Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
Ao sentir aquele beijo, Viviane teve a certeza que havia se lançado na sorte. Ela esticou os braços e puxou o corpo maior para cima, deixando que Kirias deitasse todo seu peso contra ela.
- O mundo dá voltas. – Kirias comentou.
Viviane apenas riu ao ouvir aquilo, dando atenção a sua tarefa. Ela beijava o pescoço, sentindo o gosto do perfume que ela usava, apreciando a maciez de sua pele e à medida que ia descobrindo aquele corpo, ela encontrava algumas marcas.
- Que marcas são essas?
- Sou masoquista... – sussurrou.
- Hum... que interessante. Eu nunca fiquei com uma masoquista antes.
- Eu sou um pouco sádica também.
- Não gosto de sentir dor. – sussurrou, mordendo o lóbulo da orelha de Kirias com ligeira força, sentindo que a outra realmente gostava de sentir dor.
Elas ficaram se amassando no sofá, seus troncos se moviam para cima e para baixo a fim de ter mais contato. As mãos adentravam pelas roupas, mas não a retiravam, apenas sentiam o corpo da outra sem ver, excitando-se com cada aperto, belisco e arranhar. A língua de Kirias era comprida e preenchia toda a boca de Viviane que pensou por um momento que seria sufocada. Sua cabeça foi segurada pelas duas mãos fortes e grossas. Seus olhos estavam semi-abertos, observando os orbes cor de mel que lhe devoravam. A morena franziu o cenho ao sentir sua língua ser presa pelos dentes de Kirias, para depois ela começar a morder seus lábios, chupando-os com força, causando-lhe agonia. Afastaram-se por um momento. Viviane estava ofegante e Kirias com um sorriso de satisfação estampado no rosto.
- Espere.
- O que foi? – indagou a loura.
- Não vamos transar.
- Não? Por quê?
- Não estou pronta. – confessou Preciso me preparar psicologicamente para fazer sexo com alguém como você.
- Ah, você vai gostar. – sorriu Apenas relaxe.
- Sério. Não!
- Então vamos marcar um dia? Isso é tão inapropriado. – comentou, soltando um suspiro impaciente – Depois falam que eu sou louca.
Viviane sorriu com alívio ao ver que a outra desistiu. Ela não podia fazer sexo agora ou teria seu corpo triturado por Kirias. Primeiro precisava conversar com Anahi sobre Kirias, para saber mais sobre ela. Depois veria se ia querer essa dor de cabeça na sua vida. Uma dor de cabeça que por sinal era bem agradável visualmente na opinião de Viviane, que não conseguia largar o abdômen definido da outra.
- Então vamos marcar um horário?
- Que tal um encontro para nos conhecermos melhor?
- Mas não acha que já conversamos bastante, Viviane?
- Jantar.
- Hum... você venceu. Acho que preciso ir com calma mesmo.
– concordou.
- Que bom que temos opiniões parecidas.
Kirias se ergueu, passando a mão por seu corpo, vendo que sua excitação não ia sair de repente.
- Eu vou te levar até seu carro. – falou.
Viviane foi até uma cômoda onde pegou a chave de seu carro e anotou o número de seu celular, entregando para Kirias que a acompanhou.
- “Que noite frustrante, eu estava louca para transar”. – Kirias pensou com tristeza – “Mas Viviane parece ser uma garota interessante. Talvez seja melhor investir em algo a mais que transar e nunca mais vê-la”.
- “Eu fugi de uma sádica masoquista. Eu preciso escrever isso no meu livro!” – pensava, enquanto entrava em seu carro – “Mas essa Kirias é muito... muito... droga! Ela é linda”. – concluiu contra sua vontade, vendo-a se ajeitar no banco ao lado.
- Podemos ir? – indagou Kirias.
- Sim, eu vou levá-la com segurança.
Kirias riu baixinho e ficou observando a vizinhança, tentando decorar o lugar para voltar depois.
- Eu não tenho migalhas para jogar no chão, não saberei voltar. – Kirias comentou com sarcasmo.
- Desta vez você tem algo mais importante, Kirias.
- Mesmo? Um mapa?
- Não... você tem o meu interesse em você. – sorriu sedutor – Não tem mais como eu te deixar perdida me procurando.
- Gostei dessa.
As duas riram baixinho. Viviane parou seu carro próximo ao café e começou a ser guiada por Kirias que finalmente apontou para um carro estacionado numa esquina. A morena estacionou do outro lado da rua e olhou para sua carona. Kirias a puxou pelo cabelo sem nenhuma delicadeza e passou a língua sem nenhum pudor por seus lábios.
- Até nosso encontro romântico. – disse cínica.
- Até lá.
- Tome relaxante muscular antes.
- Eu vou ir prevenida.
Kirias concordou e saiu do carro, porém antes disse:
- Vou te ligar depois de uma semana para você pensar direito no meu convite e não agir por impulso.
- Por que isso?
- Porque eu odeio que as pessoas usem a desculpa que agiram por pressão ou impulso.
- Eu concordo com você. Vou esperar sua ligação.
Kirias não disse mais nada, vestindo sua faceta fria. Fechou a porta e começou a caminhar até seu carro. Viviane a observava pelo retrovisor, quando Kirias partiu, ela escorregou no banco e passou a mão por seu rosto.
- “Any vai me matar”. - pensou.
OoO
No dia seguinte...
A tarde estava passando, Anahi e Dulce acharam melhor sair um pouco daquele hotel antes que enlouquecessem. Elas concordaram que Dulce voltaria ao apartamento até achar outro lugar para ficar. Fizeram a mudança rápida, voltando a colocar as coisas de Dulce no apartamento da loira, que estava mais feliz com a companhia de alguém. Porém não ficaram no apartamento por muito tempo, pois Anahi desejava ir ao cinema ver um documentário que estava em cartaz. Dulce não gostou muito da idéia, não gostava de ficar presa em um lugar fechado e escuro sem poder falar e se mexer, contudo acabou concordando. E dentro de poucas horas lá estava o casal dentro de uma sala demasiada vazia, sentadas na última fileira para assistir o tal documentário que Any tanto falava.
Anahi deslizou sua mão pela sua coxa para depois pegar a pipoca que caiu no meio de suas pernas, ela estava entretida no filme que assistia e sempre que as puxava do pacote, ela as derrubava sem querer. Ao seu lado estava Dulce, com os olhos cansados, não agüentando mais assistir aquele documentário. Sua única diversão ali era comer pipoca e beber refrigerante. Agradecia mentalmente por ter comprado o maior pacote. Os minutos se passaram e Dulce enfiou a mão no pacote, pegando apenas o milho cru. Havia acabado. A karateca olhou de soslaio para sua namorada que estava com a mão cheia, comendo lentamente o que ainda restava, deixando alguns caírem no sofá. Era um desperdiço, pensava Dulce. Anahi terminou de comer, fazendo aquele barulho torturante de pipoca sendo mastigada sem parar. A karateca levou a mão até o refrigerante, mas Any foi mais rápida. Não que elas estivessem disputando, no entanto, como Dulce não tinha o que fazer, além de comer e beber, para ela sua diversão estava sendo cortada. Quando Any colocou o copo de plástico no apoio do assento, Dulce o ergueu vendo que não havia sobrado muita coisa. Sorveu os últimos goles e encostou a cabeça no banco macio. Minutos se passavam e aquele documentário não acabava. Dulce respirou bem fundo e soltou sua respiração. Seus dedos ficaram batendo contra sua perna, lembrando-se de uma música que gostava, aos poucos estava batendo o pé no chão.
- Dulce, pare de fazer barulho e tremer o banco. – Any pediu num sussurro.
A karateca voltou a ficar quieta, virou a cabeça para o lado e viu que estava sozinha naquele banco. Também, quem ia querer assistir aquele documentário chato? Apenas sua namorada mesmo. Ela ergueu um pouco a cabeça e viu que algumas fileiras abaixo havia um casal se beijando.
Cinema era um ótimo lugar para namorar! Ela sorriu com a idéia e olhou para Anahi que nem sequer lhe dava atenção. Ficou observando o traçado fino do seu nariz, acompanhando sua curva para depois descer aos lábios entreabertos.
Sua mão foi até a mão de Any que lhe olhou e sorriu, para depois voltar a ver o documentário, deixando Dulce entrelaçar seus dedos nos seus. Aos poucos Dulce foi puxando sua mão, fazendo-a parar na sua coxa. Alguma coisa era incômoda ali. Dulce olhou para a barra de plástico que separava os assentos. Tocou na mesma e a ergueu, abrindo um sorriso infantil, como se fosse uma criança descobrindo um novo mundo. Na última fileira sempre havia bancos duplos sem separação. Era bem sugestivo para quem ficava ali! Depois não podiam reclamar se as pessoas não se comportavam. O braço de Dulce passou pelos ombros de Any, puxando-a para ficar mais próxima, a princípio a loira aceitou, no entanto logo sentiu um incômodo no pescoço, pois o braço de Dulce não a deixava encostar a cabeça no assento.
- Dul, assim está ruim. – falou num sussurro, tirando o braço da karateca.
Dulce ficou quieta por alguns segundos, contudo logo voltou a tocar em sua namorada. Dessa vez passou a mão por sua cintura pela parte da frente, deslizando-a até o meio de suas pernas, sem nenhuma paciência ou suavidade ela fechou a mão em sua bct.
- Dulce! – a repreendeu num sussurro mais alto e controlado, enquanto puxava o pulso da mais velha para se afastar.
- Você me trouxe para esse filme chato, pelo menos me deixe te fazer um carinho.
- Alguém pode ver. Tira a mão daí.
- Não tem ninguém nas fileiras próximas, eu já verifiquei.
- Por favor, Dulce.
- Só um pouquinho, Any. – pediu, beijando a bochecha avermelhada da sua namorada.
Anahi tentou discutir, porém desistiu ao sentir Dulce começar a mexer sua mão, massageando-a por cima do jeans. Ela se remexeu na cadeira, porém não conseguiu se afastar. Os dedos de Dulce passearam pela barriga quente de Any, sentindo os seus pêlos se arrepiarem para logo começar a desabotoar o jeans, assim tinha acesso ao esconderijo que só ela podia chegar. Sua mão entrou na calcinha e tocou no sexo da sua namorada. Any nem estava excitada com aquilo. Dulce ficou frustrada, pois se Any colocasse a mão nela poderia sentir como estava molhada. Os segundos foram passando e Any não conseguia mais assistir nada, ela fechou as pálpebras e jogou a cabeça para trás, abrindo um pouco mais suas pernas, entregando-se para sua karateca.
- Ah, Any... desse jeito você pede para fazer amor aqui mesmo.
- Não, Dull.
Dulce deixou sua língua tocar em seu pescoço, enquanto dava alguns beijos molhados. A respiração acelerada da sua namorada estava lhe excitando. Logo puxou a mão de Any para colocá-la em sua própria bct.
- Sentiu como eu estou molhada? – indagou sussurrante.
- Você não pode se comportar em um cinema, não é?
Dulce sorriu e beijou os lábios rapidamente, contudo Any logo os voltou para frente ou daria muito na cara se alguém olhasse para trás. Ela acabou escorregando mais no assento, sentindo seu corpo tremer. Quando Any abriu os lábios para deixar um leve ofegar sair, Dulce perdeu sua sanidade. Ela tirou a mão de Any e a puxou num tranco do assento, fazendo-o se ajoelhar no chão.
- Dulce!?
A karateca saiu de seu assento também e a empurrou para baixo, fazendo-a se deitar de barriga para cima. Any não concordava com aquilo, elas poderiam ser pegas a qualquer instante e seria vergonhoso. Logo tentou se erguer, xingando sua namorada, porém não conseguiu. Em matéria de força e teimosia, Dulce sempre ganhava. A calça de Any começou a ser puxada, enquanto a mesma tentava abotoá-la. Estava uma briga entre as duas até que Dulce conseguiu prender os dois braços de Any com uma mão nas suas costas, deixando a outra livre para despir a calça que usava.
- Alguém pode ver.
- É só você ficar quietinha. – disse.
Any mordeu o lábio inferior ao sentir um dedo lhe invadir de uma vez, abriu um pouco mais suas pernas e arfou, sentindo o toque interno que Dulce lhe proporcionava. Dulce a ergueu levemente, fechando seu braço no quadril de Any, deixando-a suspensa. Ela largou os braços de Any que desistiu de lutar ao ver que seria melhor Dulce terminar logo com o que queria. A loira fechou os olhos e cerrou os dentes ao sentir dois dedos da sua namorada começar a pedir passagem. Aos poucos seu interior começou a ser alargado, segurando-se para não emitir nenhum som enquanto Dulce movia os dedos para frente e para trás, tentando abrir caminho.
- “Que ninguém nos veja!” – pediu mentalmente.
- “Isso é excitante, eu preciso fazer mais vezes no cinema”. – pensou Dulce com um sorriso de satisfação nos lábios.
O corpo de Any estremeceu ao sentir os dedos de Dulce bater com forca no seu interior. Finalmente havia entrado e agora tentava relaxar, enquanto Dulce começava a mover-los. A respiração da karateca era um pouco alta, ela abraçava o corpo de Any e mordia sua orelha, passando a língua que lhe arrepiava cada pedacinho de pele. E o lento vai-e-vem fazia Dulce delirar e deixava Any cada vez mais exausta. O carpete acomodava o corpo de Any, dando-lhe um pouco de conforto enquanto mantinha seus braços fixos no piso. Ela tinha que admitir que desde que começou a namorar Dulce, os seus músculos dos braços e do abdômen se desenvolveram. Tinha que fazer muita força para agüentar os ataques da sua namorada.
- Está gostando? – Dulce indagou sussurrante.
Any nem sequer respondeu, pois sabia que se abrisse à boca, com certeza iria gemer alto. Ainda mais quando Dulce começou a masturbá-la, agora ela tentava manter o controle. Um gemido baixo fez Dulce sorrir e olhar para sua mão que ficou lambuzada pelo gozo. Ela a limpou na perna de Any e continuou a puxá-la contra seu corpo,encostando seu sexo molhado em Any investindo cada vez mais rápido à medida que seu prazer pedia. Não demorou ao sentir seu corpo se aliviar junto aquele pedaço de carne pulsando. Elas se separaram, Dulce vestiu seu jeans e ergueu a cabeça lentamente vendo que o cinema continuava monótono e o documentário ainda estava passando. Ela se sentou e Any demorou um pouco para se vestir e voltar ao seu lugar, com a respiração ofegante e a face vermelha. Dulce se aproximou, dando um beijo na bochecha de Any para logo sussurrar:
- Isso é para você aprender a escolher filmes mais interessantes.
- Dulce... cala a boca.
- Hei, hei, não fica brava. Em casa terá mais.
- Não mesmo. Você não consegue sair comigo para nenhum lugar. Só sabe ir a motel.
O tom de voz de Any estava baixo e irritadíssimo. Dulce sabia que tinha exagerado um pouco, entretanto não conseguiu resistir à expressão prazerosa de Any enquanto a masturbava.
- Esse filme é um saco. – Dulce disse novamente, alguns minutos depois.
Aquela havia sido a gota d’água para Any. Ela se ergueu de súbito e saiu do seu lugar, descendo as escadas com passos firmes sem olhar para trás. Dulce ficou tão surpresa que demorou um pouco a segui-la. Quando saiu pela porta dupla, Any deparou-se com a área de alimentação, olhou para os lados e viu o banheiro, começando a seguir as placas. Quando Dulce abriu a porta, ela lançou um olhar pela multidão até que viu Any entrar no banheiro. No sanitário, Any procurou uma cabine que tinha uma pia própria. Eram poucas cabines, porém como era tarde e o shopping estava fechando, não havia muita gente usando. Ela entrou em uma e fechou a porta, olhando-se para o espelho redondo da parede.
- “Dulce é uma filha da puta”. – pensou, começando a lavar seu rosto que estava vermelho.
Começou a arrumar suas roupas que estavam amassadas, depois lavou suas mãos e se sentou no assento, tentando se acalmar. Seu coração estava acelerado.
- Any!?
A loira ergueu a cabeça ao ouvir sua namorada lhe chamando. Ela sabia que era infantil fugir daquele jeito, por isso respondeu.
- Eu já vou.
Logo ouviu o som dos passos pararem em frente a sua porta. Agora via os tênis da sua namorada que ali ficaram parados. No momento não desejava sair. Alguns minutos passaram-se e Dulce deu duas batidas na porta de vidro. Não tinha mais como fugir, Any se ergueu e a abriu, exibindo um olhar duro e irritadiço.
- Podemos ir embora. – disse.
Dulce ficou em silêncio, apenas a encarava de maneira fria e dura. Anahi ainda se incomodava com aquele olhar. Não entendia como Dulce conseguia ter um olhar tão ameaçador. Dulce olhou para os lados e depois empurrou sua namorada para dentro da cabine, para depois fechar a porta. E antes que Anahi pudesse raciocinar, ela já se via abraçada e beijada pela outra.
- Dulce... Dulce... pare, pare! – pedia, quando conseguia fugir dos lábios.
- Pare de ficar me evitando! – falou com certa agressividade, apertando seu corpo.
- Vamos... vamos para casa. Lá nós conversamos.
Dulce pareceu concordar, soltando-a para logo puxar sua mão. Elas iam sair de mão dada, no entanto Any se soltou grosseiramente, recebendo um olhar de morte da mais velha. Elas foram até o estacionamento. Quando entraram no carro, elas ficaram em silêncio, Any cruzou os braços e deixou a cabeça pender para trás com os olhos fechados. Apenas sentia o carro correr, nem sequer olhava para onde estava indo e não queria saber. De repente o veículo parou, Any abriu seus olhos avermelhados de sono e olhou para a rua vazia que estavam.
- Onde estamos?
- Por que saiu do cinema? – indagou, virando seu tronco para o outro.
- Porque você não parava de reclamar, Dulce. Não posso ver um filme com minha namorada em paz? Se for assim me avise antes, pois eu chamo outra pessoa.
- Ah... outra pessoa? – indagou enciumada.
- Sim, outra pessoa. Porque com você não está dando.
- Você está cansada de mim, então?
- Não quis dizer isso.
Dulce voltou sua posição, se ajeitou e voltou a ligar o carro, dirigindo para casa. Quando chegaram, Dulce estacionou o carro no estacionamento particular que estavam pagando. Anahi logo saiu, cumprimentou o guarda e atravessou a rua, indo até o prédio de tijolos. O casal entrou em silêncio no apartamento, quando Any fechou a porta, foi até o quarto, retirando o tênis que usava, jogando-o para um canto. Dulce despia-se, ficando apenas de calcinha boxer, exibindo suas tatuagens. O celular de Any tocou de repente, ela foi até o aparelho, estranhando a ligação por causa do horário. Quando viu que era Viviane, o sangue de Any gelou.
- Quem é? – a pergunta de Dulce foi imediata.
Anahi desligou na cara da seu ex-namorada, dando a entender que não era o momento. Ela suspirou e colocou o celular em cima da cômoda, para pegar seu pijama no armário. E novamente o aparelho tocou. Dulce foi mais rápida para a infelicidade da sua namorada que já via o mundo começar a desabar ao seu redor.
- Dulce me dá o meu celular! – pediu, estendendo o braço.
Dulce arqueou uma sobrancelha com desdém e voltou à atenção para a ligação.
- Quem está falando?
- Eu quero falar com a Any.
- Ah... não me diga que está arrastando as asas para a minha namorada de novo?
- Não dessa vez, mas quem sabe da próxima?
- Quando eu te encontrar eu vou...
Anahi correu até Dulce, puxando o aparelho da sua mão antes que ela começasse a discutir com Viviane. A loira pediu desculpas e desligou rapidamente.
- O que deu em você para atender meu celular?
- E você a convidaria para o cinema? – indagou com irritação.
- Ah, é nisso que está pensando? – indagou com agastamento, enquanto massageava suas têmporas – Mas respondendo sua pergunta. Sim, eu iria com ela. Dá próxima vez eu não te levo para passear, pois você não sabe se comportar.
Dulce abriu a boca para começar a retrucar com sua namorada, contudo antes que isso acontecesse, Any ergueu o braço.
- Espera, Dulce. – pediu.
- Esperar o que?
- Não dê seu chilique.
- Quer que eu fique quieta agora? O que você está pensan...
- Não fale nada. Espere.
Dulce bufou, cruzando os braços, ficando a olhá-la com ódio. Any colocou o celular que ela mesma desligou em cima da cômoda e foi até sua namorada, puxando seus braços para baixo, tirando-a daquela posição de defesa. Depois a abraçou pela cintura e lhe deu um beijo em seu peito.
- Não vamos brigar. – falou em um tom baixo – Desculpe por ter falado isso. Eu só estava irritada, porque queria ver aquele filme mesmo, mas eu sei que você ficou com tédio, desculpe.
Dulce relaxou e se permitiu abraçar a menor, afundando a sua cabeça na curva de seu pescoço, depositando um beijo demorado na região.
- Tudo bem, eu também não fui sensata, – disse baixinho – mas você não vai ao cinema com sua ex-namorada!
- Hum... só falei para você ficar com ciúme. Eu não vou fazer isso.
- Não precisa me deixar com ciúme, Any. Eu já tenho uma cota de ciúme reservada para você.
- Vai que um dia ela se esgota. – falou em tom de brincadeira.
- Eu sei onde recarregar, não se preocupe.
Elas ficaram mais um tempo abraçadas até que Any se afastou.
- Eu vou fazer um pouco de chá, estou com fome.
- Você está um pouco pálida mesmo, eu não devia ter te deixado sem comer.
- Acontece. Vou comer algo agora.
- Não, deite-se na cama, eu vou pegar algo para você.
Anahi sorriu e obedeceu, sendo colocada na cama por sua namorada. Dulce virou-se exibindo seu corpo primoroso, junto da linda tatuagem de carpa que tinha nas costas. A loira ficou namorando-a em silêncio até que Dulce colocou um top e saiu.
- “Essa é uma boa tática para evitar brigas”. – pensou, soltando sua respiração – “Se eu não fizesse isso, nós estaríamos nos pegando pelo pescoço agora”.
Any sorriu minutos depois ao ver Dulce se aproximar com uma bandeja cheia de coisas. A karateca estava mostrando seu corpo perfeito, com um olhar atencioso e apaixonado.
- “Decididamente não é bom brigar!” – refletiu, sorrindo de graça para Dulce que colocou a bandeja em seu colo.
- Se quiser mais alguma coisa é só pedir.
Any se derreteu. Dulce tinha seus defeitos, no entanto também tinha qualidades que não conseguiu encontrar em muita gente ao longo de sua vida.
- Pode se sentar ao meu lado?
Dulce sorriu e obedeceu, encostando-se a cabeceira da cama, observando Any tomar o chá.
- Você tem uma nádega tão bonita, Dul. Eu acho que você poderia andar mais de calcinha pela casa. – comentou.
- Acha mesmo? indagou com um sorriso orgulhoso. – Aproveita enquanto eu ainda moro aqui.
- Acho que é bom mudarmos um pouco.
- Como assim?
- Com um corpo bonito desse eu poderia ser ativa as vezes.
- Hum... não sei se é boa idéia.
- Mas eu sei que é ótima! – disse com um sorriso maior – Eu lembro que você gostou tanto quando eu te peguei de jeito. Nossa, até sonho com isso.
- Pare com isso, Any. – pediu, beijando sua bochecha – Não está satisfeita como estamos?
- Sim, mas eu vou querer repetir. E será logo!
Dulce riu baixinho e não disse mais nada, ouvindo sua namorada começar a fantasiar quando a tomasse novamente. E assim a noite se passou.
OoO
No dia seguinte. Os noticiários divulgavam a foto de Leona, a pedido da família que ansiava em achá-la o mais rápido possível. Haviam fotos suas nos jornais impressos, revistas e alguns panfletos pelo bairro. Juliana estava olhando para o jornal que acabou de comprar, deu um gole no seu café e se ajeitou na mesa, deixando seus dedos tocarem no rosto da sua prima. Ela estava distante demais, aquilo era uma mera foto. Suspirou e voltou a tomar o café. Por ela, as imagens já estariam há tempos na mídia, no entanto seus tios queriam discrição.
- “Será que você... está bem?” – refletia.
O celular da ruiva tocou de repente, ela puxou o aparelho sem interesse e viu que era apenas uma colega da faculdade. Não atendeu, guardando o aparelho, para voltar aos seus pensamentos. A sua casa estava silenciosa, quando ouviu duas batidas. Viu os empregados se moverem e atenderem aos visitantes. As duas pessoas que menos desejava ver desde que Leona sumiu. Eram seus tios, que foram para a sala de visitas, aguardando os seus pais.
- “O que eles querem agora?” – pensava. Ela tomou o resto de seu café e saiu com o jornal na mão, indo até sala vendo os seus tios sentados em poltronas diferentes, como se estivessem brigados e deveriam estar pela tensão que passavam.
- Bom dia, Juliana. – falou a sua tia, com um sorriso simpático.
A ruiva limitou a olhá-la com todo o desprezo que poderia ter, depois lançou o mesmo olhar para seu tio, que nem sequer a encarou.
- O que querem?
- Juliana, querida, chame os seus pais.
- Alguma notícia de Leona?
- O detetive disse que achou algumas informações.
Juliana se interessou, sentou no braço do sofá, cruzando os seus braços para dar mais atenção a notícia.
- Que informações?
- Um funcionário de uma lanchonete disse tê-la visto parada na frente do lugar, tentando ligar para alguém. Nós estamos tentando ver se havia câmeras de vigilância na rua. O detetive disse que irá nos mostrar hoje o que ele conseguiu
- Câmeras? – indagou com um sorriso radiante – E quando ele vai trazer?
- Nós não telefonamos para ele ainda.
- Como assim!? Peça para ele trazer agora!
- Tudo ao seu tempo, Juliana. – disse Carlo de repente, com uma voz cansada
- Tudo ao seu tempo!? – vociferou - Mande logo ele trazer isso! O que está esperando? Que apareça o corpo dela em algum beco por aí?
Juliana ia começar a discutir, no entanto sentiu uma mão pesada em seu ombro, olhou para trás e viu o sorriso amarelo da sua irmã mais velha. Victoria fez Juliana se sentar e a copiou, ficando ao seu lado com as pernas cruzadas.
- Eu ouvi a conversa. Também quero ver o vídeo logo. Por que essa demora?
- Nós vamos vê-lo em casa. - disse a tia.
- Como!? Sozinhos na casa de vocês? Por que isso? – Victoria indagava com certa impaciência – Por que não pede para ele passar aqui? Vamos! Não sejam egoístas. Todos nós estamos preocupados.
- Não queremos envolvê-las nisso, Victoria.
Victoria teve que colocar a mão no ombro de Juliana novamente para ela não avançar na sua tia. O clima ia começar a pegar fogo naquele cômodo, contudo os pais de Juliana e Victoria apareceram, bocejando pela noite mal dormida. Eles começaram a conversar um pouco e após algumas discussões promovidas por Juliana e Victoria, os pais de Leona decidiram pedir para o detetive trazer as informações que queriam na casa deles. Senão não sairiam vivos dali pelas mãos das suas sobrinhas. Um tempo se passou e a campainha finalmente tocou. Juliana ergueu-se do sofá e foi até a porta, olhando com entusiasmo para o homem engravatado, se cumprimentaram e Juliana o arrastou até sala, indagando sobre o vídeo diversas vezes até que o paciente detetive a acalmou.
- Eu já irei mostrar. Deixe-me pegar o CD, pelo menos. – comentou
– Segundo o depoimento do funcionário da lanchonete, nós conseguimos esse vídeo.
- Como um funcionário lembrou-se de alguém usando o orelhão? – Victoria indagou com desconfiança.
- Ele disse que estava abrindo a lanchonete, não tinha o que fazer. Ele ficou vendo o movimento, quando Leona foi até o orelhão e saiu de lá dando um soco no aparelho, xingando. Foi o que ele relatou, sendo que ela também estava com o braço engessado e colocamos isso na descrição do retrato falado.
- O braço quebrado deve ter ajudado no reconhecimento. – Victoria sorriu – Há males que vem para o bem!
- Eu preciso de um laptop.– avisou o homem engravatado.
Victoria se ergueu e ajeitou as coisas necessárias, depois pegou o CD e acessou o programa de vídeo, mostrando longas horas de gravação. O detetive se aproximou e começou a mexer na barra do tempo.
- Aqui. – ele disse, apontando para uma garota de blusa azul e chinelos, que andava até um orelhão.
- Que dia foi isso? – indagou a mãe de Leona.
- O dia que ele veio falar com o seu tio. Pelo que estudamos, seria o dia que ele sumiu.
- Só tem isso? – indagou Victoria.
- Não, tem mais, prestem atenção. – falava, deixando o vídeo em câmera lenta. – Ela vai entrar nesse beco e aqui só podemos ver o começo onde estão os pés dela. Estão vendo?
- Sim. – todos responderam em uníssono.
- Do nada ela se levanta e dá alguns passos para trás. Como se estivesse fugindo de alguma coisa e olhem aqui... – disse, parando o vídeo de repente.
- Tem uma mão próxima dela. – Juliana analisou.
- Sim, tinha outra pessoa nesse lugar. As cenas seguintes são rápidas.
– comentou, voltando a rolar o vídeo – Alguém coloca alguma coisa nela, um casaco preto. E depois aparece esse carro, onde todos que estavam naquele beco entraram.
- Ah! Seqüestraram minha filha! – murmurou a mãe chorosa, voltando a se sentar.
- Não foi seqüestro, senão já teriam entrado em contado. Eles nem devem saber quem ela é. – observou o detetive – Nós estamos tentando rastrear a placa desse carro. Com certeza deve ser um veículo roubado.
- Já estão procurando o carro?
- Sim, Carlo. Isso é uma questão de tempo agora. Vamos rastrear todos os passos, logo acharemos sua filha.
Todos pareciam estar mais tranqüilos agora. Finalmente estavam tendo pistas de Leona, felizmente a mídia havia ajudado. Sete dias se passaram exatamente. Carlo foi acordado em uma madrugada, ele atendeu seu celular onde o detetive que contratou lhe deu a grande notícia. Sua filha havia sido achada. Carlo acordou sua esposa que correu até seu guarda-roupa, vestindo uma roupa qualquer, enquanto ligava para seu cunhado que a fez prometer avisar quando Leona fosse achada. Eles marcaram de se encontrar no ponto de referência escolhido e se dirigiram para o local que o detetive indicou. Quando chegaram, viram vários carros de polícia e ambulâncias espalhados pela rua. Havia uma faixa amarela que impedia as pessoas de se aproximarem, eles foram se aproximando de um policial que conversava com o detetive que contrataram.
- Onde está minha filha? – indagou Carlo.
- Ali, apontou o detetive – eu já fui falar com ela. E já cuidaram dela também.
Eles lançaram um olhar para o horizonte, vendo no meio de alguns ferros velhos fincados na terra uma garota de cabeça baixa. Lá estava ela, sentada próximo à ambulância em uma mureta de cimento, enrolada a um cobertor acinzentado para protegê-la daquela madrugada fria. Seus cabelos estavam maiores, caindo desalinhado por seu rosto. Estava mais magra e pálida. Uma pessoa completamente diferente. A família estava lá por inteiro, como outras famílias ou então colegas que estavam procurando as outras pessoas que estavam presas naquela fábrica de trabalho escravo. Aos poucos os pais foram se aproximando, com passos curtos como se temessem que a proximidade quebrasse aquele corpo tão sensível. Quando eles pararam na frente de Leona, esta ergueu a cabeça, exibindo olhos foscos e sem vida.
- Leona, minha filha. Que bom que você está bem! – gritou, iniciando um choro alto, puxando o corpo da sua filha para um abraço forte, onde afundava sua cabeça. Leona por sua vez não moveu um músculo de seu corpo, ficando a olhar para frente, sem dizer nada.
- Leona, como você está? – indagou Carlo, sentindo-se constrangido na frente da sua filha, mas ela nem se deu ao trabalho de responder.
Aos poucos a família de Juliana foi se aproximando, pois a ruiva estava quase batendo em sua irmã para soltá-la. Quando Juliana se aproximou, ela viu que sua namorada estava bem diferente, tanto fisicamente, quanto nas suas feições.
- Ela está bem? – o pai de Juliana indagou com preocupação.
- Leona? Está ouvindo? Victoria indagou, afastando sua tia gentilmente para olhá-la de frente.
- Sim. – respondeu secamente. Ela sabia o que estava acontecendo, mesmo que tudo tenha ocorrido tão rápido, de maneira tão fatal. Havia sido um choque ouvir toda aquela gritaria e sons de tiro a acordarem na madrugada.
- Você está machucada?
- Não.
- Er... alguém já te examinou?
Leona apenas moveu a cabeça positivamente. Juliana foi quem se aproximou, tocou em seu rosto, perguntando sobre seu estado, contudo não recebeu nenhuma resposta. A morena nada dizia, ela olhava tudo como se estivesse distante e não pertencesse aquela realidade. Algo chamou a sua atenção, ela ouviu um grito e olhou para o lado, vendo Carlos sendo retirado daquela casa com o ombro ensangüentado, ele havia levado um tiro. Leona jogou o cobertor que usava no chão e correu até seu amigo que estava sendo colocada dentro da ambulância.
- Carlos! – gritou O que houve?
- Se afaste. – disse um enfermeiro.
- Ele é meu parente. – mentiu. Eu quero saber o que aconteceu.
- Nós daremos notícias à família depois. Agora precisamos levá-lo ao hospital. – e dizendo isso fechou a porta traseira.
Leona fez menção de abrir, entretanto foi puxada para trás por um policial que parecia estar mal humorado. Ele começou a arrastar a menor que se debatia até a viatura, onde foi interceptado pelo tio e o pai de Leona.
Houve uma discussão e no final deixaram Leona entrar na ambulância, para tomar um calmante, já que havia ficado perturbada demais com a visão de Carlos. Depois disso, não disse mais nada e adormeceu. As horas passaram, Leona abriu os olhos, reconhecendo o lugar que estava repousando. Era o seu quarto, que nos seus sonhos parecia ser algo muito distante e agora lá estava ela, revivendo sua vida. Ao seu lado haviam várias pessoas, que a olhavam com preocupação. Ela sabia quem era cada um ali.
- Finalmente acordou. – disse sua mãe – Diga-me, Leona, como está se sentindo?
Leona se sentou na cama lentamente, passando a mão por seu rosto que estava quente. Fazia tempo que não dormia tão aquecida.
- Esse é meu quarto? – indagou com a voz rouca.
- Ah! Claro, meu amor. – sorriu.
- “Estou de volta”. – pensou, olhando para todos, deixando seu olhar para em Juliana que estava distante, sentada em uma cadeira de madeira, com o olhar fixo nela.
- Está com fome? Sede?
- Não quero nada, mãe. – disse - Onde está Eduarda?
- Eduarda? Quem é essa?
- A líder daquele lugar. Onde ela está?
- Aquela marginal? – Victoria indagou
– Não se preocupe, ela foi baleada e levada para o hospital. Com certeza vai apodrecer na cadeia.
Leona ficou em choque com aquela notícia, não queria ter ouvido aquilo apesar de ter desejado todas as noites a morte daquela que a tomava sempre que tinha desejo.
- Ela fez alguma coisa com você, filha? – indagou a mãe, recebendo um olhar contrariado de todos os presentes.
- Óbvio. – respondeu ríspida, voltando a se deitar
– O que acha que fizeram? – indagou com cinismo – Tudo que você possa imaginar.
E de repente se sentou na cama e se levantou, deixando todos tensos. Ninguém ali sabia o que ela poderia fazer, pois sua perturbação era muito visível.
- Quer ir ao banheiro? Indagou a mãe com um sorriso amarelo.
- Só quero ir embora. Aliás, eu preciso ver Carlinhos, ele deve estar com medo.
- Em-Embora? Indagou Victoria – Para onde quer ir Leona? Está em casa agora. Segura.
- Mas Carlos é meu amigo e não está bem. Eu quero vê-lo agora. Aliás, nem preciso da permissão de vocês. – falou com irritação.
Carlo colocou-se na frente da sua filha, com medo de tocá-la, no entanto, mesmo assim segurou seus ombros e o colocou novamente na cama.
- Eu vou ver como está esse garoto e nós iremos visitá-lo se quiser.
– disse Victoria. Tudo bem?
- Vai vê-lo agora? – Leon indagou, parecendo se acalmar.
Victoria suspirou e se ergueu.
- Sim, eu estou indo. Qual o nome dele?
- Carlos, eu já disse. Acho melhor eu ir também.
- Daqui você não sai! – disse a mãe quase num grito de desespero.
Agora ela não ia deixar sua filha colocar a cabeça para fora da janela.
Leona arregalou os olhos ao ver as lágrimas de sua mãe, ela respirou fundo e afundou a cabeça no travesseiro, tentando acalmar seu coração.
- “Eles estavam preocupados...” – refletia “ou apenas preocupados com a aparência como Eduarda me disse. Eu não sei... estou com raiva deles”.
Todos concordaram em sair e deixar somente a mãe de Leona ali. Juliana foi a último a sair, olhando para sua prima com tristeza. Quando a porta se fechou, a mulher chorosa se aproximou e abraçou sua filha, chorando compulsivamente.
- Por que está chorando? – indagou mecanicamente, sem conseguir abraçá-la.
- Eu te amo tanto... fiquei tão preocupada. – dizia repetitivas vezes
– Eu rezei tanto para te achar.
- Você ainda poderia ter outra filha se eu morresse.
Ela se afastou com um olhar indignado e lhe desferiu um tapa no rosto, ouvindo um gemido alto da sua filha. Nesse momento a porta se abriu, pois todos estavam à espreita no corredor. Juliana e Carlo entraram ao mesmo tempo e a viram voltar a dar outro tapa no rosto de Leona. Eles entraram em pânico e a retiraram dali antes que a mesma começasse a bater de verdade.
- Soltem! – ela gritava.
- Leona, você está bem? – Juliana indagou, vendo que a mais nova tocava na face que ardia. A morena ficou olhando para sua mãe que chorava.
- Por que me bateu? – Leona indagou em um tom baixo, como se perguntasse mais para ela mesmo do que para sua mãe que parou de se debater.
- Por quê? Olha o que você me fala. Desde quando você é substituível? Acha que foi fácil eu ter outra filha?
- Concordo. Você pode ficar gorda e cheia de estrias, como eu a devo ter te deixado quando nasci.– disse secamente.
E dessa vez Carlo ficou em choque com o que sua filha disse, soltando sua esposa que voltou a agarrar Leona, chacoalhando seu frágil corpo enquanto dizia o quanto estava indignada. Leona não conseguia pensar em nada, apenas se via sendo beliscada por sua mãe que apesar de lhe machucar, também lhe enchia o rosto de beijos e dizia o quanto a amava. Carlo tentou mais uma vez retirá-la dali, pois ela estava quase enforcando sua filha, todavia não conseguiu, ela grudou em Leona de uma forma que ninguém conseguiria tirá-la.
- Não se importa que eu seja lésbica? – Leona indagou de repente, fazendo-a parar de ter o ataque
– Porque se for se importar eu já vou embora.
- Você não vai a lugar algum! – quem falou agora foi Carlo – Vamos conversar sobre isso.
- Eu não quero conversar. – Leona falou – Já disse tudo que queria e vocês também. Se for conversar sobre isso de novo, acho melhor ir embora.
- Eu te amo do jeito que você é Leona. Sei que às vezes fui muito injusta com você, mas eu também erro, minha filha. – falou a mãe – Não vá embora, senão eu não agüento. Apenas durma um pouco, você está estressada. Carlo começou a mexer no bolso de seu paletó, pegando a cartela de calmante que o médico lhe receitou a comprar. Ele pediu que trouxessem um copo com água e depois entregou a Leona que bebeu sem reclamar. Ela mesmo queria dormir. Quando Leona adormeceu, todos se olharam com preocupação. Ela havia ficado muito tempo fora, estava diferente, com alto estresse mental e com idéias estranhas. A mãe de Leona ficou deitada na sua cama, abraçada a sua filha e ninguém conseguiu fazê-la sair de lá. Juliana sentia-se arrasada pelo fato de nem ser notada por sua amada. Leona não havia olhado para ela uma vez sequer ou então dito alguma coisa significativa.
- “Leona... o que aconteceu com você?” – indagava, saindo da casa de seus tios, junto de seus pais que pareciam estar abalados também.
Do lado de fora eles se despediam. Carlo tinha um sorriso nos lábios apesar da expressão preocupada.
- Eu vou ligar para uma psicóloga vir aqui hoje à noite. Também vou contratar uma enfermeira e um segurança para ela.
- Acha que isso é necessário? – indagou o irmão
- Claro que é. Eu não quero que ela pense em fugir para ver aquele favelado no hospital, não quero minha filha com esse tipo de gente. - falou num tom elevado - Também tenho medo que alguém venha até ela. Sua saúde não parece boa, ela precisa de acompanhamento
Juliana apenas observava, seu tio ia sufocar ainda mais Leona a partir de agora.
- Amanhã eu passo aqui para vê-la. – Juliana disse.
- Acho que vai ser bom, falou Carlo – talvez ela converse com você.
- “Eu espero que ela realmente... olhe para mim”. – pensou com tristeza, apesar do alívio que sentia no coração. Seu desejo era abraçá-la e sentir seus lábios para depois dizer que estava tudo bem e que poderiam ser felizes agora.
OoO
Continua...
Autor(a): lunaticas
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
No dia seguinte, Juliana estava sentada em uma poltrona ao lado da cama da sua prima. Olhava com cuidado para a face tão calma e serena que agora estava aproveitando o sono pesado que lhe consumia. Na verdade Leona precisou tomar alguns calmantes para dormir, pois seus pais não estavam conseguindo lidar com ela. Passou a mão por seu cenho franzido e logo ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 61
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu