Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
No dia seguinte, Juliana estava sentada em uma poltrona ao lado da cama da sua prima. Olhava com cuidado para a face tão calma e serena que agora estava aproveitando o sono pesado que lhe consumia. Na verdade Leona precisou tomar alguns calmantes para dormir, pois seus pais não estavam conseguindo lidar com ela. Passou a mão por seu cenho franzido e logo deixou seus dedos massagearem suas têmporas. Ela não tinha cabeça para mais nada naquele mundo, só queria cuidar da sua prima, que havia negligenciado por muito tempo em sua vida. Seus olhos ficarem atentos à movimentação na cama, aos poucos viu os orbes avermelhados se abrirem.
- Juliana?– Leona indagou com a voz fraca e sonolenta, olhando para os lados com lentidão.
- Sou eu, Leona. – respondeu, tocando na mão quente, entrelaçando seus dedos.
- Onde... estou?
- Está em casa, Leona. Nós te buscamos ontem à noite, lembra?
Leona fechou os olhos por um instante, lembrando-se do som dos tiros e da gritaria que a acordou. Ela estava no mesmo quarto que seu amigo Carlos e outras garotas, todos dormiam juntos nos colchões espalhados pelo chão.
- E... eu estou em casa?
- Sim, Leona. Está na sua casa, no seu quarto, com sua família. Victoria foi até o hospital ver seu amigo, ela disse que ele passa bem e ficará apenas em recuperação.
- Carlos?
- Sim, esse garoto. Ele é seu amigo?
- Sim. Eu quero vê-lo.
- Poderá vê-lo depois que comer alguma coisa e ir acalmar seus pais.
- Eu não quero falar com eles.
- Leona, você disse coisas horríveis para sua mãe ontem e...
- E o quê? Vai me recriminar por isso? – indagou com agressividade – O que foi? Que cara é essa?
- Você está muito agressiva. – observou, tocando no queixo fino de Leona – Eu estava tão preocupada com você. Queria tanto te encontrar.
Leona respirou fundo e se acalmou, estava perturbada. No fundo pensou que quando visse Juliana novamente, seria capaz de cuspir em sua cara e dizer horrores, no entanto agora que estava aquecida em sua cama, recebendo o olhar carinhoso da ruiva, todas as palavras de Eduarda sobre sua prima haviam desaparecido. O que aquela traficante de segunda categoria sabia sobre a vida afinal? Como alguém que vive em uma garagem escravizando crianças e adultos poderia ser feliz e saber algo tão forte quanto o amor? Juliana se sentou na beirada da cama, apoiando-se no seu cotovelo, ficando com o rosto próximo ao de sua prima. Ambas estavam quase se abraçando, apenas Leona continuava com a cabeça plantada no travesseiro, como se temesse que aqueles lábios lhe tocassem. A mais velha abriu um sorriso doce, talvez de felicidade ou de conforto, aos poucos se aproximou e tocou nos lábios da sua prima, que estavam secos e rachados.
- Não quer que eu te beije?
- Eu estou confusa, Juliana.
- Com o que?
- Com tudo. Eu me sinto perdida, parece que eu não pertenço mais a esse lugar.
- Você ficou aqui durante anos de sua vida sob minha companhia e dos outros, agora que ficou poucos meses fora já pensa que não faz mais parte disso? Eu não sei o que aconteceu com você Leona, mas ninguém pode perder sua identidade em tão pouco tempo. Parece que você não sabe quem é.
– disse pausadamente, acariciando o rosto frágil. - Sua personalidade está mudada, você era tão gentil e carinhosa, eu nunca te imaginei xingando outra pessoa sem ser eu.
- Eu vi que as coisas não são tão bonitas assim.
- E o que não é mais bonito para você?
- Essa família. Eles me odeiam Juliana.
- E eu te odeio também?
Leona ficou um tempo pensativa, sem saber o que responder.
- Eu te odeio também, Leona? – tornou a indagar, apertando o ombro magro com ligeira força.
- Não sei.
- Claro que não! Você ficou presa e eu fiquei presa a você. Não consegui fazer mais nada desde que sumiu. – confessou. - Eu te procurei todos os dias, juntamente com minha irmã, meus pais, seus pais também estavam contratando todo o pessoal necessário para te achar.
- Apenas para manter as aparências.
- É incrível como você tem resposta negativa para tudo, não é mesmo? Se é algo ruim, você sabe replicar. Agora se eu falo que estavam todos preocupados, a sua reação nem é tentar entender o óbvio. – falou com um tom elevado, carregado de contrariedade.
- Deixe-me sozinha, por favor.
- Não mesmo. Eu não consigo...
Leona ergueu seu braço que não estava mais engessado e puxou sua prima para que deitasse o corpo em cima do seu. No final a abraçou, afundando a cabeça na curva de seu pescoço, chorando baixinho como há muito tempo não fazia. Ali ela poderia se mostrar fraca, demonstrar seus medos, incertezas e infelicidades. Juliana não a recriminaria, acreditava nisso. Pelo menos, foi algo que não conseguiu realmente odiar desde que foi encarcerada naquela casa.
OoO
Na casa de Viviane a escritora estava usando seu pesado roupão, enquanto tomava um chá de camomila para acalmar seus nervos. A sua editora estava lhe pressionando a um nível jamais imaginado, ela queria tacar fogo naquele grande prédio que vivia lhe ligando, indagando sobre o andamento do trabalho.O telefone celular tocou novamente, ela passou a mão por seus longos fios negros, puxando-os a fim de arrancar de seu couro cabeludo. Pegou o celular e atendeu com seu mau humor habitual.
- O que foi agora
- Nossa, eu só liguei depois de uma semana e você já está de saco cheio?
- Ki-Kirias?
- Claro. Por acaso não olha o identificador de chamada?
- Não, não olhei, desculpe. Eu pensei que fosse da editora.
- Trabalho atrasado?
- Um pouco, na verdade eles acham que eu sou uma máquina criativa cheia de inspiração que escreve vinte quatro horas por dia.
Kirias riu baixinho com o comentário indignado.
- Quer sair hoje à noite ou vou ter que ligar daqui a uma semana?
- Hoje? Hum... que horas?
- Umas oito horas. Jantar, vinho, um passeio de carro.
- E depois?
- Depois veremos. Eu passo na sua casa.
- Não é melhor nos encontrarmos no restaurante?
- Não.
- Por quê?
- Quer que eu seja sincera?
- Claro Kirias.
- No meu carro vamos ir onde eu quero, sendo que você não poderá querer ir embora.
- Eu posso pegar um táxi sabia?
- Hum! Havia me esquecido desse recurso. Mas eu prefiro te pegar.
- Hum, isso foi sugestivo.
- Céus, como você é maliciosa!
- Pois é, sou uma escritora e sou criativa.
- Mas eu gostei disso. Vou te pegar às oito horas, esteja pronta.
- Sim senhora.
- Opa! Vai me chamar de sua senhora, ainda?
- Você é bem maliciosa.
- Sou criativa e inovadora!
- Certo, Kirias, até mais.
- Até! E não taque fogo no próximo que te ligar, pois pode não ser da sua editora.
- Certo, certo eu já pedi desculpas.
- Não que eu tenha me ofendido.
- Então por que está implicando com isso ainda?
- Eu gosto de implicar.
- Até mais, Kirias!
Viviane desligou antes que realmente cuspisse veneno naquele telefone, desejando que chegasse até o outro lado da linha. Ah! Se isso fosse possível, ela já teria assassinado milhares de pessoas em sua vida.
- “Pior que nem consegui falar com a Any sobre Kirias. Ela vai rir de mim. Sempre que eu ligo, a ligação é bloqueada. Acho que aquele cão está de guarda em cima do celular da Any. Só pode ser isso!”. – pensava, enquanto olhava para as páginas em branco de seu Word. – “Bom, vamos voltar ao trabalho”.
OoO
No apartamento de Anahi as coisas estavam um pouco estranhas. O casal estava sentado no sofá, tentando assistir televisão em paz, no entanto...
- Mas que porra é essa? De novo?!
- Certo Dulce, já que você está tão irritada, liga novamente para o porteiro e avisa sobre o barulho do vizinho.
A karateca se ergueu e foi até o interfone avisando novamente ao porteiro que não lhe deu lá muita atenção, tratando-a com certo descaso.
- Any, ele me ignorou!
- Tadinha de você.
- Eu vou falar com o vizinho!
Any saltou do sofá e correu até sua namorada, abraçando-a pelas costas.
- Dulce, por favor, volte para o sofá.
- Não, mesmo! Quem ele pensa que é? Olha que barulho infernal!
- Dulce, não vá brigar com meus vizinhos, depois você vai embora e eu pago o pato!
Dulce respirou bem fundo e se acalmou, olhando para o rosto da sua namorada, ela se virou e a beijou na bochecha, voltando a se sentar no sofá. Any abraçou a karateca, caso ela pensasse em sair correndo de novo e ali ficou, assistindo televisão. O celular de Dulce tocou, ela buscou seu aparelho, ouvindo a voz rouca e baixa da sua amiga.
- Fala Kirias.
- Eu quero falar com a Any.
- Então por que não ligou para o celular dela?
- Porquê... sei lá. Passa para ela, foi o primeiro número que eu pensei.
Dulce riu baixinho e estendeu o celular para sua namorada.
- Kirias?
- Any, eu preciso falar com você.
- Pode falar.
- Eu vou sair com a sua ex-namorada e...
- O QUE!?!?
Dulce que estava até agora assistindo televisão quase caiu no chão com o susto que tomou, olhou para sua namorada que estava com uma expressão indignada.
- COMO ASSIM VAI SAIR COM ELA!?!?
- Espera, Any! Eu...
- EXPLICA ISSO KIRIAS!
- Any, você está com ciúme?
- COMO VOCÊ VAI SAIR COM ELA?
Dulce puxou o celular da mão da sua namorada antes que ela ficasse surda.
- Kirias, sou eu. O que está acontecendo?
- A sua namorada é louca e ciumenta.
- Ela não é ciumenta.
- Não, não é ciúme seu, mas da ex-namorada dela.
- Co-como assim!?
- Não vai gritar também!
- Ela tem ciúme de quem?
- Da Viviane, oras. Ex-namorada dela, eu só queria falar...
Kirias ficou falando sozinha, pois Dulce acabou desligando na sua cara. A karateca olhou para sua namorada que estava atenta a sua conversa.
- Como assim você está com ciúmes da sua ex-namorada?
- Hã?
- A Kirias falou que você...
- Ah, ta! Chega disso, Dulce! – pediu sem paciência. – Kirias me disse que vai sair com a Viviane! Eu fiquei em estado de choque. Como ela a conheceu e como conseguiu fazer a Viviane querer sair com ela?
- Eu realmente não sei.
- Viviane não gosta da Kirias.
- Por que não?
- Viviane ficou amiga da Carei, sendo assim, ela ficou com birra da Kirias. E agora essa psicopata mirim me liga e fala que vai sair com a Viviane? Eu não posso acreditar.
- Psicopata mirim? – indagou risonha – a Kirias parecia querer conselhos pelo jeito.
- Mas você arrancou o celular da minha mão. E Kirias é muito boa para semear a discórdia, olha só! Nós já estávamos brigando.
- Verdade, mas a deixe se virar sozinha, oras. Eu não quero você falando da sua ex-namorada.
- Certo, como minha namorada briguenta e ciumenta quiser, agora se sente aqui. – pediu, batendo com a mão no assento.
Dulce se aninhou no colo de Anahi, voltando a assistir ao programa de televisão.
OoO
Enquanto o casal do outro lado se abraçava, Kirias olhava para o celular com desapontamento. Será que era tão difícil assim pedir conselhos para Any? Ela suspirou e saiu do seu quarto, entrando no quarto ao lado sem nenhuma cerimônia, encontrando sua irmã jogada na sua cama.
- O que está fazendo aqui? Não devia estar na faculdade? – indagou Alexia.
- Hoje teve uma excursão a uma clínica, eu resolvi cabular.
- Isso não era para ser importante, Kirias?
- Sim, óbvio, senão a universidade não faria isso.
- Você é tão cínica.
- Eu estou sendo sincera. O que você está fazendo em casa tão cedo?
- Não fui à escola se não percebeu.
- Por quê? – indagou, aproximando-se, sentando-se na beirada da cama.
- Estou me sentindo estranha.
Kirias ficou atenta. Aproximou-se e tocou na testa da sua irmã, sentindo o calorão que se passava por seu corpo, depois desceu sua mão até sua barriga, encontrando a temperatura no mesmo estado.
- A mãe já veio te ver?
- Está ocupada com o escritório, não quis atrapalhar.
- Você está com febre.
- Eu percebi. Não estou muito bem.
- Não deveria se enfiar no meio das cobertas.
- Kirias, eu estou com frio. Não quero mais sentir dor, meu corpo fica todo arrepiado e dói.
A mais velha abraçou a cabeça de Alexia, deixando-a encostar em seu peito. Alexia tentou se esquivar, no entanto acabou abraçando o pescoço da sua irmã, aninhando-se nos seus braços, sentindo um carinho gostoso que Kirias fazia na sua cabeça.
- Faz tempo que não ficávamos assim. – Alexia observou.
- Eu sinto saudade também. – suspirou
– Como está indo seu relacionamento?
- Bem.
- Só isso? Está sendo bem tratada?
- Claro que sim. Nos gostamos.
- Eu ainda não consigo acreditar nisso. Mas fico feliz por você.
- Na verdade, Kirias, eu estou um pouco incomodada. Aziel me disse que sua família está pretendendo mudar para outro estado e que ela possivelmente terá que ir junto.
- Isso te preocupa?
- Muito. O que eu vou fazer?
- Vai ficar que nem eu. Correndo atrás de algo que está acabado.
- Sente falta da Madona ainda?
- Às vezes sim. Ela podia não gostar de mim, porém eu acabei o relacionamento para não me machucar mais. – confessou num sussurro baixo.
- É estranho ouvir suas fraquezas, irmã. – comentou - Você parece não se atingir com nada.
- Só você acha isso, Alexia, só você. Eu me atinjo com muitas coisas, só não deixo transparecer pelo meu cinismo e escárnio.
- Ah, nunca vi ninguém te colocar no chinelo, Kirias. Ninguém falar alto com você ou então tentar te magoar. – disse, aspirando o perfume forte da sua irmã.
- Mesmo? – indagou, rindo baixinho. – Posso falar que não é bem assim. Minhas amigas, elas são as pessoas que não se intimidam com meu jeito, por isso são minhas amigas, elas me respeitam, porém não têm medo de mim. Dulce me coloca no chinelo, como você diz, na hora que ela quiser. Juliana sabe falar bem alto e colocar você no chão também quando quer.
- Elas não fariam isso.
- Mas já fizeram, principalmente a Dulce. Aquela lá dá mais medo que qualquer pessoa quando está realmente brava. – sorriu amarelo, só de lembra dos tapas e socos que já havia recebido da karateca. – Depois falam que sou louca, psicopata e todo o resto.
Alexia riu alto com a voz indignada da sua irmã, ela tossiu levemente e foi deitando-se na cama com a ajuda de Kirias.
- Seu cabelo está crescendo. Você vai pintá-lo novamente?
- Não sei, eu gostei, mas tenho preguiça de ficar pintando.
- Eu te prefiro loura. Minha opinião conta?
- Sua opinião sempre conta Kirias.
Kirias sorriu, deu um beijo na testa da sua irmã e se afastou.
- Vou pedir para que te tragam algo, vou sair agora. Qualquer coisa não hesite em me ligar.
A porta do quarto se fechou, Alexia suspirou e agradeceu mentalmente aos cuidados da sua irmã.
OoO
De volta ao apartamento de Any. O casal estava quase dormindo no sofá, quando o celular de Any começou a tocar.
- É hoje que ninguém irá nos deixar em paz. – Dulce comentou, com seu visível mau humor.
- Por que não vai preparar um café? – indagou, pegando seu aparelho, olhando para o identificador de chamada com desagrado.
- Não vai atender?
- É o Heimel.
Dulce ficou em silêncio. Ela viu sua namorada andar até o quarto, fechando a porta para que ela não ouvisse a conversa. A karateca suspirou e foi até a cozinha preparar alguma coisa para beber.
No quarto Anahi se sentou na cama, ouvindo a velha tosse de seu pai, para depois ouvir sua voz rouca.
- Any, eu sinto muito ter desaparecido, mas entenda que foi um choque tudo isso para mim.
- Ah, sim. Claro!
- Eu sei que deve estar brava comigo, não te culpo, te disse coisas horríveis sobre sua homossexualidade. Entenda que fui criado por pais conservadores, minha mãe era muito católica, eu fui criado com costumes diferentes.
- Abandonar uma mulher grávida tudo bem, a igreja aceita agora ter uma filha homossexual que é correta e não faz mal a ninguém é crime.
- Não é bem assim, Any. Eu não abandonei sua mãe, eu não sabia que ela estava...
- Sim, sim eu já sei da história. O que você quer?
- Poderia me dar uma segunda chance?
- Quer meu dinheiro ainda? Vamos fazer o seguinte. Quer uns cem mil? Me passa o número da sua conta que eu deposito o dinheiro.
- Eu não quero seu dinheiro, apenas uma segunda chance. Começamos mal, eu sei disso, mas eu preciso me redimir. Eu sempre quis achar minha filha perdida no mundo, por favor, Any me dê outra chance.
Any ficou um bom tempo em silêncio, sentindo um nó doloroso na sua garganta, ela sentia vontade de chorar. Falar com seu pai a deixava sensível. Por um lado não queria mais ser magoada e por outro gostaria de poder ter contato com alguém que tinha laços de sangue.
- Any?
- Tudo bem.
- Obrigado filha.
- Eu vou sair agora.
- Na verdade, eu gostaria de poder jantar com você.
- Está tão ansioso assim?
- Sim, por favor. Poderia se encontrar comigo hoje à noite?
- Sem truques?
- Sem truques, Any. Sem truques.
- Não vai implicar com minha vida e nem com minha namorada?
- Eu não acho aquela garota certa para você, mas não vou implicar por ela ser mulher.
- Onde quer se encontrar? – indagou com uma voz derrotada.
Anahi anotou o endereço e desligou, jogando seu tronco na cama, respirando bem fundo para oxigenar seu cérebro e pensar com mais clareza.
- Any? – a voz de Dulce a acordou de seus devaneios. A karateca havia dado duas batidas na porta, entrando com cautela no quarto. – Está tudo bem?
- Sim, Dulce.
- Eu fiz um pouco de cappucino para você. – falou com um sorriso charmoso, sentando-se ao seu lado, enquanto acariciava seu rosto com cuidado. – Está tudo bem?
- Sim! Vou jantar com Heimel, hoje.
- Ainda vai dar uma chance a ele?
- Não é saudável tentar ter um bom relacionamento com meu pai?
- Por que não faz um teste de DNA?
- Eu pensei nisso. Mas Dulce, você percebeu que somos muito parecidos?
- Sim, eu tenho que concordar. – disse, dando um beijo na testa de Any.
– Se você acha que deve fazer isso Any, então faça. Não seja uma pessoa rancorosa que não perdoa as outras apenas por orgulho, se sentir vontade, então vá atrás.
- Que conselho! – riu baixinho Você é minha namorada mesmo?
- Hei, eu sei aconselhar também! – disse, fingindo revolta – Você acha que eu não sei dar conselhos?
- Na verdade, você sabe muito da vida, Dulce. Pena que não me fala muito sobre você.
- O que quer saber sobre mim?
- Você nunca me falou de suas ex-namoradas.
- E vou continuar não falando.
- Por quê?
- Porque o que está no passado deve continuar lá.
- Assim eu fico mais curiosa. – disse, tocando numa mecha castanha avermelhada.
- Amanhã mesmo eu vou falar com Kirias e Juliana sobre o apartamento. Aliás, preciso ligar para a Juliana, ela está desanimada desde que Leona sumiu.
- Eu também estou preocupada. Tomara que ela esteja bem, onde quer que esteja.
- Vá tomar um banho e se arrumar, depois eu vou ver a Juliana. Também tenho que avisar minha mãe que vou me mudar
- Ela vai querer que você more com ela?
- Possivelmente. Mas não dá para viver numa casa onde tem um homem, com outras regras, outra rotina. Eu só ia dar murro em ponta de faca.
- E você é perito em dar murros em ponta de faca, Dulce! – sorriu - Mas tente conversar com sua mãe com calma. Ela gosta muito de você. Aliás, você é a menina da mamãe, como ela mesma me disse
- Nunca mais te levo na minha casa! – disse com uma cara emburrada.
– Vai logo tomar banho!
Anahi beijou a boca da sua namorada, rindo baixinho enquanto sentia a sua língua saborear aqueles lábios carnudos e saiu correndo para o banheiro, antes que fosse castigada por Dulce. Ela tomou seu banho, vestiu suas vestes negras, calçou seu par de all star e foi até a sala, onde sua namorada já estava pronta para sair também. O casal saiu junto, afinal Any aproveitaria a carona.
- Não está muito cedo? – Dulce indagou, enquanto dirigia.
- Tem uma livraria ao lado, eu vou ficar olhando alguns livros.
- Qualquer coisa não hesite em me ligar, Any. – falou com preocupação, estacionando o carro numa esquina.
- Sim, senhora. – sorriu, dando um beijo na bochecha de Dulce.
– Vai vir me buscar?
- É só me ligar que eu venho.
- Brincadeira, eu pego um táxi. Mande lembranças para Juliana.
Anahi fechou a porta do Porsche e acenou para sua namorada que pisou no acelerador, saindo dali antes que fosse multada por estar parada em local proibido. A loira suspirou e olhou para os lados, sentindo o vento fresco da tarde contra seus cabelos úmidos. Ela foi caminhando pela calçada levemente úmida pela chuva da madrugada. Passou pelas duas portas de vidro e sentiu o carpete fofo e vermelho lhe receber, aos poucos o aquecedor da livraria lhe trouxe calor, permitindo que retirasse o seu casaco. A loira ficou olhando os livros à deriva, sem se preocupar com as sessões que estava entrando, lendo as sinopses em silêncio.
- Any?
A loira ergueu a cabeça lentamente, seguindo a dona daquela voz, quando olhou para o lado, sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiar. Não conseguiu evitar a surpresa de arregalar os olhos e ficar com os lábios ligeiramente abertos.
- Amanda... – falou com uma voz carregada de antipatia
.- O que está fazendo aqui? – indagou, olhando a loira de cima a baixo, com o queixo levemente erguido, mostrando superioridade.
- Apenas olhando.
Anahi largou o livro e começou a se dirigir para a saída, contudo obviamente, para sua infelicidade começou a ser seguida. Quando Any atravessou as duas portas de vidro, pensou em ir até o restaurante, no entanto ainda era muito cedo.
- Espere Any. Eu quero falar com você.
- Não temos o que falar, eu não gosto de você. Tire a mão do meu ombro. – falou com rispidez.
- Nossa! Você é realmente brava. – riu baixinho – Calma pow eu só quero falar de boa minha amiga. Eu sei, eu sei que está brava, mas vamos nos entender.
- Por que eu gostaria de me entender com você? Olha, acho que não devíamos estar falando, isso não faz bem para nenhuma de nós. Agora tire a mão do meu ombro.
Amanda ergueu seu braço e mostrou sua mão para Any, balançando seus dedos próximos ao seu rosto, mostrando que ela não ia mais tocá-la ou então que realmente iria importuná-la enquanto tinha a oportunidade para fazer-lo. Anahi suspirou e começou a andar pela calçada, enquanto voltava a vestir seu casaco, pensando mentalmente em como Dulce pode ter se envolvido com uma mulher tão idiota. Amanda tinha um sorriso maroto, um olhar infantil e falava cantando, como um malandro que não havia sido criado na malandragem. Era uma pessoa fora de sintonia ao olhar de Any, alguém que fazia tipo de alguma coisa, no entanto não era nada no final. Acabou virando em uma rua, olhando para as altas árvores que se estendiam pela calçada. Havia muitas folhas no chão, ao longe viu uma senhora varrendo as folhas para longe de sua casa, enquanto a mesma cantarolava baixinho. Quando passou pela senhora, Amanda acelerou o passo e ficou ao seu lado.
- Dulce foi à minha casa a uma semana. Quando vocês estavam separadas.
- Ah é? E como foi? – indagou sem interesse.
- Tirando a parte que ela foi muito agressiva comigo, foi tudo bem. Dulce não sabe tratar os outros bem. Ela falava tanta coisa de você, não sei como estão juntas ainda.
- Pois é, quem pode explicar, não é mesmo?
Amanda tocou no ombro de Any e a puxou para trás, a empurrando num único tranco contra a parede de cimento, provocando um gemido baixo na loira.
- Poderia me dar mais atenção enquanto falo?
- E se eu não der?
- Eu vou ficar chateada. – sorriu. – Escute, eu não gostei nada, nada do que aconteceu. A Dulce foi a maior filha da puta comigo, ela me iludiu. Vinha chorar nos meus braços todos os dias, enquanto você fazia da vida dela um inferno e agora eu tenho que conviver com isso.
- Com seus piolhos você está dizendo? Você tem Pediculose Pubiana sabia? Passou para nós duas no final. Será que você não sabe o que é banho?
Amanda arqueou as sobrancelhas e ficou com o rosto sério, tentando processar a informação. Any respirava fundo, sentindo vontade de golpear a idiota a sua frente e sair correndo, mas sabia que ia levar a pior, pois apenas de olhar para o físico de Amanda, ela tinha certeza que apanharia.
- Olhe você não está em uma posição legal para me provocar!
- Então me solta, antes que eu comece a me irritar.
- Ui! Senti muito medo agora.
- O que quer? Já falou o que queria? Eu tenho um compromisso agora.
- Com sua namorada?
- Não é do seu interesse. Terminou?
Amanda soltou o ombro de Any e deu um passo para trás. Respirou fundo, lembrando-se do olhar raivoso e da conversa humilhante que teve com Dulce, isso foi suficiente para perder a cabeça.
- Any, mande um recado para a Dulce.
- Qual recado?
Amanda não disse mais nada, ela ergueu a mão e golpeou o rosto à frente, jogando Any para trás, fazendo com que a loira batesse a cabeça na parede e ajoelhar-se a sua frente. A loira colocou a mão em seu olho rapidamente, sentindo uma forte ardência que parecia consumir todo seu rosto.
- Fala para a idiota da Dulce que eu não sou um brinquedo. – disse em um tom alto, afastando-se em seguida com passos fortes, chutando tudo que estava a sua frente.
Anahi ficou olhando a maior se afastar, desejando que ela sumisse o quanto antes de sua frente. Aos poucos ela foi se erguendo, sentindo uma leve tontura. Aquilo havia realmente doído.
- “Ah, só me faltava essa, ver Heimel com o olho roxo. Agora que ele vai implicar com a Dulce”. – pensou, pegando seu celular, começando a ligar para seu pai. Ela tinha que desmarcar aquele jantar, não podia aparecer daquele jeito. O que ia dizer afinal? “Não Heimel, não foi a Dulce, mas a amante dela, com quem ela me chifrou e me passou Pediculose Pubiana. Mas eu estou bem, não se preocupe. Vamos jantar?”. Certamente que isso não ser apropriado.
- Heimel, sou eu, Any.
- Diga, filha. Algum problema?
- Surgiu um imprevisto. Podemos marcar o jantar para semana que vem?
- Algum problema?
- Alguns assuntos particulares. Eu gostaria de adiar.
- Não tem como ir mesmo?
- Não, eu sinto muito. Marcamos para semana que vem. Tudo bem?
- Certo. Any, qualquer coisa pode falar com seu pai.
- Sim, obrigado. Até mais.
- Um abraço, até semana que vem.
Any suspirou e começou a andar com a mão no olho direito. Ela se aproximou de uma loja, onde havia um grande espelho na sua lateral, assim podia ver o estrago no seu olho. E realmente estava com a região avermelhada. Aquilo ficaria roxo. Ela se aproximou da avenida e chamou um táxi, dando o endereço de sua casa. O que mais desejava no momento era deitar e colocar gelo no seu olho.
OoO
Oito horas da noite, um carro esporte estava parado na frente da casa da jovem escritora. Kirias foi até a campainha, tocando duas vezes em seguida para então se afastar do portão. A loura usava jeans colado ao corpo e uma blusa de manga comprida azul- marinho, seus cabelos caíam por seu rosto, pois não tinha como um moicano ser comportado. Ela não sabia se comportar em encontros. Na verdade queria fazer sexo, essa era a grande verdade, ela não estava apaixonada e tão pouco queria estar. Só queria sair com alguém que lhe fizesse bem e que pudesse fazê-la se aproveitar de toda sua virilidade. O portão foi aberto. Viviane saiu bocejando, jogando seus cabelos negros para trás. Ela parecia estar cansada, vestia jeans e uma blusa de manga comprida, ao longe parecia ser mais velha.
- Oi! Podemos ir? – Kirias indagou.
- Oi! Sim, nós podemos ir. – sorriu.
Elas entraram no carro e ficaram rodando pela cidade por alguns minutos até Viviane indagar sobre o destino que tomariam.
- Não íamos jantar?
- Sim, mas qual restaurante?
- Um barzinho?
- “Ah, Kirias é bonita, mas não sabe ir a um encontro mesmo”. – pensou
– Qual barzinho?
- Não sei qualquer um.
- “E ainda por cima teve uma semana para pensar”.
- Eu não sou de planejar. Gosto de ver as coisas na hora. – comentou
– Quer ir a um lugar em especial?
- Não, - respondeu sem muito entusiasmo – onde você quiser está bom.
- “Então podemos ir a um motel”. – Kirias pensou com um sorriso malicioso
– “Eu preciso relaxar um pouco e ela me atrai bastante”.
Viviane buscou seu celular, vendo que havia recebido uma mensagem, ela olhou bem para o texto que havia recebido. Será que o destino gostava de pregar peças nas pessoas? Por que tudo tinha que acontecer de uma vez?
A mensagem era da jovem loirinha confusa que havia beijado há duas semanas atrás, pelo jeito ela demorava a pedir desculpas e tentar fazer as pazes.
- Algum problema? – Kirias indagou.
- Minha editora quer que eu envie meus textos hoje mesmo. – mentiu
– Acho que vou ter que ir para casa.
- Sério!? indagou sem acreditar, pisando no freio.
- Hei! Não freie assim, estão buzinando. Volte a dirigir!
- Não mesmo. Você quer ir embora? – indagou com revolta.
- “Que situação complicada. O que eu faço? Ah... eu devo fazer o que estou com vontade mesmo. Eu estou desconfortável”. – concluiu em pensamento
– Sim, eu tenho que ir. Estou cansada disso também, desculpe-me por isso.
Kirias respirou bem fundo e balançou a cabeça para os lados, alongando seu pescoço, ela pisou no acelerado de qualquer jeito e entrou na primeira travessa, retornando. Não disse mais nada até que deixou sua paquera na frente de sua casa.
- Está entregue. – Kirias disse.
- Obrigada. E perdão por isso, não foi proposital.
- Imagino que não seja, pois seria mais fácil falar que não queria sair.
- Sim, eu também acho. Nos falamos depois.
- Tudo bem, eu te ligo. Boa sorte no seu trabalho. – falou, observando Viviane entrar novamente na sua casa, para sair dali logo em seguida.
Kirias dirigia sem rumo, pegou seu celular e deixou no viva voz. Ela precisava de conselhos. Será que nada amoroso dava certo com ela? Será que alguma vez na vida amaldiçoou a Deusa Afrodite e agora estava pagando por seu pecado?
- Fala Kirias!
- Dulce vamos sair para beber?
- O que houve com você hoje à tarde? Disse que iria sair com a ex-namorada da Any.
- Eu ia! Até ela me dar o pé na bunda. Eu preciso beber, não dou certo com ninguém.
- Eu estou aqui com a Juliana na frente da casa da Leona. Adivinha!
- Leona foi achada?
- Sim, ela está em casa já.
- E ela está bem? Eu nunca vi alguém ser tão azarada como essa prima da Juliana.
- Não fale assim da minha prima! – a voz de Juliana entrou na conversa.
- Eu não estou falando mal dela. Eu vou passar aí, não tenho nada para fazer mesmo, sou uma zero a esquerda para namorar.
- Você queria namorar a idiota da escritora?
- Na verdade eu estou quase transando com uma árvore, Dulce! – disse com revolta.
Ao longe Kirias ouviu a risada da suas amigas.
- Vamos te levar em um puteiro Kirias.
- Hum... acho que é o jeito mesmo. Eu já estou chegando, me esperem.
- Estamos conversando aqui na calçada, apareça logo. Até mais.
Kirias desligou e continuou a dirigir, sentindo a frustração daquele desencontro lhe atingir. Parece que ela não havia nascido para o amor.
- “Madona, minha irmã... agora essa escritora. Eu realmente não tenho sorte! Acho que é um castigo por meus dias de crueldade naquele colégio. Ah! Lá eu tinha sexo quase todos os dias, eu estou mal acostumada agora. Até sinto saudade”.
Minutos depois, Kirias estava junta das suas amigas ouvindo as novidades de Juliana que estava sorridente, para depois desabafar sobre seu desencontro com a ex-namorada de Any.
- Bem feito! Quem mandou se envolver com quem não devia? – Dulce comentou.
- Ah, Dulce! Não me venha com suas frescuras, a Viviane é atraente. Não sei como Any não te traiu com ela.
- Certo, não vão brigar.– disse Juliana, colocando-se no meio das duas.
–Dulce estava comentando que vai querer morar sozinha, eu aceitei morar com ela. O que você acha Kirias?
- Estão me convidando? – indagou com surpresa.
- Sim. Suas namoradas não te querem, mas nós te damos carinho.
– brincou a ruiva, tocando no ombro da loura.
- Não gostei da piada, eu estou realmente mal humorada.
- Você e a Dulce sempre estão mal humoradas, eu não ligo mais. O que me diz?
- Quem vai limpar a casa?
- Isso nós podemos conversar depois. – Dulce comentou – Dividir tarefas, contratar uma empregada por semana, isso é fácil.
- E a Any sabe disso?
- Ela que me expulsou da casa dela. Aliás, eu estava pensando, se a Leona não está conseguindo conviver com seus tios, não seria uma boa idéia se ela fosse morar com a Any?
Juliana ficou um pouco pensativa, mas a idéia não era ruim.
- Ela está muito sensível agora, mas eu acho que ela não negaria essa idéia.
- Posso vê-la? – Kirias indagou.
- Pra quê você quer ver minha prima?
- Ué! Ver ela. Isso não vai te matar, vai?
- Ela não está muito feliz, eu acho melhor deixá-la em paz.
- Mas não é bom ela ver outras pessoas sem ser os pais malvados e a prima agressiva dela?
- Kirias, eu vou te socar se continuar a falar assim! – falou injuriada.
Dulce se colocou no meio das duas agora, antes que realmente fossem se pegar no tapa. Conviver com Kirias e Juliana não seria muito fácil, mas tinha certeza que conseguiriam se entender sem nenhum problema.
- Eu vou indo agora. – Dulce falou. – Any foi se encontrar com o pai dela.
- De novo? Any não aprende? O pai dela quer o dinheiro dela. – Kirias comentou.
- Sim, mas se a Any quer dar uma segunda chance, então ela tem que ir atrás. Quem sabe ela se sinta melhor, desde que esse pai apareceu, Any anda meio triste. – falava, enquanto buscava seu celular – Eu vou buscá-la nesse restaurante quando acabar.
Em poucos segundos Any atendeu a ligação.
- Any, tudo bom?
- Ah, sim.
- Como está o jantar?
- Não teve jantar, eu desmarquei. Estou em casa.
- Em casa? Por quê? O que houve?
- Eu... eu te falo quando você chegar em casa. Onde você está?
- Estou na casa da Leona. Adivinha! Ela foi achada finalmente e está bem, Any.
- Mesmo!? Que bom, eu vou passar aí amanhã. Eu posso?
Dulce olhou para Juliana que ouvia a conversa ao seu lado, a ruiva balançou a cabeça positivamente.
- A Juliana falou que sim. Amanhã nós vamos visitá-la.
- Certo, mande lembranças para a Juliana.
- Kirias está ao meu lado, chorando pelo fora que recebeu da sua ex-namorada. – falou, enquanto sentiu os socos e chutes da loura no seu braço e pernas.
Any riu baixinho. Ela ainda precisava entender essa história direito.
- Eu já vou para casa.
- Por favor, eu... preciso falar com você?
- Alguma coisa aconteceu pelo jeito. Eu já estou indo.
- Até mais, Dulce.
A karateca desligou, olhando com preocupação para suas amigas.
- O que houve? O pai dela a atacou novamente? – Kirias indagou.
- Não sei, ela não foi ver o Heimel, eu vou para casa. Ela parecia estar escondendo alguma coisa.
- Depois você nos conta. – Kirios falou
– Vá logo ver o que é.
Dulce se despediu com um aperto de mão e entrou em seu carro, saindo logo em seguida. Kirias e Juliana ficaram conversando por um bom tempo na calçada, planejando fazer alguma coisa naquela mesma noite, pois a loura precisava beber.
OoO
Na sua casa, Viviane se jogou no sofá da sala e voltou a ler a mensagem de texto, rindo baixinho com o que estava escrito.
Mensagem: “Desculpe-me por aquele dia, eu fiquei com ciúmes. Demorou muito para eu me interessar por alguém. Poderíamos conversar? Carei”.
Como recusar um pedido desses? Viviane até podia imaginar a feição da loirinha enquanto escrevia essa mensagem. E então ela respondeu: “Podemos sair essa noite para jantarmos. Se quiser, passe seu endereço que eu vou te buscar. Viviane”.
Alguns minutos se passaram, e a resposta causou um sorriso ainda maior na escritora.
- “Pelo jeito eu ainda vou jantar fora”. – pensou, olhando para a mensagem da pequena tela do celular.
Viviane estava se preparando para sair, quando olhou para uma nova mensagem de seu celular. Aquela era uma mensagem de Any, que indagava sobre o encontro que havia feito com Kirias. A jovem escritora suspirou e achou melhor ignorar e responder outra hora, já que agora queria dar atenção à outra pessoa.
OoO
No apartamento, Any ficou esperando sua ex-namorada responder a mensagem, contudo no final acabou por desistir, parecia que Viviane não queria falar sobre o assunto ou estava ocupada demais. A loira continuou jogada na cama, segurando a bolsa de água fria contra seu olho. O tempo foi passando, Any estava quase adormecendo ali quando ouviu a porta sendo destrancado. A voz de Dulce invadiu seus ouvidos, a karateca entrou no quarto a acendeu a luz, encontrando sua namorada deitada na cama.
- Any? O que aconteceu?
A loira se sentou e retirou a bolsa do seu olho, revelando a grande mancha avermelhada que estava no seu rosto. Dulce ficou estática, quando saiu do seu transe, ela se sentou ao lado de Any, tocando levemente no machucado.
- O que aconteceu?
- Me deram um soco, não está vendo!?
- Quem fez isso?
- Adivinha!
- Um assaltante?
- Não, Dulce. – suspirou. – Eu estava na livraria para matar o tempo e acabei encontrando a piolhenta da sua academia.
- Amanda!? – indagou com revolta.
- Essa mesma a filha da puta ficou me seguindo e depois me jogou contra a parede e falou para mandar esse recado para você.
Dulce beijou o rosto da sua namorada e a abraçou, afundando a cabeça na curva de seu pescoço, pedindo desculpas repetidas vezes num sussurro.
- Eu vou resolver isso. – disse, acariciando os cabelos cor louros.
- Nem fui jantar com Heimel, pois não sabia como explicar esse olho roxo. Ele ia implicar com você.
- Perdão, Any. Eu vou acabar com aquela idiota. Ela não vai sair dessa!
- Não vá fazer besteira, Dulce! Eu nem queria te contar, mas você ia saber de qualquer jeito.
- Claro que eu ia saber! Olha para você! – gritou. – Você está marcada! Que ódio, quando eu colocar as mãos naquela filha da puta, eu vou bater tanto, que ninguém mais vai reconhecê-la.
- Não vou te impedir. Mas não vá matar aquela idiota.
- Não sou besta, Any. Apesar de ter vontade de fazer isso mesmo.
- Ela deve estar te esperando, cuidado, Dulce. Ela pode ser perigosa.
- Perdão, Any. – pediu novamente, beijando os lábios úmidos. – É tudo minha culpa.
- Eu estava puta aqui em casa, mas só de saber que Leona foi achada, eu estou com um humor diferente. Eu estou ansiosa para vê-la, mesmo com esse olho roxo.
- Eu vou agora mesmo...
- Não vai a lugar algum. Você, no máximo irá até a cozinha buscar algo para eu comer, pois estou com fome e depois vai ficar deitada nessa cama comigo. – disse, abraçando o tronco da sua namorada, que tremia ligeiramente.
Any sabia que ela deveria estar revoltada, afinal se tratava de Dulce a garota mais briguenta que já conheceu.
- Any, deixe-me sair.
- Não, não. Esse roxo é por sua causa, e eu quero que fique aqui.
- Ela vai apanhar tanto.
- Amanhã, talvez. Mas hoje não. Na verdade, acho que você nem deveria ir falar com ela.
- E quem disse que eu vou falar alguma coisa para ela? Eu vou apenas bater!
- E pode ser presa por isso. Dulce, não somos mais adolescentes em um colégio, agora respondemos por todos os nossos atos.
- Mas... olhe para você. Eu não posso aceitar isso, mesmo que eu fale que não vou ver aquela imbecil, isso será uma mentira, Any. Eu vou vê-la e vou acabar com a raça dela.
- Eu sei, por isso não estou tentando te convencer, isso só vai fazer eu ficar com a boca seca por falta de saliva.
Dulce deitou-se na cama, abraçando o corpo magro da sua namorada, enchendo seu rosto com vários beijos carinhosos, enquanto sussurrava algumas palavras de amor. Suas mãos acariciavam a barriga quente, apertando sua carne, sentindo a respiração quente de Any se acelerar.
OoO
E naquela mesma noite tão conturbada para alguns casais. Em um restaurante calmo onde serviam vinho numa taça e água líquida e transparente em outra menor, um casal conversava e ria alto, com certa timidez. Viviane dava atenção ao olhar maroto e tímido de Carei. Pelo jeito a loirinha estava ali aconselhada por sua irmã mais velha, que Viviane veio descobrir mais tarde.
- Você estava ocupada quando mandei a mensagem? – Carei indagou.
- Na verdade, eu estava indo a um encontro. – respondeu.
- Sé-sério? Com outra... outra garota? – indagou com as bochechas vermelhas.
- Sim. Eu estava saindo com outra pessoa. – sorriu docilmente, tocando nos dedos finos e frios que estavam em cima da mesa, vendo que Carei ficou ainda mais constrangida.
- E... e eu... eu atrapalhei algo?
- Eu preferi estar aqui com você. Aquela pessoa me causaria apenas problemas e no máximo uma noite de sexo. No entanto uma boa companhia não pode ser recusada, não é mesmo?
- Hum... e você gosta dessa garota?
- Acha que eu deixaria de sair com alguém se eu realmente gostasse dela?
- Não sei. – respondeu com insegurança.
- Eu estou onde eu quero estar com a pessoa que eu quero estar. Eu só estou te contando isso, pois eu quero que ouça da minha boca que estava saindo com outra pessoa.
- Nós... não temos compromisso. – disse, com um sorriso amarelo tentando transparecer uma maturidade que não lhe pertencia. – Não precisa se explicar.
- Eu preciso me explicar para pessoas que eu não quero chatear. Você é sensível, eu não quero te decepcionar, eu realmente fiquei brava naquele dia, mas está tudo bem agora. – sorriu, acariciando a mão menor
– Eu queria realmente estar aqui. Obrigado por me acompanhar nesse jantar.
Um sorriso radiante se desenhou nos lábios rosados da loirinha que abriu seu coração para aquela garota que lhe seduzia com sua gentileza e seu riso doce cheio de sensualidade.
- “Onde eu estou me metendo?” – indagou para ela mesmo, olhando para as duas esmeraldas que pareciam lhe incendiar. – “Depois preciso me desculpar com Any também. Obrigado Amin, você realmente me fez abrir os olhos”.
OoO
As horas passaram-se, deixando aquela noite tão conturbada para trás. O sol aos poucos começou a aparecer pela linha do horizonte, pintando o azul escuro daquele risonho céu de estrelas para um tom mais claro, cheio de nuvens brancas que compunha o seu quadro.
Na frente do prédio de tijolos alaranjados um casal olhava para o grande caminhão de mudança.
- Finalmente vamos ter um cantinho só nosso, e do jeito que queremos. – disse Hudi com um sorriso de orelha a orelha.
– O que você acha Miles? Não está excitada?
- Hum...
- Ah, e o bom é que vai dar para colocar seu piano. Eu vou ouvir você tocar todos os dias! – comentou – Hei! Onde está indo?
- Ajudar a carregar. – falou, indo até um dos empregados.
A ruiva sorriso e a seguiu, a fim de ajudar sua namorada, além de começar a falar sobre seus planos para a nova vida que teriam.
OoO
Continua...
Autor(a): lunaticas
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Era madrugada, Carei e Viviane saiam do barzinho, bocejando e rindo baixinho dos comentários que a jovem escritora fazia. Quando elas se aproximaram do carro da morena, Carei ergueu sua cabeça, olhando atentamente para a rua onde estava. - O que está procurando? - Um ponto de táxi. - Ah! Não brinca. Eu estou de carro, não precisa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 61
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu