Fanfics Brasil - Capítulo-18 Tempestade Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo-18 Tempestade

892 visualizações Denunciar


E agora o resultado de suas ações parecia estar lhe atingindo por inteira, seu corpo estava trêmulo. De repente havia perdido o controle, uma coisa que sempre prezou em sua vida foi a discrição, todavia nenhum ser humano consegue ser como deseja nas vinte e quatro horas que sustentam o dia. Ninguém consegue ser perfeito e ter discernimento dos fatos o tempo todo e às vezes agimos de forma que jamais pensaríamos em agir. Como Kirias sempre diz: “os seres humanos são criaturas complexas”. Os grandes orbes verdes estavam com um brilho forte causado pela abundância de lágrimas que escorriam por seus olhos. Carei estava sentada em sua cama, chorando baixinho. Como havia sentido ciúme quando viu Anahi na casa da jovem escritora, foi algo indescritível, no fundo sentiu-se traída. Ela abriu seu coração, suas dores e seus medos para Viviane e assim criou um laço forte e profundo, todavia apenas ela sabia que existia esse laço. E realmente viu sua “paixonite” naquela casa junto com Viviane. O que sentiu no momento?



Medo.


 


- “Any me odiará para sempre agora e Viviane disse que se decepcionou comigo. Eu não faço nada certo mesmo”. – pensou pela milésima vez. Afinal quando achamos que fizemos algo errado, nós acabamos entrando no famoso erro da auto-destruição. “Ninguém me ama, ninguém me quer, eu não presto para ninguém”. E isso resulta num quadro bastante comum.

Depressão.


A porta do quarto se abriu lentamente, trazendo uma luz amarelada que teve a função de iluminar aquela penumbra. Quem adentrou foi Amín, com passos lentos. Ela havia ouvido o choro da sua meio irmã pelo corredor.


- Carei?


- Ah... Oi!


- Você está chorando? – indagou o óbvio. 


Apertou o interruptor e a luz invadiu todo o quarto. Carei jogou seu corpo na cama e afundou a cabeça no travesseiro a fim de esconder suas lágrimas.


- O que houve? – indagou num tom mais suave, sentando-se ao lado do corpo trêmulo, repousando sua mão nas suas costas, movimentando-a para cima e para baixo numa leve carícia de conforto e atenção.


- Eu fiz tudo errado.


- Como assim?


- Eu fui falar com ela, como você sugeriu. E acabei...


E Carei começou a contar o que havia acontecido. Amín ouvia pacientemente. Então esse era o motivo para Carei estar presa em seu quarto durante aqueles dias.


- E até agora está se remoendo por isso? Se você se sente tão mal, por que ainda não ligou para Any?


- Ela não vai querer falar comigo.


- Como sabe? Ela é boazinha. Ligue para ela, vamos!


- Não. Eu não vou ligar.


Amín tentou convencê-la, mas recebeu a mesma negativa. Ficou um tempo conversando com a menor até que saiu do quarto, com os pensamentos agitados. Ela precisava ajudar-la, antes que essa entrasse em uma crise.
A loura foi até o telefone e ligou para a única que poderia tirar Carei daquela aflição. Ela esperou um tempo na linha e finalmente foi atendida por Anahi.


- Any?


- Sim. Quem fala?


- Aqui é a Amín, tudo bom?


- Ah! Nossa! Quanto tempo. Como você está?


- Eu preciso falar com você.


- Seria sobre a Leona?


- Hã? O que tem a Leona?


- Er... você não sabe?


- Não. O que houve?


- Leona sumiu há um tempo. Todo mundo está atrás dela, inclusive a polícia. Você sabe de alguma coisa?


Amín ficou um tempo processando aquela informação, por um momento esqueceu-se do objetivo daquela ligação.


 


- O que aconteceu? Conte-me Any! – pediu com certo desespero.


Anahi relatou o que havia acontecido, desde a briga com os pais até seu sumiço. Ambas estavam com a voz preocupada, no entanto o coração de Amín estava tão acelerado que ela despediu-se de Any e desligou. Amín foi até seu quarto, jogando-se na sua cama, tentando buscar alguma lógica naquela situação. Leona havia sumido. Fazia tempo que não tinha informações sobre a morena, mas isso foi por escolha própria, pois queria esquecê-la. E agora naquela casa havia duas pessoas presas em seus quartos. Todavia Amín não era o tipo que ficava trancafiada por séculos, ela precisava agir. Entretanto não por hora, no momento precisava refletir.


 


- “Leona... espero que você esteja bem”.


 


 


OoO


 


Após ter encerrado a ligação, Anahi olhou para Dulce que a observava com atenção, desejando saber quem era do outro lado da linha.


- Amín. – respondeu quando a outra lhe perguntou.


- Contou sobre Leona?


- Sim, quanto mais pessoas souberem melhor.


- E me fala. Você estava falando sobre aquela enrustida. O que ela te falou?


Anahi fez uma expressão triste e se sentou na cama de casal. Elas estavam no quarto de hotel de Dulce. A loira suspirou e relatou o que aconteceu, revelando que havia beijado sua ex-namorada também.


- Você ficou com sua ex!?– Dulce indagou num grito.


- Você prestou atenção no que te falei?


- Ah, a única parte que me interessou foi a do beijo. Não acredito que você ficou com ela!


- Eu não estava com você. – defendeu-se, soltando um suspiro impaciente.


- E com quem mais você ficou?


- Só com ela e a garota da balada.


Dulce bufou e olhou para o lado, imaginando sua namorada nos braços daquela escritorzinha de merda. A karateca sentou-se ao lado de Any e a abraçou, dando um beijo na sua bochecha com força, para depois soltá-la.


- Não vai dar chilique?– Any indagou com um leve sorriso.


- Não.


- Ótimo. E como ia dizendo, Carei me disse tudo isso e foi embora.


- Ela deve ter ficado com ciúme. Eu sempre soube que um dia ela ia se revoltar é o tipo de garota que aparece com uma arma num local público e atira em todo mundo para aliviar suas frustrações.


- Que horror, Dulce! Ela não é disso.


- Olha, você sempre negou o que eu disse sobre ela. Pensa comigo Any, ela é o tipo de garota de vidinha medíocre, toda certinha, quietinha, que de repente explode e acaba com tudo a sua volta.


- Por que está falando assim dela?


- Porque a cretina falou merda para você e agora que descobriu que era enrustida vai começar a te perseguir e eu vou ficar brava!


Anahi começou a rir. Era a crise de ciúme da sua namorada. Será que ela teria que conviver para sempre com essa possessão de Dulce?


- Ela quer ficar com Viviane.


- Ah, conta outra! – bufou


- E mesmo que queira ficar comigo, de que adianta se eu só quero você?


Dulce ficou desarmada com aquela frase, abriu um sorriso doce, como uma boba apaixonada e puxou Any novamente, beijando sua boca dessa vez, deixando sua língua resvalar para dentro da cavidade, permitindo que o piercing fizesse o mesmo caminho. Como sentiu saudade daquele calor que Anahi possuía. Logo suas mãos deixaram de se comportar, desciam pelo corpo menor, apertando, beliscando e puxando o tecido que cobria a sua querida loirinha, e primeiro lhe retirou o leve casaco para depois dar atenção à blusa preta. O beijo era intenso, elas não se desgrudaram por um segundo, enquanto buscavam algum conforto naquela cama. Quando a blusa de Any foi puxada, os lábios desgrudaram e elas puderam respirar. Dulce logo arrancou a sua blusa, tarefa fácil para ela. Era um ser experiente em retirar roupas apressadamente.


- Eu estava com tanta saudade. – disse a karateca, atacando no pescoço de Any com beijos molhados, serpenteando-o com sua língua, deixando o metal do piercing acariciar sua pele.


- Eu também.


A mão de Anahi foi parar nos fios castanhos avermelhados de Dulce, puxando-os, entrelaçando seus dedos, acariciando à medida que sentia os beijos intensos da outra por sua pele. O cheiro forte de sexo já pairava no ar, elas queriam seguir adiante, não aguentavam mais segurar aquele desejo.
Desde que entraram no quarto evitaram falar sobre sexo ou então de se beijarem com intensidade. Elas queriam ir com calma, conversar um pouco, colocar as coisas em ordem, contudo a necessidade sexual não podia ser reprimida. A respiração da karateca estava agitada, talvez ela fosse a mais necessitada ali. E em poucos minutos já se via arrancando o resto das roupas de Any, juntamente com as suas, jogando-as no carpete escuro do quarto. Agora tinha a visão do corpo amado abaixo do seu e sorriu, debruçando-se sobre Any que estava deitada.


- Você emagreceu. – Dulce observou.


- Um pouco.


- Precisa se alimentar melhor.


- Você parece estar igualzinha.


- Claro, eu sou uma mulher responsável.


- Hum... está dizendo que eu sou uma criança, então?


- Sim. – sorriu com divertimento – Então você acabou se encontrando com outra mulher?


- Por que pergunta essas coisas nesse momento?


- Ela era melhor do que eu? – indagou. Estava curiosa, sentia-se um pouco insegura. Será que poderia ser facilmente substituída?


Anahi sorriu e nada disse.


- Hein?


- Não lembro. Você precisa mostrar sua performance novamente.


- Hum, sem problema, eu posso fazer isso para você comparar.


Dulce ficou animada com a brincadeira, apesar de não ter tido a resposta que desejava. Mesmo que tivesse confiança, nada era igual. Precisava ouvir da boca de Anahi que ela era suficientemente boa para lhe satisfazer.


- Você gozou quantas vezes com essa garota? – indagou num sussurro baixo.


- Por que quer saber? Isso só aumenta seu ciúme.


- Eu gosto de ter controle sobre a situação. Eu só quero saber.


Anahi balançou a cabeça negativamente. Aquela ali nunca teria jeito, mas estava bem humorada para se irritar e Dulce não estava com um olhar de morte e nem a atacava com palavras. Era apenas um jogo que acentuava o ciúme da mais velha.


- Três. – Any disse de repente


- Bastante. – falou enciumada – Para uma desconhecida foi muito. Então ela era boa de cama?


- Sim, ela era.– revelou, vendo que havia lançado um desafio a Dulce.


- Eu sou melhor. – e então disse, com a voz mais alta, deixando um sorriso sacana lhe cobrir a face – Vou fazer você se deliciar nessa cama.


Anahi riu baixinho e levou os braços atrás de sua cabeça, deixando-se exposta para Dulce. Se a outra lhe disse que iria sentir tanto prazer, ela não seria louca de negar.


- Pode começar. – Any sorriu.


 Dulce lhe deu um selo rápido nos lábios e desceu sua cabeça até os seios, deixando sua língua e seus lábios cuidarem da região, seguiu até a barriga marcando sua pele com os dentes, mas não mordia com força, o suficiente para apaziguar o desejo de apertar e tomar aquele corpo o mais rápido possível. A sua excitação era significante, só de estar com Any ficava excitada. As pernas de Any foram afastadas, ela ainda estava com as mãos atrás de sua cabeça e agora tinha as pálpebras fechadas, aproveitando aquelas carícias em silêncio. Quando sentiu a boca da namorada lhe fechar em sua bct, acabou por soltar um leve gemido. Sentiu uma pontada gostosa de prazer com o calor que lhe envolveu, todavia seu gemido foi como um presente para Dulce que adorava ouvir sua voz.                                          Dulce era motivada por seus gemidos e pedidos. Mesmo que não estivesse sentindo muito prazer, ela acabava por gritar ou então pedir por mais, assim sabia que causava orgasmos mentais e físicos na karateca. Gostava de vê-la feliz!                                                                                                                                                                      E alguns suspiros altos saíam pela garganta de Anahi. Dulce ouvia com satisfação, pressionando sua língua contra a bct que molhava mais e mais em sua boca, sentindo o cheiro e gosto forte que Any possuía. Não podia trocá-la por nada nesse mundo. O sexo não era o mesmo sem Anahi e talvez jamais fosse. Estava apaixonada, amava a mulher com quem namorava, podia viver com ela até que as rugas lhe tomassem a face. Não queria mais nada, apenas ela. As mãos espalmaram pelas coxas roliças, apertando-as, dando alguns tapas de leve para depois voltar a sua carícia, descendo e subindo seus dedos grossos, sentindo que Any começava a ficar trêmula. Dulce puxou os joelhos de Anahi para ficar em cima de seus ombros, enquanto continuava com a felação. Ela ofegava, abria a boca para buscar ar e conseqüentemente aspirava o cheiro do perfume de Anahi, para depois se mergulhar naquela bct, chupando-a, beijando-a. Por um momento se afastou, olhando para baixo, analisando tudo com atenção. Ela gostava de olhar.


- Vai ficar só olhando, Dul?


- Só um pouco. – respondeu mecanicamente, enquanto divagava. Ela já imaginava o que faria e só o pensamento lhe deixava ainda mais excitada.


- Não quer que eu te toque, também?


- Não hoje, Any. – disse – Hoje eu vou fazer o que quero.


Anahi ia argumentar, no entanto arregalou seus olhos quando viu Dulce se ajoelhar e puxar suas pernas fazendo ficar ereta de ponta cabeça naquela cama. Dulce abraçou suas costas, fechando suas mãos na frente da barriga de Any, que estava somente com os ombros e a cabeça no colchão, com as faces vermelhas pelo sangue que começou a descer para sua cabeça.


- Ah... Dulce, isso é desconfortável. – resmungou, enquanto ajeitava seus cotovelos para não ficar com o pescoço dolorido. Aquela era uma posição que exigia força e paciência. E no sexo, Dulce tinha toda a paciência do mundo, e a força já estava incluída no seu pacote. Uma risadinha sacana invadiu os ouvidos de Any que viu que não teria jeito de argumentar, ela ficaria assim até Dulce decidir que já era o suficiente. E logo sentiu o beijo de Dulce no meio de suas nádegas, passando a sua língua, chupando a fenda escura, enquanto empurrava e retirava sua língua. Parecia um banho de gato, Dulce era atenciosa, todavia sempre dava algumas mordidas mais fortes quando sentia sua bct pulsar.


Os gemidos de Anahi ficaram mais intensos e não fazia isso para a animação de Dulce. Seu corpo estava reagindo, aquela posição era demasiada constrangedora, entretanto agora estava pensando somente na língua que a penetrava de norte a sul e nos lábios que insistiam em lhe acariciar. Estava adorando, e Dulce tinha uma língua gostosa e aquele inseparável piercing que usava sempre raspava por sua pele. Dulce a soltou na cama e voltou a se debruçar sobre ela, vendo o vermelhão que estava pintando sua face outrora tão branca. Seus lábios voltaram a atacar seu pescoço, enquanto Any ofegava, seu peito subia e descia, contudo não conseguia ir ao seu limite, pois o peso de Dulce era maior e a karateca estava totalmente deitada em cima dela. A mais velha começou a mover seu corpo para frente e para trás, deixando seu sexo pressionar a bct molhada de Any que sentia que poderia gozar só com aquilo. Ela abriu a boca para gemer mais alto e recebeu a língua atrevida de Dulce que começou a abafar seus futuros gemidos, enquanto se remexia sob o seu corpo.


- Ah... Dul... – Any a chamou, quando sua boca ficou livre.


- O que foi?


- Mais... Mais pressão.


- Quer gozar?


- Sim. – respondeu num gemido longo.


Dulce deu outra risadinha ao ver o sofrimento da sua namorada, ela se afastou voltou penetrando dois dedos na bct de Any, começando a mover num lento vai-e-vem, enquanto Any dançava a sua frente. A loira erguia seu quadril a cada pontada de prazer. E não demorou a gozar na mão de Dulce, que sorriu.


-Só o começo – Dulce disse, vangloriando-se erguendo sua mão lambuzada pelo gozo – E agora será só com as safadezas que você gosta de ouvir.


- Eu não gosto de...


- Ahã! Não me engana, eu sei muito bem como você fica excitada com baixaria.


Com um sorriso de felicidade nos lábios, ela virou a menor, fazendo-a ficar de bruços na cama. Logo voltou a sua atenção aos beijos e mordidas que correram pelo dorso de Anahi. Dulce já se postava atrás de suas coxas, apartando-as rapidamente a karateca disse algumas obscenidades para outra que corou e inevitavelmente ficou mais excitada. Dulce ajeitou sua mão no quadril magro da namorada e começou a puxá-la para trás, permitindo que dois dedos começassem a adentrar. Any suspirou, sentindo o braço quente de Dulce lhe abraçando, lhe puxando. Sentia-se protegida. Os trancos que recebia a faziam gemer mais alto, agarrando-se aos lençóis brancos. Ela abriu um pouco mais suas pernas, e ao pé do ouvido sentia a respiração quente de Dulce e seu arfar. Os gemidos de Dulce eram contidos, baixos, e não se prolongavam.
Aquele lento vai-e-vem teve mais ritmo, mais velocidade, para o deleite das duas. O som do quarto, que era invadido com o barulho do trânsito logo abaixo. Era um hotel que ficava no centro, não havia paz.


- Está bom assim, Any?


- Ah... está!


- Quer mais forte?


- Ah... Dull... Você que sabe.


- Adoro quando você nem consegue pensar quando estamos fazendo amor. – comentou com um sorriso radiante. Ela sabia que se perguntasse a idade de Anahi naquele momento, ela não saberia lhe responder.


 A mão de Dulce buscou a frente de Any, passando por sua barriga lisa, apertando-a, desejando mentalmente que Any tivesse mais gordura para ela ter onde pegar. Lembraria de entupir sua namorada de besteiras no dia seguinte, afinal ela nunca gostou de ver Any tão magra. Dulce sentiu que logo poderia dar o segundo orgasmo a sua namorada e a faria. As ondas de prazer corriam por cada centímetro do corpo de Any. Não sabia o que lhe agradava mais, se era o peso de Dulce sobre o seu corpo, ou então a mão quente que lhe acariciava. Tudo a levava para o segundo orgasmo que veio mais rápido dessa vez. Com Dulce era o suficiente para sentir prazer.


- Hum... assim mesmo, Any. – comentou, passando a mão lambuzada pela barriga de Any, sujando-a ainda mais – quer sentar no meu colo?


- Hum... ah... está bom assim.


- Aí você vai sentir minha bct na sua. – sussurrou, passando a língua por sua orelha.


Anahi nada disse e Dulce sabia que se precisasse de alguma resposta, ela jamais viria. Ela a abraçou com mais força e se inclinou para trás num impulso, sentando-se na cama, puxando a loira para que se sentasse em seu colo,  enquanto beijava o ombro de Anahi, que fechou sua mão no braço da namorada, puxando-a para baixo. Any fechou os olhos e deitou sua cabeça no ombro de Dulce, enquanto aspirava o ar abafado do quarto. Sentia os dedos de Dulce subirem por seu corpo como se fossem formiguinhas caminhando nos seus pequenos passos.


- Você está tão magrinha. – Dulce comentou, voltando a apertar a pele que ficava próxima ao quadril, seria o famoso “pneuzinho” que Any não tinha.


- Eu... estou feia? – indagou de repente, abrindo suas pálpebras.


- Ah! Claro que não. – falou abruptamente, quase num grito.


 Anahi nada disse, voltando a fechar os olhos. Dulce a beijou na nuca e se ajeitou na cama, apoiando-se nas pontas dos dedos, ficando com os joelhos dobrados para ter maior sustentação e quando se ajeitou, ela voltou a se mexer, sentindo sua bct sendo amassada pela parede quente que a envolvia. Os gemidos de Any eram mais altos e os de Dulce saíam com mais frequência também. Dessa vez Dulce não iria aguentar. Ela já sentia o orgasmo dar sinais. Sendo assim agarrava-se ainda mais forte a loira.


- Ah... Any, eu vou gozar. – avisou.


E aquele vai-e-vem gostoso continuou até que Dulce se aliviou, entre os espasmos que envolveram seu corpo. Seus pensamentos ficaram perdidos por um momento, só se agarrou mais forte a menor, pois mais nada lhe veio à cabeça, nenhum som, apenas queria se certificar de abraçar e proteger aquela que amava, já que não tinha noção das coisas a sua volta. Se aquele quarto desabasse e o concreto caísse por seu corpo, cobriria Any por inteiro. A loira sentiu seu corpo ficar mais vazio a ausência de Dulce que se afastou um pouco, deixando de abraçá-la para se sentar no colchão. A loira se sentou na cama, virando-se para puxar aquela mulher e beijá-la, mas parou ao ver Dulce com os olhos fechados e a cabeça levemente erguida.


- Está tudo bem? – Any indagou, tocando no seu rosto.


- Hum... desculpe. Deixe-me terminar com você. – falou, abrindo seus olhos, exibindo um castanho intenso.


Anahi foi empurrada para trás de uma forma significativa dessa vez, pois sentiu seu peito doer um pouco. Ela queria entender o motivo daquele distanciamento que Dulce teve de repente. Será que ela estava decepcionada com alguma coisa? Será que pensava na outra? A sua insegurança começou a enegrecer seu peito. Sentiu os lábios de Dulce novamente em sua carne, entretanto não estava tão excitada quanto antes, agora estava preocupada. Logo sentiu as mãos de Dulce lhe acariciarem as pernas, trazendo-a para a realidade. Sua excitação foi acabando e Dulce se ergueu, olhando para o rosto de Anahi.


- O que foi, Any?


- Nada.


- Você ficou distante. – comentou com um sorriso de canto – Se eu dependesse de você, eu estaria a ver navios agora.


- Acho que meu corpo já está cansado. – sorriu amarelo.


Dulce engatinhou até o topo da cama e se deitou ao lado de Any, ficando parcialmente em cima dela, deixando seu nariz encostado na sua bochecha.


- Está quieta. – Dulce comentou.


- Só estou pensativa.


- Compartilhe seus pensamentos comigo, então.


- São coisas bobas.


- Pode falar de coisas bobas, também.


- Fazia tempo que não fazíamos amor.


- Verdade. – sorriu – Eu estava sentindo muita falta disso. Estávamos brigando demais e não nos demos carinho suficiente, mas tudo vai mudar agora.


- Me beija. – pediu.


Dulce achou aquele pedido um pouco estranho, mas achou melhor acatar imediatamente. Ela se apoiou no cotovelo e beijou aquela boca úmida, saboreando-a delicadamente, afastando-se pouco tempo depois, para admirar a face que amava.


- Quer me falar alguma coisa?


- Você me ama?


 Dulce não aguentou, franziu o cenho e então mordeu o seu lábio inferior. Era raro ver Anahi insegura ou indefesa, geralmente a mais nova era mais fria aos sentimentos e não demonstrava suas incertezas. Não que Anahi não amasse ou então que gostasse de fingir que não sentia nada, não era esse o caso. Ela simplesmente falava “eu te amo”, quando realmente sentia vontade, e fazia gestos mais carinhosos quando realmente sentia que deveria fazê-lo, por isso Dulce sabia que era sempre verdadeiro, pois não agia mecanicamente. O “eu te amo” de Anahi não era uma declaração banalizada.


- Mais que qualquer coisa, sua besta. Por que está com essa cara?


- Eu te senti um pouco distante.


- Agora?


- Sim. Estava pensando na outra?


- Que outra? Eu não tenho outra. – falou – Só estava pensando como fui estúpida novamente.


- Então pensou nela... – disse com desânimo – Está comparando?


- Como comparar algo que nem chega ao seu padrão, Any? Não é possível. – disse, alisando seu rosto – Não queria que ficasse tão insegura assim. Eu só estava um pouco pensativa, perdão.


Anahi esticou seus braços e agarrou Dulce, abraçando-a.


- Não me deixe novamente.


- Você que me deixou.


- Então não deixe que eu te afaste de novo.


- Pode deixar que da próxima vez eu irei nos algemar e jogar a chave fora.


- Aí, acho que poderemos nos matar de tanta porrada.


- Hum, eu aguento seus soquinhos, não ia ser muito ruim ter você me batendo o tempo todo, ia ser excitante.


Any riu baixinho com aquele comentário.


- Ah, Dul, eu estou com sono.


- Pode dormir.


Dulce puxou o lençol para cobrir os seus corpos e ambas se ajeitaram, dormindo abraçadas.


 


 


OoO


 


 


A tarde estava começando a chegar ao seu final, trazendo um céu mais escuro, com poucas estrelas que tinha a missão de iluminar aquela imensidão azul marinha. Os ventos não estavam tão quentes como antes, sendo assim parte das pessoas andavam agasalhadas.                                                                                                                         Uma garota com um longo moicano louro apertava seu passo pela calçada do bairro, desviando-se das pessoas que pareciam formiguinhas preguiçosas a sua frente. Ela usava apenas uma blusa, parecia ignorar o frio, apesar de seus pêlos estarem arrepiados. Kirias estacionou seu carro há algumas quadras e agora passeava por um bairro um pouco afastado, precisava ocupar sua cabeça com alguma coisa. Entrou em um café pequeno e muito aconchegante, para aliviar um pouco a friagem que corria por seu corpo.                                                                                               Sentou-se em uma das cadeiras acolchoadas e olhou para o cardápio, não precisava escolher muito. Logo pediu um capuccino e deixou seu olhar correr pelo local, analisando as pessoas com cuidado, observando o comportamento de alguns casais. Ela suspirou, de repente se viu naquele momento de “pós-rompimento”, estava triste.


- “Eu sou a única que não consegue ficar com uma pessoa por muito tempo. Acho que devo ser louca mesmo”. – pensava, enquanto brincava com o guardanapo a sua frente, fazendo um barquinho.


- “Talvez fosse melhor me desligar dos laços antigos, nada que está no passado é saudável. Nem minha irmã, nem ninguém daquele colégio. No meu círculo de amigos, todas estão namorando outras pessoas. Até o animal da Dulce tem alguém, a Juliana enfim está se resolvendo”.


E outro suspiro deixou o corpo de Kirias, ela olhou para a porta do café vendo uma nova cliente que entrou. Algo lhe chamou a atenção, ela estava de roupão e chinelos de pêlos. Não que Kirias recriminasse que alguém andasse assim, mas era difícil achar pessoas que se sentiam bem e agiam normalmente fora dos padrões que seriam normais da sociedade. Ela acabou sorrindo, gostando da suave “rebeldia” daquela desconhecida. A cliente sentou-se à mesa ao lado de Kirias, assim a loura poderia observá-la melhor. Viu que ela acabou pedindo chá, talvez fosse uma pessoa ligada à natureza e ficou mais surpresa ainda quando disse que não queria açúcar e sim mel. Certamente ela não gostava de coisas industrializadas. Achou interessante!


- “Conhecer uma desconhecida e me envolver com ela não deve ser a melhor opção, mas... está tão difícil ver as pessoas que estão no meu círculo de amizades”. – refletia.


Kirias deu atenção ao seu capuccino quando ele chegou. Estava desistindo de analisar a garota ao seu lado, no entanto quando ela começou a conversar com a garçonete a sua atenção foi desviada novamente. Pelo pouco que pôde ouvir, aquela cliente era fiel aquela casa de café, pois parecia ir lá quase sempre e pelo visto sempre pedia a mesma coisa. Tentou ouvir o nome dela, mas a moça que atendia o local pareceu ter sussurrado. Kirias estava achando aquela situação divertida, ela queria saber sobre a pessoa ao seu lado só porque ela estava de pijamas no café.


- “Deixe disso, Kirias. Pense em coisas normais pelo menos!”                  – recriminou-se em pensamento.


A loura estava terminando seu capuccino, quando viu que a outra atendeu uma ligação pelo seu celular. E ouvia a sua conversa sem muito interesse, estava prestes a se levantar e sair dali, quando um nome foi pronunciado por aquela boca.


- “Ela falou... “Any”?” – pensou, voltando sua atenção para a conversa alheia.


 Kirias começou a encará-la sem nenhuma descrição, chamando a atenção da cliente que começou a olhá-la também, porém dando mais atenção ao telefonema. A ligação não durou muito e ela desligou.


- Algum problema? – indagou para Kirias.


- Nada. Só pensei que você conhecesse a mesma pessoa que eu conheço.


- E quem seria essa pessoa? – indagou secamente.


- Any. Você disse esse nome, certo?


- Está ouvindo a conversa alheia, então.


- Eu não tinha muito que fazer nesse café a não ser observar a cliente de pijamas.


A outra riu baixinho com o comentário e então disse:


- Sim, eu toquei no nome Any. Mas acho que não deve ser a mesma pessoa. Afinal, Any é um nome bastante comum.


- Tem razão. Pode ser isso mesmo.


- Mas ainda sim está curiosa em saber se conhecemos a mesma pessoa ou está me abordando para ter uma conversa comigo?


- Você é bem direta. Se está colocando as coisas desse jeito, então sente-se na minha mesa e converse comigo. – falou.


- Acho que somos duas pessoas diretas. – sorriu, erguendo-se e sentando-se na cadeira a frente de Kirias, transportando sua xícara e seu mel também.


As duas ficaram se olhando por um instante e Kirias começou a falar.


- Como se chama?


- Viviane e você?


- Kirias.


- Kirias?! – indagou com surpresa.


- Sim, Kirias. Por quê?


Viviane ficou estática, vendo o grande moicano louro para depois ligar o nome Kirias aquela garota de olhos tristes. Será que esse mundo seria tão pequeno assim? Talvez fosse.


- Você se chama Kirias.


- Sim, eu já disse. – falou com certa impaciência.


- E você conhece uma Any.


- Uhum.


- Por acaso essa Any que você conhece... Tem o sobrenome Portilla?


Kirias arregalou seus olhos e balançou a cabeça positivamente.


- Então eu já sei quem é você.


- Já sabe? – indagou a loura.


- Sim, e não quero falar com você - disse voltando a se erguer - Vou mudar de lugar de novo se não se importa.


- Eu me importo sim! – disse com irritação – Por que não quer falar comigo?


- Eu já ouvi muita coisa sobre você e me limito a dizer que não quero conhecê-la.


- Não pode me julgar pelo o que os outros dizem e eu sou amiga da Any, ela não...


- Não foi Any que se desfez da sua pessoa - disse – Ah! Não seja implicante, eu só não quero falar com você. Eu estou vendo que somos duas pessoas diretas, acho que você fala minha língua.


Kirias se levantou também e começou a bater boca, não acreditando que seria ignorada por nenhum motivo aparente, e mais, ela estava curiosa para saber o que aquela garota sabia sobre sua pessoa. No final, elas estavam falando cada vez mais alto, assustando alguns clientes e como resultando... Foram convidadas a sair do café.                                   E do lado de fora, ambas estavam com os braços cruzados e uma cara de péssimos amigos, vendo a porta de vidro se fechar.


- Agora eu fui expulsa do meu café favorito. – reclamou Viviane.


- Quem mandou vir falar que eu não presto? Você nem me conhece.


Viviane suspirou e começou a andar, sendo seguido por Kirias que no fundo estava achando aquela situação muito divertida. Estava se distraindo, havia esquecido Madona por completo e agora ansiava desesperadamente saber mais sobre aquela garota.


- Hei! Onde está indo? – Kirias indagou, enquanto andava ao seu lado.


- Para casa. respondeu.


- O que você é de Any?


- Ex-namorada dela. respondeu secamente.


Kirias ficou ainda mais interessada, adorando saber daquela novidade. Então havia conhecido a garota que deixou Dulce morta de ciúmes quando ela e Any brigaram.


- Se Any não falou mal da minha pessoa. Quem o fez?


- A outra amiga dela, que você conhece muito bem chamada Carei.


Kirias teve que concordar dessa vez.


- Eu detesto aquela idiota.


- Por quê? Ela não faz mal a ninguém.


- Ela me irritou profundamente, junto com suas irmãs no passado.


- Ah, ela já me contou a história toda. Não precisa repetir e eu não quero ouvir sua parte ou então fazer amizade com você.


- Eu também não quero seu amor, obrigada.– riu alto, passando a mão por seu cabelo.


- Você é estranha mesmo.– Viviane observou, virando a esquina, acelerando um pouco seu passo ao ver que as nuvens estavam começando a se formar no céu.


- Medo da chuva?


- Não quero molhar meu roupão especial.


- Por que especial?


- Porque eu gosto de dormir com ele.


E as duas continuaram a conversar até que Viviane parou em frente a sua casa, ouvindo Kirias comentar alguma coisa que havia lido num livro de filosofia. No final elas ficaram conversando por mais de meia hora e agora estavam paradas, em pé, se encarando. O celular de Viviane voltou a tocar, ela o puxou e começou a falar, enquanto era observada por Kirias. Quando terminou, deu sua atenção a louca de moicano que a perseguia.


- Posso entrar na minha casa agora ou vai pegar um bisturi e me cortar?


- Eu até poderia fazer isso se quisesse alguma coisa de você, mas no momento pode entrar.


Viviane riu baixinho, certamente que Carei ia se sentir ameaçada com uma garota como aquela por perto. Ela falava coisas complicadas, era direta, não tinha medo de causar má impressão e ainda por cima era insistente. Pobre Carei, ela tinha uma inimiga para a vida inteira.


- Posso te pedir um favor?


- Já está pedindo favores? O que você quer?


- Poderia não destratar Carei?


- Por que o interesse? Eu nem vejo essa criança.


- E se você a ver, o que fará?


- Ué! Nada, oras. O que você acha que vou fazer? – indagou, cruzando seus braços.


- Agredi-la, estuprá-la, sei lá! O que você fazia.


- Sai fora, eu não quero encostar naquela enrustida sem graça. E não falo com ela também, e mais, não desejo vê-la. Nem suas irmãs.


- Que ódio mortal pelas irmãs dela! A Carei comentou que você tinha um caso doentio com sua irmã mais nova que ficou com a irmã dela. Isso é verdade?


- Doentio? Claro, malditos moldes da sociedade. Claro, eu amo minha irmã e você vai me julgar agora?


Viviane ergueu uma sobrancelha e puxou um bloquinho de anotações de seu roupão e uma caneta.


- Eu estou escrevendo sobre um personagem que tem uma relação incestuosa com a irmã, você poderia me dizer alguma coisa sobre a preocupação que você sentia quando descobriu seu sentimento para eu entender como funciona sua cabeça? – indagou de repente, deixando Kirias de boca aberta.


- Você está me sacaneando. – disse baixinho com ódio.


- Não, de verdade não estou. Eu já disse que não gosto de você, eu não preciso ficar te xingando ou fazendo piadas, sem contar que já sei que você é agressiva.


- Então você é escritora? Nessa idade?


- Pois é você é louca e faz sexo com a irmã e eu sou nova e escrevo livros sobre assuntos polêmicos. Agora poderia me dizer o que sentia?                – indagou secamente


- Eu me sentia muito mal, oras. Como qualquer pessoa normal.


- Você não é lá muito normal. Então mesmo pessoas loucas sentem-se mal... – falava baixinho o que estava anotando.


 Kirias disse mais algumas coisas, não acreditando que no final toda aquela discussão estava se resolvendo numa entrevista. Quando Viviane terminou, ela sorriu e guardou o caderninho.


- Não irei revelar sua identidade e apenas citarei coisas genéricas. 
– disse, pegando a chave de seu portão.


De repente um trovão cortou o céu, e algumas gotas de chuva começaram a cair das nuvens carregadas. Mas o problema não era a água que caía do céu, mas sim a ventania que começou se revelar, arrastando muitos objetos que estavam desprendidos do chão. Parecia que seria um grande furacão.


- Maldição! – Kirias xingou, olhando para os lados – Como eu volto para o café?


- Ah, ficou me seguindo sem ver o caminho? Devia ter jogado migalhas de pão para voltar.


Viviane abriu o portão com dificuldade e desviou-se do regador de plástico que voou em sua direção, olhou para Kirias que se afastava com o braço na frente dos olhos. Suspirou e então colocou sua cara novamente para fora.


- Hei! Hei! Você vai ser arrastada!


Kirias não respondeu, pois não havia ouvido, estava concentrada na tarefa de lembrar-se do caminho de volta. E se surpreendeu quando sentiu uma leve pancada na cabeça, olhou para o chão e viu um regador de plástico.


- Você jogou isso em mim, sua idiota!? – indagou num grito.


- Lógico que fui eu, está vendo outra pessoa nessa rua? Entra logo, antes que seja arrastada.


Kirias pensou duas vezes e acabou aceitando aquela oferta, pois sentia que poderia ser varrida daquela calçada por aquela ventania. Correu para dentro da casa de Viviane, entrando na sala quente, observando a anfitriã correr para fechar as janelas. No final, acabou ajudando-a.


- “Aonde eu fui me meter?” – Viviane indagou-se ao ver quem estava parada no meio de sua sala.


- Arrependida de ter me convidado para entrar? – Kirias indagou.


- Eu estou surpresa com o rumo dos acontecimentos para falar a verdade. Uma estranha que fala comigo no café, agora está na minha casa.


- Como o mundo é estranho, não é mesmo?


 Viviane concordou e sentou-se no seu sofá e Kirias repetiu seu movimento, acomodando-se.


- Onde deixou seu carro?


- Na avenida principal, estava há três quadras do café.


- Depois eu a levo lá. É perigoso sair assim, podem cair árvores, postes, e outras coisas.


- Eu te dou razão. Não é bom sair nessas tempestades.


- Então, vamos conversar para passar o tempo.


Kirias assentiu com um leve sorriso e começou a falar um pouco sobre sua vida, indagando sobre a vida da outra também. A vida pregava peças nas pessoas.


 


OoO


 


 Em um canto mais afastado, onde não havia o calor de uma lareira ou então um sofá cheio de almofadas e nem mesmo um cobertor mais quente para agarrarem-se ao frio, num desses cômodos havia várias pessoas sentadas a cadeiras de madeiras, olhando para o prato tépido de sopa.


Leona puxou a colher e começou a comer em silêncio, vendo como os demais conversavam e dividiam os poucos pães amanhecidos.


- “Será que estão me procurando? Será que meu pai tem vontade de me ver ou nem quer saber de mim?”


Ela sentiu um toque em seu ombro e viu que era um dos seguranças do local, que lhe deixou um bilhete em cima da mesa. Aqueles bilhetes eram ordens que deveriam ser cumpridas e todos recebiam vários bilhetes que vinham a qualquer hora. Leona puxou o papel e leu o que estava escrito, sentindo um frio correr por sua espinha. Carlos que estava ao seu lado esticou seu pescoço e viu o que estava escrito no papel, dando uma risadinha safada em seguida. Leona a olhou de esgueira com preocupação.


- Vai virar comidinha! – ela sorriu.


- Não brinca com isso.


- E eu lá brinco, Leona? O que você acha que a mãe vai querer de você essa hora?


A palavra “mãe” significava Eduarda, pois ela mesma vivia dizendo que todos eram uma família e ela a mãe de todos.


- Está vendo as garotas que sempre vão ao quarto dela? 
– indagou sussurrante, olhando para as garotas que estavam comendo em silêncio – elas sempre voltam marcadas. Olha o pescoço daquela ali, está sempre roxo.


- Eu quero sair daqui. – disse baixinho.


- Eu também. A seduza, Leona.


- Hã!?


- É sério, você é bonita, inteligente, diferente dessas garotas de rua. Seduza-a, faça-a se apaixonar e depois fuja e nos liberte.


- Como? Acha que é fácil fazer alguém se apaixonar?


- É sério, dá uma de garota reprimida e com o passar das noites vai fazendo carinho nela, algo assim. Quem sabe você seja a porta de escape daqui?


- Eu não aguento mais empacotar drogas. – Leon suspirou – Talvez seja um meio. Alguém já saiu daqui antes?


- Não sei. Eles não deixam a gente saber, entretanto dizem que um garoto saiu, agora não sei se ele está vivo ainda.


Eles trocaram mais algumas palavras e Leona se ergueu, caminhando lentamente pelos corredores com o papel na mão, indo até o quarto de Eduarda. Ela bateu na porta e ela logo se abriu, adentrou e olhou para a mulher que a prendia naquele lugar. Aquele par de olhos negros lhe dava medo. Não sabia se conseguiria fingir amá-la com o tempo.


- Leona, faz tempo que não nos falamos.


- Sim.


- Como está se sentindo na sua nova casa?


- Eu queria estar na minha casa.


- Ah, ainda está com esse pensamento?


Leona abaixou a cabeça, ela não queria responder, pois sabia que poderia ser castigada. Nesse tempo que trabalhava feito escrava, ela jamais havia sido castigada, todavia há dois dias havia entrado um garoto novo que não queria ficar lá de jeito nenhum, sempre estava gritando e batendo nos outros. Tudo bem, isso acontecia. Mas ele se recusou a trabalhar e quando o fazia, ele acabava derrubando a preciosa droga que eles empacotavam.
Ele havia sido brutalmente castigado na frente de todos. No final ficou com apenas três dedos numa mão e com vários hematomas por todo seu corpo. Agora vivia calado, trabalhando na cozinha, já que não tinha tanta habilidade manual.   Eduarda a chamou e foi até outro cômodo, onde havia uma mesa redonda com carne e pães, aquilo era a comida dos deuses para quem estava vivendo de sopa e café. Elas só comiam coisas mais pesadas quando o mês acabava ou então quando empacotavam acima da meta.


- Eu ia jantar e queria uma companhia. – disse – Sente-se.


Leona nem se recusou, se sentou em uma cadeira qualquer e não tocou em nada. Eduarda se sentou e riu baixinho, chamando sua atenção.


- O que foi? – Leona indagou.


- A educação que você tem é incrível. Mesmo faminta nem sequer abriu a boca para babar ou então atacou alguma coisa. Todas as garotas que eu coloco aqui acabam devorando tudo.


Leona não disse nada. Como evitar ser mal educada com um comentário desses? Claro que as garotas devoravam, ela mesma estava se segurando para não pegar aquela coxa de frango e mastigá-la até o osso.


- Pode se servir.


- Sem problema?


- Sim.


- Por que eu estou comendo aqui com você?


- Ora, por que não você?


- Porque eu não sou a melhor funcionária daqui.


- Ah, sim, verdade. Você não é a mais habilidosa mesmo. Será que deveria chamar alguma delas?


- Acho que seria mais justo.


Eduarda riu novamente. Ela passou a mão pelos cabelos negros, jogando-os para trás, exibindo seu rosto belo e novo. Como uma garota tão bonita daquela podia estar envolvida em um mundo tão sujo?


- Não pense nelas. Agora se sirva.


Leona não disse mais nada, ela começou a pegar as coisas em silêncio, não encheu seu prato, contudo passou longe dos pães e de um caldo de legumes. Ela queria carne e massa. Quando terminou de se servir, Eduarda já mastigava alguma coisa, então ela começou a comer também.


- Onde você morava mesmo?


- “Eu não disse. Que pergunta filha da puta!” – pensou – Na região norte. – mentiu.


- Hum, e o que fazia tão longe naquele parque... Ah! Não, no beco, o parque foi o outro.


- Estava indo visitar minha prima.


- Ah, entendi. E ela também te expulsou?


- Não, eu estava esperando o tempo passar para ir falar com ela, mas acabei aqui.


- Hum, que sorte a sua então. – sorriu.


E o diálogo continuou até que Leona terminou sua refeição, ela queria comer tudo, mas como seu estômago estava um pouco desacostumado a comer carne, ela foi devagar, prevendo que adoeceria ali no dia seguinte.                           Eduarda se levantou e a chamou novamente até o quarto, a mais velha se sentou em sua cama e bateu a mão no colchão para que a morena fizesse o mesmo. Nesse instante Leona sentiu desespero, olhou para a porta, desejando sair correndo por ela.


- Sente-se aqui, eu estou pedindo. – falou suavemente, com seu visível sorriso nos lábios.


- Eu estou bem de pé.


- Mesmo?


- Sim.


- Quer ficar de pé?


- Sim, eu quero.


- Tudo bem então.


Leona sorriu com certo alívio, mas sua felicidade durou pouco.


- Então tire sua roupa aí mesmo.


- Co-como?


- Será que todas vocês são surdas ou não conseguem entender de primeira por causa dos poucos neurônios? Eu falei para você tirar a roupa.


Leona ia indagar a mesma coisa, mas sabia que seria xingada até a morte se o fizesse, mas ela não conseguia acatar aquela ordem. A morena fechou os olhos e voltou a olhar para a porta.


- Não vai sair do quarto. – avisou 


– E se correr vai acabar voltando aqui toda esfolada. Venha aqui, vai. Senta aqui.


Suas pernas moveram-se lentamente até a mais velha, ela ficou a dois passos de distância, olhando para a cama, a qual não queria sentar. Eduarda sorriu com a sua teimosia e a puxou, fazendo-a cair de qualquer jeito no colchão.


- Viu como não foi difícil?


- O que você quer?


- Um pouco de carinho não faz mal a ninguém, não é?


- Que tipo de carinho?


- Ora, vamos! Você tem dezessete, dezoito, quantos anos? Sabe do que eu estou falando.


- Sexo?


- Ah, que garota direta. Sim, sim, isso mesmo.


O rosto dela empalideceu ao ouvir aquela afirmação. Antes que dissesse alguma coisa sentiu as mãos pesadas da outra começar a despir suas roupas, ela usava moletom e blusa, nada muito difícil de arrancar, logo estava somente de calcinha, sentada na cama, com os braços na frente de seu corpo, olhando para baixo com constrangimento.


- Eu tive muita sorte. – sussurrou Eduarda para ela mesma, olhando para o corpo da morena.


Com uma mão puxou o rosto de Leona de encontro a sua boca, fechando seus lábios naquele pedaço rosado, deixando sua língua entrar, explorando cada pedacinho daquela cavidade úmida, adorando sentir os dentes lisos com a língua para depois começar a brincar com a língua sem vida de Leona.


- Será que você poderia corresponder? – indagou, alisando seu rosto com cuidado.


- Por favor, não faça isso. – pediu, com os olhos cheios de lágrimas.


- Hei, hei, não precisa chorar, eu não vou te machucar.


- Eu não quero fazer isso.


Eduarda riu baixinho, adorando aquela cena que estava presenciando. Ela se aproximou de Leona e começou a beijar a curva do seu pescoço, saboreando a pele macia, sem manchas ou cicatrizes. Ali deu um beijo profundo, chupando a sua pele, marcando-a. Agora ela era sua.


 


 OoO


 


 Em sua casa, Juliana estava parada em frente à janela do quarto vendo a tempestade que assolava por todas as regiões daquela cidade. Suspirou e abraçou seu corpo, fechando os olhos por um segundo. Será que Leona estava naquela tempestade? Ela estava perdida nesse mundo. Com frio... Com fome... Com medo, mas não estava sozinha, infelizmente.


- “Não tem nem sinal de onde você possa estar. Ninguém te viu, apenas meu pai e depois você sumiu. Não entrou em nenhum restaurante, não fez nenhuma ligação, não apareceu diante de nenhuma câmera. Você desapareceu”. – refletia – “e você veio pedir minha ajuda. Se eu soubesse que seria expulsa de sua casa, eu mesma ia te buscar, não ia ficar plantada nessa casa te esperando”.


Outro suspiro e Juliana saiu do quarto, ela precisava sair para procurá-la. Era assim todas as tardes e noites. Não conseguia mais ir para a faculdade, seu tempo era dedicado a buscar por sua prima, felizmente não estava sozinha, havia um detetive que a família dela contratou além da polícia estar avisada, e os amigos também procuravam olhar os lugares e perguntar por ela. Talvez pudessem apelar para mídia, eles eram ricos, assim deveriam ter mais facilidade. Dinheiro move as pessoas e compra quase tudo. Seria fácil sua foto em um programa de televisão. A ruiva estava pronta para sair, no entanto ouviu sua irmã mais velha lhe chamar, Victoria se aproximou e segurou seu braço.


- Onde está indo?


- Vou sair.


- Está uma tempestade lá fora. Os ventos estão em 90 km/h.


- E daí? Solta!


- Eu não vou deixar você sair.


- Por quê?


- Acha que eu não estou preocupada também? Eu a procuro todos os dias, mas agora é perigoso.


- Ela pode aparecer por aí.


- Juliana, você está surda? Está tendo uma tempestade lá fora!


 Juliana deu de ombros e virou suas costas, contudo logo foi puxada para dentro por Victoria que detinha de mais força, arrastando sua irmã mais nova para o andar de cima. Ela recebeu alguns socos e chutes, mas revidou na mesma moeda. As duas estavam começando a se atacar no corredor que dava para os dormitórios, todavia Victoria não a soltou, continuando a levá-la para o seu próprio quarto. A porta se abriu, Juliana foi jogada para dentro e Victoria entrou em seguida, trancando a porta atrás dela. 


- Me dá essa chave!


- Não vou dar.


- Eu vou sair para procurá-la, não precisa ir comigo.


- Você é tão burra.


- Victoria, se você não me der essa chave agora, eu vou te arrebentar.


- Então vamos nos matar nesse quarto. – disse secamente, cruzando os braços.


Juliana avançou nela, mas foi facilmente derrubada e jogada no chão. Ela gemeu alto ao sentir sua costela bater no concreto, ficou deitada, gemendo, tentando se recuperar da batida que também teve da cabeça quando caiu no chão. Enquanto Juliana estava distraída, Victoria puxou o lençol da cama e voltou a mais nova, sentando em cima de seu tronco de repente, puxando seus braços para prendê-la com o lençol.


- Mas que porra você está fazendo!?!? Sua idiota! Me solta! Victoria!


- Não vou te soltar. – disse baixinho, enrolando o lençol no braço da sua irmã que ficou imobilizada. Depois a ergueu e o jogou na cama, afastando-se para não levar os seus chutes.


Juliana começou a xingá-la enquanto se remexia, Victoria apenas a olhava com seriedade, reprovando seu comportamento. Puxou o rosto de Juliana com as duas mãos e a manteve presa.


- Será que não percebe que eu te amo, cabeça de fósforo? – falou de repente – Por que você acha que vou te deixar sair nesse temporal? Eu sei que Leona não vai aparecer agora, ela vai estar protegida em algum lugar, nossa prima é esperta. Ela ficaria triste se soubesse que você se machucou. Eu também vou ficar e nossos pais também.


 Após ouvir as palavras da mais velha a outra se acalmou, abaixando sua cabeça. Ela recebeu uma leve carícia nos fios ruivos.


- Eu não queria brigar, você sabe que eu não gosto disso.


- Pode me soltar.


- Não.


- Não vou mais querer sair.


- Não vou te soltar. – disse, sentando-se ao seu lado, passando o seu braço em volta de seus ombros – Vou ficar um pouco com minha irmã caçula.    – sorriu , Pode desabafar se quiser, chorar, eu sei que está triste, mas não demonstra _ para ninguém. 


- Eu estou bem.


- Pode chorar.


- Eu não quero chorar.


- Eu não vou te recriminar, comigo você pode chorar, você sabe.


- Eu... não quero... chorar - disse novamente, só que agora seus olhos estavam cheios de lágrimas que lutavam para escorrer, apesar de sua teimosia.


- Pode chorar, só estamos eu e você nesse quarto e o temporal lá fora não vai te ouvir.


Juliana abaixou a cabeça e deixou seu corpo cair no colo da irmã que a abraçou, sentindo seu corpo tremer. E o choro não podia ser ouvido, ele era abafado pelo som da tempestade.


 


 


OoO


 


 


Continua...


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): lunaticas

Este autor(a) escreve mais 6 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Viviane passou a mão por seus fios negros, procurando alguma ponta dupla, enquanto Kirias olhava para a televisão em silêncio. Chegou um ponto que nenhuma tinha o que conversar, elas apenas se olhavam e ouvia o noticiário. Tudo estava ocorrendo muito bem, até que o noticiário acabou e começou um programa que falava sobre s ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais