Fanfics Brasil - Capítulo- 9 Ex-namorada Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo- 9 Ex-namorada

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     A segunda-feira nasceu chuvosa, o dia não era nada tentador para Anahi. Suas pálpebras se abriram lentamente, acostumando-se com a claridade que vinha da janela aberta, ergueu sua cabeça e olhou a sala, havia dormido no sofá na esperança de receber Dulce caso ela chegasse tarde.


- “Ela não voltou.” – pensou, olhando a porta.


      Anahi bocejou e se ergueu, sentindo seu pescoço doer, havia dormido de mau jeito, e com passos lentos e arrastados foi até o banheiro, olhando-se no espelho. Seu rosto ainda estava marcado pela mão de Dulce e agora estava com fundas e escuras olheiras.


- “E hoje eu vou fazer aquele exame.” – suspirou – “Heimel não pode pensar que eu tenho problema”.


     A loira foi até seu quarto, começando a se trocar para ir à faculdade e quando terminou, sentiu uma tristeza habitar seu peito. Ela não queria sair de casa, porém se fosse à faculdade, poderia ver sua namorada.


- “Ela nem vai querer falar comigo.” – refletiu.


      Após terminar de se aprontar, Anahi saiu de casa com a cabeça baixa, quando chegou à calçada, abriu seu guarda-chuva e começou a caminhar com seu par de olhos tristes. Ao invés de ir para o ponto de ônibus, ela continuou andando até parar em uma padaria, sentando-se em uma das cadeiras.


- “Eu preciso falar com alguém. Conversar com alguém que não me julgue... que me ajude.” – concluiu em pensamento.


     O celular de Anahi começou a ser incomodado pela mesma, que apertava os botões, procurando alguém em sua lista telefônica que lhe ajudasse e de repente um nome lhe pareceu muito tentador, apertou o botão de discagem e aguardou.


- “Atende.” – pediu mentalmente.
- Alô, quem fala? – indagou uma voz sonolenta.
- Viviane sou eu a Any. Tudo bem?
- Any?! Não acredito. Que surpresa! E ainda ligar essa hora.
- Desculpe pelo horário. Podemos nos encontrar?
- Hoje?
- Eu gostaria que fosse o quanto antes. Você está ocupada?
- Não... não. Espera um pouco.


      Any ouviu um barulho e franziu o cenho, tentando identificar o que era, depois voltou a ouvir a voz sonolenta da sua ex-namorada.


- Quer passar na minha casa?
- Me passe o endereço.


     O endereço foi passado, Viviane não morava muito longe, contudo não era um lugar fácil de chegar e Anahi demoraria certo tempo para isso. A loira agradeceu e encerrou a ligação, saindo da padaria sem consumir nada.
A loira foi determinada. Duas horas foi o tempo que demorou até chegar à frente da casa daquela que ambicionava encontrar. Os orbes azuis de Anahi ficaram olhando para a casa de tijolos a sua frente, mas logo tocou a campainha, ela precisava conversar urgentemente com alguém. O portão se abriu automaticamente, surpreendendo Anahi com essa tecnologia. Sorriu maroto e passou por um caminho de pedras até chegar à porta principal, onde Viviane estava parada, com os braços cruzados lhe esperando. As duas pararam de repente e se olharam. Fazia anos que não se encontravam e a despedida delas havia sido forçada por causa da mudança de Viviane para a França. O tempo fazia grandes mudanças! Era o que ambas pensavam.


- Não vai entrar? – Viviane indagou, com um extenso sorriso.


     Anahi subiu um lance de três degraus da escada e fechou seu guarda-chuva, entrando na grande varanda de madeira, aproximando-se da sua anfitriã. E nesse instante elas se abraçaram com um largo sorriso.


 - Eu queria muito te ver, – disse Viviane – pensei que não quisesse mais me ver.


- Ah! Eu estava com saudade, fiquei feliz quando me ligou. Contudo... – Any começou a falar, parando de repente ao se lembrar da sua namorada.


- Contudo? – Viviane indagou, arqueando as sobrancelhas.


- Bom, é uma longa história. – sorriu amarelo.


     Viviane começou a caminhar para o interior de sua casa, sendo acompanhada por Anahi. Elas se acomodaram numa sala média, muito quente com cores fortes em tons avermelhados que tingiam quase todos os tecidos.


- E o que você gostaria de conversar? – indagou Viviane.
- Desculpe por vir assim de repente – pediu – eu queria conversar com alguém e você me conhece bem.
- Sim, Any. O que está acontecendo?


     A loira olhou para os longos cabelos negros de Viviane, que batiam na altura de seus ombros, num fio liso e brilhoso. Ficou perdida naqueles fios, pensando por onde começar a contar, depois correu seu olhar para o rosto sério e impassível da outra, perdendo-se nas duas bolas esmeraldas que lhe fitavam. E num único compasso Anahi começou a contar sobre o colégio interno, não poupando um único detalhe, passando os fatos com sinceridade para Viviane que abria a boca em certos momentos e cerrava seus dentes em outras partes, mostrando seus sentimentos. A conversa sobre o colégio foi longa, pois Viviane estava abismada com tudo que acontecia naquele lugar. Depois contou sobre seu pai e suas intenções, chegando à traição que teve com Dulce e sua saída de casa.


     Viviane levantou-se após ouvir tudo e ergueu seus braços, espreguiçando-se.


 – Eu vou preparar um chá. – disse – preocupada do jeito que você está, e te conhecendo bem, você não comeu nada.


      Anahi sorriu com constrangimento e balançou a cabeça positivamente. Certamente que aquela pessoa lhe conhecia muito bem. Viviane saiu da sala e na cozinha começou a preparar um dos seus adorados chás, que Anahi também apreciava.


 - E você tem feito o quê? – indagou Anahi, sentando-se numa cadeira de mogno, olhando para a pitoresca cozinha da sua ex-namorada.


- Escrevendo, eu pretendo publicar um livro, – falou, pegando alguns mantimentos e os colocando em cima da mesa – estou estudando muito. Não saio de casa praticamente.


      Any olhou para a munhequeira que estava no braço de Viviane com certa preocupação. Ela sempre teve tendinite e agora que estava escrevendo mais que antes, certamente que o caso devia ter se agravado.


 - Eu vou te aconselhar. – disse de repente, encostando-se no balcão de tijolos, cruzando seus braços e olhando seriamente para Anahi.


      Viviane não tinha um olhar amistoso, contudo sua personalidade era doce, isso é, com quem ela sentia-se à vontade para fazê-lo. Era prestativa e tinha um bom coração, apesar de ser desconfiada e um pouco mal humorada. A primeira vista, seu olhar deixava qualquer um desconfortável. Mas fazia parte de seu ser e para quem a conhecesse a fundo, sabia que ela era uma pessoa adorável


     Anahi ficou olhando-a, esperando que lhe dissesse alguma coisa.


- Em primeiro lugar, esse Heimel quer seu dinheiro. Eu vou falar com meu pai, ele vai cuidar de tudo e não terá problemas na justiça com esse velho safado, – falou – você devia ter pensado nisso antes. Any, você é maior de idade, e não existe nada qu


- Ah... bom, isso pode ser feito com um exame. – falou.


- Não faça o exame. Vá viajar, depois você volta. – disse – some da vida dele. Você não é perseguida pela polícia, não tem obrigação de ficar presa nessa cidade.


- Bom... não tinha pensado nisso. Bom, eu até tinha, mas..


- Ah, sim a Dulce, – suspirou – sua namoradinha idiota. O que você tem na cabeça para namorar alguém assim? – indagou com irritação.


- Você tem uma má impressão dela e...


- Eu não tenho má impressão, eu tenho certeza que ela é uma idiota. – falou – Desde quando te liguei no colégio, aquela idiota me atendeu como se eu fosse lhe roubar. Eu só queria avisar que estava na cidade.


- Ela é ciumenta, mas gosta de mim e...


- Any, no ciúme existe mais amor próprio do que pelo parceiro. – suspirou, passando a mão por seus longos fios negros – Você que se engana pensando que ela vai mudar e o ciúme vai acabar. Ela disse que não ia mais te bater depois daquele estupro, e olhe para você! Está acabada, ela te marcou de novo.


 


     Any fechou os olhos e respirou bem fundo, apoiando seus cotovelos na mesa e afundando sua cabeça em suas mãos. Falando daquele jeito Viviane fazia toda sua história ser uma piada, contudo era assim que ela havia interpretado.


 - Fique aqui por uns tempos.


- Como?


- Fique aqui, – tornou a dizer – continue a faculdade no semestre seguinte ou no ano que vem. Arrume sua vida antes de se lançar a algo novo.


- Eu não posso fugir assim.


- Não é questão de fugir, Any. Você está agindo como uma idiota, você não era assim.


- Obrigado pelo idiota. – disse desanimada.


- De nada. – sorriu.


     Viviane virou-se e retirou a água do fogo, pegando os saches de chá e os colocando em cima da mesa. Ela se sentou e começou a preparar duas xícaras de chá. Entregou uma xícara a Any e depois começou a tomar o seu em goles lentos e cuidadosos para não queimar a língua.


- Fique aqui, não vá a médico algum. Do jeito que esse Heimel é esperto, ele vai falsificar seus exames.


- Você tem imaginação, Viviane!


- Eu sou escritora, obrigado pelo elogio. – sorriu – Você acha que Heimel te achou por acaso? Ele deve ter ouvido que Aimée ganhou na loteria de seus amigos e contratou algum detetive para te achar.


- Acha mesmo?


- Bom, pé rapado do jeito que ele deve ser, acho que foi te caçando mesmo, entretanto eu não duvido que tenha contratado alguém, – falou – do nada esse velho vem e diz que quer seu amor? Ah! Faça-me o favor! 


Any riu do jeito mal humorado que Viviane falava, aliás, o mau humor da sua ex-namorada era o seu grande charme. Ela era intolerante, cínica, sarcástica e não tinha muita paciência também.


- Não posso ficar aqui...


- Claro, a Dulce pode chegar em casa e onde você estará para ela te bater? – indagou – Ora, fique aqui Any, eu não vou deixar você sair.


     A loira sorriu, gostando daquele carinho. E fazia tempo que estava precisando disso, ela sorveu um gole do chá, apreciando o sabor daquela erva que tanto estimava.


 


OoO


 


     A chuva ainda continuava forte na cidade, Dulce olhou para a janela com desânimo. Sentou-se no sofá da sala e coçou seus olhos com lentidão, começando a se levantar. No final havia dormido na casa de Amanda, a convite da mesma, arrumou as cobertas, dobrando-as com cuidado e as deixou em cima da mesa de madeira. A karateca vestiu sua calça jeans e sua camiseta que estava dobrada no chão e caminhou até o banheiro a fim de fazer sua higiene. Minutos mais tarde, Amanda também estava acordada, arrumando um café da manhã na cozinha. Ela jogou tudo que tinha nos armários em cima da mesa e se sentou, convidando Dulce.


- Obrigado. – Dul agradeceu.


- De nada. – sorriu, mastigando o pedaço de pão de qualquer jeito, falando com Dulce com a boca aberta.


      Amanda era realmente uma moleca aos olhos de Dulce, ela era desbocada, falava o que pensava, sempre soltava algum palavrão e não tinha o mínimo jeito para morar sozinha. A sua casa era uma bagunça, mas para Dulce estava bom, pois ela mesma não gostava de limpar nada, diferentemente de Anahi.


- Eu estou procurando alguém para morar comigo. Eu quero dividir meu aluguel, pois está muito pesado. Você conhece alguém? – Amanda indagou.


- Não. – respondeu, tomando um pouco do café.


- E você vai continuar morando com a sua namorada? Aliás, você vai terminar com ela?


- Não.


- Não? – indagou – Não vai continuar morando ou não vai terminar?


      Dulce suspirou, ela não queria mais falar sobre Any. Sua cabeça doía só de lembrar-se da sua namorada.


- Não vou terminar com ela. – disse – e acho melhor morarmos separadas. Nós discutimos muito.


- Entendi. Você quer manter a relação. – sorriu.


- Claro que sim. – respondeu confiante, olhando com seriedade Amanda.


- Então você a ama?


     Dulce riu baixinho ao ouvir aquela pergunta. Se ela amava Anahi? Óbvio que amava, por isso mesmo estava sentindo-se uma monstra por tê-la deixado sozinha em casa e o que mais ansiava era voltar e pedir desculpas. Talvez Amanda não entendesse, mas não ia explicar para ela.


- Sim. – respondeu após receber um olhar curioso de Amanda.


- Cara, você é estranha demais, – comentou – dá um tempo nesse namoro. Veja se é isso que quer mesmo.


- Por que diz isso?


- Pensa comigo, – tossiu levemente – vocês só brigam, você nem quer mais morar com ela. Talvez seja apenas sexo! Você desejar e amar uma pessoa é diferente.


- Não é só sexo.


- Não? – riu baixinho – você ontem me disse que estava com nojo dela depois de ela ter beijado outra. E também disse que a relação de vocês só veio através do sexo.


- E o que isso tem demais? – indagou – Veio do sexo, mas eu gosto dela.


- Acho que se você ficar um tempo longe dela e dormir com outra pessoa, você vai notar que é só desejo, – comentou – bom, é o que eu acho.


- Nem brincando. – Dulce falou.


- Tenta! Tem medo de descobrir que é verdade? 


- O que é verdade? – indagou com irritação, largando o copo de café em cima da mesa.


- Que você gosta dela como uma amiga e que só é apaixonada pelo corpo.


- Você não sabe o que eu sinto.


- Eu posso ver pelas suas ações. Você só reclamou dela ontem, entretanto sorriu quando falou do sexo, – disse – admita. Você não quer ver a verdade. Sua relação é apenas baseada no sexo, ciúme a brigas.


     Dulce não respondeu, havia bebido muito com Amanda e as duas passaram a noite conversando. Dulce reclamou de todas as ações que Any fazia e Amanda ouvindo, desabafando sobre seu ex-namorado também.


     Dulce se levantou de súbito, derrubando a cadeira no chão. Ela se desculpou e a levantou prontamente.


- Eu preciso ligar. – disse, apalpando seus bolsos, procurando seu celular – Onde está meu celular?


- Não sei. – Amanda disse, olhando para as ações de Dulce com divertimento – Veja se não caiu no sofá.


     A karateca começou a procurar em todos os lugares, contudo não o achou, ficando nervosa. Será que havia perdido no bar? Não se lembrava. Havia bebido muito.


- “Maldição!”


- Eu não tenho crédito no celular. Se quiser, podemos descer e comprar um cartão, – Amanda disse – não fique tão preocupada.


- Ela precisa de mim hoje! – falou – eu esqueci! Que... que horas são?


- São onze horas. – disse, olhando para o relógio de parede.


- Ela já deve ter saído da faculdade.


- Ela deve ir para casa. Por que não volta? – indagou – Não faça tempestade num copo d’água.


     Dulce suspirou, começando a se acalmar.


 


- Ela não vai para casa, ela ia a uma clínica fazer um exame – comentou – e ela queria que eu fosse junto.


- Ela está doente? – indagou com desconfiança.


- É uma longa história. – bufou, olhando para o chão, tentando achar seu aparelho.


     Amanda se levantou e começou a ajudar Dulce, antes que a mesma começasse a dar um ataque sem seu apartamento. Contudo, depois de revirarem toda aquela bagunça, elas não acharam.


- Você tem crédito? – Amanda indagou.


- Sim. – respondeu.


- Ah! Eu vou te ligar a cobrar então, – falou, pegando seu celular, começando a ligar para o celular de Dulce - hum... só chama. Ninguém atende. E o som não vem daqui, eu acho que você deixou no barzinho ou caiu na rua.


- Merda! – gritou, sentindo vontade de socar a parede, mas se conteve – ela deve ter me ligado!


- Depois de te expulsar de casa? – Amanda indagou – Ela deve estar jogando suas coisas na rua. – riu alto.


- Onde está a chave do meu carro? – indagou, começando a olhar para os cantos.


- É hoje... – Amanda começou a rir ajudando Dulce a procurar seus pertences.


 


OoO


 


     A claridade insistia em arrancar Kirias de sua cama, contudo a loura não queria se levantar, ela cobriu seu corpo com o acolchoado e ali ficou, tentando dormir, apesar de não conseguir parar de pensar na surra que tomou de Aziel.
Havia chegado em casa de madrugada, pois não queria olhar para a cara da sua irmã. Duas batidas na porta e Kirias suspirou com impaciência.


- Kirias? Você está aí? – Alexia indagou.


- Eu quero dormir, – gritou – cai fora!


     A porta do quarto foi aberta como previsto, Alexia entrou e a fechou, acendendo a luz do quarto. Kirias queria matar sua irmã, ela se sentou na cama lentamente. Alexia arregalou seus olhos e aproximou-se correndo, sentando-se ao seu lado, fazendo a menção de lhe tocar, mas levou um tapa na mão.


- Não precisa me tocar. – falou seriamente.


- Seu rosto está... com vários cortes. – disse – O que houve ontem?


- Nada demais, – respondeu seco – agora eu vou te falar pela última vez.


Alexia arqueou as sobrancelhas, esperando as palavras da sua irmã.


- Não se encontre mais com aquela idiota.


- Eu vou sim, – falou com irritação, levantando-se rapidamente da cama – você foi querer brigar com ela, e acabou apanhando. Eu estou surpresa, Kirias.


- Eu a subestimei, admito, – falou – mas isso não vai ficar assim. 


- Vai fazer o quê agora? Ir bater nela de novo? – indagou zombeteira.


- Ah, isso eu estou pensando ainda. – sorriu com maldade para sua irmã menor – você me conhece, sabe que eu não desisto das coisas.


     Alexia sentiu seus pêlos se arrepiarem. Ela conhecia Kirias melhor que ninguém e sabia que sua irmã era capaz de tudo quando se sentia derrotada, o que era raro. A ex-loura balançou a cabeça negativamente e se aproximou de Kirias novamente, tocando no seu rosto com delicadeza, não sendo chutada dessa vez. Ela se inclinou e beijou sua testa com lentidão.


 - Eu te amo minha irmã, pare de fazer essas coisas. – disse baixinho – não quero que fique chateada comigo, porém estou feliz assim. Não pensei que ficaria feliz sem você, mas eu estou. Siga sua vida e eu seguirei a minha.


- Está falando feito mulher agora. – Kirias disse, tirando as mãos de Alexia de seu rosto, segurando-as com firmeza. A loura puxou a menor, que se sentou na cama e a abraçou.


     Alexia ficou ali por um tempo, sentindo o abraço apertado da sua irmã. Ela respirou fundo e acabou ficando ali por um longo período até que os braços de Kirias foram perdendo a força e ela a largou, permitindo que Alexia se afastasse.


- Aonde vai? – indagou Kirias.


- Já se passa do meio-dia, – avisou – vou sair um pouco. Devia se levantar também.


     Kirias não indagou o destino da sua irmã, pois já o imaginava e não queria ouvir de sua boca que estava indo visitar a pessoa que mais odiava atualmente em sua vida. Kirias tombou e voltou a se deitar.


 


OoO


 


     A situação das demais não se assemelhava à situação atual de Leona e Juliana. As primas pararam com atritos e ficaram o domingo inteiro juntas, e foram as únicas que apareceram na faculdade naquela segunda-feira e agora estavam paradas no portão de entrada, conversando animadamente.


- Any e Dulce faltaram... Kirias também... – Juliana comentou – esse povo não leva os estudos a sério.


- Any tinha que fazer um exame hoje, – Leona comentou – ela me ligou e falou que o pai dela quer que ela faça um exame para ver se ela não é louca. Alguma coisa do tipo.


Juliana franziu o cenho, estranhando aquela história e depois balançou a cabeça negativamente.


- Any é louca, por conseguir agüentar a Dulce, mas tirando isso, ela é completamente normal.


- Ah, Juliana. Isso porque Dulce é sua amiga, deixe ela saber disso! – riu baixinho.


- Ela sabe. Eu disse que Any era incrível por agüentá-la. – falou.


     Juliana puxou sua prima para o braço a fim de ir para o carro, as duas ficaram andando pela calçada, sem poderem se encostar. Contudo a paz acabou para a ruiva, quando sua irmã mais velha entrou abruptamente no meio das duas, passando seu braço pelos ombros de Juliana e pelos ombros de Leona também.


- Onde minha família está indo? – indagou Victoria com um largo sorriso.


- Não enche. – Juliana pediu, com irritação, tirando o braço de Victoria de seu ombro.


- Leona?


- Hum? 


- Onde está indo com minha irmã malvada? – indagou, abraçando ainda mais a menor.


- Ela vai me levar em casa. – respondeu tranqüilamente.


- Não estão mais brigadas?


- Não, – Juliana respondeu – e estamos namorando. 


- Não acredito! – falou com revolta, puxando Leona para trás, fazendo-a parar – Como que aconteceu isso?


- Acontecendo. – Leona disse com constrangimento, abaixando a cabeça.


- Você não vai fazer isso com minha priminha! – Victoria avisou, apontando o dedo na cara de Juliana. A mais velha começou a rir em seguida ao ver a cara de ódio da ruiva.


- Ela é minha prima também, – disse Juliana – nos deixe em paz. Você não cansa de brincar com os outros?


- Não. – riu alto – mas falando sério agora. Juliana, se Leona aparecer um dia sequer nessa faculdade com um rosto triste, eu juro que vou te quebrar em casa.


     Leona riu baixinho ao ouvir aquilo. No fundo gostava da proteção de Victoria, ela agradeceu, dando um tapa de leve nas costas da sua prima mais velha e depois voltou a andar, despedindo-se com um aceno. Juliana começou a acompanhar Leona, dando uma última olhada para trás com um largo sorriso para Victoria que balançava a cabeça negativamente.


 


OoO


 


     Na casa de Viviane. Any olhou para seu aparelho celular que começava a lhe chamar, ela o pegou e viu que era Heimel lhe ligando.


- Quem é? Por que não atende? – indagou Viviane.


- É meu pai. – respondeu.


- Dá isso aqui! – pediu rispidamente, puxando o aparelho da mão de Any, atendendo-o em seguida.


- Alô?


- Alô. Quem está falando?


- Com quem gostaria de falar?


- Com a Any. Aqui é o pai dela.


- Ela viajou.


- O que?


- Any viajou e esqueceu o celular comigo. Quer deixar algum recado?


- Co... como assim viajou? Onde está minha filha?


- Na praia.


- Passe o endereço!


- Está na praia Azul, ao norte. Numa casa alugada, na Rua Almeida, no bairro nas laranjeiras, número 12 ou 13 eu não me lembro agora. – disse calmamente o endereço, olhando para Any que estava com a boca aberta com sua atitude.


- Quando ela viajou?


- Essa madrugada, e parecia estar acompanhado de alguns amigos.


- E quem é você?


- Uma colega dos amigos dela. Ela esqueceu o celular como já disse.


- E você sabe com quem ela foi? Tem algum telefone?


- Não, eu não tenho. Agora eu preciso desligar, espero que ache sua filha.


- Ah, tudo bem. Obrigado.


- De nada, tenha uma boa tarde.


      Viviane encerrou a ligação e olhou para Any que bateu palmas duas vezes.


- Agora ele viaja e pára de te encher o saco, – disse – cara idiota.


Any começou a rir, batendo a mão levemente na mesa, não se agüentando. Viviane era muito mal humorada, havia se esquecido disso.


- Agora, depois que ele viajar. A gente passa na sua casa e pega algumas roupas.


- Está falando sério?


- Sim. Ou melhor, me entregue sua chave e eu vou buscar, – falou – lembre-se Any. Você não é procurada pela justiça, pode fazer o que quiser, mas se aquele Heimel te pegar, ele vai te arrastar para os lugares que ele quer e como você é besta, vai acabar indo.


- Pare de me xingar... – pediu descontente.


- Não consigo. Você só fez coisas idiotas até agora, – disse – mas eu vou te ajudar.


 


     Viviane saiu da cozinha por um momento e Any começou a ligar para sua namorada, ansiando em ouvir sua voz. Ela ficou esperando a ligação ser atendida com paciência. E ali ficou, ligando várias vezes para Dulce, até que desistiu e mandou uma mensagem de texto.


 “Dulce, ligue para mim. Eu preciso de você”.


     Anahi começou a sentir um frio na região de seu estômago, ela sentia os sintomas do remorso e da ansiedade. Logo colocou seu aparelho no bolso da calça e saiu da cozinha, sentando-se no sofá vermelho da sala, deixando sua cabeça cair no assento do sofá.


- Quer dormir no quarto?


A loira se ergueu ao ouvir a voz alta de Viviane ela olhou para sua ex-namorada que estava um pouco mais alta que ela.


- Você me passou? – Any indagou de repente.


- Hã?


Any se levantou e começou a medir sua altura, vendo que Viviane estava um pouco maior que ela.


- Eu não acredito! – disse com uma falsa indignação.


Viviane riu alto e disse:


- E estou mais forte que você! E pensar que você me jogava na cama, que vergonha, hein Any!


     Any tornou a se sentar e Viviane sentou-se ao seu lado, ficando de lado no sofá, dando toda sua atenção a sua visita. Viviane suspirou, e correu os seus olhos pelo rosto perfeito de Any.


- Lembra daquele dia que a gente se encontrou na casa da Maia? – indagou de repente.


- Ah, claro que sim. Ela gostava do nosso namoro, – riu baixinho – nos empurrou para o quarto dela. Era louquinha em tudo!


- Fazia duas semanas que a gente não se via, pois meus pais me deixaram de castigo, – comentou – eu fui estudar na casa dela, mas ela também te convidou, fiquei tão feliz.


- Foi engraçado mesmo! E lembra que os pais dela chegaram... foi um sufoco. Será que eles perceberam?


- Não, eu duvido muito, – comentou – senão ela ia comentar conosco.


- Talvez. – Any sorriu.


- Eu estava com muita saudade de você, – confessou – pensei que não ia mais querer me ver. Perdão ter ido para a França daquele jeito, mas eu não tinha muita escolha, meus pais...


- Viviane! – Any a chamou, interrompendo-a - Eu já sei, não precisa se explicar. Está enterrado no passado.


- Tem razão. – concordou, arrumando sua blusa preta, estendendo as mangas – e sua namorada não ligou?


- Não, – respondeu com tristeza – ela deve estar brava comigo.


- Você disse para ela sair para esfriar a cabeça. Não disse mais nada? – indagou.


- Não, ela é irritada. Eu tenho que tomar cuidado com o que eu falo. – falou – Tinha que fazer o exame hoje, e ela nem para me ligar, ia me deixar ir sozinha.


- Hum... é sua namorada. Você tem que ver essas coisas e pensar se quer ou não continuar com ela, – falou – mas como você está meia sem cérebro ultimamente, eu acho que vai continuar e apanhar dela de novo.


- Pare de falar isso, por favor. – pediu, sentindo seu peito começar a pesar. No fundo sentia vontade de chorar, mas se segurava – Eu vou indo agora.


     Any se levantou de repente, fazendo Viviane lhe acompanhar na mesma velocidade. A anfitriã puxou o braço de Any e começou a arrastá-la pela casa, indo por um corredor largo que dava caminho ao quarto, onde ambas entraram e Viviane fechou a porta.


- Viviane...


- Ah, chega! Veio pedir minha ajuda, me contou tudo e agora não vai seguir meus conselhos? 


- Eu não devia ter te incomodado, – falou com a cabeça baixa – desculpe. Acho melhor não te colocar nos meus problemas.


- Ah, nem venha com isso agora. – disse – Já falei que vou buscar suas coisas. Passe o endereço de onde você mora.


- Não mesmo, eu vou com você. – falou – e se Dulce estiver lá? Ela vai te arrebentar.


- Ah, sim tem razão. Ela pode me morder. – disse – melhor ir comigo, pois eu não estou a fim de ir à justiça e abrir um processo, isso é muito cansativo.


- Vamos indo então!


- Não, pois aquele Heimel pode estar por lá. – falou – amanhã nós iremos, você fica no carro e eu entro. E caso o bicho esteja lá, eu peço para você subir antes que ela me morda.


- Não fale assim da Dul, ela...


- Ela é o que eu quero que seja. Por enquanto use minhas roupas. – falou – Vou pedir algo para nós almoçarmos, depois eu tenho que escrever um pouco, senão a editora me mata.


- Sim, tudo bem. 


- Deite-se um pouco, Any. – pediu.


      A loira acabou concordando. Viviane saiu do quarto, deixando a porta encostada, exibindo um lindo sorriso enquanto caminhava até a sala. Finalmente podia ficar próxima daquela que conseguiu a proeza de se infiltrar no seu coração cínico e mal humorado.


 


OoO


 


     No apartamento de Amanda, Dulce acabou achando sua chave embaixo do sofá, no meio das revistas da anfitriã.


- Nossa! Eu estava procurando essa edição! – Amanda disse com um ar surpresa, pegando as revistas do chão – Essa edição é muito boa.


- Ótimo, agora eu vou indo! – Dulce disse.


- Vai lá, Boa sorte! – falou, enquanto folheava a revista.


- Obrigado por tudo. – Dulce agradeceu e começou a caminhar até a porta.


- E Dulce o que eu comentei com você sobre garotas... não...


- Não vou comentar com ninguém, – disse, prevendo o pedido – até mais. Depois eu te ajudo nisso.


- Eu vou cobrar, hein! Até mais!


     Dulce saiu do apartamento com pressa. Quando ela chegou à rua, achou seu carro na esquina, vendo como havia estacionado torto, mas o que mais lhe chamou a atenção foi um risco na lateral do carro e aquilo a enfureceu. Dulce xingou mentalmente e entrou no carro, acendendo um cigarro para conter seu nervosismo. Depois dirigiu direto para casa que dividia com Any, e o percurso foi rápido. Quando estacionou o carro, antes mesmo de sair do mesmo acabou vendo a figura de Heimel se aproximar do outro lado da rua. Dulce deixou o seu carro e o trancou, começando a caminhar até a calçada, enquanto olhava para Heimel. Se aproximaram e ficaram em silêncio.


 - Any já voltou da clínica? – Dulce indagou, dando margem ao assunto.


Heimel franziu o cenho e então disse:


- Não, ela não foi para a faculdade e nem está em casa. – disse – Você não sabe onde ela está?


     Dulce sentiu seu sangue gelar ao ouvir aquilo, certamente a loira devia estar na casa de alguém ou então jogada ao relento, remoendo-se com suas mágoas


 - “Eu devia ter voltado para casa. Como sou burra!” – pensou com pesar. 


- Se você souber onde ela está, peça para ela entrar em contado comigo. – pediu Heimel.


- Como se eu fosse fazer isso. Escuta aqui seu caloteiro de merda, a Any não tem problema na cabeça como você quer que ela tenha, – disse em tom elevado com ferocidade – por que não acha outra otária para pagar suas contas, seu velho pé rapado?


     Heimel ergueu seu punho a fim de desferir um tapa em Dulce, contudo os reflexos da karateca foram muito bem treinados em todos esses anos, ela ergueu seu braço e segurou o golpe imediatamente, segurando o pulso de Heimel e num movimento rápido virou o seu corpo, deixando seu braço torcido nas costas.


- Ah! Larga, sua idiota! – gritou, sentindo seu braço ser torcido lentamente


- Não tente bater novamente em mim ou eu vou quebrar esse braço. – disse baixinho, próximo ao seu ouvido, soltando Heimel com rispidez.


     Dulce aproximou-se do portão, olhando para Heimel com atenção, vendo que ele estava massageando seu braço com uma expressão de dor. Dulce entrou rapidamente e subiu até o apartamento, que se encontrava vazio. Ela andou pelos cômodos, pensando em encontrar algum bilhete de Any, mas nada encontrou. Sentou-se no sofá e viu que havia um lençol jogado no chão. 


- “Ela dormiu na sala...”. – refletiu, pegando o pedaço de pano – “ela ficou me esperando”.


      Dulce deu um salto e saiu do apartamento, voltando à rua, onde pegou seu carro e saiu rapidamente. Ela precisava conversar com alguém e essa pessoa só podia ser Leona, que era mais próxima a Any. Por um momento, Dulce olhou no retrovisor e viu que estava sendo seguida por Heimel e aquilo a enfureceu.  Aquele homem estava determinado a caçar Any de todas as formas.


- “Any deve estar se sentindo sufocada. Esse maldito bem que podia bater esse carro e sumir.” – pensou.


      Alguns minutos depois Dulce parou na frente da casa de Leona, ela se dirigiu à porta e tocou a campainha. Um empregado a atendeu e a deixou esperar na sala de estar. A primeira pessoa que apareceu na sala foi Juliana, sendo seguida de Leona.


- Dulce! Como sabia que eu estava aqui? – Juliana indagou.


 


Dulce sorriu e cumprimentou Juliana com um aceno de cabeça.


 


- Eu queria falar com a Leona. – falou.


- Comigo? – indagou surpresa – Em que posso ajudar?


     Juliana e Leona se sentaram no sofá e ficaram olhando para a karateca, que nem sequer notou que as duas estavam juntas sem estarem brigando.


- Eu não... acho a Any. – disse com constrangimento – ela falou com você?


- Any? Não, eu não falo com ela desde domingo – falou – ela me ligou a noite, mas depois disso não a vi mais.


- O que ela te disse?


     Leona suspirou, não se sentia a vontade em contar o desabafo de Any por telefone. Ela olhou para Juliana, que logo entendeu a necessidade da sua prima, mas não podia ir contra o desejo de Dulce de saber mais sobre a conversa. 


 - Dulce... Any estava chateada, ela comentou que você saiu de casa. E depois disso eu não sei mais nada. – falou.


     Dulce se irritou com aquela resposta vaga, ela queria saber mais e sabia que Leona podia lhe dizer o que queria saber, ou pelo menos achava, já que a própria Leona não fazia idéia de onde Any poderia estar.


 - E onde ela está?


- Não sei. – respondeu.


- Vamos, Leona. Ela comentou algo com você?


- Eu já disse que eu não sei. – tornou a falar.


     Dulce bufou, franzindo seu cenho, fechando seus lábios com certa tensão. Juliana se levantou nesse instante, prevendo a pré-explosão de Dulce.


- Ela não sabe, Dulce. – falou – tenho certeza que Leona te contaria. Não é mesmo, Leona?


- Sim, pois eu fiquei preocupada também, – falou – ela não foi visitar a Carei? as duas gostam de conversar.


      O rosto de Dulce se iluminou de repente, ela se levantou e então decidiu ir à casa da loirinha, mas se deteve mentalmente a notar que não fazia idéia de onde ela morava.


- Eu não sei onde ela mora. – Dulce falou.


- Eu tenho o telefone dela. – Leona disse – pode ligar.


- Eu vou ligar para a Any, perdi meu celular. – falou – posso usar seu telefone?


- Claro, – Leona disse – seria melhor ter ligado antes de falar comigo.


- Eu estou sem meu celular como já disse e não parei num orelhão, pois a praga do pai dela veio me infernizar.


- Leona comentou que ele quer levar Any para fazer exames, é verdade? – Juliana indagou.


- Sim, – respondeu com agastamento – um safado a fim de dinheiro fácil.


     Dulce caminhou até o telefone e de lá ligou para Any, ansiando que esta atendesse logo. A karateca se sentou no sofá e ficou esperando, até que finalmente atenderam.


- Quem está falando? – Dulce indagou.


- Com quem gostaria de falar?


- Com Any.


- Quem fala?


- É a Dulce, passe para ela, por favor.


- Ah, é você. 


- Quem está falando?


- Eu já vou passar para ela.


Dulce ouviu a voz da morena ao fundo e então ficou esperando.


- Dulce?


- Any! Onde você está? E quem atendeu seu celular?


- Por que não atendeu minhas ligações?


- Eu perdi meu celular. Onde você está?


- Perdeu? Bom, eu estou na casa de uma amiga.


- Que amiga?


- Uma amiga, você não conhece. O que você quer?


- Eu quero te ver é lógico. Nós precisamos conversar.


- Ah, Dulce... eu não queria sair e ter que encontrar Heimel.


- Eu vou à casa de quem você está, ele não vai te achar.


- De onde você está ligando?


- Da casa da Leona. Eu vim te procurar aqui. 


- Dulce, eu já te ligo, espere um pouco.


      Dulce ia falar mais alguma coisa, entretanto Any havia desligado. A karateca olhou para as duas que estavam curiosas com aquela conversa.


- Onde ela está? – Leona indagou.


- Na casa de alguém que ela não me disse o nome. – falou com desconfiança.


- Any tem amigos na cidade? – Juliana indagou


- Não, ela nunca comentou de ninguém comigo. Se não é na casa daquela enrustida e nem está com a Leona... eu não sei quem pode ser, – falou – ela não tem amizade com ninguém do curso dela ainda. As três pareciam pensativas, contudo Dulce estava mais tranqüila, ela ficou olhando para o aparelho esperando a ligação da sua namorada, mas de repente Dulce olhou para Juliana e Leona, assustando-se que as duas estavam juntas.


- O que foi Dulce? – Leona indagou – Que cara é essa?


- Vocês duas... estão juntas? – indagou com cautela.


- Sim, – Juliana respondeu com um largo sorriso, não respondendo em voz alta, pois alguém poderia ouvir.


- Ah! Parabéns. – sorriu – “alguém está se acertando pelo menos.” – pensou.


 


OoO


 


     Na casa de Viviane, Any estava olhando para a sua ex-namorada que negava a visita de Dulce em sua casa.


- Então eu vou sair para encontrá-la.


- Sossega Any, – pediu – fale que está aqui e que vai encontrá-la no final de semana.


- No sábado? Está louca!?


- Não, namorados sempre se encontram no final de semana. Por que tem que encontrá-la todos os dias? Dê um tempo para você mesmo, Any. – falou com agastamento – você não está pensando direito.


- Viviane, eu vou vê-la. – disse determinada.


- Ah, Any, – suspirou – pode trazê-la aqui, mas com uma condição.


- Qual?


- Que você passará a semana aqui mesmo assim e não irá sair para aquele maluco caloteiro te achar.


- Eu...


- Tem que ceder um pouco, Any. Eu vou falar com meu pai hoje mesmo, preciso saber que você está bem e minha casa é o melhor lugar. – falou.


- Se Dulce souber quem é você, ela vai ficar com...


- Ciúme, e depois ela vai te bater e te estuprar e você vai voltar com o rabo abanando para ela, – concluiu, olhando para a expressão fechada de Any – eu vou te dizer que seu relacionamento é muito infantil. Parecem duas crianças.


- Não fale assim, – falou com raiva – não tem o direito de falar assim comigo.


- Claro que eu não tenho, mas eu falo mesmo assim, – disse – e quando voltar com o seu animal, por favor, converse com ela como uma adulta e ponha na mesa todas as suas propostas. Peça um relacionamento maduro, sem ciúme destrutivo e irracional.


      Any não respondeu, até porque Viviane tinha razão e não adiantava discutir com ela, pois a sua ex-namorada sabia muito bem como dialogar e colocar qualquer pessoa no chinelo se desejasse.


- Pode ligar para ela, – falou – eu vou estar lá embaixo escrevendo, não faça muito barulho, eu preciso me concentrar.


     A porta do quarto se fechou, Any respirou bem fundo, tentando se acalmar para depois ligar para o número que Dulce estava. E foi atendida rapidamente.


- Dulce?


- Por que desligou? Onde você está?


- Anota o endereço. – pediu, começando a passar as informações para a karateca.


- É longe, – Dulce comentou – eu já estou indo.


- Até mais.


- Até.


Dulce desligou e olhou para Juliana e Leona.


- Eu vou vê-la, mas antes preciso de um favor. Eu preciso despistar o idiota.


- Ele te seguiu? – Juliana indagou.


- Sim. – respondeu.


- No final da minha rua, vira mão única e existe uma rua estreita a direita que dá para a marginal. Se ele for te seguir, Juliana pode sair com seu carro e ficar parada, enquanto você segue adiante. Assim o caminho fica bloqueado. – Leona disse, chamando a atenção das mais velhas que adoraram a idéia.


- Vamos lá, então! – disse Juliana com entusiasmo.


     Elas saíram da casa, e olharam para a rua vendo que o carro de Heimel estava estacionado próximo a casa. Juliana entrou no seu carro e já o colocou na rua, Dulce entrou no seu porsche e começou a ir em frente. Os três carros começaram a andar Dulce na frente, Juliana e depois Heimel que não conseguia ultrapassar, pois mais adiante a rua ficou estreita tendo uma mão única. Quando chegou ao ponto crucial, Dulce seguiu e Juliana parou seu carro, cruzando os braços e rindo baixinho ao ouvir as buzinadas do carro atrás. A ruiva apertou o pisca alerta do carro, dando a entender que havia quebrado ali. Dulce sorriu ao ver que não estava mais sendo seguida. Seu bom humor havia voltado, agora ela dirigia em alta velocidade e logo chegaria ao endereço que Any havia lhe passado. Ela conhecia a região e sabia que era distante. Acendeu uma unidade do seu cigarro, fumando um pouco para deixar a ansiedade de lado. Com o tempo estava diminuindo o seu vício, contudo mesmo assim não conseguia largar a droga por completo. Depois de andar por uns quarenta minutos ela chegou ao bairro, começando a procurar a rua certa, quando finalmente parou o carro na frente da casa de portão verde, como Any descreveu. Jogou o cigarro no chão e pisou no mesmo, depois tocou a campainha. O portão foi aberto e Dulce entrou, fechando-o lentamente. Ela olhava para os cantos, admirando o belo jardim que havia no lugar, quando aproximou-se de uma grande varanda de madeira, acabou vendo Any encostada à porta, Dulce abriu um largo sorriso ao vê-la. Ela estava longe de Any menos de vinte e quatro horas, mas era preferível que ficassem uma semana longe dela sem nenhuma briga, ao invés de ficar duas pequenas horas longe dela, sabendo que estavam brigadas e a loira chateada. A karateca colocou as duas mãos na cintura fina de Any e a puxou num tranco leve para frente, aproximando seus lábios num beijo saudoso. A loira não gostou de sentir o gosto do cigarro, mas não contestou, aproveitando o sabor daquela língua quente que lhe acariciava.


- Eu estava preocupada com você. – Dulce falou, afastando seus lábios, mas ainda continuava segurando-a.


- Eu pensei que não ia mais voltar e você também não me atendia. – disse com a voz baixa, não queria falar muito alto, pois Viviane podia ouvir e não queria compartilhar daquilo com sua ex-namorada.


- E quem é sua amiga? – indagou com curiosidade.


     Nesse instante Any engoliu em seco, mas respirou fundo e tomou uma postura mais madura, como Viviane havia sugerido. 


- Minha ex-namorada, Viviane. Eu falei dela para você. – falou.


      Nesse instante Dulce abriu a boca e ficou parada durante alguns segundos, sem conseguir dizer nada plausível, e quando recobrou sua consciência ela voltou a olhar para Anahi que mantinha um semblante impassível.


 - “Tem razão, não podemos mais namorar com tanta infantilidade, ou vamos nos destruir,” – pensou – “se Dulce se mostrar ciumenta e me agredir agora, eu não posso mais ficar com ela”.


- Da sua ex-namorada? – indagou baixinho.


- A mesma. Entre, eu vou lhe apresentar. – Any disse.


     A loira foi andando a frente, puxando a mão de Dulce que se movia mecanicamente, não acreditando que Any ia apresentá-la na maior cara de pau para a sua ex-namorada. Viviane estava sentada no sofá da sala, digitando com uma alta velocidade e presteza num laptop, contudo parou ao olhar para Dulce. A anfitriã colocou o seu objeto de trabalho em cima de uma mesa de vidro e se levantou, caminhando até Dulce, e quando se aproximou estendeu sua mão e a cumprimentou.


 - Como vai, Dulce? – indagou seriamente.


- Bem e você? – trocou o cumprimento com certa força.


As duas soltaram a mão após o aperto e ficaram se olhando em silêncio.


Dulce queria arrancar Any daquela casa e Viviane não queria deixar que a loira fosse embora.


 - Eu não queria sair para encontrar Heimel. – Any falou de repente, cortando o silêncio.


- Sentem-se. – Viviane falou, virando-se e indo até a poltrona que estava sentada, acomodando-se.


     Dulce não queria se sentar, ela queria ir embora logo, mas não pestanejou até porque não estava querendo brigar com Any. As duas se sentaram.


- Já falou que vai passar um tempo aqui? – Viviane indagou.


- “Ah, Viviane. Você não devia ter indagado isso. Sua sacana, você adora ver o circo pegar fogo!” –Any pensou com irritação, lançando um olhar assassino para Viviane, que sorriu internamente.


- Como assim? – Dulce se pronunciou.


- Eu vou passar uns dias aqui como Viviane me propôs, – falou – o pai dela é advogado e estamos pensando em pedir que a justiça proíba a proximidade de Heimel.


- E por que precisa ficar aqui?


- Porque não posso ir para casa. – respondeu o óbvio.


- Podemos ficar num hotel. – falou.


- Não, – Viviane interrompeu – o pé rapado vai seguir vocês rapidamente.


      Deixe Any aqui, pode vir vê-la quando quiser. Pode deixar que nós não temos nada e somos amigas agora. Any deu um tapa na testa ao ouvir aquilo. Com certeza era a coisa que Dulce ia detestar ouvir e Viviane acabou falando. 


- Ela pode ficar num hotel também. – Dulce falou, não gostando do jeito que Viviane falava.


- Por que ficaria num hotel se pode ficar na minha casa com todo o conforto e praticidade? – indagou – A não ser que você não confie na Any e pense que nós iremos nos agarrar.


      Dulce não respondeu, até porque não ia conseguir falar naquele momento que podia desconfiar da sua namorada. E a karateca ainda podia ver algumas das marcas de seus dedos no rosto da outra.


- Algum problema eu ficar aqui, Dulce? – Any indagou num tom leve, sem nenhuma intenção de provocação e sem nenhuma submissão também.


- Não. – respondeu a contragosto, imaginando algumas formas de quebrar o pescoço de Viviane.


- Então estamos resolvidas, – falou – vou deixá-las a sós. Vou ao mercado comprar algumas coisas, daqui a pouco eu volto.


     Viviane se levantou lentamente, erguendo seu queixo ao olhar para Dulce, mostrando todo seu ar superior, afastando-se em seguida, deixando as duas sozinhas na sala.


- Que bom que aceitou. – Any sorriu, tocando no queixo de Dulce.


- Hum... sim. – falou sem vontade nenhuma – Vai ficar quanto tempo aqui? E a faculdade?


- Esse semestre eu irei trancar, – disse – quero resolver isso primeiro. Depois estarei livre para tocar a minha vida em diante.


- Você passou a noite aqui? – indagou enciumada.


- Não, vim hoje de manhã, – respondeu – e onde você passou a noite?


- Na casa de uma amiga. – respondeu tranqüilamente.


- Que amiga?


- Da academia, – falou – aquela que eu comentei. O nome dela é Amanda.


- E por que me deixou sozinha, Dulce? Se eu não viesse para cá... você nem ia me acompanhar naquele exame idiota.


- Desculpe, – pediu – eu bebi ontem, eu estava brava... 


- Eu também estava brava, mas nem por isso eu joguei nosso namoro para o alto. – esbravejou.


- Eu não queria brigar com você. – falou.


- Aí está o problema, nós não estamos brigando, mas sim discutindo. Você poderia falar comigo normalmente, – disse – não faça mais isso. Não me deixe mais sozinha.


- Eu fui esfriar a cabeça...


- Esfriou e depois não voltou. Da próxima vez, volte logo, pois eu posso estar precisando de você. – disse, abaixando a cabeça.


     Dulce abraçou seus ombros e beijou a nuca de Any, pedindo desculpas num sussurro.


 


OoO


 


Continua...



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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