Fanfics Brasil - Capítulo- 11 Pecadora Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo- 11 Pecadora

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     O olhar era de puro descontento, até porque aquele colégio não lhe trazia boas memórias, contudo tinha assuntos a resolver. O dia era chuvoso e detestava ficar molhada, mas ainda assim caminhava pelo pátio descoberto do Saint Rosre. Acabou entrando no dormitório do terceiro ano, onde algumas garotas arregalaram seus olhos, evidenciando a surpresa de encontrá-la ali. Kirias as ignorou, não tinha amizade com nenhuma delas.  A loura era realmente odiada por aquelas a qual atacou em suas noites de insanidade. Aproximou-se do quarto desejado e bateu na porta, ouvindo um pedido para adentrar. A loura entrou, encontrando a colega de quarto de Madona.


- Madona está aqui?


- Está no banho.


- Deixe-me sozinha.


      A garota suspirou, pegou sua jaqueta e saiu do quarto. Kirias sentou-se na cama onde sua namorada dormia e ali ficou, encostada a parede, olhando para o nada em silêncio. A porta do banheiro abriu deixando o vapor do banho quente inundar o quarto. Madona saiu com uma toalha enrolada em seu corpo, e seus longos cabelos negros jogados para trás, mostrando assim todo seu rosto.


- Kirias!?


A loura sorriu sem muito ânimo. Madona se aproximou dela, sentando-se ao seu lado.


- Aconteceu alguma coisa?


- Eu apenas precisava te ver. – respondeu, tocando no rosto quente, sentindo sua maciez. Ela se inclinou e deu um beijo de leve, apenas encostando seus lábios.


- Você está machucada! – observou – Andou brigando?


- A vida está batendo em mim todos os dias.


     Madona encostou-se melhor a parede e puxou a cabeça da mais velha para que se deitasse no seu colo e Kirias obedeceu, adorava ficar deitada entre as pernas da morena, enquanto este lhe aconselhava e lhe beijava.


- Problemas na faculdade?


- Não, nenhum.


- Problemas com a família?


- Um pouco...


- Alexia?


     As pálpebras foram fechadas ao ouvir o nome da sua irmã. Madona suspirou, enciumada, não gostava de saber que sua namorada desejava outra pessoa e o pior era que sua própria parceira vinha lhe contar isso.


- Você quer ficar com a sua irmã?


- Não sei...


     Outro suspiro e o coração de Madona se agitou. Seria possível viver com alguém desse jeito? Ela mesma não agüentava. Só porque não demonstrava seu ciúme claramente como outras pessoas, isso não queria dizer que não o sentia.


- Eu estou cansada.


- Como? – indagou com surpresa.


- Kirias, ou você fica comigo ou com sua irmã, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Você tem a meu corpo, porém seu coração está com outra. Sabe, eu cansei disso.


- Não quer mais ficar comigo? – Kirias indagou, franzindo seu cenho.


- Desse jeito, não quero mais.


- Eu sempre fui assim e...


- Eu aceitei no passado, mas agora não quero mais, posso decidir o que fazer da minha vida. Afinal, só a vejo no final de semana, isso é, quando você vem me visitar, – suspirou – tirando isso, eu não tenho mais nenhum contato a não ser o MSN.


- Você não pode terminar comigo. – disse.


- Claro que eu posso. – disse, olhando com indignação para a outra – Kirias, você não é uma rainha, posso desobedecer as suas vontades.


A loura sentou-se na cama, olhando para a morena de frente. Desde quando ela havia ficado tão rebelde? Madona era tão calma!


- Por que está falando assim comigo?


- Porque eu estou cansada, eu já disse.


- Não gosta mais de mim?


- Eu gosto muito de você, – sorriu, tocando numa mecha loura – entretanto gosto mais de mim para permitir que você me trate como uma reserva.


     Kirias jogou o corpo da outra no colchão, inclinando-se sobre ela, ficando com seus cotovelos dobrados lado a lado com a cabeça da outra. Madona não se surpreendeu, sabia como Kirias reagia quando começava a ficar irritada.


- Você não é reserva.


- Mas parece que eu sou. Você parece vir me visitar apenas quando está com algum problema.


     Kirias ficou um tempo em silêncio, observando o rosto que parecia estar entristecido. Se gostava da pessoa que estava abaixo de si era a pergunta que Kirias estava fazendo, a resposta era afirmativa. Sempre gostou da outra, sempre desejou tê-la e agora que tinha... parecia não conseguir segurá-la.


 - Você deve se sentir sozinha, mas não consegue nem esperar que o ano acabe para eu viver na mesma cidade que você. – começou a falar – Agora eu penso se vale à pena ficar com alguém que não espera alguns meses por mim.


     Os olhos de Madona começaram a ficarem vermelhas, ela fechou suas pálpebras, sentindo a ardência que começou a ficar presente. Empurrou o peito de Kirias para trás, mas ela não se afastou, ficando a analisar as feições de Madona que começou a chorar baixinho, permitindo que suas lágrimas resvalassem pelas suas maçãs vermelhas. Kirias beijou as lágrimas, limpando-a com seus lábios até chegar aos lábios entreabertos, depositando sua língua na região, beijando a boca num beijo tépido e singelo.


- Desculpe... – pediu num sussurro.


- Ah... Kirias, apenas deixe de ser tão egoísta. Se ainda pensa na sua irmã, nunca mais venha aqui.


     Kirias deixou seu peso cair em cima da menor, ficando com a cabeça ao lado da de Madona. A morena abraçou envolvendo o corpo maior com seus braços. E o casal ficou em silêncio.


- Eu acho que... fico confusa, porque nunca gostei de outra pessoa além dela, e você me deixa de um jeito... que me faz esquecê-la e isso me incomoda um pouco.


- Incomoda que eu a faça esquecer sua irmã?


- Um pouco. Pois sinto que a estou deixando sozinha.


- E ela ainda quer ficar com você? Você me disse que suspeita que ela tenha alguém.


- E está namorando outra pessoa.


- Está!? E então... você quer ficar com... ela?


    Kirias não respondeu. Madona revirou os olhos e virou a cabeça para o lado oposto, deixando de abraçar Kirias. A morena estava pensando que a sua querida cunhada vivia no pé da loura como fazia antigamente, mas o que pôde perceber a situação era outra.


- Kirias, vá embora.


- Não quero.


- Eu estou falando sério.


- Eu não vou.


- Eu não estou agüentando sua presença aqui. – disse num tom elevado, dando um soco no ombro a frente que nem sequer se moveu.


E o silêncio reinou nos minutos seguintes. Até Madona voltar a falar.


- Eu nem quero mais viver na mesma cidade que você. Eu vou voltar para Índia.


- O que!?


- Isso mesmo que ouviu.


- Você gosta de mim.


- Pois é, infelizmente.


     Ou Kirias resolvia o que queria da vida ou ia ficar com as mãos abanando. O ditado: “antes um pássaro na mão do que dois voando”, era bastante real nessa situação. E parecia que Kirias não estava levando o ditado muito a sério ou nem sequer tinha conhecimento dele.


 


OoO


 


     E na cidade, enquanto um casal estava preste a terminar, a irmã de Kirias estava nesse momento vivendo a paz de seu romance com Aziel. O casal estava numa sala de cinema assistindo um filme qualquer. Na verdade, nenhuma delas fazia a mínima idéia da história do filme. O cinema não estava cheio, pois o filme estava em cartaz há décadas, havia alguns casais que estavam entretidos em seus parceiros. As mãos de Aziel apertavam a cintura da sua namorada, deixando a blusa cada vez mais amassada, até que resolveu passar uma mão por dentro, sentindo a pele quente lhe receber com os pêlos arrepiados. Aquilo era excitante! Ainda mais fazer em público. Suas bocas estavam coladas num beijo que nem mesmo o tempo conseguiu registrar. Por um momento desejavam cair no chão sujo de pipoca e acabar com o fogo que as consumia, mas talvez essa fosse a graça de namorar no cinema. Os casais com o mínimo de senso não poderiam terminar de se aliviarem e ficavam na expectativa de chegar logo em suas casas ou a algum motel.


- Vamos embora! – Aziel falou num sussurro, separando-se daquela boca que tanto lhe seduzia.


     E por que havia demorado tanto a tratar Alexia como merecia? Talvez fosse insegurança, medo que a mais nova estivesse apenas querendo seduzi-la para brincar com ela depois. Ou talvez medo de se apaixonar novamente, sendo que teve problemas com isso no antigo colégio. Sua vida amorosa era conturbada, pois sua personalidade não era nada fácil. A mais velha se ergueu, puxando a outro pela mão, ela queria sair dali o quanto antes ou ia chamar a atenção dos outros usuários, todavia a situação nos bancos alheios era parecida com a delas. E então saíram, com passos apressados. Felizmente era um cinema de rua e não teriam que atravessar um shopping gigante, com várias escadas rolantes que apareciam em corredores alternados, para darem mais voltas. Os shoppings eram terríveis prisões do comércio, e dificilmente alguém conseguia sair dele em menos de cinco minutos.


     O alarme do carro foi desligado e Aziel se aproximou abrindo a porta, ligando o automóvel e saindo dali. No banco ao lado estava Alexia, afundando no acolchoado, olhando para a fina garoa que começava a cair. De repente o celular da ex-loura tocou, ela atendeu, ouvindo a voz preocupada da sua mãe. Ela estava há muito tempo fora de casa e tinha a obrigação de lhe dar satisfação. E explicou que estava saindo do cinema e indo para a casa de uma amiga do antigo Saint Rosre.


- Sua mãe? – indagou Aziel, olhando para o farol fechado.


- Sim, ela está irritada. – suspirou.


- Ela quer que vá para sua casa agora?


- Sim.


Aziel nada disse, continuando a olhar para o farol vermelho. Ela não queria largar sua namorada em casa no estado em que se encontrava.


- Pode ir mais tarde?


- Ah! Sim, eu posso.


- Eu te levo em casa depois.


- Seria bom.


     A mais velha sorriu e pisou no acelerador ao sinal verde e dentro de poucos minutos estava entrando no seu apartamento, arrastando a outra, jogando-a contra a parede, enquanto a beijava e despia suas vestes.


- Nunca me imaginei assim com você. – confessou Alexia, sentindo beijos na região do pescoço.


       A blusa já amassada foi ao chão e agora sua calça estava sendo puxada para baixo. Não conseguia se mover com facilidade, pois era amassada pelos braços fortes e os lábios lhe deixavam sem fôlego. E o quarto era como o paraíso para elas. Elas entraram no cômodo e logo caíram na cama, começando a rolar de um lado para o outro, jogando fora toda a roupa que podiam, até ficarem completamente nuas, ansiando pelo que viria. A mais nova gemia baixinho e seu corpo tremia em espasmos de prazer, aos sussurros apaixonados e eloqüentes da sua parceira, amando saber que podia ser admirada e desejada por outra pessoa que não fosse sua irmã. Sim! Ela tinha capacidade de fazer os outros gostarem dela e isso estava sendo ótimo para sua estima.


- Fala que é só minha. – pediu Aziel, passando sua língua nos seios de Alexia, chupando seus bicos intumescidos.


- Eu sou só sua. – falou numa voz carregada, entregando-se de corpo e alma a aquele que desejava.


      A boca do mais velho continuava a descer até tocar na bct molhada, tomando-a, chupando, dando carinho aquela que tanto judiou nos últimos tempos. Mas isso era passado, pois agora os gemidos eram apenas de prazer. 
     As mãos menores agarravam os longos cabelos louros, puxando-os na medida em que seu prazer aumentava. As carícias, os dedos marcando sua pele branca, o bater forte do coração, todas essas sensações estavam acordando a garota triste que havia tomado conta do emocional de Alexia. E o ápice de seu prazer foi seu gozo que estremeceu todo seu corpo, causando-lhe arrepios. Ela estava em torpor, aspirando o ar com força, subindo e descendo seu corpo numa respiração acelerada, que logo foi sufocada pelos lábios grossos e melados da sua parceira. E novamente aquele beijo que a deixava desnorteada! Desejava e desejava cada vez mais, a loucura do amor que havia tomado seu corpo. Nem mesmo com sua irmã havia sentido tanto prazer em apenas beijos e carícias. Talvez o amor que havia naquele momento era somente de irmãs, mais um desejo contigo que ambas carregavam, contudo agora, com Aziel era diferente. Era paixão, fogo, ansiedade, medo e a expectativa de saber que talvez no futuro não pudesse mais tê-la. Com Kirias, sabia que a teria até a morte, mas com Aziel, sabia que podia ser momentâneo. E um choque ocorreu quando seus corpos se conectaram, ligando-se fisicamente, pois emocionalmente já estavam acoplados. Os gemidos invadiram Alexia, ela era necessária para saber que estava ali naquele momento e acordavam sua parceira.


- Está tudo bem? – indagou próximo ao ouvido da ex-loura, passando a língua pelo lugar ali escondido em seguida.


- Sim... – a resposta foi num sussurro baixo e fraco.


     E alguns segundos foram suficientes para a menor descansar e depois disso, não havia meios de explicar. Seus corpos instintivamente moviam-se, desejando chocar violentamente contra a outro, desejando que a conexão jamais se desfizesse. E Aziel por seu lado, esta estava mergulhado nos gemidos e expressões da sua namorada, apaixonando-se, amando saber que ela era a responsável por tudo aquilo. Ela que provocava, ela que estava sendo desejada.
     As unhas de Alexia lhe arranhavam as costas, mas essa dor lhe era prazerosa e expressava apenas o prazer que sua namorada sentia. Aziel abriu seus lábios e deixou algumas palavras que lhe vinham à cabeça saírem com facilidade, observando como as feições da outra se alteraram. As palavras tinham poder! Talvez mais poder do que o ato de amor.


- Eu também te amo. – falou Alexia, fechando suas pálpebras, aliviada por ter ouvido tudo aquilo que guardaria para sempre na sua memória.


       E toda aquela agitação teve seu final ao prazer de Aziel que gozou finalmente, junto daquela que depositava toda sua confiança para uma nova relação amorosa. E quem diria que namoraria a irmã da garota que mais odiava na sua vida tão prematura. A vida dava voltas! Aziel sorriu ao pensar isso, caindo exausta em cima daquele corpo que lhe recebeu com beijos rápidos pelo rosto suado. E como ela era carinhosa! Como podia ter judiado tanto dela? No fundo, havia pensado que era apenas uma criança mimada, mas era muito mais que isso. Era alguém triste que necessitava de amor, assim como ela, mas ambas com personalidades radicalmente diferentes.


- Você está com fome? – indagou Aziel.


- Um pouco, mas tenho que ir para casa.


- Ah! Sim... eu te levo. Mas primeiro vou cozinhar algo.


- Hum... eu nunca comi nada seu.


- Hoje será a primeira vez.


- Sabe cozinhar bem? – indagou, soltando um leve bocejo.


- Claro que sim.


- Então, pode cozinhar algo bem gostoso que eu estou com fome.


     A mais velha lhe beijou os lábios e ergueu seu corpo esguio, sexy, mostrando a tatuagem de dragão que havia em seus braços. Alexia gostava dela, pois era muito bem desenhada e combinava com a personalidade rebelde da sua namorada. Contudo a águia que havia em suas costas era sua imagem favorita.


- Pretende fazer mais alguma tatuagem?


- Por enquanto não. – respondeu, olhando para seu braço.


- Eu gosto delas.


Aziel sorriu.


- Sempre que me abraça nas costas, suas unhas cravam na minha águia. Às vezes penso que quer arrancá-la.


- Não, não mesmo! – riu baixinho – desculpe, eu vou me controlar.


Aziel sentou-se novamente na cama e acarinhou os fios negros. Inclinou seu tronco e deu um beijo na sua boca vermelha.


- Por que não faz uma tatuagem?


- Meus pais me matariam.


     Riu baixinho com aquela resposta. Sim, era verdade. Os pais de Aziel também tiveram um ataque de nervos quando viram o que ela havia feito no braço e meses depois ela revelou que fazia mais de um ano que tinha uma águia nas costas.


- Um dia quando você for independente, quem sabe faça alguma. – falou – agora vou preparar algo para comermos. Tome um banho.


- Certo. – sorriu.


Aziel se afastou, deixando Alexia jogada naquela imensa cama de casal.


- “Ah... ainda bem que eu insisti nesse relacionamento.” – pensou com júbilo, sorrindo feito uma boba apaixonada.


 


 OoO


 


     E no mesmo clima de romance estavam Juliana e Leona. As primas estavam sentadas no chão do quarto de Leona, ambas jogavam cartas. A ruiva olhava a todo instante para o semblante da morena, tentando decifrar o que havia por trás daquelas cartas, entretanto facilmente conseguia vê-las, pois Leona não conseguia as manusear muito bem com o braço direito quebrado.


- Droga! – exclamou a morena, vendo sua carta cair no chão.


- Opa! Eu vou ganhar de você assim.


- Eu não quero mais jogar! – falou contrariada, jogando as cartas no chão. Não tinha graça jogar com sua prima, ainda por cima estavam apostando coisas de valor e perdia a cada rodada.


- Então você perdeu. – sorriu vitoriosa – eu ganhei a aposta.


- Negativo. Por motivos físicos não pude continuar. – falou, praguejando algum palavrão e se erguendo.


     Juliana se ergueu também abraçando sua prima pela cintura, beijando seu pescoço, enquanto ria baixinho de sua irritação. O mau humor de Leona não durou muito, gostando daqueles beijos e do hálito quente que batia contra sua jugular. Elas se sentaram na cama, beijando-se na boca, comentando algumas coisas, mas se afastaram abruptamente quando a porta do quarto se abriu. Era a mãe de Leona que encontrou com um largo sorriso no rosto.


- Ah, eu estou tão feliz que não estejam mais brigadas! – comentou, aproximando-se de Juliana, passando a mão por seus ombros.


- Foi apenas um desentendimento, tia. Não foi nada grave. – Juliana disse.


     Leona ergueu uma sobrancelha, encarando Juliana com indignação. Certo! Não precisava falar para sua mãe que Juliana era a responsável pela sua agressão, mas não podia ser tão falsa falando que não era nada grave.


 - Leona, minha querida! – gritou de repente – o que é isso no seu pescoço?


- O que? – indagou a morena com surpresa.


     A mãe se aproximou e tocou no pescoço da filha vendo uma marca rocha bem pequena na parte de trás. Ela se ergueu e deu um tapa de leve na cabeça da filha.


- Que coisa feia! – reprovou – Você está namorando?


- Er... eu... não. – disse com o rosto vermelho.


- Olhe para sua prima! Veja como ela se comporta bem. – falou, apontando para Juliana que abriu um largo sorriso cínico – Você vê essas marcas no corpo de uma boa moça? Não! Não as vê, então pare de trazer essas vulgaridades para casa


- Desculpe, mãe. Não vai se repetir. – falou, revirando os olhos.


- Juliana, dê alguns conselhos para a sua prima, - pediu – você é tão responsável.


Leona observava sua mãe paparicando a ruiva e já estava acostumada com isso. A morena achava que havia nascido na mãe errada, talvez Juliana devesse ser filha da sua mãe, enquanto ela devia ser a irmã mais nova de Victoria.


- (...) e você anda comendo direito? Está mais magra. – comentou após um longo discurso, acariciando os fios ruivos.


- Eu estou bem, tia. Estava um pouco deprimida há um tempo, por isso emagreci.


- Deprimida? Por quê?


- Nada que deva se preocupar, agora eu já estou bem.


     Leona jogou seu corpo para trás, deitando no colchão, pois sabia que aquela conversa ia demorar a acabar. Mas logo se ergueu ao receber um tapa suave nas pernas por sua mãe.


- E trate de cuidar disso! – falou – eu comprei algumas coisas no mercado. Daqui a pouco desçam para comer.


     Juliana agradeceu e recebeu um beijo na testa da mãe de Leona que saiu cantarolando do quarto. Quando a porta se fechou a ruiva começou a rir, puxando Leona pelo queixo, lhe dando alguns beijos rápidos nos seus lábios.


 - Eu vou marcar você também! – reclamou – Juliana, eu falei para não me marcar.


- Desculpe, eu não resisti.


- E ainda está molhado! – comentou, passando a mão pelo pescoço – ainda bem que ela não tocou. O que eu ia dizer?


- Falasse que tinha lavado o rosto agora.


- Ah, claro. E você acha que eu ia conseguir pensar nisso na hora? Eu ia travar!


- Eu chamaria a atenção dela como uma boa menina. – falou sorridente, voltando a beijar sua prima.


- Melhor pararmos de fazer isso com a porta destrancada.


- Tem razão. Se alguém vir... acho que não serei mais a sobrinha querida.


- Com certeza será expulsa daqui a ponta pés.


- Que maldade. – sorriu.


     Elas se ergueram e começaram a andar para o andar abaixo, a fim de tomar o café da tarde que a mãe de Leona havia preparado. Os ânimos do casal estavam altos, elas se davam muito bem apesar de discutirem bastante, conheciam muito bem a outra para conseguirem contornar a situação, mas quem sempre corria atrás era Juliana, pois no momento era a mais sensível na relação.


 


 OoO


 


     A chuva ainda caía pela cidade. Any e Dulce estavam entrando no apartamento, olhando para a casa com um pouco de estranheza, pois fazia tempo que nenhuma das duas pisava lá.


- Aqui parece maior. – Any comentou, jogando sua mala no chão da sala.


- Sim.


     Dulce pegou a mala da sua namorada e a levou até o quarto, sendo seguido por ela. O casal começou a arrumar as coisas e depois de um tempo foram parar na sala, jogando-se no sofá. Elas conversaram um pouco, tentando não tocar no nome “Viviane” uma vez sequer, ou Dulce ia com certeza dar seus ataques.


- Eu vou tomar banho, Any.


- Vai lá. Eu vou ver algum filme aqui.


     Dulce se afastou e Any começou a procurar alguma coisa interessante na televisão. Minutos depois sua atenção foi desviada para o celular de Dulce que havia vibrado e tocado. Ela se aproximou e viu que ela recebeu uma mensagem, abriu a mensagem enquanto bocejava. Não tinha muita curiosidade em ler, fazia isso mecanicamente como se fosse seu aparelho. E lá estava a mensagem.


 “Dulce, eu preciso falar com você sobre ontem à noite. Eu fiquei bolada demais com o que aconteceu. Me liga. - Amanda”.


       A loira ficou relendo aquela mensagem, sentindo um arrepio correr por seu corpo. Ela pensou em traição, mas riu baixinho. Dulce jamais faria isso! Sorriu com confiança ao constatar que a sua namorada era bastante fiel. Contudo algo a deixou inquieta, ela havia colocado o aparelho em cima da mesa de centro, mas não conseguia parar de pensar na mensagem. O que Dulce havia feito na noite passada? Talvez tivesse bebido demais com a nova amiga ou... Any chacoalhou a cabeça, tentando tirar aquele pensamento. E com muito esforço voltou a pegar o aparelho, escrevendo uma mensagem para Amanda, fingindo ser Dulce. Ela precisava saber o que sua namorada havia feito. Talvez Dulce tivesse se metido em encrencas e precisava saber.


 “O que aconteceu para você ficar assim? - Dulce”.


      E mandou a mensagem, sentindo seu coração palpitar. Ela ficou olhando para a televisão, desejando esquecer que havia mandado aquela mensagem, que obviamente apagou da caixa de entrada do celular. E o aparelho vibrou novamente. Any moveu seus dedos rapidamente até a mensagem, desejando ler algo que lhe tirasse daquela dúvida cruel.


 “Não se faça de idiota, Dulce. Eu quero falar com você. - Amanda”


      Any ficou olhando para a mensagem, ansiando saber o que estava por trás daquelas palavras. Ela ouviu a porta do banheiro se abrir e os passos da karateca se aproximarem. Quando Dulce entrou na sala, ela olhou para sua namorada que parecia estar mais séria que o costume.


- O que foi, Any? Que cara é essa? – indagou, passando a mão por seus cabelos úmidos.


- Nada demais. – sorriu amarelo, voltado a olhar para a televisão – “eu devo estar ficando doida”.


 Dulce sentou-se ao seu lado e puxou seu rosto, beijando seus lábios.


- O que você estava fazendo ontem antes de ir me buscar? – indagou casualmente, acarinhando os cabelos úmidos.


- Ah... eu estava bebendo. – respondeu o que não era uma mentira.


- Hum, você faz besteira quando bebe. – comentou – não fez nada errado, não é mesmo?


- Como assim? – sorriu nervosa.


- Não sei. Por acaso não bateu em ninguém na rua ou bateu boca com algum policial, não é?


- Não. E por que está perguntando isso?


     Any suspirou. Talvez estivesse fantasiando coisas. Dulce jamais faria nada que pudesse magoá-la nesse ponto, acabou desviando os pensamentos de sua cabeça e beijou a boca dela. O celular de Dulce tocou novamente e Any sentiu vontade de puxar o aparelho da mão da sua namorada, contudo se conteve, vendo a karateca ler a mensagem em silêncio.


- Mensagem de quem?


Dulce não respondeu até ouvir Any repetir a pergunta.


- Propaganda da operadora, nada demais. – respondeu, apagando a mensagem.


- “Dulce respondeu tão naturalmente, com essa expressão calma...” – pensou.


     Anahi aspirou o ar a sua volta com peso, sentindo uma curiosidade imensa de perguntar sobre aquelas mensagens. Mas só de pensar que no momento estavam bem e sem brigas, ela acabou desanimando. O tempo foi passando e a inquietação da outra foi ficando maior até que não se agüentou.


- Eu li uma mensagem que você recebeu.


- Que mensagem? – indagou com sua impassibilidade.


- Uma mensagem da sua amiga. – respondeu.


      O sangue de Dulce gelou completamente, ela sentiu seu corpo estremecer, mas não alterou um músculo de sua face. A karateca abriu um sorriso amarelo e comentou:


- Anda vendo minhas mensagens em silêncio? O que estava escrito.
- Leia, está na caixa de entrada. – respondeu.


     Dulce correu os dedos pelos botões até chegar à caixa de entrada, lendo as mensagens, sentindo seu coração bater mais forte. Não havia nada explícito naquela mensagem, mas ela era demasiada estranha.


- Por isso perguntou o que eu fiz ontem?


- Sim. O que aconteceu ontem?


- “Se eu contar, com certeza Any vai me expulsar daqui. Ainda mais agora que ela está tão carente e fragilizada.” – pensou – “Amanda sua filha de uma puta. Como você teve a demência de me mandar uma mensagem assim?”.


- Dulce?


- Eu bebi muito com Amanda, aliás, desde o dia que começamos a brigar. Eu saí para beber com ela. Acabamos discutindo na noite passada.


- Discutiram por qual razão?


- Eu estava desabafando. Falando sobre você... e... e... ela me deu alguns conselhos que não gostei e acabei falando merda.


- Ficou falando mal de mim pelo jeito. – suspirou – e você bateu nela?


- Claro que não. – respondeu rapidamente – Posso ter empurrado, não lembro muito bem, você sabe como eu sou.


     Any suspirou aliviada, encostando sua cabeça no ombro da sua namorada. Dulce fechou os olhos e soltou todo seu ar, agradecendo mentalmente todos os anjos e ao divino por Any ter parado de fazer perguntas.


E agora o que tocou foi o celular da loira, Dulce se levantou e o pegou, vendo de quem era a ligação através do decodificador de chamada.


- Heimel. – Dulce disse, estendendo o aparelho.


Any o pegou lentamente e atendeu.


- Alô?


- Any. Até que em fim você me atendeu. Eu quero falar com você.


- Eu estava na casa de uma amiga.


- Eu sei que estava fugindo de mim como se eu fosse seqüestrá-la e roubar suas coisas, mas as coisas não são bem assim. Eu preciso falar com você urgente.Any engoliu em seco diante daquela voz brava.


- Ah... quando quer conversar?


- O quanto antes. Onde raios você está?


- No meu apartamento.


- Eu vou passar aí agora. Espero que não saia correndo.


- Pode vir, eu estou esperando.


- Ótimo. Até mais.


A ligação foi encerrada, Any olhou com pavor para sua namorada.


- Ele vem aqui – avisou e eu estou nervosa.


- Any, diga o que está sentindo. Eu acho que é a melhor coisa no seu caso, - sorriu para sua namorada, beijando suas mãos trêmulas – se quiser se relacionar com seu pai, tente expor seu ponto de vista.


- Ele está bravo.


- Claro, você ficou correndo dele.


- Você acha que eu fiz errado?


- Ah, Any. Eu teria jogado seu pai pela janela e depois passaria o carro por cima. – riu baixinho junto com a loira – mas... depois do que você me disse no motel, eu acho que deve tentar algo com ele.


- Acha mesmo? – indagou insegura.


- Claro que sim. Talvez ele não seja esse bicho papão, apesar de eu odiá-lo.


- Você não me ajuda muito falando assim!


- Perdão. Mas ele vai vir aqui?


- Sim.


- Quer que eu fique com você?


- Não, não... eu gostaria que me deixasse a sós com ele, por favor. – pediu.


- Como quiser. Eu preciso conversar com Amanda também, sabe...


- Hum... vá pedir desculpas a ela. – Anahi falou – Não pode arranjar novos amigos e brigar em seguida.


- Claro! – sorriu amarelo, beijando a boca de Any – “Deuses, eu me sinto um monstro. Nem consigo olhar para você direito. Como eu pude fazer aquilo? Como?”.


     Dulce foi até o quarto, ajeitando-se e depois se despediu da sua namorada, saindo do apartamento, porém antes deu um forte abraço na menor, sussurrando o quanto a amava ao pé do ouvido e desejando boa sorte. A karateca saiu às ruas, sentindo a fina garoa cair por seu corpo. Ela estava cansada, queria dormir ao lado de Any, mas tinha que resolver alguns assuntos antes. Ligou para Amanda que atendeu prontamente e avisou que passaria na sua casa. E momentos mais tarde, Dulce parou na frente do apartamento da amiga, subindo até seu andar, onde foi recebida por ela.


- Poxa, eu queria falar com você!


- Eu sei. E o que deu na sua cabeça de me mandar uma mensagem? – indagou com irritação, sentando-se no sofá, jogando algumas revistas no chão para arranjar espaço.


- Eu estava perturbada! Você foi embora e me deixou sem nenhuma resposta! Merda, Dulce, você podia ser mais sensível.


- Desculpe. – pediu, soltando um longo suspiro – Só que, quando eu fiz aquilo, eu me senti uma idiota. Eu traí minha namorada!


- Sim, óbvio que traiu. Mas você vive falando mal dela, o quanto ela não presta e ela ainda te traiu. Sabe Dulce, eu acho que ela merece isso!


- Você não sabe do que está falando.


- Sei sim. Eu ouvi você falar muito sobre ela.


- Ela não é tudo de ruim que falei, você sabe que eu estava com raiva.


- Sabe Dulce, eu não quero falar da sua namorada. E por que você está brava?


- Porque ela leu sua mensagem! – respondeu com um tom elevado de voz.


- Eu imaginei que isso podia acontecer por isso eu mandei uma mensagem daquela. E também você respondeu estranhamente. – comentou.


- Eu não respondi.


- Ah... não? – sorriu – Então sua namorada que enviou.


     Amanda jogou seu celular para Dulce, que leu a mensagem. Realmente, ela não havia mandado aquilo e sim Anahi. Contudo como podia culpar sua namorada de desconfiar? Talvez Anahi desconfiasse que houvesse feito besteira e não que tivesse rolado sexo com a amiga.


 - Relaxa. Quando eu vi essa mensagem eu fiquei desconfiada. Eu imaginei que podia ser outra pessoa.


- Ah, que alívio.


- Dulce, eu não te vejo mal. Eu sou sua amiga.


- Obrigada.


- Eu só queria conversar mesmo. Eu me senti estranha depois, sozinha nessa casa.


 Dulce não conseguiu deixar de rir baixinho ao ouvir aquilo. Aquela situação era engraçada até certo ponto.


- E o que você achou afinal de contas?


- Eu gostei. Dulce... foi bom, Eu queria fazer de novo.


- O que?


- Vamos fazer de novo.


- Está brincando? Eu tenho uma namorada, esqueceu?


     Amanda riu baixinho, jogando-se no sofá ao lado de Dulce que balançava a cabeça negativamente. Será que não havia deixado claro que seria apenas uma noite?


- Dulce, é sério. Eu quero de novo.


- Procure outra pessoa.


- Não, eu quero com você. – abriu um largo sorriso.


- Não, você sabe que eu não vou fazer isso. Pare de insistir.


- Pow, com quem eu faria?


- Eu sei lá!


- Uma última vez, por favor. E dessa vez termina!


- Não, eu não vou fazer. Será que você é surda?


- Olha, você começou e vai ter que terminar!


- Só se você me estuprar, então!


Amanda e Dulce se olharam com certa irritação e desafio, mas começaram a rir baixinho em seguida com aquele comentário.


- Dulce, eu estou muito gay!


- Eu estou vendo... até estou estranhando.


- Mas uma última vez não vai mudar muita coisa. Não pense que vai fazer de novo sexo comigo, apenas pense que vai terminar o que não terminou.


- Eu terminei! O que queria que eu fizesse?


- Ah, não terminou porra nenhuma. Literalmente! – riu alto – eu vi uns vídeos. Você me deixou na mão!


- Desculpe, eu me senti mal na hora.


- Dulce, eu vou te infernizar.


- E eu vou te bater se continuar.


As duas voltaram a se olhar com irritação e desafio, e voltaram a rir.


- Sabe, ninguém vai ficar sabendo. – falou, tocando no rosto de Dulce que endureceu, ficando atenta aos toques da outra.


    Dulce foi empurrada para trás com força. Amanda não era nada fraca, apesar de pensarem isso por causa de sua personalidade mais descontraída, contudo era uma ótima lutadora. Ela se aproximou de Dulce que a olhava com atenção.


- Uma última vez.


- Já disse que não.


- Ah, Dulce. Você é muito idiota. Além de ter sido chifrada com a ex da sua namorada, você também viu que ela beijou outra garota e agora fica dando uma de santinha.


- Ela não ficou com a ex-namorada dela.


- Ah, claro! – riu alto – E você acha que ela se comportou? Toda carente ao lado da ex-namorada! Dulce, pelos deuses! Quem em sã consciência vai acreditar que sua namoradinha ficou na casa da ex-namorada dela, brigada com a sua namorada atual, inteiramente comportada.


- Mesmo que ela tenha feito isso, eu não vou transar com você.


- Ah... – bufou – você é muito chata.


Amanda se ergueu, indo até a pia da cozinha, pegando uma garrafa de vodka que estava pela metade.


- Quer beber comigo?


- Depende. Vai querer me embebedar e me levar para cama?


- Lógico que não, idiota. Se eu quisesse te forçar, eu faria isso facilmente.


E novamente elas se olharam com desafio e voltaram a rir baixinho.


 


OoO


 


     No apartamento, Any roia suas unhas da mão. Ela havia tomado um banho e vestiu jeans e blusa preta, esperando pelo som da campainha que veio um tempo depois. Abriu o portão e um minuto depois Heimel estava na sua porta. Ele estava molhado, com a barba por fazer e um olhar visivelmente irritado. Any abriu a porta e ele entrou, retirando o casaco cinza, jogando-o em cima da cadeira.


- Quer uma toalha? – Any indagou.


- Sim.


     A loira foi até o armário pegando uma toalha e voltou, entregando a seu pai, que se secava em silêncio. Anahi se sentou no sofá e Heimel a copiou, colocando a toalha em volta de seu pescoço.


- Enfim vamos conversar. – falou – Por que sumiu de repente?


- Eu... bom, eu estava com medo de você.


- Medo do que?


- Você queria me levar num hospital para alegar que eu era doente.


- Ah, sim, isso foi o que suas amigas ficaram colocando na sua cabeça. Sabe, Any, você assiste a filmes demais. Acha que eu ia falsificar os exames e comprovar que você era louca e mexer no seu dinheiro?


     Anahi ficou vermelha de vergonha e abaixou a cabeça. A loira era respondona, sempre teve uma língua afiada, mas com seu pai não conseguia falar muita coisa. Sim, a resposta era afirmativa. Havia pensado exatamente isso, como acontecia nos filmes.


- Pareceu que ia fazer isso. – falou com a voz baixa, quase sumindo.


- E mais, você poderia parar de ouvir a opinião dos outros e tratar seu pai melhor.


- Eu estou confusa, sabia? Tudo aconteceu muito de repente, do nada você aparece na minha vida, fala que vai me colocar numa clínica, diz que vai me tirar desse apartamento... – desabafou.


- Ah, para você tudo soou muito bem, não é mesmo? Eu não nego que o seu dinheiro me tentou, mas eu não tinha intenção de pegar seu dinheiro e ir embora, ou então de ficar próximo a você recebendo mesada.


- Então admite que te tentou?


- Claro que sim. Mas não quero todo seu dinheiro, nem metade dele. Talvez um pouco, o que eu realmente pedi quando comentei sobre minhas dívidas com você.


- Aqueles noventa mil?


- Sim. Poderia ter me dado ou não, eu não ia fazer nada. E também, Any, não se sinta comprando meu carinho, pois isso não é comprável.


- Eu não tentei te comprar. – falou rapidamente.


- Eu imagino que não, eu imagino, mas não sei o que se passa na sua cabeça.


- E o que vai querer fazer agora? – indagou, sentindo seu coração acelerar a cada segundo.


- Eu fiquei muito feliz em saber que tinha uma filha, entretanto quando te conheci, diferentemente de você que já veio me julgar, eu tentei te compreender. – comentou, tossindo levemente – eu tentei entender esse seu problema.


- Que... que problema?


- Esse seu problema, você sabe do que eu estou falando.


- Não, eu não sei.


- Você gostar de mulheres ou achar que gosta. – revelou – Isso acontece, pois não teve uma criação decente. A ameba da Aimée não sabia como ser rigorosa.


- Isso não é nenhum problema! – falou com revolta – Você é um preconceituoso.


- Any, até mesmo a igreja católica proibiu isso. Você acha que se isso fosse de Deus, isso seria permitido? – indagou.


- E você é religioso agora? – indagou com raiva – Essas pessoas falam o que querem para manipular a massa. Não acredito que vai jogar isso contra mim.


- Eu nem quero ver a cara dos meus amigos ao descobrirem que minha filha é lésbica. Isso é revoltante, mas eu tentei não te julgar, te ver com bons olhos.


     Any engoliu em seco, sentindo sua garganta coçar. Ela queria chorar, mas segurava ao máximo, pois não queria se mostrar fraca. Contudo as palavras de seu pai lhe cortavam o peito como se fossem finas e afiadas navalhas.


- Explica para mim como é a sensação de ir pra cama com outra mulher. Eu não sei como pode achar que isso não é um problema.


E dessa vez não conseguiu comentar, abaixando a cabeça e deixando algumas lágrimas escorrerem.


- Se quiser ter algum relacionamento comigo, por favor, terá que aprender a ser uma mulher. Uma mulher de verdade, eu estou falando.


- Vai embora... – pediu com a voz fraca.


- É fácil me mandar embora, mas eu sou seu pai e sempre serei, você gostando ou não... e eu... não gosto de saber que tenho uma filha como você.


- Se me detesta tanto, por que queria me ver?


- Todo mundo tem uma segunda chance. Você pode se regenerar ainda.


- E você me deixou sozinha com minha mãe e acha que está certo em falar tudo isso!? – indagou, levantando-se do sofá, olhando com raiva para o homem que se mantinha sério – Quem precisa se regenerar aqui?


- Você é óbvio. Eu já me arrependi do que fiz no passado.


- Ah! Claro, e você se arrepende e fica tudo bem! – zombou.


- Você precisa de tratamento, Any. Não preciso nem te examinar. Um bom psicólogo e uma surra de cinto era mais que suficiente.


- Claro, e você vai ser o moralista que me espancará para ver se eu me regenero?


- Até poderia fazer isso se me pedisse, - tossiu – mas creio que precisa apanhar muito da vida para ver como tenho razão.


- Heimel, por favor, vá embora.


- Quer mesmo que eu vá embora?


- E você consegue ficar ao lado de uma pecadora como eu? – indagou provocante.


- Sim, claro que consigo. Infelizmente você tem esse problema, contudo ainda é minha filha. Claro que caiu na desgraça de ser assim, mas eu entendo.


- Ah é? Você entende?


- Sim. Você nunca teve um exemplo de masculinidade em casa, pois eu estava ausente, mas se quiser eu posso participar de sua vida.


Anahi cruzou os braços, tremendo ligeiramente. Ela estava com raiva do homem a sua frente e triste por ser vista tão mal por ele.


- Você saiu como um grande vilão de cinema agora. – Any começou, limpando algumas lágrimas que escorriam.


- É assim que você e suas amiguinhas problemáticas me vêem. Mas vamos perguntar para qualquer pessoa de bom senso, e veremos como eu tenho razão.


- Heimel...


- Sim?


- Pode ir embora?


     Heimel se levantou, soltando sua respiração, olhando para o semblante arrasado da sua filha. Ele ergueu a mão a fim de tocar o ombro de Any, entretanto a loira recuou um passo. O mais velho pegou seu casaco e foi até a porta, dando uma última olhada para trás, saindo. A loira correu até a porta e a trancou, depois se sentou no chão, ficando encostada à madeira, abraçou seus joelhos e começou a chorar. No seu íntimo sempre sonhou que seu pai era um homem forte, alegre e com um belo sorriso no rosto. Todavia era uma pessoa preconceituosa que não via a hora de tentar “regenerá-la”.


- “Como eu sou idiota, eu nem devia estar chorando. Ele não presta... mas... mas isso dói tanto. Ah... Dulce, eu queria que você estivesse aqui”. – pensou.


A loira se levantou e foi até seu celular, ligando para sua namorada que atendeu.


- Oi, Dull.


- Já terminou com Heimel?


- Sim... pode voltar logo?


- Any, você está chorando?


- Um pouco.


- Eu já estou saindo.


- Eu espero. Não demora, tá?


 - Eu já estou saindo. Até daqui a pouco.


       Any olhou para o aparelho, sentindo vontade de se teleportar para perto da sua namorada. Ela se sentou no sofá e ali ficou, chorando baixinho, amargurada com a vida.


O tempo passou e Anahi não estava mais sozinha. A porta se abriu e Dulce entrou, retirando sua jaqueta molhada e caminhando até o sofá, ajoelhando-se no chão, enquanto tocava na cabeça da sua namorada.


- Any... – a chamou – você está bem?


      A loira estendeu seu braço e tocou no rosto de Dulce, puxando para lhe beijar os lábios para depois se afastar. A karateca sentiu o gosto salgado das várias lágrimas que havia morrido na altura de seus lábios.


- O que aconteceu?


- Ele falou que eu era... problemática.


- Por quê?! – indagou com raiva.


- Porque eu sou lésbica pecadora e que eu sou idiota de ficar pensando que ele só quer meu dinheiro. E disse também que não é comprável. - desabafou – Eu me senti um lixo.


- Mas não deveria! Ele é um idiota, se eu o pegar na rua, eu vou...


- Não vai fazer nada. – a interrompeu.


     Dulce ficou olhando para aquele semblante triste e puxou o corpo da sua namorada, ajudando-a se levantar, contudo antes que Any colocasse os pés no chão, Dulce a pegou no colo e o colocou na cama do quarto.


- Pegue um remédio para dor cabeça, por favor. – Any pediu


- Quer mais alguma coisa? Está com fome?


- Só o remédio, Dulce.


      Dulce saiu do quarto, juntado um sapato que estava a sua frente, desejando sair e encontrar o homem que estava tornando sua vida com Any tão melancólica.


 - “Ah, Heimel... passe na minha frente que eu vou mostrar como é uma problemática furiosa!” – pensou Dulce


 


OoO


 


Continua...


 


 



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Autor(a): lunaticas

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     Anahi bebeu o remédio e deitou sua cabeça no travesseiro, fechando suas pálpebras, recordando-se das palavras frias de seu pai. Aliás, o que podia fazer? Heimel a discriminava por ser homossexual e isso veio de sua criação. Contudo, não podia aceitar aquilo.     Dulce foi engatinhando at&eacu ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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