Fanfics Brasil - Capítulo- 12 Encontros Noturnos Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo- 12 Encontros Noturnos

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     Anahi bebeu o remédio e deitou sua cabeça no travesseiro, fechando suas pálpebras, recordando-se das palavras frias de seu pai. Aliás, o que podia fazer? Heimel a discriminava por ser homossexual e isso veio de sua criação. Contudo, não podia aceitar aquilo.
     Dulce foi engatinhando até sua namorada, puxando seu ombro para que Any deitasse de barriga para cima e assim poder olhar para seu rosto marcado pelas lágrimas. Aquela situação era difícil.


- Eu vou espancar aquele idiota! – vociferou.


- Não, vai não.


     Bufou ao ver o olhar reprovador de Anahi. Dulce acariciou seu rosto, alisando, inclinou-se e beijou seus lábios inserindo sua língua naquela boca que tanto desejava. E então percebeu que fazia tempo que não se beijavam ou se tocavam. As pernas de Dulce se moveram, ficando lado a lado do corpo de Anahi sem desfazer o beijo que começava a ficar mais quente.


- Ah, Any, eu estava com saudade do seu corpo. – confessou.


- Eu também, - sorriu – eu estou chata ultimamente, desculpe-me.


- Concordo, - riu baixinho – mas eu te entendo e gosto de você do mesmo jeito. Eu faço muita burrada também.


- Não, Dulce. Você não fez nada de errado, eu que faço besteira.


- “Ah! Any, perdão, mas não posso te contar o que eu fiz”.


- Dulce, eu queria sair um pouco.


- Mesmo?! Você está bem para isso?


- Sim, eu quero sair. – sorriu, beijando a bochecha da karateca – Vamos a um barzinho ou qualquer outro lugar.


 A animação de Dulce voltou, ela se levantou, puxou Any pela mão a levando até o armário para se vestirem.


- Hei, por que não usa essa blusinha que eu te dei? – indagou a karateca.


     Any olhou para a blusa verde musgo que tinha alguns desenhos estilo grafiti na barra e torceu o nariz levemente, não gostava de estampas e cores muito vivas.


- Por que vive de luto?


- Eu não vivo de luto. – resmungou.


     Viu o olhar cabisbaixo de Dulce e resolveu agradá-la, pegou a blusa verde e a vestiu. A karateca sorriu, estranhando ver alguma cor no corpo da sua namorada. Anahi ajeitou seu colar de prata e o colocou para fora, deixando à vista as letras AD fundidas no metal.


- Eu preciso dar alguma coisa assim para você também. – comentou.


- Ah, não precisa.


- Eu faço questão. Aliás, Dulce... eu estava pensando. O que acha de aliança?


     A karateca não respondeu, ela mesma já havia pensado nisso antes, contudo não teve a coragem de falar isso com sua namorada. Afinal Anahi era um pouco rebelde demais e talvez se sentisse presa a esse tipo de objeto.


- Vamos falar no barzinho sobre isso.


     Anahi concordou e elas saíram. A chuva havia parado finalmente e o porsche preto passeava pelas ruas estreitas e recheadas de bares, Any acabou escolhendo um e Dulce estacionou. O casal entrou no lugar que tinha uma iluminação amarelada. As mesas redondas de madeiras e as cadeiras antigas os convidaram a se sentar, ficando próximo à janela, pois Dulce já puxava uma unidade de seu cigarro, estava com saudade de sua nicotina. Pediram uma porção e cerveja e se acomodaram.


- Ah, quando vai parar de fumar? – Any indagou, batendo a mão no ar para afastar a fumaça que se aproximava.


- Eu estou tentando, você sabe que não é fácil.


- E o que você acha sobre alianças? – indagou de repente.


- Você quer usar? – indagou, erguendo uma das sobrancelhas, soltando a fumaça de seu cigarro.


Any balançou a cabeça positivamente e tocou na mão da sua namorada, alisando-a com os dedos.


- Eu também quero. Vamos procurar alguma coisa amanhã mesmo.


- Que mulher rápida! – riu baixinho.


- Eu sempre faço o que você quer.


- Hum... mesmo? Qualquer coisa?


- Claro que sim.


- Hum... Eu posso fazer um pedido então?


- Por você estar tão deprimida esses dias, eu faço o que você quiser.


- Então eu quero repetir aquela noite.


- Que noite? – indagou sem entender.


- Hum... você não lembra? No Saint Rosre, no seu quarto especial... Depois do banho... lembrou?


     Dulce ficou estática. Ah! Sim, como podia esquecer-se daquela noite? Havia adorado ser tocada por Anahi daquele jeito, contudo nunca sentiu vontade de repetir a dose, pois se contentava em possuir a loira.


- Ahhh... Menos isso.


- Por quê?


Não sabia o que responder. Talvez dissesse que não havia gostado, porém isso desanimaria sua namorada.


 – Você não gostou de mim fazendo com você? – indagou insegura.


– Não, não é isso. – sorriu nervosa, tragando o cigarro – Apenas prefiro ficar na minha posição mesmo.


      Anahi ia retrucar, entretanto se calou ao ouvir um grito que vinha da calçada, ela olhou para o lado e viu uma garota se aproximando, acenando para a karateca que tossiu levemente. Era Amanda que se aproximava.


– Quem é? – Anahi indagou.


– É... a Amanda. – respondeu – “Deuses! E ela está bêbada!” – constatou em pensamento em seguida.


      Amanda entrou no barzinho e caminhou pela lateral, chegando até o casal que a encarava. Anahi tinha um leve sorriso nos lábios, olhando para a nova amiga de Dulce.


 – Ah, cara. Como você ta? Você saiu correndo do meu apartamento!


 – Eu tive que sair. – Dulce respondeu.


 Amanda olhou para Anahi, abrindo um largo sorriso e estendendo sua mão para lhe cumprimentar.


 – Você deve ser a Anahi.


 – Sim, prazer.


 – Dulce fala muito sobre você.


 – Eu espero que sejam coisas boas. – comentou bem humorada, olhando de soslaio para a sua namorada.


 – Ah! Sim... sim. Somente coisas boas. Eu posso me sentar aqui?


 – Claro. – Anahi respondeu rapidamente, antes que Dulce pudesse se pronunciar.


      Amanda não se fez de rogada, puxou uma cadeira e sentou ao lado de Dulce que queria queimar seu cigarro no rosto de Amanda e chutá-la para fora dali. O trio conversava casualmente, a todo instante Dulce dava indiretas para Amanda ir embora, entretanto esta não prestou atenção aos olhares mortais de Dulce, dando mais atenção a Any que era bastante simpática. A noite foi passando e elas estavam na nona garrafa de cerveja. Any já estava um pouco mole, pois nunca foi forte para a bebida e por causa de sua glicemia ela acabava ficando com a pressão baixa. Dulce estava atenta às coisas e Amanda ria e falava alto. De repente o assunto que veio para conversarem foi sexo e aquilo arrepiou os pêlos de Dulce.


- É muito bom mesmo fazer sexo! – comentou Amanda – Com homens e mulheres!


- Ah, verdade. – Any comentou, passando a mão por sua franja, jogando-a para trás.


- Any, você é completamente passiva, não?


     A loira gaguejou e tossiu levemente, ficando com as faces vermelhas. Ela não tinha vontade de falar sobre sua vida sexual abertamente, mas a amiga de Dulce era descontraída e falava um monte de besteiras seguidas de milhares de palavrões.


- Dulce é um monstro na cama mesmo.


- Ah... Como sabe disso? – Any indagou.


     Dulce perdeu todo seu ar naquele momento, não conseguindo mover um músculo sequer de sua face, desejando aos deuses que Amanda tivesse uma resposta para responder aquela pergunta.


- Já a viu lutando? Ela é um monstro!


     Any riu baixinho com aquele comentário. Dulce escorregou na cadeira, sentindo suas costas suarem, ela chutou Amanda que gritou e pediu para que Dulce parasse de agredi-la. Como ela podia ser tão estúpida?


- Dulce, não seja grossa. – Any falou com uma voz arrastada.


- Você está bêbada, Any. Vamos para casa. – Dulce falou, erguendo a mão e pedindo a conta para o garçom.


- Eu queria ficar mais, estou me divertindo. – resmungou.


- Eu vou levá-la para outro lugar.


- Um motel? – Amanda indagou, interrompendo a conversa do casal.


Any voltou a ficar vermelha e Dulce pisou no pé de Amanda.


- Você já estava bêbada quando veio para cá. Não é mesmo?


- Sim, você é bem atenta, Dulce... você é uma amigona. Eu te adoro! – falou, passando a mão pelos ombros de Dulce – E você não pode sumir da minha vida, pow. Temos que repetir a dose!


     Any ergueu uma das sobrancelhas não gostando de ver sua namorada sendo abraçada por uma desconhecida. Mas repetir a “dose” foi algo que entrou na cabeça de Any.


- Que dose? – indagou Any.


- De sairmos para beber... oras! – soluçou, respondendo a pergunta da loira, dando um animado tapa na mesa.


- Ah, sim. – Any sorriu amarelo.


     A conta chegou e Dulce tinha que ir até o balcão pagar, entretanto não queria deixar Amanda e Anahi sozinhas, contudo não tinha como arrastar Anahi, pois ela estava bêbada e com certeza Amanda não ia querer acompanhá-la.


- Eu vou pagar a conta, – Dulce falou em voz alta – quer ir comigo, Any?


- Não. – respondeu, passando a mão por suas pálpebras.


- E você?


- Também não,Dulce! – respondeu Amanda.


     Dulce suspirou e se afastou olhando a todo instante para a mesa, procurando ver as feições de Any e Amanda. Na mesa, Amanda estava falando alguma coisa sobre o mundo e Any apenas ouvia, desejando ir logo para casa, pois não se agüentava mais naquela mesa, precisava dormir. Minutos depois Dulce se aproximou, puxando Any pelo braço.


- Nós vamos indo agora.


- Ah, Dulce. Me dá uma carona, vai! – Amanda pediu.


- “Eu te odeio!” – Dulce pensou – Volte com suas pernas!


- Ah, Dulce. Não seja tão chata, olhe o estado dela. – Any falou.


- “Ah, Any! Eu também odeio esse seu lado de boa samaritana”.


      Dulce a contra gosto empurrou Amanda até o carro, jogando-a sem nenhuma delicadeza no banco de trás do carro. Any se sentou à frente e colocou seu cinto, encostando a cabeça no banco de couro. E o porsche saiu daquela rua, indo rapidamente até a casa de Amanda.


- Está em casa! Pode sair! – disse Dulce, puxando uma unidade de seu cigarro, começando a fumar.


- Brigadão! Vocês duas são um casal lindo e...


- Chega! Eu já sei, agora vai saindo.


     Amanda resmungou alguma coisa e saiu meio cambaleante do carro, Any nem teve tempo de se despedir, pois Dulce pisou no acelerador e saiu dali antes que sua amiga pudesse dizer algo que a denunciasse.


- “Deuses, como eu me sinto culpada. Any vai descobrir algum dia pelo jeito. O que será que ela vai fazer? Será que vai terminar comigo?” – pensava aflita, olhando de soslaio para a loira, que apenas observava a noite em silêncio.


- Any...


- Hum?


- Sobre traição. O que você faria se eu te traísse?


- Ah, Dul. Por favor, não venha reclamar sobre isso, você já me perdôo. Eu me sinto um lixo até hoje, pare de me torturar! – exclamou, olhando para sua namorada com misericórdia.


Dulce suspirou. Certo! Não seria muito fácil entrar nesse assunto, mas ela precisava saber.


- Mas eu estou falando se eu te traísse. Se eu... vejamos... por acaso... hum... dormisse com outra mulher ou um homem.


Any riu baixinho ao imaginar Dulce com um homem e não respondeu, fechando os olhos, sentindo o sono lhe levar.


- Any?!


- Hum?


- Você não respondeu. – avisou.


- Ah, Dulce. Sei lá, eu sou muito impulsiva. Talvez eu perdoasse ou talvez desse na sua cara e terminasse. Não sei!


- “Previsível.” – pensou com tristeza – “Any é bem imprevisível mesmo, nem ela sabe o que faria. Mas a conhecendo bem, eu acho que ela daria na minha cara, choraria e depois iria embora”.


     O carro continuou seu percurso pela rua escura. O casal trocava poucas palavras, enquanto ouviam uma música baixa e romântica que começou a tocar na rádio.


- Dulce, espere! – Any falou de repente.


- O que foi? – indagou, pisando no freio do carro com suavidade, andando lentamente.


- Eu acho que vi a Hudi. Pare, pare! – pediu, já soltando seu cinto de segurança.


     Dulce revirou os olhos e parou o carro. Será que não podia ter um momento de paz com sua namorada? Queria levá-la para casa e terminar a noite fazendo amor, entretanto seus planos estavam sendo destruídos desde que Any desejou sair para passear. A loira saiu do carro e bateu a porta com força, arrepiando os pêlos de Dulce que tinha um carinho especial pelo seu carro. Any caminhou pela calçada com velocidade, apesar da forte tontura que sentia. 


- Hudi! – chamou.


     E uma garota de longos cabelos cor de fogo virou-se ao ouvir o chamado, abrindo um largo sorriso para Any que se aproximava vitoriosa. Sim, era sua amiga.


- Any! Há quanto tempo! – exclamou, indo de encontro a Any, abraçando-a.


- Como você está?


- Muito bem. Estou me adaptando a essa cidade ainda. Nossa! Aqui é muito barulhento, e achar um apartamento foi muito difícil! – disse.


     E era a mesma Hudi, sempre reclamando, movimentando os braços, fazendo caras e bocas quando falava sobre um determinado assunto. Contudo a sombra que estava ao seu lado era seu oposto. E ali estava Miles, trajando roupas escuras, olhando para Any com sua impassibilidade de sempre.


- Olá, Miles. Como vai? – Any indagou, estendendo a mão que foi devidamente apertada por Miles num cumprimento casual.


- Eu vou bem. – respondeu seco.


- Seja mais educada! – Hudi pediu, dando um tapa no braço da maior, que apenas a olhou com serenidade.


- Como vai? – indagou Miles.


     Any riu baixinho, não se contendo. As duas pareciam marido e mulher, e a Hudi seria a mulher no caso. Sempre reclamando, exigindo alguma coisa do seu parceiro. Típico das mulheres! Mudar os homens.


- Onde vocês estavam?


- Viajando. Tiramos férias! – Hudi falou – Fomos ao Brasil no final de ano. Foi muito bom. Ótimas praias, povo alegre, comida...


     E Hudi começou a falar e falar, gesticulando os braços, fazendo algumas piadas, rindo baixinho com Any. Um tempo se passou e Dulce se aproximou com um olhar impassível, cumprimentando o casal com um aperto leve de mãos e se pondo ao lado de Any. No final, o quarteto concordou em entrar em um barzinho para começarem a conversar e aquilo foi o fim para Dulce, que a contragosto acabou concordando. Afinal, Any estava feliz, rindo e comentando algumas coisas e essa era a intenção, que a loira esquecesse um pouco de seus problemas. Miles e Dulce ficaram em silêncio na mesa, algumas vezes Dulce falava alguma coisa, contudo Miles apenas observava o diálogo.


- Não é mesmo, Miles? – Hudi indagou de repente, dando um tapa na namorada.


- Sim. – respondeu.


- “Como essa Miles agüenta uma matraca dessa?” – Dulce indagou em pensamento – “Se Any falasse metade do que essa garota fala, eu nunca teria ficado com ela”.


      E o assunto continuou durante um longo tempo e agora quem desejava dormir naquela mesa era Dulce, que suspeitava que Miles também estivesse desejando desmaiar ali.


 


OoO


     E naquela noite cheia de encontros entre Dulce e Any, a situação de outros indivíduos não era diferente. Em um bar, lá estava Carei com seu novo namorado.A mais nova dos Honoi estava com um semblante sério, demasiada triste para falar a verdade. Sua franja loira caía por seus olhos esverdeados que transmitiam decepção e infelicidade, seus lábios rosados moviam-se para falar alguma coisa, mas a todo instante era interrompida pela voz de Léo. Ele estava terminando o recente namoro. Por quê? Ele não respondia claramente. Apenas dizia que o problema era ele e que Carei era perfeita, portanto não devia se preocupar. Mesmo assim a loirinha não estava satisfeita, contudo não podia pedir mais nada.
     E o garoto se ergueu, aproximou-se e a beijou na bochecha despedindo-se. E agora ela estava ali, sozinha naquela mesa de bar, olhando para a garrafa vazia de cerveja. Desde quando começou a beber cerveja? Havia amadurecido um pouco e acabou rindo sozinha com seu pensamento.


- “Melhor sair daqui. Já estão olhando para mim.” – pensou, pedindo a conta, que veio logo. Assim deixou o dinheiro na mesa e saiu, vagando pela rua lentamente.


     O vento noturno batia contra suas roupas, arrastando-as para os lados, desarrumando todo seu figurino. Para quê ficar arrumada? Pensou com desânimo. Não tinha nenhum namorado. Entrou em uma loja de conveniência e ali ficou vendo alguns produtos sem a necessidade de comprá-los, apenas queria distrair sua mente com alguma coisa. De repente estava em uma área de livros.


- “Livros numa loja de conveniência? Que surpresa!”.


      Começou a ver alguns de ficção científica, depois mexeu na parte de quadrinhos, procurando alguma edição nova do “Homem Aranha” que ainda não tinha. Estava distraída, lendo em silêncio, ajoelhado no piso frio daquela loja.


- Carei?


A loirinha ergueu sua cabeça e encontrou um par de esmeraldas que a encaravam com certa surpresa.


- Viviane, como vai? – indagou a loirinha, erguendo-se e estendendo a mão até a ex-namorada de Anahi.


- Bem e você?


- Bem. – respondeu seco.


- O que faz aqui há essa hora? – indagou.


- Estava apenas passando. – respondeu.


- Sozinha há essa hora? – indagou, rindo baixinho – Vejamos... Você está com uma cara péssima.


     Viviane era direta e Carei havia notado isso quando foi visitar Any na sua casa, entretanto nunca pensou que ela pudesse ser tão indelicada. 


- Eu vou tomar um café. Quer me acompanhar? – indagou a jovem escritora.


- Sim. – respondeu lentamente, como se ainda não estivesse acreditando naquele encontro. Era para ficar sozinha naquela noite, remoendo-se.


     Viviane sorriu e virou suas costas, indo até o balcão pagar algumas coisas que havia comprado, depois chamou Carei pela mão até a rua, onde seu carro estava estacionado. Era um carro esporte preto, nada chamativo, Carei acabou entrando em silêncio.


- E como está Any?


- Sei lá. Ela está com aquele cao de guarda. – respondeu, ligando o carro e saindo dali.


Ela saiu de sua casa? – indagou, rindo baixinho ao ver que a outra também não gostava de Dulce.


- Sim. – respondeu.


- Ela está bem?


- Não sei, ligue para ela e pergunte. Afinal, Carei, eu fico curiosa no seu interesse na Any – falou.


- In... interesse?


     Viviane riu alto ao ouvir aquela voz gaguejando, transmitindo insegurança. Ela passou a mão por seus longos cabelos negros e parou na frente de uma loja de café que gostava de ficar nas suas madrugadas de insônia.


- É aqui. Vamos?


     Elas saíram do carro. Carei olhou para o estabelecimento, gostando do cheiro forte dos grãos de café e do chocolate que vinha dos bolos. Elas se sentaram numa mesa redonda de mogno escuro e ali foram recebidas por uma atendente. Fizeram seus pedidos e voltaram a se encarar.


- E você gosta muito da Any mesmo. Eu fiquei na dúvida sobre isso.


- Como... como assim? – indagou, ficando com as faces rosadas.


- Admita você gosta dela. Sorriu maliciosa.


- Claro que eu gosto dela. Falou rapidamente – Porém não do jeito que pensa.


     Viviane soltou um gemido, mostrando sua suspeita, como se não concordasse ou mesmo acreditasse naquelas palavras, naquele olhar desesperado e faces rosadas.


- Você gosta de mulheres.


- Não, gosto!


- Claro que gosta, está evidente. Eu reconheço uma lésbica à distância e você é uma enrustida. – suspirou – Não falo para te ofender, porém me incomoda ver alguém que não se aceita. Eu estou escrevendo um livro sobre isso, e meu personagem é muito parecido com você.


- Eu não sou um personagem de livro. – disse com irritação. Será que ninguém pararia de enchê-la com esse assunto?


- Não é mesmo, eu não disse que era. Contudo é o mesmo caso do meu personagem. – falou casualmente.


- A Any... ela... ela comentou que acha... que eu sou? – indagou insegura.


Viviane sorriu docilmente para aquela criança que estava a sua frente.


- Não, a Any é muito distraída. Ela sempre foi muito desligada, nem sequer pensa nisso. Não se preocupe, e ela não ia te odiar se soubesse a verdade.


     Carei abaixou a cabeça, sentindo seu coração acelerar. Ela mesma não se entendia, não se aceitava, não se permitia ver o que realmente era ou apenas não queria saber a verdade. Conversar sobre esse assunto sempre foi um tabu na sua vida. Sempre correu quando Amín ou Aziel vinham conversar sobre sexualidade, sempre as xingou e se afastou, tendo pensamentos heterossexuais, procurando amigos heterossexuais. Contudo, agora que estava longe do Saint Rosre, ela podia achar pessoas heterossexuais e o que lhe surpreendeu era que as garotas de sua idade - as heterossexuais - eram completamente diferentes dela.
      No fundo se viu melhor com suas irmãs, com Any, com as antigas garotas do colégio. Acabava por se identificar melhor com elas. A loirinha não gostava de “molecagem”, como as garotas de sua idade gostavam. Também não pensava somente em homens e suas partes íntimas, desejando pegá-los apenas para se satisfazer sexualmente. Ela gostava de conversar com eles, e isso era um problema, pelo menos achou que sim.


- Eu não sou...


- Não termine essa frase. – pediu a escritora, interrompendo-a – É difícil aceitar mesmo algo que você não queira. Sabe, quando eu era pequena eu desejava ser desenhista.


Carei ergueu sua cabeça, prestando a atenção nas palavras da outra.


 - Eu tentava desenhar e desenhar, até minha adolescência e nunca ficava bom. Mesmo que eu fizesse cursos, eu nunca fazia coisas boas, pois eu não nasci com o... digamos “dom” de desenhar. Entende?


- Sim... e então resolveu escrever?


- Não, no começo eu não quis acreditar. Pois eu sempre li coisas sobre sonhos, superação, etc., então eu tentava, tentava, mas... não servia mesmo para aquilo.


- E você fala que sua frustração por não conseguir desenhar é a mesma frustração que você acha que eu tenho?


- Eu não acho, eu tenho certeza. Você desejaria gostar de homem, eu entendo, acho que todo homossexual queria não ser discriminado. Vamos, Carei! Quem gosta de ser diferente e discriminado? Quem gosta de ser apontado na rua? Alvo de preconceito e tristeza familiar?


- Ninguém deve gostar. – respondeu rapidamente – Any uma vez falou isso para mim


- Acho que muitos pensamos assim. Seria tudo mais fácil se vivêssemos no círculo comum da vida, seguindo as regras da sociedade, - sorriu – procriação, homem com mulher e um filho lindo nos braços. Essa seria a vida certa, mas estamos rompendo isso.


- Vocês devem...


- Nós, Carei, nós. Você é tão igual a mim que me dá pena! – riu alto – Você não se aceita.


A loirinha ia falar algo, contudo a atendente se aproximou com os pedidos, colocando duas xícaras na mesa, junto com alguns biscoitos de chocolate, depois se afastou.


- Tome seu capuccino. – falou Viviane – Não quero te ofender ou te deixar desconfortável. Se você se ofende ou se sente assim, isso significa que o que eu falo é verdade.


     Carei não respondeu, bebendo do líquido quente, apreciando seu sabor em silêncio. Sua mente estava um caos, ela sentia vontade de chorar e desabafar sobre sua vida pessoal com Viviane, mas a insegurança ainda a impedia.


 - Any é apaixonante mesmo. Muito bonita, ela já foi convidada para ser modelo quando éramos menores, mas a mãe dela quase teve um ataque ao imaginar sua filha longe dela, - começou a falar com um sorriso nostálgico nos lábios – ela é bondosa, divertida e viver com ela é... muito bom. Eu entendo o que você pode sentir, pois eu me senti assim por anos.


- Ainda gosta dela? – indagou.


- Um pouco, mas nada que me faça mover montanhas. – confessou – Se ela quisesse ficar comigo, talvez eu ficasse.


- Talvez?


- Sim, Carei. Eu estou querendo buscar uma nova companheira, uma pessoa que seja somente minha. Entende? Any já é de outra pessoa.


- Sim, eu estava procurando também.


- E achou?


- Eu pensei que sim, mas ele terminou comigo hoje.


- Mesmo? – indagou com surpresa, parando a xícara na altura de seus lábios sem beber – Você deve estar chateada. Afinal, ninguém gosta de ser rejeitado.


- Sim, eu estou chateada. E ele não me disse o motivo, apenas disse que queria acabar.


- O motivo é óbvio. Ele não gosta mais de você. Acho que todos deviam entender as coisas desse jeito, pois quem gosta, mesmo que seja tratado feito cachorro, acaba continuando com a pessoa. – comentou – Eu penso assim, se não quer mais ficar é porque não gosta mais e ponto final, pode ter um motivo a mais, mas o principal é esse.


- Eu concordo.


- Mesmo?


- Sim. Se ele gostasse de mim, talvez tentasse arrumar o defeito que tenha visto em mim, mas se ele não fez isso ou então me deu uma segunda chance, talvez ele tenha desgostado de mim.


- Exatamente! E não é que você pensa? – riu alto.


- Isso não teve graça.


- Eu sei, eu sei. – continuou a rir.


- Ainda não tem graça.


- Perdão, mas você é divertida. Logo vai achar outra pessoa, mas eu acho que você atrai mais olhares femininos do que masculinos.


- Ah, fala sério!


- Verdade, se você notar. Quando você anda pelos lugares, o seu público favorito são as mulheres, só que você é distraída demais. Se notasse, a atendente ficou babando em você, - riu alto – e quando entramos aqui, um casal de lésbicas olharam para você e depois se entreolharam com um sorriso malicioso. Talvez elas pudessem te convidar para fazer um sexo a três.


     Carei ficou vermelha, ela olhou de canto para o balcão e viu que a mulher que as atendeu a olhou de relance e lhe lançou um sorriso discreto. A loirinha logo moveu sua cabeça novamente, sentindo seu coração acelerar. Aquilo não podia ser verdade! O que Viviane era afinal? Um gênio com uma bola de crista? Como podia saber mais sobre ela, do que ela mesma sabia?
Elas terminaram de tomar o café falando sobre sexualidade e relacionamentos.


- Eu pago, eu te convidei. – falou Viviane ao ver que Carei fez a menção de tocar na sua carteira. A jovem escritora se ergueu e foi até o caixa, pagando a conta.


     Carei já caminhou até a saída, olhando para o céu escuro e a fina garoa que começava a cair. Viviane parou ao seu lado, soltando um longo suspiro.


- Vamos nos molhar um pouco. – disse – Você está de carro por acaso?


- Não tirei minha carta.


- Por quê?


- Eu tenho dezessete anos ainda.


- Mas... você não estudou com a Any?


- Eu sou um ano adiantada. – sorriu.


- Nossa! Eu estou surpresa. E quando faz dezoito anos?


- Dia vinte de fevereiro, – respondeu – Fiz dezessete agora pouco.


- Estou pasma!


     Carei riu baixinho. Sim, ela era muito mais nova do que a maioria pensava, pois entrou na escola adiantada e ainda pulou um ano. Enquanto a maioria dos alunos tinha dezoito anos na faculdade, Carei tinha seus dezessete e só faria anos novamente no ano seguinte.


- Uma criança ainda. – riu baixinho – Venha, eu te ajudo a sair dessa noite chuvosa.


     E a dupla correu até o carro, entrando rapidamente. Todavia a chuva não estava tão intensa para que se molhassem agora elas estavam sentadas no carro, ofegantes.


- Você é bem interessante, Carei. Só sinto que você é muito insegura e precisa mudar esse seu visual de Nerd.


- Hã!?!


     Viviane sorriu, virando seu corpo na direção da menor, tocando levemente numa mecha loura que estava úmida, olhando para os olhos arregalados de Carei. A jovem escritora puxou o seu queixo que tremia ligeiramente e não era de frio, mas sim de nervoso.


- Não precisa ter medo de admitir. – Viviane sussurrou próximo aos seus lábios.


      Carei fechou os olhos e engoliu em seco quando sentiu os lábios macios tocarem os seus, pressionando levemente sua cabeça contra a de Viviane. Quando a jovem escritora abriu os lábios, o coração de Carei engatou em uma batida frenética e dali não saiu mais. Suava frio, tremia e sua mente estava cheia de dúvidas. E quando a língua quente invadiu sua boca, seu corpo pareceu desligar, parou de pensar e sua tremedeira passou assim como seu suor. Aquele toque cálido a tranqüilizou finalmente. A cabeça foi puxada para o lado para acertar o beijo. Viviane começou a mover sua língua lentamente, esfregando-se na língua de Carei, passando por seu céu da boca, por debaixo da língua, correndo pelas laterais, para depois mordiscar seu lábio, chupando-o com doçura. Não queria assustá-la com um beijo brusco, aquela garota que parecia que ia se quebrar a qualquer momento. O beijo terminou, Viviane voltou ao seu assento com um sorriso vitorioso, encarando Carei que estava com os olhos abertos, olhando-a com confusão, desespero e estranhamente, com certa paz.


- Eu... – falou baixinho, sentindo algumas lágrimas caírem por seu rosto – eu... não entendo porque você fez isso.


- Porque me interessei por você e também não gosto de ver garotas bonitinhas perdidas no meio da noite. – respondeu, voltando a tocar na cabeça da menor.


- Eu... estou... confusa. – falou com segurança dessa vez, finalmente admitindo para ela mesmo que não sabia mais o que pensar.


- Claro, eu sei que está. Mas logo essa confusão irá passar e você vai ver a verdade. – disse docilmente, com tranqüilidade, como se estivesse a aconselhar uma criança.


- Eu vou para casa. – falou, tocando na maçaneta interna da porta.
Viviane puxou sua mão rapidamente e disse:


- Não vou deixar uma garotinha perdida na noite, eu já disse. Depois você vai para casa, pois eu acho que você precisa... de carinho agora.


     Viviane sorriu e voltou a beijar aqueles lábios rosados, sentindo o gosto salgado das lágrimas que morriam no tépido sabor de suas línguas.


 


OoO


 


     E no meio daquela noite chuvosa, caminhando com a cabeça baixa estava Kirias, pensando na sua vida amorosa. E finalmente havia se decidido, o tempo de tristeza e indecisão havia acabado finalmente. Precisava de alguém, sim. E alguém que fosse somente dela! Não conseguia ao certo entender o motivo de não conseguir ficar somente com Madona. Por que a morena não conseguia fazê-la se esquecer da sua irmã menor? Não conseguia entender isso, mas talvez o problema não fosse somente Kirias e sim sua parceira também. Era difícil que gostasse de alguém, mas finalmente estava gostado e estava sendo mais difícil para ela aceitar isso do que sua irmã menor. Alexia já havia superado a separação e agora seguia com sua vida, enquanto a mais velha estava presa aos sentimentos passados. Pegou o celular que estava no bolso de sua calça e começou a discar o número que estava na sua cabeça. Alguns segundos e ouviu a voz de quem desejava.


- Sou, eu, Kirias. – falou.


- O que você quer agora?


- Madona, eu sou complicada.


- Não diga! Acho que já falamos tudo uma para a outra.


- Eu quero você.


- Não quer, não.


- Eu quero sim. Eu pensei muito.


- Você sempre pensa muito e não faz nada certo.


- Você está rebelde. – riu baixinho – Eu quero ficar com você. 


- Mesmo?


- Claro, e eu sei que você também. Eu estava pensando em como podíamos ficar mais tempo juntas.


- Já está se adiantando, Kirias.


- Por que não estuda em um colégio dessa cidade, como minha irmã.


- Quer que eu estude com sua irmã?


- Não, não precisa ser com ela, mas tanto faz. Acho que nós três estamos resolvidas agora.


- Você quer que eu saia do Saint Rosre e vá estudar numa escola da sua cidade. Quer mais alguma coisa?


- Sim, que você pare com esse cinismo irritante que está me deixando puta.


- Claro. E por que acha que meu pai ia aceitar isso?


- Porque você vai pedir para ele, oras. Você me disse que seu pai sempre tentou te agradar com tudo, então esse é um bom momento para ser uma filha mimada e birrenta.


- Kirias, você é louca.


- Eu sei. Faça isso logo ou eu vou te seqüestrar.


A risada de Madona foi ouvida através do aparelho.


 - Kirias, Kirias, você e seu jeito estranho.


- Eu vou ligar amanhã à tarde. Ligue agora para seu pai.


- Agora?!


- Sim, ligue chorosa falando que não gosta do colégio e quer ficar nessa cidade, pois conhece pessoas que te entendem. Sei lá, inventa.


- Você ficou o tempo todo pensando nisso? Do nada não quer mais sua irmã?


- Não, eu não quero minha irmã. Não mais... não depois do que pensei, depois do que admiti para mim mesma.


- Kirias, não me magoe.


- Eu não vou mais fazer isso. E agora cansei de falar sobre esse assunto, eu já dei um ponto final.


- Você dá o ponto final e acha que eu tenho que dar também?


- Óbvio que sim.


- Por quê?


- Porque você é minha namorada e ponto final e eu quero você do meu lado. Agora pare de ficar me tratando com esse cinismo, só porque estamos distantes e faça logo o que eu sugeri. Vamos dar um fim nessa questão.


- Hum... você está brava agora.


- Sim, claro que eu estou. Agora vou desligar, meus créditos estão acabando. Apenas faça o que mandei.


- Ah, Kirias, eu...


- Vou desligar. Amanhã eu te ligo. Boa noite.


- Boa noite.


      Kirias olhou para seu aparelho, vendo que seus créditos haviam terminado. Ela suspirou e ergueu sua cabeça, sentindo as gotas frias baterem contra seu rosto, e finalmente sorriu, exibindo seus dentes brancos, sentindo-se finalmente livre do peso que carregava em seu peito. Ela era confusa, admitia. Egoísta, isso era evidente, entretanto não fazia isso porque gostava, mas sim porque era uma pessoa de pensamentos confusos. Todavia estava resolvido e só de tomar essa atitude seu peito estava mais leve. Seus braços foram esticados e ela rodou algumas vezes naquela calçada fria, como se fosse uma louca drogada. As pessoas se desviavam da loura de moicano, temendo que fossem atacadas, mas Kirias não ligava, não olhava para os lados. E quando a tontura forte a atingiu, ela parou de rodar e voltou a andar meio cambaleante, passando a mão por seu cabelo, rindo baixinho. E ficou rondando as calçadas dos barzinhos, caminhando sem destino, rindo sozinha, todavia parou ao encontrar um casal sentado num bar. Aquela era uma noite de encontros, talvez uma noite de entendimentos pessoais. Quem sabe aquela chuva era uma benção divina que estava a limpar os pensamentos obscuros, revelando as respostas ocultas. Parecia uma noite mística. Era sua irmã menor, ela havia dado a desculpa que ia dormir na casa de uma amiga para fazer um trabalho de escola, mas agora ela estava ali, sentada naquela mesa de bar com sua atual namorada, que por acaso era uma das pessoas que mais detestava. Porém, Alexia sorria e aquela felicidade era para Aziel. Kirias encostou-se num poste e cruzou os braços, ficando a observar o casal, vendo como se acariciavam, se beijavam sem nenhum pudor e depois voltavam a conversar no ouvido da outra, rindo baixinho. Um casal perfeito de namoradas! Aquilo a incomodava, mas sua decisão de minutos atrás a fazia não ter raiva daquilo. Não tinha raiva de Alexia e da sua decisão, talvez sentisse raiva da parceira que ela escolheu, mas uma coisa era certa: agora poderiam seguir suas vidas em paz. Ainda seriam irmãs, mesmo namorando outras pessoas, morando em cidades diferentes, tendo rumos diferentes. Nada poderia separar o sangue. E aquilo tranqüilizava Kirias. Afinal, sempre seria ligada a Alexia e ria baixinho, sozinha, pensando em como sua vida estava fugindo do controle. Quando menos, ela havia estipulado todas suas metas, mas agora estava sem nenhum plano, não tinha consciência do futuro e por isso o presente era tão tortuoso.


- “Viver é muito difícil.” – pensou, desencostando-se do poste, voltando a caminhar pela rua fria e chuvosa, sentindo algumas lágrimas começarem a escorrer pela sua bela face.


     Não eram lágrimas de tristeza. Afinal, quem entenderia aquela louca? Talvez lágrimas de felicidade ou então de liberdade. Mas o importante é que se sentia livre para agir.


- “Alguém só para mim, eu já tenho. Agora só preciso prendê-la aos meus braços. Ah eu estava sendo tão cega. Eu estava sendo patética, isso é tão cômico. Ah... eu preciso ser menos sentimental.” – concluiu seu pensamento com um sorriso malicioso nos lábios – “preciso voltar a ser como antes. Talvez já tenha acordado desse pesadelo que criei”.


     E para completar aquela noite de encontros, mais à frente naquela caminhada Kirias sorriu ao encontrar mais duas pessoas. Certamente que era uma chuva muito boa, pois todos estavam escondidos em barzinhos.
Kirias entrou toda molhada no estabelecimento, indo até o casal que já a encarava com um leve sorriso nos lábios.


- Você está um trapo! – comentou Juliana.


- Posso me sentar? – indagou Kirias


     O casal assentiu e Kirias sentou-se, molhando toda a cadeira. Logo uma garçonete se aproximou e indagou se precisaria de mais um copo na mesa e Juliana respondeu positivamente.


- O que estava fazendo aqui? – indagou Leona, olhando para a loura.


- Estava apenas pensando.


- Você sempre encontrou os melhores lugares para ir pensar. – Juliana zombou – O que sua mente decidiu dessa vez?


- Não quero mais minha irmã. – falou, pegando o copo recém chegado com cerveja, sorvendo alguns goles.


- Não? – Juliana e Leona indagaram em uníssono.


- Não, cansei de sentimentalismo. O sangue é apenas para ser compartilhado, e não mais para ser cruzado. Não tenho interesse em manter o sentimento carnal.


- Você sempre falou tão complicado... – Juliana comentou com um longo suspiro, olhando para Leona que sorriu de canto.


- E vai querer alguém ou vai ficar sozinha?


- Madona, eu escolhi ela.


- Finalmente! – Juliana riu alto – Kirias, você sempre foi a mais doida de todas nós.


     Leona apenas observava as duas conversando, ela nunca conversou muito com Kirias, pois a loura não era muito receptiva, mas agora não estavam mais no colégio e podia tentar se socializar com ela.


- Eu apenas sou sincera. Enquanto vocês ficam se enganando e enganando aos outros, eu apenas paro e falo a verdade.


- Ah, nem vem, Kirias. Você não acha que podia ter evitado mais dor de cabeça se não tivesse falado para a Madona que você queria a sua irmã? Assim você ia levando o relacionamento e se visse que queria mesmo sua irmã você terminava... – comentou – e se visse que queria a Madona, continuava com ela, sem essa confusão toda.


- Isso é falso demais. – falou – Você não pode agir tão friamente com as pessoas. E depois dizem que eu sou louca!


 Kirias olhou para Leona, enquanto bebia sua cerveja.


- Não seria mais fácil se você tivesse falado logo que gostava da sua prima ao invés de agir silenciosamente? – indagou.


     Leona olhou de esgueira para Juliana que franziu seu cenho, não querendo entrar naquele assunto. Kirias riu alto, batendo a mão na mesa, para depois bater no braço de Leona.


- Ah, Leona, você é tão paciente.


     A morena sorriu e nada disse, voltando a beber, pois ela mesma não queria mais falar sobre isso. Ela queria paz e aproveitar com a ruiva seus bons momentos.


- Falaram com a Dulce? Ela está sumida.


- Eu soube que teve alguns problemas com a Any. – Juliana disse.


- Que problemas?


- O pai da Any apareceu e... – Leona começou a contar a histórias nos mínimos detalhes até o ponto que sabia. E quando terminou seu relato, Kirias suspirou.


- Aquelas duas só brigam. – comentou a loura.


- Eu concordo. Eu acho que elas poderiam ter umas férias. – disse Juliana.


- Sim, pois Any está estressada demais. – Leona disse.


- Eu tenho certeza que a Dulce quer matar esse velho interesseiro. Eu acho que vou ajudá-la a dar um susto nesse velho. – riu baixinho.


- Kirias, Kirias... contenha-se. – Juliana pediu.


     A loura continuou a rir baixinho, ela pensou em ligar para Dulce, mas lembrou-se que seu celular estava sem crédito. Acabou por ficar a conversar com o casal, aprendendo a falar mais com Leona, com quem pouco havia se sociabilizado no Saint Rosre.


 


OoO


 


     E na casa de Viviane, essa estava arrumando a sua cama, olhando para a loirinha que estava parada na frente de uma estante cheia de livros que estava no seu quarto, passando os dedos finos e longos por alguns volumes, puxando-os em certos momentos para ler sua sinopse, porém logo os devolvia para a estante.


- Se quiser algum emprestado é só pedir. – avisou Viviane, sentando-se na cama para retirar suas bota e sua blusa ficando apenas com um top.


     Carei nada disse, apenas assentiu com a cabeça. Ela nem estava pensando nos livros, mas sim no beijo que recebeu e ainda se perguntava o que estava fazendo na casa da ex-namorada de Any. E mais! O que estava fazendo no quarto dela?


- O que está pensando?


- Hã?


- No que está pensando, Carei? 


- Nada demais. – mentiu.


     Viviane gargalhou durante um tempo, retirando seu jeans apertado, ficando apenas de calcinha. Ela foi até seu armário e vestiu uma calça larga de algodão preta e caminhou até a loirinha, puxando seus ombros para que seus corpos ficassem de frente.


- Você deve estar se sentindo perdida. O que faz no meu quarto sozinha comigo? Pois é, viu como eu tinha razão?


- Não me provoque, - falou baixo, com a voz quase sumindo – eu já vou embora.


- Não vai, não. – sorriu.


     Viviane ergueu aquele queixo e a beijou novamente na boca, vendo que não tinha tanta resistência. Seus braços resvalaram por seu corpo, indo até sua cintura fina, abraçando o corpo menor. Viviane foi caminhando pelo quarto até encostar Carei numa parede. A mão trêmula da mais nova tocou timidamente a cintura de Viviane, passando seu braço por suas costas, num meio abraço sem muita força, apenas sentia o tronco quase nu da mais velha. O beijo resvalou para o pescoço de Carei que suspirou, acelerando sua respiração. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Fechou suas pálpebras com forçar ao sentir um chupão de leve na jugular.


 - “Eu... eu estou gostando disso.” – admitiu para ela mesma em pensamento


 


OoO


 


Continua...


 



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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