras. Miles ficou em pé ao seu lado, com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás, sentindo a energia daquele ambiente.


 – Eu gosto desse lugar – Miles sussurrou.


 – Que bom – sorriu – “hoje ela está falante...”.


 – Eu morarei aqui no futuro – falou.


 – Que horror! Nossa, eu odiaria viver num lugar assim – falou, balançando a cabeça negativamente – imagina! sem shopping, sem fliperama, sem rua, sem carros! Eu ia enlouquecer.


 – Ia fazer bem para você – Miles falou – ia ser mais calma.


 – Miles, eu nunca vou ser calma – riu baixinho – apenas com calmantes fortíssimos.


 A morena não disse nada, ela ficou olhando para a ruiva que ria baixinho de seu próprio comentário. Miles abaixou-se ficando na altura dos olhos da menor que a observava.


 – Eu quero amar você aqui – falou de repente.


 Hudi ficou vermelha e com os olhos arregalados, ela moveu sua cabeça em 360°, avaliando o lugar que estavam. O chão era cheio de terra e areia, as pedras estavam sujas, havia muitos caranguejos pela região e os mosquitos e pernilongos não os deixavam em paz.


 – Não mesmo – respondeu.


 – Por quê?


 – Olhe para o lugar!


 – Ele é perfeito – sorriu.


 – E pode vim alguém!


 – Se isso acontecer é só parar.


 – Como assim parar? Você não tem vergonha, não? – indagou com indignação.


 – Não – respondeu secamente.


 – Eu acho que você não teria mesmo... mas eu não sou louca e tenho bom senso. Vamos voltar para o hotel!


 A ruiva se levantou e começou a pisar para fora daquela trilha. Miles nem sequer se moveu, ela ficou observando sua namorada se afastar com insatisfação. Ela avançou na menor, abraçando sua cintura.


 – Por favor – pediu docilmente.


 – Com uma condição – pediu.


 – Qual?


 – Que você fale o triplo que fala comigo todos os dias – pediu.


 – Mas esse é meu jeito – falou baixinho.


 – Então eu me recuso – disse com um sorriso vitorioso no rosto.


 


Miles pareceu refletir, mas não ia deixar de fazer o que desejava por aquele pedido. Afinal Hudi não pedia nada demais. Ela teria que falar três frases a mais por dia.


 – Tudo bem – falou.


 – Se não falar mais que isso eu vou ficar brava – avisou.


 – Eu vou falar mais – Miles prometeu.


 – Isso é uma promessa! – Hudi avisou.


 A mais velha puxou a mão da menor e começou a se infiltrar no meio daquele matagal, procurando algum lugar para ficar a vontade com sua afetuosa namorada.


 


OoO


 


No hotel, Leona estava ao telefone com sua mãe. Ela estava jogada na cama de seu quarto, ouvindo ela dar suas instruções e pedidos. Para variar pedia para que sua filha não fosse até o fundo do mar, passasse protetor solar, se alimentasse bem e... obedecesse sua prima.


 Juliana entrou no quarto de repente, procurando Kirias, porém sorriu ao ver sua prima jogada na cama com uma cara de enterro. A ruiva sentou-se ao seu lado e antes de dizer qualquer coisa, Leona estendeu o celular para ela.


 – Ela quer falar com você! – Leona disse com agastamento.


 Juliana pegou o aparelho celular e começou a conversar com sua tia, que lhe idolatrava e pedia para que Juliana cuidasse de seu pequeno filhote. O motivo de tanta preocupação por parte da mãe de Leona era justificável.


 A irmã mais velha de Leona havia falecido há menos de dois anos em uma viagem que fez com seus colegas ao litoral. O carro havia derrapado por causa da pista molhada, batendo de encontro a um caminhão. O acidente teve grande repercussão na época e até saiu nos jornais. Uma perda terrível para a família. E desde então, os pais de Leona se preocupam excessivamente com sua segurança.


 A ligação foi encerrada. Leona respirou fundo e jogou seu corpo para trás, fechando os olhos, tentando relaxar.


 – Ela pediu para você não ficar andando sozinha – Juliana avisou.


 – Eu já tenho uma lista completa do que não posso fazer – suspirou – eu queria que eles parassem de me sufocar.


 


– Leona... entenda seus pais – pediu, passando a mão pelo braço deu sua prima.


 – Eu os entendo. Mas eles me sufocam – murmurou – é o tempo todo. Eu não agüento!


 Juliana suspirou, ela ficou com um olhar entristecido. Ela amava sua prima mais velha, a falecida Gianni. A ruiva observou sua prima menor com mais atenção, perdendo-se nos seus olhos vermelhos. Ambos eram muito parecidas.


 – Está pensando nela de novo? – Leona indagou irritação.


 – Vocês se pareciam demais – sussurrou.


 A mão da ruiva tocou numa mecha cor de ébano, sentindo sua textura. Leona deu um tapa em sua mão e se levantou rapidamente da cama.


 – O que pensa que está fazendo? – indagou – por que me bateu?


 – Eu cansei de ficar com você – revelou - eu não sou minha irmã! – gritou.


 – Eu sei – disse entristecida.


 Leona ficou irada com aquele olhar, ela não esperou mais nada, ela se afastou e saiu do quarto, ignorando os chamados da sua prima. A morena saiu do hotel, caminhando até a beira do mar, todavia não ficou muito tempo sozinha. Logo Amín que a viu sair apressada se aproximou dela.


 – Por que está com essa cara? – a loura indagou.


 – Minha prima me irrita – desabafou.


 – Como sempre – sorriu – o que ela fez dessa vez?


 – Ela fica me olhando como se eu fosse minha irmã – disse.


 As duas ficaram caminhando pela beirada da praia, sentindo a onda fria bater contra seus pés. O hotel estava cheio e por isso havia muitas pessoas tomando banho de sol.


 – Por que não se separa dela logo? – indagou.


 – Ela é minha prima – disse – ela vive no meu pé. E meus pais fazem questão de nos colocarem sempre juntas.


 – Que mala, hein! – riu baixinho – sempre empurram a Juliana para você?


 – Desde que minha irmã morreu, eu não vou à padaria sozinha – suspirou – acredita que minha mãe quis contratar um segurança para mim?


 Amín olhou com pesar para sua amiga, ela não tinha o que comentar. A situação era realmente problemática. Seus pais eram super protetores, mas mesmo assim a deixavam naquele colégio interno.


 


– Sua irmã e Juliana... namoravam? – indagou com receio. Afinal Leona já havia desabafado muitas vezes com a loira, o que dava um certo entendimento sobre o que acontecia naquela relação tão caótica.


 – Sim – respondeu.


 – E a Juliana fica com você por causa da aparência? – indagou com delicadeza, tentando não ferir os sentimentos de sua colega.


 – Hum... sim – disse entristecida, parando de andar um pouco, olhando para a areia úmida com angústia.


 – E... você gosta... dela? – Amín indagou, tocando nos ombros da maior.


 – Ah... eu... às vezes acho que sim, mas... ela me trata tão mal... que eu fico com raiva – confessou, sentindo seus olhos encher-se de lágrimas.


 – Leona eu...


 – Amín, eu vou dar uma volta sozinha. Eu preciso relaxar – disse – eu estou com meu celular, qualquer coisa me ligue.


 – Tem certeza?


 – Até mais – disse, afastando-se.


 O andar de Leona era lento e desmotivado. Seus olhos tinham a beleza do mais puro rubi combinando com as lágrimas quentes e solitárias que resvalavam pela sua face cândida. Os lábios bem desenhados de Leona recebiam as lágrimas que adentravam pela sua cavidade, permitindo que com seu paladar sentisse seu sabor salgado.


 A água salgada batia contra seus pés, sujando-os com a areia. Por um momento o solo ficou mais arenoso, com um pouco de cascalho. Era uma parte mais afastada dos banhistas.


 – “No começo era você e Juliana. Você sempre ficava grudado a ela, Gianni, ignorando-me. Vocês duas sempre me tiravam na conversa dizendo que eu era uma criança, mas na verdade não queriam que eu ficasse por perto... até mesmo os nossos pais ficavam lhe admirando, enquanto eu era largada” – falava com seus pensamentos, como se estivesse caminhando ao lado de sua falecida irmã mais velha.


 – “E agora que você morreu, eu tenho esse peso. Nossos pais querem que eu estude o mesmo que você. Querem que pratique os mesmos esportes e agora até mesmo Juliana fica atrás de mim, procurando você”.


 Leona chutou uma pequena pedra que estava na sua frente, fazendo-a bater contra a rocha úmida. O ruído foi baixo, Leona sentou-se numa das pedras, observando a onda fraca que batia contra elas, molhando seus calcanhares. Ela abaixou sua cabeça e ficou a derramar suas lágrimas, que foi se intensificando dando resultado aos soluços baixos e contidos. Quantas vezes ficou a chorar sozinha? Já havia perdido as contas.


 – Eu não sou você – falou baixinho, como se sua irmã pudesse ouvi-la – eu nunca vou ser, eu não quero ser...


 


OoO


 


No hotel. Juliana, Dulce e Kirias estavam jogadas na areia da praia usando um short de praia e a parte de cima do biquine, olhando para a linha do horizonte que se estendia logo à frente, riscando a resplendorosa abóbada celeste.


 – Eu estava precisando disso – Dulce comentou, erguendo seus braços num alongamento.


 – Eu digo o mesmo – Kirias falou.


 – Eu estou com tédio – Juliana desabafou.


 Kirias e Dulce olharam para Juliana com um sorriso divertido. Afinal ambas sabiam que Juliana não conseguia ficar quieta num lugar por muito tempo, sem suas festas, bebidas e orgias. A ruiva necessitava de uma dose diária de sacanagem e indisciplina.


 – E não vendem bebidas no hotel! – exclamou – como eu vou ficar sem álcool?


 – Não vendem? – Kirias indagou com surpresa – eu preciso de álcool também – disse com certo desespero.


 – Por que não vão pegar quem as interessa para não ficarem frustradas? – Dulce indagou – esse mal humor de vocês está estragando meu momento de paz. Vão embora, vão!


 Juliana sorriu com as palavras da karateca, ela voltou a observar o mar a sua frente. Ao longe viu sua prima caminhando pela beirada da praia.


 – Aquela não é sua prima? – Kirias indagou.


 – A mesma – Juliana respondeu.


 – Juliana, eu sempre quis saber o que você sente sobre sua prima – Kirias disse.


 – Sempre? Você é muito curiosa! – a ruiva disse.


 – A mente humana é curiosa – comentou.


 – Ah! Você sempre responde desse jeito – Dulce riu baixinho – a mente humana é isso, é aquilo...


 


– Mas é a verdade – suspirou – eu quero mesmo saber. Afinal eu nunca entendi a relação de vocês. Você nunca fez um acordo com a sua prima, mas sempre volta para ela... e também nunca permitiu que nenhuma garota fizesse nada de ruim contra ela. Diga-me Juliana, por que não fica logo com ela?


 A ruiva ficou calada por um tempo, observando o caminhar da menor ao longe, pensando na imagem de Gianni, recordando-se dos dias em que viveu com sua prima mais velha.


 – E para variar você nunca responde – Kirias reclamou.


 – Eu não sinto nada – Juliana respondeu.


Dulce e Kirias se entreolharam com desconfiança. Juliana sempre era vaga com relação a esse sentimento. Tanto a karateca como a loura já tentaram indagar, especular e investigar sobre o relacionamento das duas, todavia tanto Juliana como Leona eram difíceis de se conversar.


 – Se a sua prima ficasse com outra pessoa; você se importaria? – Dulce indagou.


 – Não – respondeu secamente – por que querem tanto saber?


 – Oras! Você vive especulando sobre nossa vida – Kirias falou – sentimos vontade de saber também. Afinal, você sempre chuta sua prima... mas depois... quando fica meio depressiva, sempre volta para ela.


 Os orbes acinzentados da ruiva ficaram sem brilho algum, ela não queria falar sobre seus sentimentos. Ela mesmo não admitia que sentia algo por ninguém, ela mesmo recusava-se a admitir que podia gostar novamente de outra pessoa que não fosse ela mesmo. E por esse tipo de pensamento, não podia falar em voz alta o que pensava, pois estaria tornado uma afirmação. Não podia gostar da sua prima menor. Não queria magoar-se novamente.


 A ruiva ergue-se sob os olhares atentos de Kirias e Dulce. Juliana balbuciou alguma coisa e começou a caminhar até a beirada da praia, observando o dorso de Leona que estava sentado próximo a areia úmida.


 – Ela é doidinha por ela – Kirios riu baixinho.


 – Só não admite – Dulce completou.


 – Eu fico com pena da prima dela – falou – a Juliana sabe pisar em alguém quando quer.


 – Como assim? – Dulce indagou com curiosidade.


 – Da última vez que essas duas brigaram, eu estava perto – comentou – Juliana deixou claro que Leona era o mesmo que nada. Uma idiota. Eu não entendo como as pessoas podem querer se separar das pessoas que gostam apenas por orgulho.


 


Dulce suspirou, não sabendo o que comentar. Juliana era extrovertida, faladora, divertida, mas quando o assunto era a sua prima menor, ela mudava completamente sua personalidade. Talvez Kirias tivesse razão. Talvez Juliana só fosse notar sua prima quando esta... viesse a sumir.


 Enquanto Kirias e Dulce fofocavam, Juliana se aproximava da sua prima, quando finalmente a alcançou, a ruiva olhou para o seu semblante entristecido. Ela sabia o motivo daquela apatia, mas não queria perguntar, não queria mostrar que se importava.


 A mais velha sentou-se ao lado de Leona, deixando que seus joelhos se encostassem. Nenhuma delas disse nada, deixando apenas que a bola fumegante no céu as queimasse com seus raios de calor. O ar abafado dificultava suas respirações.


 – Onde foi? – o silêncio foi quebrado por Juliana.


 – Eu estava andando – respondeu seca.


 – Sua mãe falou para não andar sozinha – suspirou.


 – Ela só pede isso agora – reclamou baixinho – antes não era assim.


 – Antes ela não tinha consciência que a vida de suas filhas pudesse ser tirada tão facilmente dela – replicou – pare de ser tão estúpida.


 Leona não respondeu, afinal as conversas com Juliana sempre resultavam em ofensas, dizendo o quanto ela era egoísta e ingrata.


 – “Por que eu me submeto a isso? Por que eu aceito que minha prima transe comigo e depois cuspa em mim? Por que eu aceito as ordens dos meus pais?” – pensava com irritação – “eu que permito ser tratada assim. Eu que permito ser usada... eu não quero mais ser assim...”.


 O silêncio de Leona era algo comum para Juliana, sua prima menor ficava muito tempo calada para depois explodir como uma ogiva nuclear, mas diferentemente da função literal da ogiva, sua prima expelia palavras carregadas de emoções negativas.


 No entanto apenas o som das ondas continuava a falar por elas, Leona estava silenciosa, mais que o normal. A ruiva suspirou com certa impaciência, ela não queria conversar seriamente, mas talvez precisasse fazê-lo.


 – Vamos conversar – Juliana disse.


 – Sobre?


 – Nós – respondeu – precisamos esclarecer as coisas.


 


– “E ela vai falar que não gosta de mim e só fica comigo por causa da minha irmã” – pensou com tristeza.


 – Eu... eu não gosto de você Leona como uma amante. Eu amava sua irmã, por isso que às vezes eu me deito com você – falou friamente.


 – “Previsível” – constatou – “e agora eu choro, ela me beija, nós transamos agressivamente... e ela me chuta da cama” – sorriu com amargura – “mas hoje vai ser diferente. Eu preciso de alguém para mim... alguém que me mereça. Afinal, por que eu não mereço algo melhor?”.


 A mais nova ergueu-se de repente, olhando para a ruiva que esperava que as lágrimas que estavam presas aos seus olhos começassem a rolar, porém Leona as segurava.


 – Eu vou esclarecer uma coisa também – disse com um pouco de dificuldade – eu te amava e a minha irma também. E perdê-la foi terrível, e ter todos me olhando como se eu fosse minha irmã me machuca, pois fere a memória dela e meus sentimentos...


 – Leona, eu...


 – Escuta – interrompeu – eu não vou ficar com as sobras da minha irmã, entendeu? Não vou estudar medicina, eu odeio isso! Eu não vou ser jogadora de futebol na faculdade. Eu odeio quando minha mãe compra roupas que ela gostava para eu usar... eu nunca vou ser metade do que ela foi e ela nunca foi metade do que eu sou!


 – Olha, você...


 – E mais uma coisa! – o interrompeu novamente, deixando as lágrimas rolar por sua face avermelhada – eu desisto de fazer você gostar de mim pelo o que eu sou. Agora Juliana, não venha mais para cima de mim, pois... eu juro que vou te fazer se arrepender amargamente por isso.


 Os olhos de Juliana estavam arregalados, ela estava perplexa. A explosão de Leona havia deixado grandes destroços para trás e o coração de Juliana era uma delas.


 – O Saint Rosre acabou para você. Você já se formou... eu não vou cursar o quarto ano como minha irmã, eu vou para a faculdade. Eu vou ser escritora, eu vou arranjar alguém que me ame como eu sou e vou morar longe de todo mundo.


 E quando finalmente terminou, Leona virou-se e postou a caminhar sem olhar uma única vez para trás, retornando ao hotel, passando por Dulce e Kirias que apenas a olharam.


 – Elas sempre brigam – Dulce comentou.


 


– Hum... mas a Juliana nunca foi deixada para trás – Kirias observou – a Leona que sempre fica sentada no mesmo lugar chorando. Agora a situação se inverteu.


 – Kirias... você é muito... observadora – Dulce comentou – nossa! Você não quer mudar de idéia, não?


 – Mudar de idéia com relação ao quê?


 – Quanto a sua profissão. Acho que deveria ser detetive ou talvez medicina forense.


 A loura riu baixinho exibindo um olhar carregado de divertimento, ela ergueu-se lentamente, batendo suas mãos no seu short preto, retirando os grãos de areia que insistiam em grudar na sua roupa.


 – Eu vou mergulhar – falou – e um conselho para você. Olhe mais para a sua namorada ou vai ficar solteira.


 A karateca ficou tensa e se levantou rapidamente, correndo seu olhar pela praia até encontrar a sua querida loirinha em pé, encostada a um coqueiro conversando com um garoto.


 – Quer mergulhar também? – Kirias indagou provocativa – ou... vai tomar conta do que é seu?


 – Não enche o saco! – disse com agressividade, postando a caminhar na direção da sua namorada.


 – Depois dizem que eu que sou louca. Não conhecem Juliana e Dulce – Kirias sussurrou, caminhando na direção do mar, observando que Madoma estava há um bom tempo nadando.


 Os músculos da karateca estavam tensos. Aliás, ela sempre teria esse pequeno problema. Any era uma garota muito bonita, não somente para as garotas do Saint Rosre, mas as pessoas em geral. A forma mais fácil para descrever Any era a seguinte:


 Imagine que Deus estava sentado no seu trono, observando com paciência e quietude a vida que criava diante de seu poder, Ele estava compenetrado nos seus pensamentos, quando uma pétala avermelhada que provinha de uma das flores de seu jardim, acabou por se desprender do caule, indo de encontro a Ele com a ajuda da brisa fresca.


 O sorriso de Deus naquele instante, diante daquela pétala atrevida e risonha, juntamente com seu suspiro deram margem à criação de uma majestosa semente cor dourada, que escorregou por suas mãos gentis, descendo e resvalando a curva suave das estrelas e das nuvens chegando ao mundo dos homens adentrando por coincidência numa bela e jovem mulher, chegando até seu útero, semeando a beleza na menina que estava a nascer no mês seguinte. Essa seria a melhor forma de explicar a beleza que era transmitida de Anahi Portilla.


 E para Dulce que era bastante possessiva e ciumenta, Any seria um dos motivos de sua queda precoce de cabelo, causado por seu futuro estresse. Quando a karateca se aproximou de Any, esta engoliu seco, observando o olhar da sua namorada.


 – Any, eu preciso falar com você – disse.


 – Oi! – sorriu o garoto para a karateca.


 Ao ver a karateca se aproximando um garoto que estava por perto correu até seu amigo, a fim de ter a oportunidade de conversar com Dulce, que havia despertado seu interesse há tempos.


 – Oi, tudo bom? – cumprimentou o garoto de curtos cabelos avermelhados pela tinta que havia usado – vocês duas são do colégio interno, certo?


 – Sim – Any respondeu com um leve sorriso.


 – Meu nome é Marcos – disse ele, olhando para seu colega Eliéser com um sorriso cúmplice. Os dois estavam loucos para poder conversar melhor com aquelas duas garotas – o que vocês acham de beber água de coco no quiosque?


 Any e Dulce se entreolharam com um sorriso divertido no rosto, aquele tipo de situação era nova entre o casal. O mal humor de Dulce havia sumido de repente, e ela deu atenção para o garoto.


 – Onde fica o quiosque? – Dulce indagou.


 – Acho que... no meio daquelas pedras – Eliéser falou.


 O casal voltou se olhar sem saber o que falar, até que acabaram aceitando o convite, conversando com os garotos que eram demasiados simpáticos. No final apesar de não terem interesse de ficar com nenhum deles, a conversa estava sendo bastante produtiva, pois estavam descobrindo que havia barzinhos e outras praias pela região.


 Eles chegaram à ponta da praia, ficando próximo a um riacho de água doce que se misturava com as pedras esverdeadas por conseqüência do lodo abundante que cobria grande parte da sua superfície. Eliéser sentou-se numa das pedras, reclamando-se cansaço.


 – Eu acho que era por aqui – Marcos disse – acho que erramos o caminho.


 – Marcos você é tão desastrado – reclamou Eliéser – nos trouxe para o meio do nada.


 Dulce aproximou-se de sua namorada lentamente, tocando no seu ombro magro e desnudo. Ambas usavam apenas um shortinho e a parte de cima do biquine. Any até sentia-se mal perto da sua namorada, que tinha um corpo perfeito.


 – Esses safados pareciam não falar a verdade – Dulce comentou baixinho.


 – Agora que você percebeu? – Any indagou com um leve sorriso – depois eu que sou ingênua.


 – Ah, eu queria ir num barzinho beber água de coco com você. Depois eu ia chutá-los. Eu percebi que eles estão com outras intenções, mas eu queria mesmo ir ao barzinho com você – falou baixinho – se um deles vier com gracinha pra cima de você eu quebro eles.


 Any sorriu, definitivamente Dulce não era ingênua. Afinal, ela também acabou pensando que poderiam estar num barzinho a beira da praia, mas estavam a olhar dois garotos que lhe encaravam com impaciência.


 – O que acham de entrarmos na água, Any? – Eliéser indagou.


 – Não estou com vontade – Any falou – eu vou voltar.


 – Ah! Não! – ambos reclamaram em uníssono.


 O mais alto que era Eliéser puxou o braço de Any e tentou puxá-la na direção da água sob o olhar impaciente de Dulce, porém a karateca não teve tempo para ficar indignada com o atrevimento daquele garoto. Porque Marcos logo agarrou seu braço a puxando para o meio das pedras.


 – Vamos conversar mais um pouco Dulce – ele pediu.


 – Eu não gosto de você, não encoste mais em mim – falou secamente.


 Marcos soltou o braço da karateca com os olhos arregalados. Ele estava perplexo com o comentário da garota, e seu amigo que estava ao lado ficou no mesmo estado.


 O que aconteceu a seguir foi previsível, Marcos bufou de raiva e saiu da cena, batendo seu ombro contra o corpo de Dulce com força, resultando numa agressão que só o desfavoreceu, pois o ombro de Dulce era duro e um pouco ossudo. O outro garoto se afastou de Any com um leve sorriso e correu até seu amigo que xingava Dulce de todos os nomes.


 – Você sabe mesmo como espantar garotos – Any riu baixinho – por que fez isso?


 – Eu não ia ficar conversando com aquele chato – resmungou – no mais, eu queria mesmo ir num barzinho com você.


 A risada de Any ficou mais alta, ela balançava a cabeça negativamente, reprovando o comportamento insensível da sua namorada.


 – Devia ser mais gentil com os homens – Any sugeriu.


 


– Eu sou – disse – mas eu só sou gentil com homens que não tenham segundas intenções. Onde já se viu nos trazer até aqui sem nos conhecer?


 Any ergueu uma sobrancelha ao ouvir aquele comentário. Desde quando Dulce era moralista? Ela não sabia a resposta, mas estava surpresa com o pensamento da karateca.


 – Bom... você até que tem razão – Any falou.


 – Eu tenho razão. Imagina se fosse o Kirias e aquele garoto a trouxesse aqui. O que você acha que ia acontecer?


 – Não sei – respondeu – eu acho que ela iria embora.


 – Errado. Ela ia jogar esse garoto na pedra e fazer tudo o que quisesse com ele, além de deixar feridas para todo o sempre. A Kirias gosta de punir as pessoas, você sabe disso – falou baixinho, aproximando-se da menor – ela ia punir pela mentira, depois ia mostrar como uma mulher pode ser cruel, desejando que ele nunca mais traga uma mulher desconhecida para o deserto.


 – Hum... tem razão. Kirias gosta de punir mesmo – falou, abraçando a cintura da sua namorada, ficando a um palmo de distância de seus lábios que foram se aproximando, para no final juntarem-se e beijarem rapidamente.


 – E agora... você está sozinha nessa ponta desabitada da praia – Dulce falou num sussurro.


 Um sorriso malicioso desenhou-se nos lábios de Any.


 – E eu estou sozinha... com uma desconhecida – falou baixinho – o que será que pode acontecer comigo?


 – Hum... você me trouxe aqui com o pretexto de me levar para um barzinho e agora está sozinha comigo – começou a criar uma situação com sua imaginação.


 – E agora... o que a senhora karateca vai fazer para me punir? – Any indagou sussurrante.


 – Ah... pobre garota, irá arrepender-se por ter mentido para mim e me trazido para cá. Agora você vai aprender a ser mais contida nas suas ações – riu baixinho com aquela brincadeira de palavras.


 Any deu um passo para trás tentando se afastar fingindo um olhar assustado para a karateca. Ambas estavam amando aquele teatro, nenhuma delas havia feito isso anteriormente, mas sempre era bom renovar, fazer coisas novas. Apimentar mais o relacionamento!


 Elas riram e Dulce começou a puxar sua namorada para um canto mais afastado.


 


OoO



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Autor(a): lunaticas

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            A vegetação que rodeava a ilha era densa. As trilhas eram perigosas por serem úmidas, causando o acumulo de fungos, cogumelos e lodo nas pedras que se tornavam escorregadias. As raízes das árvores saíam pelo solo, mostrando-se bastante traiçoeiras aos pedestres desatentos que poderiam ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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