Fanfics Brasil - Capítulo- 14 Família Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo- 14 Família

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Juliana estava jogada no sofá da sala, olhando para sua prima, que conversava animadamente com sua mãe. Ela desejava poder levá-la para o quarto, contudo sabia que tinha que esperar. Momentos depois, Leona foi finalmente deixada e Juliana pôde se aproximar, com um sorriso sedutor, contudo conteve-se, jamais a tocaria em um lugar tão aberto. Ela apenas esticou seu braço e pousou a mão em seu ombro, observando os orbes vermelhos que lhe encaravam.


- Por que demorou tanto? – indagou a mais nova.


- Encontrei um contratempo.


- O que houve?


- Encontramos a Any na rua, ela estava muito abalada.


- Por quê?


- Dulce acabou transando com outra garota e ainda passou uma DST para ela. – comentou com certo pesar na voz.


Leona ficou um tempo com os olhos e boca arregalados, tentando processar aquela informação. A cabeça da morena começou a dar voltas e por fim ficou a pensar no pior tipo de doença que sua melhor amiga poderia ter pegado.


- Não é nada grave. Pelo que eu entendi, ela pegou piolho pubiano. – disse ao ver o desespero que se formou no belo rosto da sua prima.


- Nossa! – exclamou, passando a mão por sua testa levemente suada.


Para o olhar exterior Dulce e Anahi eram um casal perfeito, claro que havia suas brigas, todavia o relacionamento de ambas era algo bonito, principalmente por se respeitarem e serem cegas de amor pela outra. 


- Pois é... Any estava abalada e...


- Claro que ela ficaria abalada. – esse comentário veio da outra ponta da sala. Juliana e Leona olharam para a garota que adentrou com um largo sorriso nos lábios.


- Victoria...


- Como vai, Leona? – indagou a irmã mais velha, aproximando-se da morena.


- Bem e você.


- Triste por você não ter subido no meu quarto para falar comigo.


- A sua mãe me agarrou. – sorriu com certo constrangimento, abaixando levemente o seu queixo.


- Ah! Que gracinha de prima eu tenho! – riu alto, passando a mão pela cabeça da menor, bagunçando seus cabelos negros – Porém eu fiquei muito curiosa com o que a minha irmãzinha disse.


- Não se meta no assunto dos outros, Victoria.


- Ah, Juliana, Any deve estar precisando de um apoio agora.


Leona suspirou e deu um passo para trás, vendo que as suas primas iam começar a discutir. No minuto seguinte elas estavam batendo boca, Juliana estava com a face avermelhada e Victoria cuspia seu cinismo contra a mais nova. No final, a mãe daquelas duas irmãs problemáticas teve que intervir, dando um tapa na cabeça de cada uma e as mandando para o quarto.
E já no quarto, Juliana bateu a porta de madeira e olhou para sua prima que estava sentada em cima de sua cama. De repente todas as irritações da ruiva deram lugar a um sentimento mais calmo.


- Por que está me olhando assim? – indagou ao ver sua prima se aproximar.


Juliana nada disse, apenas a puxou para que ficasse de pé e a abraçou com força, sentindo toda a musculatura e a formação dos ossos da morena, afundando suas narinas na curva de seu pescoço.


- Vamos prometer contar tudo para a outra?


- Hã?


- Mesmo se fizermos alguma coisa errada.


- Ah... Juliana, eu acho que em um relacionamento existe confiança também. – suspirou, deixando seus braços envolverem o corpo maior.


- Eu confio em você, contudo se um dia você fizer merda... venha e me fale.


- Hum... eu terei medo disso. – riu baixinho, sentindo que o aperto do abraço ficou mais forte – ‘ta, ‘ta, ‘ta eu conto, eu conto.


A mão direita de Juliana resvalou cintura à cima, chegando à nuca da morena, onde brincou com o pequeno rabinho que ela tinha para depois puxá-la para um beijo molhado. Os seus corpos se mexiam, procurando maior contato com o outro, todavia tudo parou abruptamente quando a porta do quarto foi aberta. Juliana empurrou sua prima para trás com tanta força, que ela acabou caindo no chão. Felizmente conseguiu proteger seu braço engessado.


- Filha? – a voz feminina invadiu os ouvidos das duas que a encararam.


- Mãe...


- O que estava fazendo? – indagou com os olhos arregalados.


Juliana pensou em responder, entretanto nenhum som saiu de sua boca. Não sabia o que sua mãe havia presenciado e estava ofegante demais para conseguir determinar um tempo para respirar e falar ao mesmo tempo.
Leona começou a se levantar lentamente até que se sentou na cama, olhando para sua tia com desespero.


- Leona?


- Eu... bom... eu estava um pouco triste e... Juliaan me abraçou e... bom, ela não gostou do que eu falei e... Jogou-me aqui. – disse lentamente, sentindo seu coração aumentar uma cadência de batidas.


Ela olhou para as duas com o cenho franzido e não disse mais nada, dando meia volta e saindo do quarto. Leona colocou as duas mãos no rosto e abaixou sua cabeça.


- Pelos Deuses, ela viu! – Leona resmungou.


Juliana foi dobrando seus joelhos até que se sentou no chão do quarto, passando a mão a todo instante por seus fios ruivos, sentindo o nervosismo começar a tomar conta de seus pensamentos e conseqüentemente do seu corpo.


 


OoO


 


Kirias estava jogada na cadeira de seu quarto, olhando para a tela do computador, desejando que sua namorada aparecesse no Skype. 


- “Será que alguém a pegou? Era para ela ter entrado à uma hora.” – pensou, enquanto mordia a pontinha do seu dedo, cortando superficialmente sua pele.


A loura ficou ali, ouvindo o som do violino que saía da caixa de som de seu computador, quando a porta de seu quarto foi aberta. Sua irmã apareceu com o rosto demasiado vermelho.


- O que aconteceu?


- Briguei na escola. – murmurou.


- Na escola ou aquela te bateu?


- Ela nunca me bateria.


Kirias se levantou e tocou no rosto da mais nova, vendo que estava com algumas marcas mais escuras. Certamente não devia ter sido Aziel a responsável por aquilo, sendo que um soco da loura era suficiente para deixar sua irmã mais nova inconsciente.


- Por que brigou?


- Tem uma garota da minha escola que vive pegando no meu pé.


- Em que sentido?


- Vive esbarrando em mim, tentando me ridicularizar, - suspirou – uma idiota.


- Quer que eu dê um jeito nela?


Alexia sorriu e deu um tapa de leve no ombro da sua irmã. A ex-loura se sentou na cama e retirou o par de tênis, enquanto massageava seu ombro direito que estava doendo.


- Não se preocupe, Kirias.


- Se ela continuar a te incomodar, eu vou ter que ir ver o que ela está querendo.


- Vai ser pior. 


- Eu vou bater tanto nela que ela não vai mais te encher.


- Kirias. Irmã, você é maior de idade, sabia? Eu não quero ver você com problemas.


Kirias ia falar alguma coisa, no entanto seu computador fez um som característico. A loura correu até o aparelho com um largo sorriso nos lábios, vendo quem havia finalmente entrado, pegou seu fone e começou a falar com Madona.


Alexia sorriu e saiu em silêncio, vendo que toda a atenção da sua irmã foi voltada para a máquina. Foi para o seu quarto e de lá ligou para sua atual namorada, marcando um encontro. Sentia saudade.


 


 OoO


 


Em um apartamento de tijolos laranja no centro da cidade o clima era demasiado pesado. Any estava parada com os braços cruzados e um olhar de pouquíssimos amigos. O coração da mais nova estava acelerado, contudo estava se segurando para não voar no pescoço da karateca que lhe olhava com um brilho enigmático no olhar. A máscara havia caído finalmente. A confiança cega havia lhe deixado ainda mais machucada. Anahi não queria falar nada. Na verdade havia imaginado várias formas de humilhar e agredir sua namorada, mas agora que estava na frente dela, toda essa vontade deu lugar a um sentimento vazio, carregado de desprezo, de nojo e asco. O silêncio imperava. Anahi virou seu corpo e começou a andar até o quarto lentamente, abriu a porta do guarda-roupa e ficou olhando para os tecidos que se penduravam nos cabides. Dulce apareceu ao seu lado, tremendo levemente, não sabendo como abordar sua namorada.


- Any... – falou com a voz fraca – eu sinto muito. – disse em seguida, não sabendo se ia despertar a fera da mais nova ou se apaziguaria as coisas.


- Claro que sente. – riu baixinho – eu vou tomar um banho e passar um remédio que o médico me indicou. Enquanto isso, pegue suas coisas


- Co-como?


- Será que não consegue entender de primeira? – indagou com a voz controlada – Apenas arrume suas coisas. Esse apartamento é meu e quem vai sair daqui é você.


- Any, vamos... conversar.


- Sobre?


- Sobre nós, droga! – gritou.


- E não grite comigo. – falou num tom alto – Eu não sou que nem você que grita e bate o tempo todo, mas posso ser muito pior que você, se eu quiser, Dulce!


- Any... foi um acidente. Eu estava bêbada e...


- Eu já sei a história. Eu falei com a sua colega de academia.


- Não devia ter ido falar com ela.


- Por quê? – indagou.


- Bom... porque... ela não vai te contar as coisas direito.


- Ou não vai contar do jeito que eu deveria ouvir, não é mesmo? 


- Any, eu te amo.


- Eu não quero ouvir isso. Dulce, você não é uma namorada muito boazinha, sabia?


- Eu sei que eu faço merda, mas eu não premeditei isso, aconteceu. Eu estava alcoolizada e magoada por você estar na casa daquela idiota.


Anahi suspirou e andou até a cama, sentando-se nela, enquanto olhava com desprezo para a mais velha. Dulce se aproximou, ficando parado na frente da menor, desejando que aquele olhar destrutivo de Anahi sumisse de sua face.


- Eu sou bem boazinha. Não vou gritar, não vou fazer escândalo, não vou te agredir. Eu só quero que vá embora.


- Eu não quero te deixar.


Uma risada sonora invadiu os ouvidos de Dulce. Any ria com divertimento, enquanto seus olhos brilhavam pelas lágrimas que se acumularam na sua pupila, contudo nenhuma delas caiu.


- Mas EU quero te deixar!


- Você me ama também. Vamos conversar, Any...


- Eu beijo uma pessoa e você me bate. Eu sou beijada e você me estupra. Alguém olha para mim e eu sou a culpado. – comentava – Agora, você transa com outra pessoa! 


- Eu... eu estava bêbada...


- E depois vem me tocar com esse corpo sujo! Eu tenho nojo de você, entendeu? -N-o-j-o!


 Dulce esticou o braço para tocar na face enfurecida da sua namorada, contudo antes que pudesse sentir a maciez de sua pele, sua mão foi desviada por um tapa certeiro.


- Não me toque. E se não quiser sair, eu vou chamar a polícia, afinal esse apartamento está no meu nome.


- Any...


A mais nova se levantou, desviando das mãos que tentaram lhe puxar.


- Eu vou tomar um banho. Eu preciso me lavar, depois preciso limpar todas as roupas de cama e as toalhas, pois alguém aqui ficou se esfregando com outras pessoas.


Dulce ficou parada no meio do quarto, sentindo vontade de chorar, de bater, de se matar, de fazer qualquer coisa que lhe ajudasse a aceitar sua própria existência naquele momento. Ela certamente não era um exemplo de namorada e agora havia feito uma das coisas que mais abominava. Ela havia mentido e traído. Era uma falsa moralista. Não havia mais o discurso pomposo sobre a fidelidade e confiança na ponta de sua língua, talvez nunca mais conseguisse discursar isso.


- Any, por favor...


- Dulce, eu estou sendo tão boazinha. – falou – Você só tem que pegar suas coisas e ir embora. Isso é tão difícil?


- Eu não quero te deixar.


- Você mesmo disse que queria morar em outro lugar. Agora é a chance perfeita.


- Então... você não quer... Me deixar, certo? – indagou com um brilho esperançoso no olhar.


- Ah, eu pensei que havia deixado isso claro. Mas você precisa ouvir claramente, não é mesmo? – indagou com cinismo – Eu não quero mais ficar com você.


Anahi levou a mão até seu pescoço, retirando a corrente de prata que havia ganhado de Dulce e o colocou em cima do móvel do quarto.


- Nosso namoro está terminado, eu acho que deu o que tinha que dar. Nós estávamos nos acabando mesmo, mas essa foi à gota d’água.


 - Vamos dar um tempo para pensar...


- Eu não tenho absolutamente nada para pensar, Dulce. Eu não quero mais você na minha vida.


Dulce avançou na menor e a abraçou pela cintura, esperando que Any resistisse. Ela estava pronta para receber os tapas e xingamentos da menor, mas a loira estava num estado de puro descaso.


- Vai querer me violentar agora?


- Claro que não! – respondeu num grito.


- Nossa! Que resposta indignada, quem ouve até pensa que você é pacífica.


- Any, por favor, eu te amo. Eu fiz merda, eu sei que eu fiz. Se quiser me castigar, eu aceito qualquer coisa, mas não me deixe!


- Pobrezinha... – riu baixinho – tão indefesa. Veja se não me abraça muito, pois eu posso pegar mais piolho.


- Pi... piolho?


- Sim, Pediculose Pubiana. 


- Você... está com...


- Nós duas estamos, idiota. É melhor você ir ao médico se cuidar e avisar sua amante para se cuidar também.


- Ela não é minha amante!


- Bom, sua vida não me interessa mais. Se ela é ou não amante sua, quem decide é você. E o mesmo eu falo sobre mim, se eu achar alguém que me dê o devido valor, saiba que eu deixarei você por completo.


- Any...


- Dulce! Já chega, cai fora agora!


Dulce soltou o corpo da menor ao ver que não ia ajudar em nada continuar aquela discussão. Ela mesma estava nervosa e poderia fazer ou falar alguma besteira. Anahi saiu do quarto e a karateca começou a arrumar suas coisas, sentindo as lágrimas começarem a lhe cobrir o rosto.


- “Eu sou uma estúpida!”.


Anahi entrou no banheiro e retirou suas roupas, atirando-se no Box, abrindo o chuveiro numa água morna. Desatou a chorar, fechando seus punhos com força, golpeando o azulejo, desejando espancar sua namorada.


 - “O jeito é eu ficar sozinha mesmo...” – pensou, enquanto escorregava no chão, sentando-se próximo ao ralo.


 


 OoO


 


 Enquanto um casal estava sendo desestruturado, em um bairro mais distante, duas jovens estavam jogadas numa cama macia, envoltas por lençóis de seda.


- Quer comer alguma coisa? – indagou Viviane, acariciando os fios louros.


- Não, eu preciso ir embora.


A jovem escritora sentou na cama e moveu seu corpo, alongando sua coluna. Ela se levantou e vestiu um roupão velho e xadrez que sempre a acompanhava pela casa.


- Eu vou fazer um chá. Tome um banho e depois desça.


- Não precisa se incomodar.


- Você pensa demais. Acha que me incomoda? Pois bem, sua resistência de aceitar minhas gentilezas acaba me incomodando.


- Ah... desculpe. – pediu com a face avermelhada.


Viviane sorriu e pegou uma toalha de algodão, jogando em cima da loirinha. A morena deu uma piscada e saiu do quarto. A loirinha suspirou e resolveu agradar sua anfitriã. Afinal, havia chorado a noite inteira falando de seus problemas para a outra que a ouviu com a paciência de um sábio. 
No banheiro, começou a tomar um banho lento e tépido, adorando usar o xampu de Viviane. Por um momento envergonhou-se por gostar de ter o mesmo cheiro do corpo de Viviane. Contudo, muito dos seus pensamentos estavam se moldando a nova realidade. Momentos depois, saiu do banho e vestiu sua roupa, saindo em seguida com os cabelos úmidos. Saiu do quarto, andando com receio pela casa, indo até a cozinha onde o cheiro forte de chá estava lhe abrindo o apetite. 


- Sente-se. – Viviane falou antes que Carei pudesse entrar na cozinha. A loirinha sorriu e se sentou em uma cadeira de madeira, olhando com atenção os azulejos pintados.


- Eu queria agradecer por me ouvir.


- Não seja tão formal. Mas eu agradeço por você me fazer companhia.


- Você poderia estar fazendo outras coisas ontem. Mas eu te aluguei...


- Está pensando que eu tenho outra pessoa? Não fique insegura. Eu só tenho você. – riu sedutor, vendo o rosto de Carei ficar vermelho feito um pimentão.


- Não... não queria dizer isso! eu... eu...


- Tudo bem, tudo bem! – riu alto – Tome um pouco de chá e se acalme. Você é nervosa demais, sendo que é jovem demais, inexperiente demais...


- Certo, certo, eu sou um bebê.


- Isso mesmo. Acho que é um filhotinho.


Carei balançou a cabeça negativamente e olhou para a água fervente cair na xícara de porcelana a sua frente, sentindo o calor do vapor contra as bochechas. Ela agradeceu e começou adoçar a bebida. Viviane jogou-se na cadeira e começou a beber o chá, admirando o belo rosto da garota a sua frente. Carei não tinha o rosto de uma mulher, ela ainda era jovial. Podia dizer que tinha seus dezesseis anos, e sem contar que os gestos e ações da menor eram ingênuas demais, como se ainda fosse um filhote desgarrado.


- O que quer fazer a partir de agora?


Carei ficou estática. Ela não sabia o que queria, mas desejava ficar e conversar mais com a mulher a sua frente, contudo não tinha coragem de falar isso a ela. E se Viviane estivesse apenas sendo amiga? Desejando que se libertasse de seus medos e complexos para viver melhor. Por um momento quis beijar aqueles lábios, tocar na cabeleira escura e sentir o cheiro de seu perfume. 


- Carei? 


- Oi... Ah... não sei.


- Não sabe... – murmurou, voltando a beber.


- E você vai fazer o que? – indagou com receio.


A mais velha ergueu uma sobrancelha, gostando de ver a insegurança da outra. Aquilo a divertia, mas podia sentir a agonia de Carei e não queria deixar o seu filhotinho sofrendo.


- Em que sentindo você está perguntando?


- Er... bom... no mesmo sentido que você me perguntou.


- E qual foi o sentido que eu te perguntei?


- Bom... com relação a relacionamento?


Riu alto e respondeu:


 - Sim, foi sobre relacionamento mesmo que eu perguntei. E você me deu um fora, por assim dizer.


- EU DEI!? – indagou num grito.


- Sim. Quando a pessoa desvia o olhar como você fez e responde: “não sei”, isso é um “fora” delicado.


- Não, não! Eu não quis dizer isso, eu não dei um fora em você. Desculpe-me, eu não entendi ao certo o sentido que você perguntou.


- Então quer dizer que não está me dando um fora?


- Claro que não!


- Então o que você quer?


Carei voltou a ficar em silêncio, sentindo seu coração acelerar.


- Eu... eu... não sei.


Viviane não agüentou e começou a rir, passando a mão por sua testa, tentando controlar-se. Carei apenas abaixou a cabeça, procurando falar algo que não chateasse a jovem escritora, contudo parecia estar com um bloqueio mental. A mais velha se levantou e caminhou até Carei, tocando no ombro da menor que voltou a erguer a cabeça, encarando as duas esmeraldas luminosas. A mão de Viviane acarinhou o rosto a sua frente para depois lhe beijar a boca, com leveza, sem colocar a língua, apenas pressionando os lábios. E para a surpresa de Viviane, quem abriu os lábios e começou a buscar um beijo molhado foi Carei.


- “Aprendeu rápido!” – pensou Viviane, sorrindo entre o beijo, mas foi passageiro, logo deu a devida atenção àquele ato.


A loirinha foi puxada para cima quando a urgência de seus corpos exigiu mais contato. A menor foi sendo empurrada até bater as costas no azulejo frio, sentindo as mãos quentes que passavam por seu corpo. A perna direita de Viviane ficou no meio das pernas da menor, pressionando a sua coxa contra o sexo da loirinha. Segundos passados e Carei empurrou o peito maior, tentando se controlar, não acreditando que estava agarrada tão facilmente a outra mulher. Elas se olharam, Viviane com surpresa e indagação e Carei com um olhar amuado.


- Melhor pararmos.


- Você me provoca demais... – Viviane comentou, afastando-se lentamente, sentindo seu baixo ventre repuxar, ela já estava pronta para jogar a loirinha no chão.


A anfitriã se sentou e voltou a dar um gole no seu chá, procurando pensar em coisas que acabassem com sua excitação. Seu sexo estava levemente molhado. Carei voltou a se sentar, passando a mão pela testa, pensando em iniciar um assunto.


- Você acha que eu deveria falar com a Any sobre isso?


Na sua tentativa de pensar em algo que não lhe desse tesão, de repente Carei usava o nome da sua ex-namorada o que fez sua mente se teleportar para o passado, lembrando-se dos beijos quentes da loira.


- Viviane? 


- Ah... sim, sim. Eu falo com a Any.


- Eu acho melhor ir embora agora.


- Eu não vou te segurar mais, senão eu vou te agarrar.


Carei arregalou os olhos, assustando-se de imediato. Ela se ergueu e olhou para os lados, certamente perdida. Não sabia mais onde ficava a saída. A anfitriã viu que tinha que levantar e ajudar seu filhotinho amuado, ela esperou alguns segundos e começou a caminhar com Carei até a sala.


- Eu te ligo. – falou Viviane, abrindo a porta.


- Ah... tudo bem.


A mais velha deu um beijo na bochecha da loira e esta começou a se afastar, dando uma última olhada para trás, sentindo um estranho sentimento de perda lhe invadir, mas ela o ignorou e se foi. Ao fechar a porta, Viviane foi andando com passos rápido até o banheiro, onde ficou durante um bom tempo embaixo de uma água fria.


 


OoO


 


O dia começou a ficar menos iluminado, o sol se afastava aos poucos e as sombras começavam a crescer pela cidade. Um vento frio começou a bater contra o concreto frio e cinza. Numa calçada estreita estava Leona e Juliana, despedindo-se uma da outra. A morena se afastou e entrou na sua casa, com a cabeça baixa. Ela se dirigiu até a escada para ir até seu quarto, mas foi interrompida ao chamado de sua mãe.


- Leona?


- Oi, mãe.


- Chegou agora?


- Sim. – sorriu para a bela mulher de longos cabelos negros.


- Eu queria falar com você, minha filha.


As duas entraram no escritório, onde se sentaram e ficaram se olhando.


- Sua tia me ligou.


- “Pelo Deuses...” – pensou com desespero – e o que aconteceu?


- Ela me contou algo que me deixou surpresa. – falou, estreitando seu olhar, exibindo seus olhos vermelhos que eram ligeiramente mais claros


- O que seria?


- Ela disse que viu você e sua prima se beijando.


- “Maldição!”.


A expressão de Leona a denunciava, ela estava com uma expressão surpresa e pavorosa. A morena abaixou sua cabeça, olhando para seus pés, sentindo vontade de se explicar, mas não conseguia falar nada.


 - Leona, por que não me conta o que aconteceu?


- O que quer que eu fale?


- Apenas me diga o motivo dela ter visto isso.


Leona ergueu a cabeça, olhando para o cenho franzido de Loeli, temendo que sua mãe lhe atacasse com suas crises. 


- Nós... nos... gostamos.


E finalmente falou o que estava preso na sua garganta, sentindo todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem. Sua mãe exibiu um rosto cheio de desgosto, ela se ergueu e caminhou até sua filha, que apenas ficou esperando alguma reação.


- O que você disse?


- Que... nos gostamos.


- O que você tem na cabeça?! – indagou num grito furioso – você está louca? Vocês são mulheres, são primas!


- Eu... não escolhi isso.


- Deixe seu pai saber disso.


- Ah... não, por favor, mãe. – pediu com os olhos marejados d’água.


- Eu não conto se você parar de fazer essas coisas!


Leona abaixou a cabeça, deixando seu choro sair de dentro de seu corpo. Ela sabia que um dia esse momento chegaria, no entanto não estava preparada para enfrentá-lo, talvez nunca estaria. Um toque leve na cabeça de Leona chamou sua atenção, Loeli se ajoelhou na sua frente e tocou no seu rosto, acariciando-a com leveza.


- Amor, você deve estar carente e sempre anda com suas primas, por isso sente esse tipo de afeto, mas pense bem, isso não é saudável.


- Mãe...


- O que foi, meu bem?


- Eu sou lésbica.


Loeli ficou com a boca aberta, tentando processar a revelação da sua filha, e o silêncio foi quebrado com uma voz grave.


 - VOCÊ É O QUÊ?


Mãe e filha olharam para a porta onde um pai furioso as olhava com assombro. Leona voltou a abaixar a cabeça. Agora que sua vida havia se tornado um inferno, certamente que seu pai jamais aceitaria.


 - Leona, o que você disse?


- O que você ouviu, pai. – falou baixinho.


O homem atravessou a sala, colocando sua pasta preta em cima da mesa, afrouxando um pouco sua gravata que prendia o pescoço que agora estava vermelho com as veias levemente saltadas.


- Loeli, nos deixe a sós.


- Mas querido...


- Nos deixe!


A mãe se afastou, dando um leve afago na cabeça da sua filha. Quando a porta foi fechada, Leona sentiu seu coração acelerar as batidas. Agora ela olhava para a feição furiosa de seu pai.


- Você disse para sua mãe que é lésbica?


- Eu sou lésbica, pai.


- Você é lésbica?


- Sim. – disse, não contendo as lágrimas que estavam escorrendo por seu rosto.


- Como pode me falar uma coisa dessas?


- Eu simplesmente sou.


O homem se encostou a mesa, enquanto desabotoava seu palito, deixando-o cair. 


- Eu trabalho muito para sustentar essa casa, para dar uma boa vida para você e sua mãe e...


- “Por favor, não termine essa frase.” – pensou de repente, não querendo mais ouvir o discurso de seu pai.


- (...) e você me dá uma notícia desagradável dessa? Antes uma filha morta do que lésbica.


Leona ergueu a cabeça, exibindo o olhar mais magoado e triste que já lançou a alguém em toda sua vida. Nenhuma palavra ou soco em toda sua vida havia lhe atingido com tanta fúria.


- Pense direito no que você está falando, Leona. Caso cisme em continuar com esse pensamento doentio, eu não vou ter outra escolha.


- Pai... eu não sou assim porque quis, eu sou e...


- Não, filha. Não, não interessa o que você pensa. Você pode mudar isso. – falou rapidamente, com a voz alta – Por que não vai sair com algum homem? Eu nunca vi você com um homem. Acho que nunca deu chance a isso.


- Eu já fiquei com um homem, – falou – mas eu não conseguia gostar.


- Não me fale asneiras. Eu acho que fui flexível demais com você depois que Gianni morreu.


- “Não me compare com minha irmã, por favor!”.


- Com certeza você não trará o orgulho que Gianni nos trouxe.


- “E pensar que ela também era lésbica”. – pensou com tristeza – “mas não vou macular a imagem perfeita que vocês tinham da minha irmã. Que vocês continuem pensando que ela era perfeita.”.


- Ou você tira esse pensamento estúpido da sua cabeça ou você saia dessa casa. Pois eu não vou sustentar essa sua sem vergonhice!


- Pai, não dá para mudar isso. – falou – Eu... eu não quero ir embora, eu amo vocês.


O olhar do mais velho parece se afrouxar por um instante, olhando para imagem frágil da sua filha, mas só de imaginar que ela tinha uma opção sexual diferenciada, sua misericórdia deu lugar ao ódio. O sentimento do pai era de pura traição. Quando um filho nasce, seus pais já projetam sua vida antes mesmo que a criança saiba, e sempre procuram guiar seus filhos para o caminho que mentalizou, sendo através da educação, do ambiente, dos amigos, etc. E a maior decepção para pais idealizadores é quando seus filhos resolvem sair dessa linha. Leona se levantou da cadeira, não sabendo de onde reuniu forças para tal ato, se virou e caminhou até a porta, sentindo o mundo inteiro rodar. Um dia estava tudo bem e no outro todo seu universo havia desabado. Ela tocou na maçaneta e abriu a porta lentamente, desejando ouvir palavras de arrependimento de seu pai, mas o silêncio imperava. Quando saiu do escritório o ar fresco da área verde lhe atingiu o rosto, para que pudesse finalmente respirar decentemente. Foi andando em passos lentos até seu quarto e a única pessoa que pensava nesse momento era na sua amada prima. Será que ela estava bem? Seus pais estavam massacrando ela também?


 


OoO


 


E na casa de Juliana a situação era parecida a não ser por um detalhe importante. A ruiva em pé com os braços cruzados, falando com seus pais que continuavam sentados no sofá, olhando com incredulidade para a sua filha mais nova.


 - Resumindo é isso. – falou a ruiva.


- Filha, a gente já suspeitava. – falou o pai – Nós queríamos que você nos dissesse antes, mas ficamos aguardando. O que nos deixou surpresos foi o seu envolvimento com sua prima.


- Aconteceu, pai, – falou Juliana – eu nunca fui chegada em homens. Eu já tentei, como todo homossexual que eu já conheci, eu queria poder seguir uma linha que todo seguem.


- Claro, afinal ninguém quer ser discriminado. – falou o pai.


A mãe de Juliana chorava baixinho, com as duas mãos no rosto


- Mãe... desculpe-me, eu...


- Não, Juliana, eu não choro por você ter escolhido isso, – falou a mulher de cabelos ruivos – eu fico com medo do futuro. Eu vejo tantas pessoas violentas matando e agredindo homossexuais... eu tenho medo que você seja discriminada no seu emprego e com as pessoas.


A ruiva se aproximou de sua mãe, puxando-a para um abraço carinhoso, beijando seu rosto úmido pelas lágrimas que começaram a resvalar. O pai, chamado Bernardo ficou apenas a olhar sua família.


- Que final feliz! – falou Victoria, entrando na sala – Eu pensei que ia ter um velório nessa casa. Que bom ter pais conscientes.


A mais velha dos Sabelio foi se aproximando com um largo sorriso no rosto, ela mesmo havia ficado tensa, imaginando que seus pais iam querer esfolar sua irmã mais nova. E apesar de ser implicante e aparentar não se importar com Juliana, à verdade era outra, Victoria tinha o instinto protetor de irmã mais velha assim como tinha carinho por toda sua família. Depois de conversaram e tomarem um café da tarde, a família Sabelio se separou, cada um foi cuidar de seus afazeres. No seu quarto, Juliana estava com um sorriso radiante. Agora ela não teria mais problemas para se encontrar com sua prima. Apesar de seus pais aceitarem bem sua opção sexual, eles ainda não se mostraram a favor daquele relacionamento. A ruiva pegou seu celular e ligou para a morena, contudo ela não atendeu. Talvez estivesse no banho ou jantando, seria melhor ligar outra hora. Nada podia abalar seu humor, ela se jogou na cama, cantarolando música qualquer... Juliana estava feliz!


 


OoO


 


No apartamento frio e solitário, lá estava Anahi, abraçada ao seu travesseiro, chorando baixinho. Ela suspirava e xingava Dulce, como se a karateca pudesse ouvi-la. O seu celular tocou, tirando-a daquela tristeza por alguns segundos. Ela atendeu ouvindo uma voz demasiada sedutora.


- Any?


- Sim. quem é?


- Sou eu, Victoria. Como você está?


- Victoria...


- O que acha de sairmos?


Anahi fechou seus olhos, deixando algumas lágrimas rolarem, ela abriu um meio sorriso e respondeu.


 


 OoO


 


 


Continua...


 


 



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Autor(a): lunaticas

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Anahi ficou olhando para o seu aparelho celular, ela não queria sair naquela noite. As notícias eram rápidas, Victoria já sabia que havia terminado com sua namorada. Quem mais saberia que ela havia sido chifrada? Aquilo era vergonhoso. Será que não era capaz de satisfazer sua namorada? O tempo se passou e Anahi adormeceu. Estava cans ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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