Fanfics Brasil - Capítulo -15 Cachorros Pulguentos Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo -15 Cachorros Pulguentos

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Anahi ficou olhando para o seu aparelho celular, ela não queria sair naquela noite. As notícias eram rápidas, Victoria já sabia que havia terminado com sua namorada. Quem mais saberia que ela havia sido chifrada? Aquilo era vergonhoso. Será que não era capaz de satisfazer sua namorada? O tempo se passou e Anahi adormeceu. Estava cansada mentalmente e acordou somente na manhã do dia seguinte, aquele descanso foi necessário e fez muito bem a ela. O som dos pássaros foi seu despertador, Anahi abriu suas pálpebras revelando seus orbes incrivelmente azuis. Ela se ergueu, tocando na cabeça que doía fortemente. Tomou um banho lento, um remédio e comeu alguma coisa. Quando terminou de se cuidar, sentou-se no sofá da sala. Nada em seus ouvidos, em seu olfato, nada em seu tato. Não sentia nada, ela estava solitária. A voz de Dulce, tanto como seu cheiro e seus toques eram apenas lembranças. Sentia vontade de beijar sua namorada, mas não essa nova Dulce que estava em sua vida, não essa karateca traidora. O seu celular parecia ser a fuga da tristeza, ela o pegou e ligou para a única pessoa que poderia consolá-la naquele momento. Quando ouviu a voz da sua ex-namorada, seu coração pareceu acalmar.


- Any?


- Sim, sou eu. Podemos conversar?


- Sim. Aconteceu alguma coisa? É sobre seu pai?


- Eu posso ir à sua casa?


- Sim, claro. Venha aqui, eu preciso te contar algo também.


- Eu estou saindo.


- Até mais.


Anahi suspirou. Foi até seu quarto, onde vestiu jeans e blusa de cores escuras e sombrias, seu inseparável preto. Vestiu um par de tênis e pegou seus pertences. A casa foi abandonada. Uma hora de transporte público depois, Anahi já estava na rua da casa que desejava visitar. Andou alguns metros e tocou a campainha, sendo recebida prontamente, vendo o portão se abrir automaticamente para que entrasse. Viviane estava na sala, jogada no meio de sua poltrona, com seu laptop em cima das pernas. A anfitriã se ergueu e desligou seu aparelho, indo abraçar Anahi que lhe cumprimentou.


- O que queria tanto falar? – indagou, voltando a se sentar no sofá.


- Eu terminei meu namoro.


Os olhos de Viviane se abriram pela surpresa daquela notícia. Depois correu seus orbes cor de esmeraldas pela face abatida da sua ex-namorada.


- O que houve?


Anahi começou a contar tudo o que havia acontecido, em detalhes para Viviane que xingava a todo instante a karateca, dando alguns conselhos em certos momentos, parando para dar algum sermão em Anahi até que as duas ficaram em silêncio.


- Eu estou... tão deprimida.


- Eu imagino. Afinal você gosta daquela cadela piolhenta.


- Desculpe por te incomodar, mas eu acho que seria a melhor pessoa para eu falar sobre isso.


- Any, não diga isso, você sabe que pode contar comigo. – sorriu, tocando no ombro da loira, para depois abraçá-la.


O corpo de Anahi pendeu para frente, deixando sua cabeça se acomodar nas pernas de Viviane. A jovem escritora ficou a acariciar aqueles fios loiros, ouvindo o choro baixo de Any.


- Está frio e você saiu sem nenhum agasalho. Quer ficar doente?


- Quero. – respondeu num sussurro.


- Nada disso, Any. Tire esses pensamentos da cabeça. – ralhou – Você sabe que namoros começam e terminam, assim como amizades, empregos, oportunidades, etc. é assim o ciclo da vida. E se não termina por bem, no final alguém morre.


- Que trágico. – riu baixinho.


- Pois é verdade. Todos nós morremos, mesmo que casemos, um dia vai acabar.


- Você ia se dar tão bem com Kirias.


- Não ia não, eu soube que essa Kirias é um terror.


- Como soube disso? 


- Eu encontrei com sua amiga Carei e ela me contou sobre essa garota.


- Elas se odeiam.


- Claro, pois essa tal de Kirias é outra cadela. E ainda uma cadela sanguinária pelo o que eu soube.


- Ela é difícil de lidar, mas ela me ajudou muito ontem. – disse – Ela só não gosta da Carei, no entanto não é uma pessoa ruim. 


- E eu soube que tem outra chamada Juliana que também é uma cadela pulguenta. Any, você precisa de novas amizades, nova namorada e uma nova vida. 


- Eu... queria fugir.


Viviane achou melhor parar de atacar as amigas de Any, ela voltou a acarinhar sua cabeça, sussurrando um pedido de desculpas baixinho. Any sorriu, ela sabia que a sua ex-namorada era impulsiva, ela falava o que pensava e depois se arrependia.


 


 


OoO


 


 


A manhã estava demasiada fria, os ventos fortes estavam com certa umidade, logo choveria e o quadro seria piorado. No meio de uma rua solitária e acinzentada estava Leona. A morena havia saído na noite anterior de sua casa. Sua mãe havia pedido para que ela ficasse obrigando-a a dizer que sua opção sexual era fruto de sua imaginação, contudo a morena se recusou e acabou saindo. Agora estava com os braços cruzados, encostada a um poste de cimento, olhando para uma casa de café, sentindo seu estomago reclamar por comida. Seu emocional estava frágil, ela não sentia vontade de continuar vivendo. Sentir o ódio e a repulsa de seus familiares era uma dor dilacerante. Aquilo podia deixar um ser humano triste para o resto de toda sua vida.
Ela tinha pouco dinheiro no bolso de sua calça, o suficiente para uma refeição e mais nada. Estava usando uma blusa azul clara, estava de chinelos e uma calça jeans. Sentia frio e medo da solidão. Os seus olhos cor de fogo miraram um telefone público, ela se arrastou até o aparelho e começou a telefonar a cobrar para a sua prima. O celular de Juliana não aceitava ligações a cobrar. Ótimo! Leona não podia continuar naquela situação, ela pegou um ônibus e foi até a casa de seus tios, não tinha lugar para ir e não podia ficar na rua. Quando chegou à frente da casa, tocou a campainha, sendo recebida pelo pai de Juliana.


- Leona. Que surpresa ver você tão cedo. – falou seriamente.


- Juliana está?


- Sim, mas eu queria falar com você antes.


- “Droga... era só o que me faltava!” – pensou, vendo o seu tio abrir o portão.


- Eu soube o que está acontecendo entre vocês. – falou, tossindo levemente – Eu queria que vocês pensassem nessa situação. Vocês são primas, isso não é algo aceitável.


- Eu gosto dela. – falou baixo, sentindo sua voz sair fraca. 


- Eu sei que se gostam, mas eu não acho esse relacionamento saudável. Eu creio que seus pais pensam da mesma forma, por isso eu não quero que vocês continuem com isso.


- Mas... Tio, eu sei que é estranho, mas nos gostamos.


- Eu não tenho nada contra a opção sexual de vocês duas. – falou – eu fico triste, não me alegro nada com isso, mas não tem jeito. Vocês devem ser pessoas boas e é isso que importa para um ser humano para mim.


- Ah... obrigado. – falou com certo alívio. Certamente que não sofreria preconceito sexual de seus tios.


- Mas eu não quero mais esse relacionamento. – disse severo.


- Por quê?


- Leona, vocês são primas! Põe isso na sua cabeça. Se isso continuar, eu vou ter que falar com seus pais.


- Não! Não! – pediu, balançando a cabeça negativamente – Meu pai nem sabe disso, só minha mãe.


- Ele deveria saber.


- Ele já sabe da minha opção, mas não sabe sobre a Juliana.


- Meu irmão é um pouco cabeça dura, mas ele precisa saber o que está acontecendo.


Leona tremeu levemente. Se seu pai desconfiasse que tinha um relacionamento escondido com sua prima, com certeza ela levaria a maior surra da história.


- O que quer que eu faça, então, tio?


- Apenas procure outra pessoa. Não quero que pare de ver Juliana, mas eu não quero esse relacionamento. Imagine como seria estranho duas primas se relacionando!


- E se fosse homem e mulher? – indagou com certa agressividade.


- Eu não ia aceitar do mesmo modo. – respondeu secamente – Esse relacionamento familiar não é agradável. Eu não acho isso certo.


- Você prefere que nós continuemos a nos gostar separadas?


- Logo vocês encontrarão novos amores e viverão felizes. Apenas sejam primas, entendeu? 


Leona abaixou a cabeça. Não tinha como confrontar seu tio, ele conseguia ser tão cabeça dura quanto seu pai, só que havia uma diferença gritante entre ambos. Leona duvidava muito que seu tio expulsasse Juliana ou Victoria de casa por isso.


- Agora vá para casa, fique um tempo sem vir aqui. Nós gostamos muito de você, Leona. Você é uma ótima garota, uma boa filha, estudiosa e muito boazinha, - comentou, colocando a mão no ombro magro de Leona – mas não queremos que isso continue. Nós vamos te visitar normalmente, apenas tente manter a discrição quanto a minha filha.


- Eu posso falar com ela?


- Falar o quê? Quer que Juliana venha brigar comigo por sua causa? Vai ser um inferno essa família.


- Tem razão...


- Pense direitinho. Vá para casa, está ameaçando a chover.


- Tudo bem, tio.


- Quer que eu te leve?


- Não, eu vou de táxi.


- Cuidado com esse braço, hein. Tem que tirar logo esse gesso. Até mais, Leona. 


A morena virou-se e se afastou, sentindo as lágrimas quentes escorrerem por sua face alva. Ela caminhava lentamente pelas ruas, sem rumo, não sabia o que fazer. Quando encontrou outro telefone público, Leona tentou ligar para Any, mas esta também não recebia ligação a cobrar.


 


- “Eu estou na merda!”.


 


E continuou andando até sentir os primeiros pingos de chuva bater contra sua pele, molhando suas vestes. O vento frio ajudava a diminuir a temperatura de seu corpo, arrepiando seus pêlos. Leona abraçou sua cintura e continuou andando, parando num beco, onde havia uma área coberta por um telhado fixado no alto de um prédio. Leona estava distraída, ela olhou para um canto e viu que havia outra pessoa encostada à parede, sentada ao chão sujo, protegendo-se da chuva também. Sentiu um pouco de medo quando olhou para o semblante mal encarado. Ela usava um sobretudo preto, botas e seus cabelos negros repicados, rebeldes, caindo por seu rosto. Parecia uma selvagem urbana, esquecida e largada naquele beco, assim como Leona. Mas ao contrário da morena, ela não carregava nenhuma tristeza ou medo no seu olhar.


- “Acho melhor sair daqui.” – pensou, fazendo menção de se levantar.


- Não fica com medo, patricinha, eu não vou te roubar. – disse a voz grave, seguido por um sorriso divertido.


Ao ver seu rosto, Leona notou como ela era bonita, apesar de estar mal cuidada e de longe podia sentir o cheiro forte de álcool e isso porque era cedo. Os seus orbes eram negros, profundos e penetrantes.


- O que uma filhinha de papai faz aqui? – ela voltou a indagar, arrastando as palavras, quase cantarolando.


- “Só me faltava essa”. – refletiu com desgosto – “eu não quero ser como essa aí!”.


Leona não respondeu, continuando a tentar se aquecer. Uma movimentação naquele beco chamou sua atenção. Dois homens aproximaram-se da mendiga que estava ao seu lado, começando a conversar com ela até que entregaram um pacote que Leona já podia suspeitar o que era, mas sua comprovação foi maior quando viu a sua companheira de beco tocar num pó branco. Ótimo! Agora estava no meio de traficantes.


- O patricinha quer um pouco? – indagou a mulher novamente, rindo baixinho.


 A morena se ergueu, desejando se afastar o quanto antes dali, mas parou ao ouvir um som metálico horripilante. Ela voltou seu corpo na direção do trio e viu que a mendiga estava em pé e notando suas roupas, podia-se ver que não era uma mendiga, talvez uma traficante com dinheiro que estava sentada num beco. Uma grande coincidência! Qual é o sentimento de ter uma arma apontada contra seu corpo? Em primeiro lugar você pensa que não quer morrer, mesmo estando fragilizada e emocionalmente destruída, o sentimento de perder a vida é intenso, parece acordá-lo para coisas importantes. Por um momento começa a pensar nas pessoas que chorariam por você e a agonia começa a lhe subir.Paralisada Leona não movia um músculo sequer de sua face, seus braços estavam caídos ao lado de seu corpo. A desconhecida abaixou a sua arma, colocando-a no cós de seu jeans. Ela foi se aproximando de Leona, enquanto retirava seu sobretudo, revelando roupas de alfaiataria muito bem feitas e quando se aproximou, ela jogou o casaco sobre os ombros da morena que tremeu.


 - Eu vou perguntar de novo. O que uma filhinha de papai faz nesse beco?


Antes não responderia por puro desprezo e por não desejar iniciar a conversa com uma bêbada, mas agora desejava ardentemente que não fosse agredida ou no pior dos casos morta


 - Eu... saí de casa. – falou num tom baixo, sentindo dificuldade de expelir o som de sua garganta. Estava em pânico.


- Por que não ganhou um novo brinquedo? – indagou sorridente.


A morena apenas abaixou a cabeça, esse não era o motivo certamente, todavia jamais falaria qual seria, afinal poderia encontrar pessoas homofóbicas.
As mãos da desconhecida começaram a tatear os bolsos do jeans de Leon, até que pegou o pouco do seu dinheiro e sua identidade, as únicas coisas que ela carregava.


- Diga-me... Leona... – falava, enquanto lia a identidade da outra – por que não volta para seu ninho?


- Eu fui expulsa. – respondeu finalmente, talvez a desconhecida parasse de aterrorizá-la e o deixasse ir, mas a reação foi contrária.


- Por quê? Agora eu fiquei curiosa.


- Problemas familiares.


- Uma filhinha de papai sendo expulsa... hum... você deve ter aprontado, - Você se droga?


- Não.


- Fuma?


- Não.


- Bebe?


- Às vezes.


- Eu não entendo o motivo. Bom, parece que vai chover mais forte. – comentou, olhando para o céu cinzento.


- Er... eu posso ir?


A desconhecida passou a mão por seus cabelos negros que chegavam até a altura de sua nuca, ela abriu um sorriso divertido e então balançou a cabeça negativamente. 


 - Ir para onde?


Leona arregalou os olhos de repente, denunciando que não havia estratégia alguma de sobrevivência. Nesse momento ela não sabia o que responder, havia uma trava no seu cérebro, ela só conseguia pensar que não tinha lugar para onde ir.


- Foi o que eu imaginei. Mas eu vou te adotar, criança. Venha comigo! – falou, passando seu braço por cima dos ombros de Leona, começando a andar para fora daquele beco junto com os outros homens que estavam ali.


Leona ficou andando com aqueles homens, sentindo a chuva começar a lhe molhar, mas não sentia tanto frio, pois ainda usava aquele sobretudo que cheirava a álcool e perfume. Ela viu uma caminhonete preta e sentiu seus pêlos se arrepiarem, não queria entrar lá. Acabou por entrar, sentando nos bancos de trás, ficando ao lado da suposta mendiga. Não sabia para onde estava indo, ela encostou a cabeça no encosto do banco, sentindo o sono lhe atingir. Ela não havia dormido na madrugada, estava desolada e cansada, no fim, acabou dormindo, escorregando seu corpo até bater com a cabeça no vidro.


 - Você adora adotar meninas largadas, Eduarda.


- Pois é, eu tenho essa aptidão. – respondeu com um largo sorriso – Aliás, é bom aumentar a lista de empregados, sendo que esta aqui parece que vai me agradar. 


Eduarda esticou seu braço e tocou numa mecha incrivelmente negra como a sua, sentindo sua maciez. Ficou concentrada no rosto dormente até que voltou a atenção aos seus subordinados.


- Quer ir para casa, Eduarda?


- Claro que sim. – respondeu ríspida – Depois encontrem aqueles dois traidores e o matem, não quero que essas ovelhas desgarradas continuem vivas para rirem de mim.


 


 


OoO


 


 


Num quarto de hotel no centro, mais precisamente em uma cama de casal bagunçada estava Dulce. Seus olhos estavam abertos, olhando para o teto branco que era iluminado pela luz que vinha da janela. A karateca não queria se mexer, estava acabada. Nunca pensou que ficaria tão mal por se ver longe da sua namorada. Sempre agiu de maneira impensada, agredindo, xingando e impondo suas vontades sem sequer preocupar-se com a opinião dos outros.


- “Maldita Amanda, quando eu colocar as mãos em você. Idiota, como pôde falar para a Any?” – refletia. Afinal ela tinha que descontar sua raiva e frustrações em alguém.


Agora sentia muita saudade da sua namorada, não pelo fato de não agüentar ficar algumas horas sem Anahi, mas sim por saber que não a veria nas próximas semanas ou quem sabe nunca mais. Isso a deixava enlouquecida.


- “Ela me ama, ela não vai querer ficar longe de mim. Não tem outra pessoa que ela queira ficar também.” – voltou a refletir, tentando aumentar as esperanças. 


Dulce se ergueu, pegou seu celular e começou a ligar para Anahi. Queria ouvir sua voz, mesmo que fosse lhe xingando. Desejava falar com ela, ficou esperando, desejando que ela atendesse e finalmente foi atendida.


- Any?


- Não, é uma amiga dela.


- Como assim!?! Eu quero falar com ela!


- Por acaso é a Dulce?


- Sim, sou eu. E quem é você?


- Não se lembra da minha voz? Sou eu, Viviane.


- Vi... Viviane!?!?! O que está fazendo com o celular da minha namorada!? – indagou com raiva.


- Pelo que eu saiba ela não é mais sua namorada e ela está na minha casa.


- Co-como? Na sua casa!?!?!


- Sim. Quer deixar algum recado, ela está dormindo agora.


- Dormindo... dormindo onde!?!?!?!


- Na cama, oras. – riu baixinho – se quiser falar com ela, ligue mais tarde.


- Acorde-a, eu quero falar com ela!


- Eu não vou acordá-la. Aliás, eu vou desligar, até.


- Espera...


Dulce ficou falando sozinha até que jogou o aparelho na cama, sentindo seu sangue ferver. Anahi estava dormindo na casa da sua ex-namorada. Com certeza aquela escritora devia estar se aproveitando da fragilidade da sua namorada, era assim que Dulce pensava. E vendo que ia enlouquecer se continuasse trancafiada naquele hotel, Dulce voltou a pegar seu celular. E voltou a discar os números, dessa vez ligaria para alguém que podia lhe aconselhar.


- Alô?


- Kirias, sou eu, Dulce.


- Ah, o que foi?


- Eu preciso conversar.


- Está preocupada, não é?


- Claro que eu estou. Podemos nos ver?


- Não vai dar.


- Como não? O que está fazendo?


- Eu estou na aula. Faculdade, lembra?


- E depois da faculdade?


- Eu vou visitar minha namorada, hoje é sexta-feira.


- Mas Kirias... eu queria conversar com você.


- Ah, que voz manhosa, não combina com você. Não vai dar, vá conversar com a Juliana.


- Juliana não sabe dar conselhos.


- Ah, então fique sozinha.


- Você é uma ingrata. 


- Morda sua língua, Dulce. Fui eu que ajudei sua namorada a não ser atropelada na rua ontem, então não venha me atacar.


- Ah, certo, certo. Eu vou desligar então.


- Boa sorte. Até, mais.


Dulce desligou e suspirou, Kirias não era uma pessoa muito fácil de lidar, então começou a ligar para Juliana. Ela precisava de alguém para conversar, mesmo que a ruiva fosse péssima conselheira. Ela ouviu a voz sonolenta de Juliana ao telefone e já começou a se arrepender de ter ligado para sua amiga.


- Dulce?


- Juliana. Eu queria conversar com você.


- Sobre a Any?


- Sim. podemos nos encontrar?


- Hum... hoje? Ah, nossa.


- Você não foi para a faculdade?


- Ah, eu dormi tarde ontem. Eu tive uma longa conversa com meus pais.


- Conversa?


- Sobre meu namoro com a Leona.


- Não acredito! Contou a eles?


- Tive que contar. Bom, que horas são?


- Onze horas. Vamos almoçar?


- Hum... Certo. Vamos naquele restaurante italiano. Daqui a meia hora eu saio daqui.


- Eu te espero. Até mais.


- Até.


Dulce suspirou, não era a melhor pessoa que queria falar, mas talvez fosse melhor a ruiva, pois quando Kirias estava irritada ela geralmente lhe xingava de tudo que era nome e também ficava jogando na sua cara o quanto era desprezível e azarada. A karateca tomou um banho rápido e saiu do hotel. Chegou logo até o restaurante, estava com tédio e ansiosa por ver alguém, assim que chegou ficou sentada a uma mesa próxima a entrada do estabelecimento para ver quando sua amiga chegasse. O jeito era esperar.


 


 


OoO


 


 


O sol do meio dia estava se apagando, o tempo passava e o horário escolar ia junto, arrastado pelo vento, trazendo olhares felizes aos jovens que eram obrigados a se trancafiarem nos prédios frios e duros dos colégios de ensino médio. Alexia arrumou a mochila que carregava nas costas e começou a caminhar até o banheiro em silêncio, quando entrou deparou-se com uma cena que jurou que jamais veria novamente depois que tinha saído do Saint Rosre. Havia um grupo de garotas que pressionava outra contra uma parede, todavia elas não pareciam estar se batendo, apesar da vítima estar com o rosto vermelho. A ex-loira virou as costas e saiu rapidamente, ela sabia que esse tipo de situação era inevitável para os mais fracos e tinha que fugir. O Saint Rosre era uma grande lição de vida, naquele lugar, não adiantava fugir, pois sempre te achavam. Todavia o mundo estava mais fácil naquele colégio particular, ela podia alcançar a rua e fugir. E quando sentiu os ventos baterem contra seu corpo, Alexia relaxou, mas algo dentro de seu peito a incomodava. Ela estava com remorso, certamente já havia visto aquela garota oprimida antes. Mas o que poderia fazer? Não era forte e autoritária como sua irmã, o máximo que ia acontecer era as garotas mudarem o alvo de suas sacanagens para ela. Alexia se virou ao ouvir um chamado, seu sangue gelou ao ver duas das garotas que estavam no banheiro atrás dela. Certo, elas não iam deixa-la sair impune por ter visto aquilo.


- Você não viu nada, entendeu? – falou uma delas.


- Certo. – Alexia confirmou.


A ex-loura virou suas costas pronta para voltar seu percurso, entretanto foi chamada novamente. Ótimo! Elas não eram garotas alegres e felizes que a deixaram em paz, nesse ponto se assemelhavam as garotas do maldito colégio interno. E para a desgraça de Alexia quem se aproximou foi a garota que estava implicando com ela nas últimas semanas.


- “Maldição! O que ela quer?” – refletia, vendo a maior se aproximar.
Elas cochicharam algo entre elas e depois olharam para a menor.


- O que acha de vir com a gente, Alexia? – indagou a recém chegada – Você é nova no colégio, acho que é bom fazer novas amizades.


- Agradeço, mas tenho que ir para casa. – respondeu – Até mais.


Alexia virou e começou a caminhar, chegando à calçada, vendo que o trio lhe seguia. Pelo jeito ela teria dor de cabeça, e ao chegar na esquina, a ex-loura arregalou os olhos, surpresa com quem encontrou.


- Aí, não corre da gente não. – provocou a que sempre lhe provocava ao cruzar a esquina, encontrando Alexia ao lado de outra garota, que era bem alta e tinha uma cara de péssimos amigos.


- Essa aí está te irritando? – indagou Aziel, com os braços cruzados e um olhar de desprezo.


- Vamos embora, não faça nada. – pediu Alexia.


O trio que até agora caçoava parou de falar, estavam estáticas diante a presença daquela mulher grande, tatuada, cabelos compridos, ela parecia uma rebelde sem causa. E era. Aziel deu alguns passos e pegou a maior pelo colarinho da blusa e a jogou contra a estrutura de concreto, pressionando seu braço contra sua jugular, sufocando-a.


- Eu só aviso uma vez, então preste atenção. – sussurrou – Se eu ouvir alguma reclamação sua e de suas amiguinhas, tenha certeza de encontrar um buraco bem fundo para se esconder, pois se eu te achar, nem seus pais vão te reconhecer.


E dizendo isso, Aziel a soltou com a mesma expressão, se virou até Alexia e a puxou pelo ombro tranqüilamente, dirigindo-se até o carro que estava próximo. E quando entrou no carro, Alexia respirou fundo e afundou-se no banco.


- Eu pensei que ia bater nela... – suspirou aliviada.


- E quase bati. – comentou, passando a mão por seus cabelos louros.


O motor do carro foi ligado e elas saíram de lá, indo direto para o apartamento de Aziel, onde entraram e se acomodaram na sala. A anfitriã foi até a geladeira e pegou duas garrafas long neck de cerveja, entregando uma a sua namorada, para depois se sentar ao seu lado, passando o braço por seus ombros.


 - Por que elas estavam te seguindo?


- Eu as vi pegando uma garota para infernizar no banheiro, logo saí, porém elas vieram atrás de mim.


- Hum... Elas são baderneiras, então. – comentou, sorvendo o líquido gelado, para depois dar um selinho nos lábios da menor – Que sorte que eu fui te buscar hoje.


- Só não quero ver você com problemas por minha causa.


Aziel parou de beber e deu toda a atenção ao rosto jovial de Alexia, olhando-a com certa indignação.


 - Vou fingir que não ouvi isso. – murmurou – Quer almoçar? Eu comprei comida chinesa.


Alexia sorriu e balançou a cabeça positivamente, para logo depois cair nos lábios da sua namorada. Talvez não fossem almoçar tão cedo!


 


 


OoO


 


 


E distante desse quadro animado entre um casal apaixonado, num bairro mais afastado do centro. Uma jovem escritora olhava para sua hóspede com muita atenção. Viviane estava em pé ao lado da cama, observando Anahi dormir com tranqüilidade, ela se atreveu a tocar numa mecha para poder ver melhor o rosto que ficou impregnado na sua mente há anos. Viviane se afastou e foi até o armário, fingindo olhar alguma coisa na gaveta ao ver que Anahi começou a abrir os olhos lentamente. A loira se sentou na cama, bocejando suavemente.


- Que horas são?


- Duas horas ainda. Pode descansar.


- Ah, não. Eu não agüento mais dormir. – e tornou a bocejar – A propósito, a sua cama é muito macia.


Viviane sorriu e olhou para Anahi, comentando:


- Ficaria mais confortável com sua dona junto.


Anahi arregalou os olhos por um breve instante e logo fingiu não entender o comentário, abrindo um largo e falso sorriso para depois desviar o olhar.


- Eu estou com fome.


- Além de pegar minha cama, minha paciência, você quer comida!?


- Sim, claro. Pacote completo.


- Quer o pacote completo mesmo? – sorriu, caminhando até Anahi que se encolheu a cabeceira da cama.


- Er... Bom... er... Depende.


- Depende do que?


- O que vem no pacote completo?


- Hum... Você vai aceitar depois que ver o que essa casa te disponibilizará no tempo que permanecer aqui?


- Depende. – respondeu, suando frio.


- Você tem direito a cama, comida, banho, atenção, psicóloga sem diploma e... Também pode receber muita atenção e carinho da anfitriã.


 Anahi se levantou, rindo baixinho, dando a volta pela cama, ficando bem longe da sua ex-namorada antes que ela pudesse lhe atacar de alguma forma.


- Que bom, você é muito atenciosa e uma ótima amiga! – disse, dando ênfase a palavra “amiga”.


Viviane bufou, ela podia ser uma pessoa direta, mas Anahi sabia como ser irritante e sonsa quando queria. Afinal, a loira tinha essa grande arma contra sua ex-namorada. Todavia o coração de Viviane batia forte, ela não entendia o sentimento de perda e revolta que estava sentindo.Talvez o sentimento pudesse ser explicado, mas não era fácil e muito menos hipócrita ou oportunista. Imagine-se amando uma pessoa por anos, sendo que vocês foram separadas por motivos geográficos, e de repente encontra essa pessoa que continua bonita, legal, atenciosa e cheia de qualidades que você preza num ser humano. O sentimento se dissipou? Não, pois ficou aquele espaço mal preenchido e largado por motivos já citados. O sentimento de Any poderia ser esse, e era até conhecer Dulce no antigo colégio. Porém, será que os sentimentos perdidos na adolescência poderiam ser revividos por uma carência de amor? Afinal, Anahi sentia-se traída por Dulce e por seu pai. Será que poderiam dar certo agora que se encontraram e eram independentes? Anahi pareceu desligar-se do mundo atual, dos seus anseios e seus compromissos ao ver Viviane andando na sua direção, com um objetivo claro. Quando as duas ficaram milímetros de distância, os pêlos de seus corpos se arrepiaram. Há quanto tempo não sentiam aquele toque!


- Any, eu queria falar uma coisa para você.


- O que? – indagou tão baixo, que sua voz saiu num sussurro quase inaudível


O celular de Anahi começou a tocar de repente, a loira se desligou do estado mental que estava e acordou para a realidade, olhando para o aparelho que vibrava e tocava em cima da cômoda. Viviane deu um passo para o lado e abaixou a cabeça, parecendo estar perturbada com ela mesma. Anahi agiu rápido, pegou o aparelho, estranhando o número da ligação, para depois atender.


- Diga Juliana.


- Any, minha prima ligou para você?


- Hã?


- Responde, Any!


- Calma, Juliana. Ela não me ligou. Aconteceu alguma coisa?


- Ela sumiu! Você sabe de alguma coisa? Diga Any!


- Eu não sei! Aconteceu algo?


- Se ela te ligar, me avise!


- Sim, mas...


E a ligação foi encerrada. Anahi ficou olhando para o aparelho com preocupação. Ela voltou a ligar para Juliana novamente, mas a ruiva desligou novamente em sua cara.


- O que houve, Any? Que cara é essa?


- Acho que aconteceu algo com minha amiga, Leona.


- Ligue para ela.


- Já tentei, só chama.


- Não tem outra pessoa para ligar? Ela mora sozinha?


- Hum, eu vou ligar para a casa dela.


E assim fez, Anahi ligou e falou com a mãe de Leona, que a atendeu com uma voz amuada, arrastando algumas informações sobre sua filha, mostrando certa preocupação. A loira não conseguia entender o que havia acontecido, mas ao fundo ouviu a voz de um homem, que provavelmente seria o pai da sua amiga, ele gritava algo. Todavia Anahi não pôde ouvir a conversa, pois desligaram novamente na sua cara.


 - Que povo mal educado. – Viviane comentou.


- Acho que algo sério aconteceu e eu quero saber o que é.


- Ligue para alguma amiga sua.


- Sim, vou ligar para a Kirias!


E novamente a boa samaritana ligou para outra pessoa, ouvindo uma resposta nada agradável de Kirias que estava na faculdade, no meio de uma aula teórica que estava lhe dando dor de cabeça. Anahi suspirou e se sentou na cama, procurando algum contato na sua lista telefônica. E foi então que parou no nome de Dulce, olhando para os números que sabia de cabeça.


- Achou outra pessoa para você ligar?


- Talvez a Dulce saiba...


Viviane torceu o nariz ao ouvir aquele nome.


- Eu vou preparar algo para você comer. Depois desça!


A loira agradeceu e a viu se afastar, voltando a olhar para seu aparelho. Ela não queria falar com Dulce, mas a curiosidade e a preocupação falavam mais alto, então digitou uma mensagem para a karateca, para ficar mais impessoal. Tentou ser o mais formal e direta possível e aguardou.
Dentro de poucos segundos seu telefone tocou. Dulce lhe ligava, Anahi respirou fundo e apertou o botão verde, ouvindo a voz rouca da sua querida e talvez ex-namorada.


 


OoO


 


Continua...



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Autor(a): lunaticas

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Anahi olhou para o aparelho que tremia em sua mão, sentindo seu coração acelerar. Ela estava magoada, era pior que sentir raiva de qualquer pessoa, a magoa era crescente e lhe deixava com uma estima baixa. Mas respirou fundo e atendeu. - Any... - Dulce. Eu queria saber o que aconteceu com a Leona. - A Juliana descobriu que ela foi expulsa da casa dela ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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