Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
Anahi olhou para o aparelho que tremia em sua mão, sentindo seu coração acelerar. Ela estava magoada, era pior que sentir raiva de qualquer pessoa, a magoa era crescente e lhe deixava com uma estima baixa. Mas respirou fundo e atendeu.
- Any...
- Dulce. Eu queria saber o que aconteceu com a Leona.
- A Juliana descobriu que ela foi expulsa da casa dela e que está perdida por aí.
- Expulsa?
- A família descobriu sobre elas. Parece que os pais da Leona a expulsaram de casa.
- Não acredito! Eu acabei de ligar para a casa dela.
- E eles disseram algo?
- Não, nada.
- Any, a gente podia se encontrar?
- Não, não quero te ver.
- Por quanto tempo?
- Eu não sei. Quem sabe um dia.
- Any, eu te amo.
- Eu vou desligar. Vê se passa no médico, afinal você deve estar com o mesmo problema que eu.
Anahi desligou sem ouvir a voz da outra. Sua mão tremia levemente, ela colocou o celular no bolso e desceu para a cozinha, encontrando Viviane preparando alguma refeição.
- O que houve? – indagou.
- Descobriram que Leona é lésbica e a expulsaram de casa. – disse – Que família horrível! Ela é tão boa, Viviane, você tem que conhecê-la.
- Ela é sua amiga?
- Sim, eu a considero minha melhor amiga. Eu gosto muito de conversar com ela
- Acho que Carei falou dela. Ela andava com as irmãs dela.
- Sim, ela andava com Aziel e Amín. Amín sempre foi apaixonada por ela. – comentou – Mas como sabe tanto? O que houve entre você e a Carei?
- Eu a trouxe para cá. – disse, contando em detalhes o que havia acontecido entre as duas naquela noite.
Anahi ficou ouvindo tudo com a boca aberta, não acreditando que a loirinha realmente era enrustida.
- Bem que Dulce vivia dizendo isso, – comentou, rindo baixinho – e eu sempre negava.
- Porque você é burra, Any. Está na cara que aquela garota tem uma paixonite por você. – disse, colocando alguns alimentos na mesa, juntamente com o chá que preparou.
- E vocês estão juntas?
- Não, claro que não. Ela é confusa demais, mas parece que ela quis algo a mais.
- Não vá machucar a garota.
- É mais fácil ela me machucar com esse drama de não querer se envolver. Olha, eu cansei de relacionamentos. – suspirou – Você me machucou demais no passado.
Anahi ficou em silêncio, não conseguindo se expressar. E que culpa ela tinha? O relacionamento não foi terminado porque ela decidiu.
- Não fale assim. Você não sabe como foi ruim para mim também, eu acabei ficando sozinha com minha mãe, nem saia mais de casa. Você não sabe... então, cala essa boca. – Any disse, com chateação.
E ao ver que havia falado algo sem muito sentido,Viviane sussurou um pedido baixo de desculpas, voltando sua atenção para o chá que bebia. As duas começaram a comer em silêncio, com os olhos vidrados, observando o nada, mergulhadas em seus devaneios. E quando terminaram Viviane se levantou e jogou a louça suja na máquina de lavar, enquanto Anahi ficou a guardar algumas coisas. Quando terminaram o destino foi a sala, onde se sentaram no sofá.
- E quando vai voltar para sua cadelinha?
- Por que se importa?
- Eu me importo com você. Afinal, você está na minha casa, não é?
A loira suspirou, ela não tinha resposta e sabia que aquela pergunta era apenas uma provocação.
- Você deveria sair desse buraco, ficar com outra pessoa, mudar sua rotina.
- E o que você quer que eu faça? Que eu saia numa balada e beije a primeira que eu ver sem sentimento algum?
- Por que ir a uma balada se tem alguém que te quer bem ao seu lado?
Viviane se aproximou e tocou no rosto atônito de Anahi, resvalando seus dedos por sua pele macia, parando na altura dos lábios rosados. Any fechou os olhos e aquele momento foi de pura entrega, quando os lábios já conhecidos lhe tocaram a boca, iniciando um beijo lento. A saudade bateu forte, aquele cheiro, aquele modo de beijar era único. Aquilo lembrava sua infância. A situação a seguir se desenrolou rapidamente. Anahi caiu deitada no sofá, tendo o corpo maior por cima, e suas mãos logo a atacaram, sentindo cada pedacinho, os novos músculos e as novas formas. Viviane estava diferente, ela havia crescido, estava mais forte. Todavia não conseguiu deixar de comparar ao corpo de Dulce. Elas eram diferentes. Uma língua atrevida desceu até a jugular, assim podia sentir o gosto da sua ex-namorada, beijando e chupando sua pele para depois dar leves mordidinhas. Anahi suspirava, adorando aquela carícia, sentindo o carinho que lhe faltava nesses últimos tempos.
- Eu sempre penso... em como ficaríamos juntas. – revelou Viviane – Não posso me relacionar com mais ninguém, se ainda penso no passado. Eu fiquei brava ao saber que você superou tão facilmente e ficou com outra.
- Viviane... o tempo passou.
- Sempre juramos que íamos ficar juntas. – sussurrou, voltando a beijar os lábios da loira.
Any fechou suas pálpebras e deixou algumas lágrimas escaparem, Viviane as sentiu, mas não parou com seus beijos.
- Eu quero amar você de novo.
- Eu amo outra pessoa.
Viviane parou com o que fazia, irritada com aquela afirmação. Ela sabia que Anahi amava outra mulher, mas pensou que poderia se enganar, que poderia viver outra realidade ou então que a outra já tivesse se esquecido de seu amor. E mesmo assim, ela não sabia que ainda amava Anahi ou então se estava apenas pensando no sentimento antigo.
- Eu... eu vou dar uma volta. – disse Any, afastando-se da sua ex-namorada.
- Não, não precisa.
- Eu acho melhor. – falou, começando a caminhar até a porta – Não demoro.
Any!
E a porta se fechou. Viviane se jogou no sofá com as mãos tampando sua face.
Do lado de fora, Anahi andava pelas ruas distraidamente. Ela havia gostado daquele beijo, isso é claro, no entanto não podia magoar Viviane, pois sabia que não ia ficar com ela. Foi um momento de fraqueza.
- “Uma pessoa tão boa querendo ficar comigo e eu penso só em você sua filha da puta. Eu te fiz tantas coisas, tantas coisas... e você sempre ficou me cobrando, cobrando... e agora me traiu. Ah... Dulce, a gente não se merece”. – refletia.
OoO
Leona abriu seus olhos, encontrando-se num quarto onde havia dois garotos sentados num colchão, eles comiam chocolate e assistiam televisão. O cheiro forte de café abriu seu apetite, aos poucos ela se sentou, revelando seu rosto marcado pela costura do colchão.
- Ah, oi! – disse o garoto – Eu sou o Gabriel.
- Onde eu estou?
- Eduarda a trouxe aqui. Você dormiu bastante. – falou com um carregado sotaque espanhol, passando a mão por seus cabelos castanhos.
- Quem é Eduarda?
- A líder da nossa trupe! – disse, erguendo-se num pulo, assustando Leona por um instante. Mas a morena logo olhou para os olhos avermelhados do garoto, ele certamente estava drogado.
- “Deve ser a mendiga do beco. Droga...” – pensou, levantando-se, olhando para o cômodo que havia uma grande janela de madeira pintada a branco. Ela se aproximou e olhou para um terreno vazio, onde havia várias peças jogadas pelos cantos. Era um ferro-velho.
- Qual é seu nome? – indagou Gabriel.
- Leona. – respondeu –O que vocês fazem aqui?
- A Duda tirou a gente da rua. – sorriu – Ela é muito boa.
- E vocês vivem aqui de que maneira? – indagou, olhando para o outro garoto que estava assistindo televisão.
O garoto que até agora estava em silêncio aparentava ser mais velho que Gabriel, que devia ter seus quinze anos ou menos. Ele era negro, com cabelos lisos e brilhantes até o meio das costas, parecia lúcido também.
- O que acha que fazemos? – ele indagou, num tom agressivo – Nada é de graça.
- Se prostituem? – indagou de repente, com a voz baixa.
- Eu não, mas o espivetado fica com qualquer uma. Mas Eduarda não tem preferência por homens, se é que você me entende, – comentou – sossega. Come alguma coisa e senta aí, você não vai sair daqui tão cedo.
- Eu preciso sair.
- Se quiser insistir com isso, bata na porta e fale com o cara que está ali. – falou, voltando a olhar para televisão.
Leona ficou com medo, porém se moveu, dando duas batidas numa porta de metal, encontrando um homem com uma barba mal feita lhe olhar com cansaço.
- O que foi?
- Eu quero sair. – falou.
O homem revirou os olhos e fechou a porta na sua cara. Leona nem se atreveu a bater novamente, a morena foi até a janela, pensando seriamente em pular, mas antes que pudesse mover um músculo, ela ouviu a voz rouca de Carlos.
- Eu não faria isso se fosse você.
- Por quê?
Ele não respondeu, voltando a comer seu chocolate. Leona começou a entrar em desespero. Ela caminhou até o outro cômodo, olhando para uma senhora que estava preparando um pouco de café. Leona a cumprimentou e fez as mesmas perguntas, obtendo as mesmas respostas, mas dessa vez lhe foi oferecida uma barra de chocolate para que se alimentasse e um pouco de café. E assim ela voltou para a sala, sentando-se no colchão para assistir televisão.
O tempo foi passando e a garota não aguentava mais assistir aquela novela. Ela tentou conversar com os garotos, mas o único que falava com ela era Gabriel, que não dizia nada com nada e ficava rolando pelos colchões. Em certo momento a porta de metal se abriu e lá entrou a mulher que estava no beco. Agora vestia jeans e uma blusa escura, muito bem vestida, com os cabelos negros e repicados pelo rosto, exibindo aquele olhar acinzentado.
- Duda! – gritou gabriel, jogando-se no colo da mulher que o abraçou e lhe deu um beijo na testa.
- Como você está?
- Eu estou bem. – disse com uma voz extremamente infantil – Eu estava com saudade.
Eduarda comentou algumas coisas e depois conversou com os outros garotos que lhe deram toda a atenção que até agora não deram para Leona e depois de atender a todos, Eduarda deu atenção a morena que a observava em silêncio.
- Agora você tem um lugar para ficar. – disse.
- Eu quero ir embora. – falou firme.
- Para onde?
- Para minha casa.
- Você não tem casa. Pelo que eu me lembro, você estava jogada num beco. Pense bem, fique aqui.
- Em troca do que?
- Que menina irritada. – riu alto – Eu dou casa, comida e uma família. Somos uma grande família, não é gaby?
- Sim! – sorriu animado.
Uma angústia crescente ficou presa ao peito de Leona, ela queria sair correndo, chutar todas aquelas pessoas e cair nos braços daqueles que a amavam, mas não se moveu, ali ficou presa aos seus pensamentos.
- Então eu fico aqui nesse quarto vendo televisão e comendo chocolate?
- Se quiser pode sair comigo.
- Eu quero sair daqui.
Eduarda a chamou com a mão e saiu daquele quarto, sendo seguido por Leona. Agora elas andavam por um corredor. Ali era realmente uma grande casa, com vários cômodos e ali havia mais pessoas, alguns garotos também, que andavam com poucas roupas.
- Isso é uma casa de prostituição?
- Claro que não. De onde tirou isso?
- Você é uma traficante?
- Nossa, que coisa pesada. Não sou essas coisas que você pensa.
- Então é uma boa samaritana que tira pessoas da rua? Olha, eu sou maior de idade, não sou criança.
- Acertou, eu sou uma boa samaritana. – sorriu.
Eduarda abriu uma porta e pediu para Leona entrar, a morena não enxergava nada, por causa da escuridão, mas obedeceu adentrando no cômodo, sendo seguida de Eduarda que fechou a porta e tocou no interruptor. A luz revelou um quarto limpo, melhor organizado com uma grande cama de casal e móveis clássicos.
- Diga-me, Leona... certo?
- Sim.
- O que você fazia? Por que está perdida no mundo?
Eduarda apontou para uma poltrona, onde a morena se sentou. A anfitriã serviu dois copos com Martini e entregou um a Leona, que sentiu seu estômago embrulhar só se sentir o cheiro.
- Hein?
- Eu estudo letras e não estou perdida.
- Então pode voltar para sua casa?
- Sim. – falou insegura.
- Hum... seus pais te pagavam a faculdade e seu mundo. Mas então está sem ninguém agora, certo?
- Para que quer saber? O que quer de mim?
- Você pode morar conosco.
- E qual o preço disso?
- Oras, se quiser colocar dessa maneira. – suspirou – Eu peço alguns serviços, como entregar algumas encomendas. Ajudar a embalar algumas coisas, atender telefone. Pense que é uma grande empresa.
- Embalar e entregar? – indagou com uma expressão séria – O que seria essa mercadoria?
- Depende do comprador. Mas pense, um trabalho honesto, você não estará fazendo mal a ninguém, terá um salário.
- Um salário?
- Sim. Comida, casa, família, algumas regalias e os melhores funcionários da semana sempre ganham prêmios.
- E se eu não quiser trabalhar aqui?
- Aí teremos um sério problema. – sorriu, bebendo um pouco do martini – Acho que você é esperta, não vai querer contrariar as regras! – disse, dando uma piscada para a morena que engoliu em seco.
- “Meu Deus... eu preciso sair daqui”. – pensou, olhando para o copo que segurava.
- Vou perguntar novamente, eu queria muito saber o motivo de você ter saído de sua casa. Fale para mim, Leona. Ou eu vou ficar chateada com você.
- “Essa mulher parece ser perigosa. E o que raios ela fazia num beco?” – pensava – Bom, eu briguei com meu pai.
- Isso é um bom começo. Viu como não é difícil falar? Por que brigaram?
- Ele queria que eu estudasse direito.
- Mentira. – falou rapidamente, vendo o olhar assustado da garota– Estou acostumada a ouvir essas coisas das pessoas que param por aqui. Eu sei que deve ter algo a mais e você falou tão tranquilamente, não dá para me enganar. A mente humana é uma caixinha de surpresas, é preciso ficar atenta.
- “Ótimo, ela parece ser que nem a Kirias. Pelos Deuses!”.
- Quando ficamos caladas por um tempo não querendo falar sobre uma coisa, é natural. Agora de repente você me diz algo tolo. Acha que eu não percebo que é mentira? – comentou com um ligeiro sorriso nos lábios.
- E se eu não quiser falar?
- Eu preciso saber sobre os meus funcionários. Afinal, todos têm uma ficha.
- Isso é um sequestro. – resmungou – Eu tenho amigos.
- Mas é sempre bom ter novos amigos. E onde estavam esses mesmos amigos quando te achei naquele lugar solitária?
- Olha, eu fui expulsa de casa ontem, eu estava sem celular e minhas amigas não aceitam ligação a cobrar, como moramos longe, eu pensei em ir na casa delas, mas como estava chovendo eu parei um pouco naquele beco e o resto você já sabe.
- Então está me dizendo que ninguém sabe que você está nessa situação?
- Pois é.
Eduarda ficou um tempo analisando a situação, ela passou a mão por seu queixo quadrado, depois alisou seus fios negros e antes que dissesse o que pensava, ela sorveu alguns goles de seu martini.
- Gostei de você!
- Hã?
- Acho que me será muito últil.
- Eu não quero ficar aqui.
Eduarda levantou a mão e mostrou dois dedos, deixando a mais nova curiosa
- O que é isso? Sinal de vitória?
- Não, burra. É sinal de dois, número dois, sabe? – indagou com cinismo, olhando para o olhar invocado de Leona.
- E o que tem isso?
- Você ficará aqui dois meses.
- O que?
- Isso mesmo. Depois disso eu deixo você sair.
- Por que não me deixa sair agora? O que posso fazer em dois meses?
- Muitas coisas, como eu disse, aqui é uma grande empresa.
Leona revirou os olhos, sentindo um certo alívio no meio, talvez aquilo fosse uma mentira, algo para acalmá-la e para lhe dar uma falsa esperança, porém mesmo assim gostou, deixando um leve sorriso desenhar-se em seus lábios ressecados.
OoO
Dentro de um carro esporte grudada a um telefone celular estava Juliana, olhando para os lados, procurando saber o paradeiro da sua prima, todavia não fazia a mínima idéia de onde encontrá-la. Leona não havia se comunicado com ninguém.
- “Que droga! Leona, sua idiota. Por que não veio falar comigo?” – pensou de repente – “Talvez ela apareça em casa”.
E o motor do carro arrancou e ela chegou em poucos minutos em sua casa, encontrando sua irmã mais velha que também estava com uma expressão preocupada, andando de um lado para o outro. Evidente que ambas amavam a prima mais nova, de formas diferentes é claro.
- Achou!? – indagou Victoria.
- Nada! – disse, jogando-se no sofá – Onde ela se meteu? Por que ela não veio aqui em casa?
- Eu não sei. Será que ela foi sequestrada? Você já foi nos hospitais?
Juliana arregalou seus olhos, ela não havia pensado nisso. Ela se ergueu num salto e Victoria a acompanhou com passos rápidos, mas antes que as irmãs saíssem de casa, a mãe delas as impediu.
- Onde estão indo com tanta pressa? – ela indagou.
- Talvez Leona esteja num hospital.
- Leona?
- Você não sabe? – Victoria indagou – ela foi expulsa de casa.
- Por quê?
- Porque você foi fofocar sobre o que viu para a mãe dela. Disse a ruiva com agressividade – Gostou do que aconteceu?!
- Juliana, eu não sabia que ia acontecer isso. Eu só acho que Leona precisava de apoio familiar, por isso falei com a mãe dela. Pare de falar assim comigo.
Juliana ia retrucar, mas Victoria a puxou pelo ombro, balançando a cabeça negativamente. Certamente que discutir nesse momento não ia mudar nada, apesar de satisfazer internamente os sentimentos da sua irmã mais nova, todavia ela não permitiria que sua mãe fosse maltratada
- Vamos logo, Juliana.
- Vocês estão indo aonde? – quem indagou agora foi o pai da família, que se aproximou todo engravatado, segurando sua mala de trabalho.
Juliana e Victoria comentaram o que havia acontecido para a surpresa do mais velho que ficou pálido, sem palavras. O trio parou de conversar e começou a olhar para o homem engravatado, que engolia em seco.
- O que houve pai? – indagou Victoria, atenta aos movimentos de seu pai, com quem tinha maior afinidade naquela casa.
- Leona passou aqui.
- O QUE?! – o trio indagou num grito.
O homem passou a mão por seus fios esbraquiçados, dando uma leve tossida antes de dirigir a palavra ao trio atento.
- Ela apareceu ontem querendo falar com você, Juliana. Eu conversei com ela e disse que não apoiava esse namoro.
- Você o que? – indagou a menor num grito, querendo pular no pescoço de seu velho.
- Mas eu não sabia que meu irmão havia feito algo tão estúpido! Se eu soubesse que ela tinha sido expulsa é claro que não teria falado para ela ir embora. – disse com certa irritação – Vocês acham que eu sou o que, afinal? Eu gosto muito da minha sobrinha.
- Mas pai, você não podia
- Juliana, chega. Eu não sou a favor disso, mas agora não podemos falar nisso. Eu vou até a casa do meu irmão e vocês vão procurar a prima de vocês.
- E eu vou na polícia. – disse a mãe, que parecia ser a mais centrada.
E quando a família entrou em um acordo eles se dividiram. Victoria achou melhor ir com seu pai, pois o conhecendo bem sabia que ele poderia querer espacancar seu tio. Não que Victoria não sentisse vontade, mas ela era da filosofia que com a briga física nada se conseguia. Em pouco tempo chegaram até a casa de Leona, eles foram recebidos pela mãe que os levou até a sala de visita. E agora o quarteto estava na sala, olhando-se em silêncio
- Diga-me. – falou o pai de Leona, com um olhar centrado.
- O que você tem nessa merda de cabeça?!
- Eu que deveria perguntar isso! Como pôde permitir esse relacionamento doentio?
- Eu não sabia de nada, mas isso não é motivo para expulsar um filho de casa!
- Minha casa, minhas regras! – disse num tom mais elevado – Diga para a Leona que se ela quiser se desculpar, eu posso ouvi-la.
Victoria riu baixinho dessa vez, tendo a atenção dos mais velhos.
- Se você achar a sua filha, pois estamos desesperados atrás dela. Talvez ela esteja em algum hospital ou algo pior, pois ela sumiu.
A expressão dos pais foi digna de atenção. A mãe de Leona olhou para seu marido, mordendo o lábio inferior, exibindo um olhar carregado, pronta para falar tudo o que pensava para o outro, mas se conteve. E quanto ao pai, este ficou introspectivo, com a cabeça abaixada e um olhar perdido. Victoria olhou para o quadro geral e suspirou. O jeito era descruzar os braços e agir.
OoO
Enquanto alguns estavam correndo atrás de uma pessoa querida, Dulce olhava para o seu celular, sabendo onde estava aquela que desejava, todavia não podia se aproximar. O penhasco que surgiu entre Anahi e ela era fundo e largo. A karateca não queria voltar para sua casa e ter que ficar convivendo com sua mãe e seu padastro. Todavia não era rica, vivia de mesada e obviamente precisava de um lugar para ficar e com Anahi ela não pagava nada, pois a loira não deixava. O celular tocou, ela o puxou rapidamente, torcendo o nariz ao ver a idenficação da chamada. Ela atendeu, ouvindo aquela voz marota e aquele sotaque forte do centro da cidade, juntamente com as gírias tão carregadas e únicas de Amanda.
- O que você quer? – indagou de repente, cortando o assunto.
- Eu queria falar com você. Eu preciso.
- Não acha que já falou merda demais?
- Do que está falando, Dulce?
- Do que você falou para a minha namorada, porra! Você tem merda na sua cabeça? Como pôde ter falado aquilo, sua imbecil? Você sabe como eu estou agora?
Calma, pow. Calma, ela me empurrou contra a parede, sabia? Ela tinha certeza que aconteceu algo.
- Foi apenas sexo, sem nada, nada mesmo!
- Dulce, Eu sei que você está puta, eu ficaria também. Mas vamos conversar pessoalmente.
- Não quero.
- Dulce, por favor. Você esqueceu algumas coisas na minha casa.
- Jogue no lixo.
- Dulce, não seja infantil, pow Eu não tenho culpa que você traiu sua namorada, eu sabia que você tinha namorada, mas a cabeça do relacionamento se faz das pessoas... eu...
- Já chega. Eu vou passar aí.
- Pode vim, e...
Dulce desligou, bufando, ela se sentou na cama e passou a mão por sua mecha, acalmando sua respiração. Ela pensava no motivo de ser tão irritada? De repente explodia, sentia vontade de chutar e quebrar as coisas, era algo incontrolável, e sempre foi assim, desde a infância. Ela pegou uma jaqueta jeans e saiu, pensando em acalmar sua respiração, mas só de pensar no cinismo de Anahi, sua irritação voltava ao estado inicial. E quando entrou no carro, ela ligou o rádio, procurando uma música para se acalmar e o resultado foi desastroso. A música favorita de Anahi começou a tocar. Ela bateu a mão contra o aparelho de som e o desligou, dando a partida no automóvel, indo até o apartamento que cometeu seu maior pecado contra sua namorada.
E o seu destino foi alcançado, saiu do carro e subiu até o apartamento, quando entrou, sua raiva pareceu esvair-se ao ver o olhar entristecido de Amanda. Talvez aquele olhar maroto tivesse lhe conquistado.
- Aqui estão suas coisas, Dulce – disse a mais baixa, apontando para um sacola.
Dulce pegou a sacola e pensou que seria melhor sair logo, contudo algo a incomodou, no íntimo não estava se sentindo bem. A filha da puta daquela história havia sido ela, claro que Amanda sabia que ela namorava, mas a culpa da traição não era de ninguém a não ser dela mesmo.
- “Será que eu falo algo?” – pensava, olhando para a outra que estava em silêncio, amuada.
- Dulce, pow, eu não queria que a situação ficasse assim. Meu, presta atenção, a gente não precisa ficar inimiga, saca?
- Eu sei, mas eu estou mal agora, acho melhor nos falarmos depois de um tempo.
- E você sabe como eu fiquei? ‘Ta, eu sei que vou parecer uma idiota falando. Mas pow, você transou comigo e depois me largou feito lixo. Eu sei que não nos amamos, mas podia rolar um respeito.
- Eu sei, eu fiquei... um pouco sem jeito aquele dia. – falou – Entrei em pânico.
- Da próxima vez não seja tão fria.
- Hum... – resmungou, soltando um ar carregado, irritando-se com aquele comentário. Ela estava tentando ser gentil, apesar de sua intenção era de quebrar a cara da outra com a visita.
- Pensei que ia querer me bater.
- De verdade?
- Sim.
- Mas eu ia fazer isso mesmo.
Amanda riu quando ouviu aquilo, afinal pelo o pouco que pôde conhecer da karateca, ela viu que Dulce era o tipo de pessoa que se expressava através dos punhos
- Eu vou indo agora.
- Hei, Dulce E como você está com a sua namorada.
- Não é mais minha namorada.
Amanda deixou um meio sorriso nos lábios, gostando em partes de ter ouvido aquilo, todavia apagou aquele sorriso antes que Dulce notasse e pedisse explicação.
- Eu sei que deve estar sendo dura. Eu já fui traída uma vez, eu fiquei puta e terminei.
- Sim, você já me disse isso.
- Pow, senta aí. Vamos beber algo e conversar.
Dulce revirou os olhos, já negando com a cabeça, todavia foi puxada por uma mão forte, com uma pressão que não podia ser ignorada, afinal Amanda era tão forte quanto ela. Na verdade, nunca havia medido a força da menor.
- “É hoje que eu vou perder a razão”. – pensou com impaciência ao se ver arrastada ao sofá.
OoO
E num lugar mais calmo, jogada ao tapete colorido de uma sala estava Carei, olhando para o teto branco, enquanto ouvia o som alto da televisão. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas seus sentimentos mudaram drasticamente em um período muito curto de tempo. De repente descobriu ou melhor dizendo, ela finalmente aceitou a verdade.
- Carei, está tudo bem?
A loirinha ergueu a cabeça, vendo sua irmã mais velha que chegou do serviço, Amín tinha uma expressão cansada. Carei orgulhava-se dela, não dizia, mas como não tinha muita atenção de seus pais e Aziel era muito difícil de lidar, Amín era a única pessoa que ela seguia como exemplo.
- Ah, sim, tudo bem. Saiu mais cedo, hoje?
- Sim, houve um problema com a rede e ficamos sem serviço, todos foram dispensados. –comentou, jogando-se no sofá, soltando uma respiração cansada, enquanto massageava seus olhos com as mãos.
- Amín, quando você descobriu... bom... que era... er... gostava do outro lado? – indagou com um meio sorriso.
Amín parou com o que fazia e ergueu seus olhos azulados, dando atenção para sua meia irmã. Ela deu um leve sorriso e se apoiou na palma da mão, analisando a menor.
- Por que a pergunta, Carei?
- Eu... só queria saber. – respondeu, suando frio.
- Vou fingir que é isso, então. – sorriu – Descobri um pouco antes de entrar no colégio. Mas não desgosto dos homens.
- Não!? – indagou num grito.
Amín riu alto, adorando ver aquele olhar surpreso. Ela deveria ter conversado mais vezes com Carei, entretanto como era muito grudada com Aziel, ela nunca deu muita atenção as pessoas a sua volta.
- Por que a surpresa? Tem pessoas que gostam dos dois. – comentou – Você finalmente se declarou para a Any?
Carei bufou, abaixando a cabeça, tentando esconder as maçãs vermelhas e isso causou mais risos na mais velha. Amín foi até ela, ajoelhando-se ao seu lado para manter um contato visual bem próximo.
- Não precisa se envergonhar, apesar de você ter negado por muito tempo o que você realmente é. Eu já sabia de você há anos, mas eu nunca quis interferir, se você quer fingir ser outra pessoa, eu não vou me intrometer.
- Você já havia percebido? – indagou num tom extremamente baixo.
- Claro que sim, somos irmãs, ainda. Moramos juntas... você vivia pegando no meu pé quando era criança. Acha que eu não sei sobre você?
- Eu preciso te contar o que aconteceu. Eu acho que só você pode me ajudar.
Amín sorriu e se ajeitou no chão, dando toda sua atenção para a mais nova apesar do cansaço e da dor nos seus ombros. Ela queria dormir, queria comer, mas ficou ali, em silêncio, não criticava, descriminava ou opinava, ela deixava a menor dizer tudo que pensava.
- E por que não fala tudo isso para essa tal de Viviane?
- Porque eu tenho medo.
- Ah, mas a garota deixou claro que quer ficar com você.
- Eu acho que ela gosta da Any.
- Puta que o pariu, todo mundo gosta da Any! – exclamou, balançando a cabeça negativamente – Ela tem mel por acaso? No começo do ano a Leona estava em cima dela, a Juliana, a Dulce, teve a Kirias também, você estava apaixonada, e então tinha outras garotas.
Carei riu baixinho com aquele comentário.
- Ela só pode ter mel, – terminou o comentário, rindo baixinho – mas também consegue atrair os piores tipos, pois para atrair Kirias e Dulce ao mesmo tempo o negócio é sério.
- Só você mesmo para me fazer rir. – comentou, enquanto chorava de rir no chão daquela sala.
As irmãs continuaram conversando por um tempo até que se separaram, afinal, Amín precisava urgentemente de um banho e uma cama.
OoO
Anahi andava pela rua, olhando para a arquitetura daquele bairro, sentando-se num banco de madeira que achou numa alameda pouco movimentada. Não pensou se era seguro ou não ficar ali, o que desejava era ficar sozinha.
- “Será que Heimel pensa em mim? Ele nunca mais ligou.” – pensava.
Dulce não era o único problema que estava rondando sua mente. Ela também pensava no seu pai, na forma que ele entrou na sua vida, com um sorriso gentil, dizendo que queria amá-la para depois se afastar com os olhos severos, maldizendo sua pessoa. E aquele suspiro novamente invadiu o peito de Anahi, ela ficou olhando para as poucas pessoas que passavam, observando os carros dirigirem com pressa. Por um momento desejava ser outra pessoa, queria fugir, aquele sentimento de solidão e prisão que todo mundo sentia nesse mundo. Sim, ela queria ver Dulce, queria abraçá-la apesar de tudo e por isso mesmo sentia-se uma idiota. Depois de apanhar, ser tratada como não devia e ter sofrido uma traição, ainda assim queria ver aquela que te machucava. Sua estima estava baixa.
- Será que um dia eu vou conhecer outra pessoa? – perguntou para ela mesma, num tom baixo. Não tinha ninguém para conversar, o jeito era falar sozinha.
- “Ah, eu não quero conhecer outra pessoa. Eu preciso conversar com alguém”.
Anahi tateou o bolso de sua calça, procurando seu celular, mas o havia esquecido na casa de Viviane. A melhor pessoa que poderia conversar nesse momento era Kirias, mas precisava buscar seu aparelho. E com um pouco de coragem Anahi voltou para a casa da sua ex-namorada, agradecendo aos deuses por ver que ela estava tomando banho.
- “Será que Kirias pode me ouvir um pouco?”.
OoO
Continua...
Autor(a): lunaticas
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
No apartamento, Dulce olhava para o sorriso a sua frente, não entendendo como Amanda podia falar com ela normalmente depois do que tinha acontecido. Elas não podiam ser amigas, pois sabia que ainda voltaria com Anahi, sabia que a loira não ia aceitar aquela amizade e nem pensava em continuar. - Amanda, acho melhor não nos vermos mais. - Dulce... ...
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Comentários da Fanfic 61
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu