Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon

Dulce e Any saíram e foram no tal escritório do diretor, quando chegaram, Any ficou sentada na sala de espera e Dulce demorou poucos minutos para ser atendida e se surpreendeu com a gentileza das pessoas em recebê-la. Quando se deparou com Antony Augustus em seu escritório, Dulce lhe deu mais atenção, aquele homem não parecia ser um charlatão. Eles conversaram durante um longo tempo. Dulce pensou que seria uma conversa rápida, onde ela ia recusar tudo que o outro lhe oferecesse, mas quando leu a proposta que aquele senhor de cabelo grisalho lhe entregou, os seus olhos brilharam para o número de zeros que havia no salário.

– Pode fazer um teste, conosco hoje?

– Agora?

– Por que não? – indagou com um sorriso divertido. – Acompanhe-me, Dulce.

 Eles saíram da sala e foram até o andar superior onde havia um pequeno palco de madeira com muitos equipamentos espalhados pelos cantos e algumas pessoas passeando pelo local, com papéis nas mãos e celulares nas outras, sempre nervosas e apressadas.

– Dulce, eu gostaria que você lesse o que está escrito nesse papel e fizesse o que está pedindo. Você pode fazer isso?

Dulce pegou a folha de sulfite e viu que havia algumas falas e poucos movimentos de ação para fazer. Ela olhou para o palco vazio e depois para o diretor que lhe sorria e negou, achando aquela situação ridícula.

– Não, não, não pense que fará sozinha. – sorriu – Mariana fará com você. Não é Mariana? – indagou para a mulher que estava próxima a eles, apenas observando-os com seriedade.

– Claro que sim, Tony! – ela disse com um largo sorriso, dirigindo-se ao palco de madeira que era ao nível do chão.

 Dulce foi até o palco a contragosto enquanto lia o que estava escrito.

– Pode começar? – Dulce indagou.

– Já decorou o que tem que fazer? – indagou Mariana.

– Claro. – disse com impaciência.

 Mariana e o diretor se olharam com certa surpresa, mas logo passou para um olhar mais crítico que pediria por resultados positivos a respeito de Dulce. A cena era simples para um leitor, mas nada tão simplório assim para um ator amador. A situação era a seguinte, Dulce era uma jovem policial que estava abordando uma prostituta que havia assassinado um cliente, sua função era interrogá-la com rispidez, pois era uma jovem irritada e mal humorada e depois algemá-la. Dulce entregou a folha para Antony e então passou a mão por seus cabelos, jogando-os para trás, não acreditando que estava realmente fazendo aquilo. Felizmente Any não estava ali para rir de sua cena.

– Então você é a mulher que estava com Mr. Jonnes? – indagou, exatamente como estava na primeira fala. Ela estava com uma mão na cintura e a cabeça pendendo para um lado, olhando com irritação, enquanto arqueava uma sobrancelha.

 Mariana sorriu e disse suas falas, para depois Dulce continuar com a atuação que por final levou a algemá-la. Quando terminou, Dulce se recompôs e olhou para o diretor.

– Era isso que queria? – indagou sem muito ânimo.

– Perfeito! – disse Antony com excitação. – Parece que eu acertei em cheio, você se identifica com a personagem entrará nos próximos episódios.

– Me identifico? – indagou incrédula.

– Eu realmente fiquei com medo de você, eu achei ótimo, Tony! Parabéns, você sabe achar novos talentos. – comentou Mariana.

 Antony e Mariana ficaram comentando sobre a performance de Dulce, que estava começando a pensar que estava numa pegadinha de algum programa sem graça.

– Bom, eu vou indo. – Dulce disse, dando um passo para frente da porta de saída.

– Não, espere. Ainda não terminamos de conversar. – falou o diretor com um tom mais sério.

– O que quer afinal? Falou que eu ganharia dinheiro fazendo essa atuação.

– Eu vou te pagar, garota, seja paciente. Eu quero conversar, apenas conversar.

– Eu deixei alguém me esperando na sala de espera.

 Eles conversaram mais um pouco e Dulce voltou para o escritório do diretor que pediu para ela pensar mais na proposta e aparecer na manhã do dia seguinte onde teria as filmagens para o seriado, para ela assistir e ver se acabava se identificando. Dulce acabou concordando ao ver o contrato e o dinheiro que receberia caso aceitasse.

– Amanhã eu apareço.

– Obrigado, Dulce, será ótimo trabalhar com você. – sorriu – Agora vá ver sua amiga que deve estar preocupada.

 Dulce sorriu e apertou a mão do homem de cabelos grisalhos, saindo com uma pasta cheia preta nas mãos, quando encontrou Anahi, esta estava lendo uma revista e bebendo um pouco de café.

– Por que demorou tanto? Eu estava ficando preocupada.

– Depois te conto. Vamos indo?

 O casal saiu do prédio conversando para depois ir aproveitar o sábado.

 E assim os dias se passaram, Dulce ia às gravações, onde conhecia o elenco do seriado, que tinha muitos atores famosos, ela conversava com o diretor e com os cinegrafistas, os maquiadores e as cabeleireiras, aos poucos estava se adaptando muito bem ao lugar. Para a surpresa de todos, Dulce voltava excitadíssima para casa, comentando sobre tudo que acontecia nos estúdios para Kirias e Juliana, que apenas se mostravam surpresas com o novo trabalho da Karateca, que também estava freqüentando aulas de teatro.

Logo Dulce ia atuar e entrar em ação e esse dia finalmente chegou. A ruiva triunfou, conseguiu contracenar muito bem, mesmo que fizesse poucas coisas, ela acabou amando as câmeras e o público... Se simpatizou. E a surpresa de todos era que Dulce Maria realmente chamou a atenção daquele homem. Quem diria que um dia a karateca veria o mundo do entretenimento tão de perto! Agora lá estava ela, com algumas pessoas ao seu redor, principalmente mulheres que estavam passando maquiagem pelo rosto perfeito. E para o deleite dos presentes, a karateca estava apenas com uma calça jeans desfiada, uma regata branca deixando o corpo perfeito à mostra.

Como havia acontecido essa situação? Estava no torneio de karate, lutava com afinco, preocupando-se somente sua vitória, infelizmente não havia conseguido o primeiro lugar, mas conseguiu subir ao pódio. Todavia ela havia vencido em outros aspectos, pois seu rosto primoroso havia chamado a atenção do diretor de um seriado de ação. O mundo pregava peças. Quando menos espera você está sendo observada por alguém importante. O diretor havia se apaixonado pelo corpo da karateca e a convidado para fazer uma cena única num episódio do seriado policial. E Dulce, um pouco desconfiada acabou aceitando essa proposta por causa do dinheiro, e por fim revelou que sabia contracenar naturalmente. Bonita, forte e sabia lutar... Havia vários desses na televisão. Agora que tinha carisma e sabia atuar? Certamente que o diretor não conseguiu evitar se encantar por aquela garota de olhar frio e sorriso bem arrojado. Sempre planejamos nossa vida. Estudar, trabalhar, estudar e trabalhar. Ninguém – salvo alguns casos – acorda num belo dia e decide fazer algo grande com sucesso. O mesmo se aplicava a Dulce nesse momento. Ela jamais se imaginou no mundo do estrelato, e obviamente estava ficando assustada.

Era o segundo episódio que estava fazendo, entrando com um papel pequeno, com poucas falas e muita cena de ação. Ela não entendia o que todos tanto apreciavam, ela lia as falas, decorava e as dizia, tentando ser convincente... Era tão simples! Dulce Maria fazia o papel de uma jovem policial, que tinha um humor parecido com a dela, por isso estava se adaptando. A maioria de suas falas era carregada de sarcasmo, irritação e com senso de justiça. Tirando o último item, Dulce estava confortável em seu papel, ela estava praticamente interpretando sua pessoa. E as nove semanas seguintes foram somente de filmagens. Dulce fazia um curso de teatro à noite a pedido dos seus superiores, tendo os melhores professores. E voltava tarde para o apartamento, caindo exausta na sua cama, sem mesmo falar com suas companheiras que estavam curiosas com sua nova vida. As horas passaram e o despertador de Dulce tocou, ela se ergueu, resmungando baixinho. Ao longe ouvia Kirias e Juliana se arrumando, pois elas iriam para a faculdade. A jovem estrela saiu de seu quarto bocejando.

– Bom dia, Dul. – Juliana a cumprimentou. – Tem um monte de mensagem na secretária.

– Ah? Mensagens de quem? – indagou, sentando-se à mesa, onde Kirias colocava alguns mantimentos.

– Deve ser dos fãs histéricos. Vamos ter que mudar o número do telefone! Vê se pára de passar seu número. – Disse, sentando-se em seguida.

– Ah, eu estou com dor de cabeça. – Resmungou.

– Dul...

– O que foi?

– Dul cadê sua aliança? – A loura indagou.

Dulce coçou seus olhos e olhou preguiçosamente para sua mão direita. Nesse instante todo seu sono foi embora, ela se levantou num pulo derrubando o talher no chão e então olhou para Juliana e Kirias que a observavam.

– Dul, não me diga que você perdeu.

– Não sei, Juliana! Eu não lembro! Droga, eu tive que tirar para contracenar... – Dizia em desespero, correndo para fora da cozinha, enfiando-se no seu quarto, começando a procurar por todos os lugares.

 Na cozinha, Juliana e Kirias estavam começando a sentir pena da sua amiga. A dupla desistiu de seu café matinal e foi ajudar Dulce que estava revirando seu quarto.

– Any vai me matar!

– Calma, ela vai entender. – Disse Juliana.

– Acho que ela não vai entender, não! – falou Kirias.

 Juliana deu uma cotovelada na loura que resolveu se comportar e procurar em silêncio. Os minutos se passaram e a dona dos comentários mais cínicos e cruéis daquela casa, parou com o que fazia e começou a rir.

– O que foi agora, Kirias? Não está vendo que ela está quase tendo um enfarte!? – Juliana indagou.

– Calma, eu achei. – falou, erguendo o objeto prateado.

 Dulce avançou em Kirias e puxou sua amada aliança, respirando com tranqüilidade quando a colocou no seu dedo.

– Acho melhor você andar com alguma caixa para colocar sua aliança. Ela estava em baixo da estante. Você deve ter deixado cair quando chegou com sua mala. – Kirias observou. – Agora eu preciso ir para a faculdade e você também, Juliana.

– Eu sei, mamãe! – falou a ruiva.

– Pare de faltar, você vai pegar DP’s.

– Eu sei, Kirias, eu sei, não precisa me dar sermão.

– Eu dou mesmo. – murmurou – Ninguém vai ficar sem fazer nada aqui. Dulce vai arrumar logo esse quarto, decorar suas novas falas e ir ver sua namorada. E você vai para faculdade agora comigo.

 Kirias saiu do quarto, deixando Dulce e Juliana amuadas. Ela havia se auto intitulada "responsável" por elas. Todavia as demais entendiam isso como uma carência de Kirias em ter alguém a quem cuidar. A loura sempre cuidou de sua irmã, e agora não tinha ninguém que precisasse de sua ajuda, afinal Juliana e Dulce eram bastante independentes.

– Ela precisa de alguém, Dul! Eu estou ficando louca com a Kirias mandando em tomar leite para ter cálcio nos ossos! – Juliana sussurrou. – Aquela Eduarda não está mais saindo com ela. Por que será?

– Pior que ela veio me dar um suco energético e pede para eu tomar todos os dias. O negócio é muito ruim! – comentou – E eu não sei da relação dessas duas. Acho que elas ficam de vez em quando, mas elas estão se vendo com menor freqüência.

– Coitado da Kirias, ela parecia estar apaixonada.

– Será? Mas vamos concordar que ela estava menos implicante.

 Juliana ia comentar mais alguma coisa, mas o grito da loura a retirou de seu momento de sossego, ela olhou com cara de enterro para Dulce e se afastou, respondendo aos chamados daquela louca que as governava.

– "Ainda bem que não te perdi. Any não ia me perdoar!" – pensou, olhando para sua aliança.

 Dulce sossegou e voltou a tomar seu café.

OoO

Mais tarde naquele mesmo dia, no apartamento de tijolos laranja, no último andar. Anahi bebia seu chá em silêncio, olhando para o seriado, vendo sua amada namorada na televisão. Dulce estava mais linda que qualquer um naquele filme. Ela fazia o papel da policial Joey, uma jovem na academia de polícia, trabalhando com investigações forenses. Era uma tarde de sexta-feira, Dulce não estava ao seu lado. Aliás, não via sua namorada há uma semana. Nunca pensou que poderia sentir tanta falta de uma pessoa e nem que seu ciúme pudesse ser tão forte. Mas ela não falava, ela não chamava a atenção de Dulce e nem a impedia de sair. Ela apenas sorria e concordava, fechando-se no seu silêncio.

– "Será que ela vai me ligar hoje?" – indagou para ela mesma, olhando para seu celular. Ela poderia ligar, mas a última vez que fez isso ouviu a voz de uma mulher que vivia pendurada no seu pescoço e o resultado disso foi uma discussão severa pelo celular.

 Leona apareceu na sala com os olhos vermelhos, ela estava com insônia e não conseguia dormir durante um tempo. Ela e Carlinhos haviam brigado há três dias e a morena não conseguia descansar.

– Any, eu preciso de conselhos.

– "Eu também preciso, Leona". – pensou – Pode falar. O que houve?

– Eu acho que o Carlinhos gosta de mim. Ele não entende que eu sou apenas amiga dele!

– "Óbvio, disso todos já sabemos". – Pensou. – Leona, ele gosta de você, nada vai mudar isso. Você é a princesa dos contos de fada pra ele.

– Eu sou amiga! E a Juliana está querendo que eu pare de vê-lo. O que eu faço?

– Pare de vê-lo.

– Ah! Não acredito, Any! Você concorda com ela? – indagou com indignação, sentando-se no sofá.

– Sim, se um garoto ficasse em cima da Juliana, beijando, abraçando-a e tentando arrastá-la para o outro lado, o que você sentiria? – indagou sem paciência. – Eu ia mandar a Dulce parar de falar com ele, com certeza! Mas ela com certeza iria me contrariar.

 Leona percebeu que o rumo da conversa acabou mudando. O conselho que ela havia dado foi válido, mas a frase final não serviu para Leona. A morena se ajeitou na almofada e olhou para a televisão, vendo a cena onde Joey, a policial interpretada por Dulce estava sendo beijada por um personagem.

– "Deve ser difícil ver a pessoa que você ama beijando alguém, mesmo que seja falso". – pensou – "E Juliana vê Carlinhos sempre me abraçando. Eu acho que posso entender. Eu preciso parar de agir feito criança e colocar um fim nessa história antes que eu saia machucada".

– Você vai à clínica hoje? – Any indagou.

– Sim, eu estou um pouco atrasada, mas já liguei avisando.

– Vai voltar para casa?

– Não, eu vou sair com o Carlos.

– Uma sexta-feira a noite vai sair com outra pessoa sem ser a Juliana? – Any indagou num tom incrédulo.

– Any, eu sempre saio com a minha prima. E faz tempo que eu não vejo o Carlos também.

Any balançou a cabeça negativamente e voltou a atenção a televisão, numa cena que Dulce aparecia, ela apenas suspirou e ignorou Leona. Logo entrou Carei na sala, bocejando, ela havia dormido assim que chegou da faculdade.

– O que está assistindo Any? – indagou a loirinha, sentando-se ao seu lado.

– Crimes Forenses.

– Credo! Você só vê isso, Any.

Leona deu um leve cutucão em Carei, para que ela não implicasse com Any que parecia estar com um péssimo humor.

– Você vai ficar em casa, Carei? – Any indagou, num tom carente, olhando de canto para a loirinha que negou.

– Eu vou sair com a Viviane. Aliás, eu acho que só vou voltar no domingo. – comentou.

Leona e Carei se entreolharam com certa desconfiança. Any não podia ficar muito tempo sozinha, ela não estudava mais e fazia um bom tempo que Dulce não ligava.

– Any... se quiser, você pode sair comigo e o Carlinhos.

– Não, obrigado. Eu vou ficar em casa mesmo, eu vou pedir uma pizza. – falou como se fosse uma criança abandonada.

 A dupla se segurou para não abraçar a loirinha que estava sensível e carente, mas elas tinham seus deveres e obrigações, assim não ficariam ao seu lado. Leona pegou suas coisas e se despediu. Carei ficou mais um tempinho e quando seu celular tocou, ela resolveu descer, pois Viviane lhe esperava na rua.

– "Sozinha novamente". – suspirou, olhando para seu celular que vivia preso a sua mão. Não havia nenhuma ligação ou mensagem para ela. – "O que será que Dul está fazendo?".

 OoO

Continua...