Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
“Aprendemos que é possível ser feliz simplesmente pelo fato de estarmos vivendo...”.
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A noite chegou quente e abafada. Os mosquitos estavam no auge de sua criação, eles saboreavam a noite e os seus convidados, soltando suas asas minúsculas, erguendo vôo até os corpos que estavam jogados na areia da praia. Era verão, a época em que enchiam seus corpos com o sangue dos turistas.
O hotel estava realizando uma festa de “boas vindas” para os turistas. Era a primeira noite e estavam adorando o clima quente, os coqueiros esverdeados, a água cristalina e a hospitalidade dos caiçaras. O salão de festas era diferente dos que foram construídos na cidade. Nesse salão o chão era de madeira, os pilares feitos com troncos grossos de árvores e a decoração era feita em palha e bambu, tendo muitas frutas e flores espalhadas pelo local.
Any estava sentada num tronco de árvore que estava jogado num canto, ao seu lado tinha um casal de namorados. Ela os olhou de esgueira e depois mirou a figura da karateca, vendo como ela ria e conversava com as garotas do quarto ano.
– “Aquela idiota! Nunca me ajuda quando eu peço. Isso porque é minha namorada” – pensou, bufando em seguida.
A música alta estava irritando a loira, ela ergueu-se e caminhou até a areia, onde algumas pessoas estavam sentadas em cima de uma canga ou uma esteira de palha. A loira passou por eles e começou a caminhar na direção do mar, sentando num canto afastado. Estava escuro, ela podia ver as pessoas dançando e cantando. Contudo não era possível que fosse visto perfeitamente por eles.
A solidão era apetitosa em alguns momentos. O som do mar trazia uma nostalgia em Any. Talvez fosse o motivo de estar sozinha, mas a realidade era outra, a sua mente viajava ao passado, onde ela costumava a ir a sua casa de praia com a falecida mãe.
A mãe de Any não gostava de sair, tinha medo do desconhecido e por isso mesmo enclausurava sua filha na sua afobação, esmagando seu nobre coração contra seu peito, chorando baixinho quando ouvia o som dos carros, passos, vozes invadirem a casa onde moravam. E por incrível que parecesse, o único lugar que tranqüilizava sua mãe era o mar.
O medo de sair pelas ruas da cidade parecia sumir completamente quando seus pés tocavam a areia fina da praia. Para Any, as férias de verão sempre lhe foram muito receptivas. Afinal podia ver o sorriso de sua mãe iluminado pelo sol.
– “Acho que você adoraria esse lugar” – Any pensou, olhando para o céu, como se buscasse uma resposta. Será que ela estava sendo ouvida?
– O que faz aí sozinha?
Any olhou para trás, encontrando o olhar curioso de sua namorada. Dulce lhe sorriu e sentou-se ao seu lado, com as pernas flexionadas e abertas, deixando suas mãos para trás, a fim de apoiar seu corpo.
– Eu estava ouvindo o mar – respondeu.
– Relaxante – Dulce comentou – Any, eu queria falar sobre hoje.
– “Lá vem à chantagem emocional” – Any pensou – o que foi?
– Eu não queria te irritar, desculpe – pediu – vamos esquecer aquilo, tudo bem?
– “Aquilo? Seria a promessa de uma semana sem sexo?” – pensou, rindo baixinho – eu não quero saber. Você tem que aprender a me ajudar quando eu peço sua ajuda – falou, cruzando os braços e voltando a olhar para o mar.
Dulce bufou, ela passou a mão por seus cabelos e depois puxou o rosto de sua namorada na sua direção.
– Hei, nós estamos de férias. Por favor, não estrague – falou.
– Hum... devia ter pensado nisso antes de ter feito eu passar de idiota na frente dos outros – falou desviando-se daquela mão que lhe tocava – vai conversar com a Kirias, sua amiguinha que você nunca enfrenta. Parece que você tem medo dela.
Dulce se revoltou ao ouvir aquilo, ela ergueu-se rapidamente e olhou para sua namorada que nem sequer limitou-se a encará-la, Any continuava a olhar para frente, fingindo estar sozinha. A karateca estendeu sua mão e puxou o braço de Any para cima, contudo a loira não se moveu.
– Levanta – pediu num tom impaciente.
– Eu quero ficar aqui – falou baixo.
Os músculos de Dulce ficaram tensos. Se tivesse uma pessoa nesse mundo que tinha o poder de irritá-la apenas com um singelo olhar era Any, ela conseguia acabar com o seu humor com um simples gesto.
Dulce não desistiu, ela se posicionou na frente de Any e puxou o outro braço da loira, puxando-a para cima com sua força. Any ficou parada na frente de Dulce com um leve sorriso no rosto, ela estava se divertindo com o esforço da karateca, que implorava por atenção.
– Vamos para o quarto. Vou acabar agora com essa greve ridícula – falou num to baixo, segurando o rosto de Any com as duas mãos, para em seguida tomar seus lábios como se nunca os tivesse feito antes.
– Hmm... Dul... hmmm me sol... ta – pediu entre o beijo, tentando empurrar Dulce sem nenhum sucesso para trás.
Os lábios úmidos de Dulce desceram pela curva do pescoço de Any, que ergueu a cabeça e abriu a boca para buscar mais ar. Ela sentia as mãos fortes da mais velha correrem sem nenhum pudor, atiçando cada pedacinho. A vantagem de Dulce era que ela conhecia cada canto do corpo de sua namorada e sabia como estimulá-la rapidamente.
– “Eu não vou agüentar uma semana” – Any pensou por um momento, desejando sentir os toques de sua namorada com mais intensidade.
Dulce fazia tudo com maestria. Cada toque e cada beijo arrancava suspiros de sua namorada que estava começando a dobrar seus joelhos, caindo na areia fria. A karateca acompanhou seus passos, ficando ajoelhada no meio das pernas de Any, que começou a cair para trás, encostando sua cabeça na areia, enquanto Dulce lhe atacava furiosamente.
– Dul... pare – pediu sem forças.
– Não – respondeu.
– Alguém vai aparecer – falou.
A karateca parou com o que fazia e ficou a observar os olhos de sua namorada, ela tinha razão. Elas estavam próximas ao hotel e com certeza seriam vistos, isso é, se não já foram.
E aproveitando a distração da mais velha, Any colocou seu pé no peito da karateca e o jogou para trás, fazendo-a sentar-se na areia. Any ergueu-se, batendo suas mãos pela roupa cheia de areia.
– Eu vou beber um pouco – falou – acho melhor você tomar uma ducha para apagar esse seu fogo. Ou melhor, use sua mão, será bem eficaz – sorriu.
Dulce abriu a boca ligeiramente, vendo sua amada loira se afastar. Ela se levantou rapidamente e correu ao seu lado, começando a reclamar sobre essa greve ridícula, gesticulando com os braços, soltando alguns palavrões, tentando a todo custo tirar aquela idéia absurda da cabeça da menor.
OoO
No quarto de hotel, Leona estava jogada em cima da cama, ela usava apenas um short branco e uma regata vermelha e lia uma revista que havia encontrado na recepção. O assunto lhe havia interessado, era uma reportagem sobre uma escola que incentivava os alunos a escreverem romances.
O quarto estava vazio, apenas Leona estava ali. As outras garotas, provavelmente estavam se agarrando por um canto ou então estavam na festa do hotel.
Juliana apareceu no quarto. Ela estava com um drink na mão, e como era uma noite quente, usava um short jeans e uma regata branca. Ela se aproximou da cama de sua prima que apenas ergueu seus olhos para encará-la, a mais velha sentou-se ao seu lado e puxou a revista e começou a ler com desinteresse o que Leona tanto dava atenção.
– O que é isso? – indagou a ruiva.
– Nada demais – respondeu.
Juliana sorriu e jogou a revista no chão. Leona bufou, ela passou a mão por seus cabelos e fechou os olhos, tentando ter paciência para com sua prima.
– Por que está aqui sozinha? Vamos descer.
– Não quero. Eu acho que bebi muita água do mar – falou, colocando a mão no estômago.
Juliana riu baixinho. Ela colocou o drink em cima da cômoda de madeira, e tocou no rosto de sua prima, acariciando-a com os dedos.
– Levanta – Juliana pediu, levantando-se em seguida.
– Eu não quero descer – tornou a falar.
Juliana puxou as mãos de sua prima e começou a arrastá-la pelo quarto, ouvindo a menor praguejar. Contudo, ao invés de saírem do quarto, Juliana abriu a porta do banheiro e jogou sua prima no interior, entrando em seguida, mas antes, ela colocou um pano vermelho amarrado na maçaneta.
Esse pano vermelho era o sinal que o banheiro estaria “ocupado” por um tempo indeterminado. Isso havia sido estipulado por ela mesmo há muito tempo e todos conheciam o código.
– Juliana, eu não estou a fim – falou com a voz baixa.
– Não venha fazer jogos para mim – falou – tire a roupa.
As ordens de Juliana sempre tiravam Leona de seu estado passiva, ela pensou em obedecer, mas acabou colocando-se numa linha de pensamento atípica. De certo modo ela poderia agir como se fosse uma puta de luxo de sua prima mais velha, como havia sido desde agora. Mas ela queria ser gente, queria ser respeitada e não podia ceder tão facilmente.
A tremedeira de seu corpo era visível ao olhar da mais velha que apenas lhe sorriu. Juliana retirou sua regata e a jogou em cima de uma bancada de mármore. Ela descalçou seus chinelos e foi se aproximando, até tocar nos cabelos macios de sua prima.
– Por que está tremendo?
E nem mesmo Leona sabia responder. No seu íntimo havia um turbilhão de pensamentos e vontades, contudo a realidade continuava silenciosa e comum. Juliana estava parada na sua frente, ela não havia feito nada e mesmo assim tremia. Por quê? Não sabia a resposta, mas queria sair dali, talvez não fosse certo se entregar, mesmo que desejasse sentir o abraço daquela que amava loucamente e não podia falar.
Sim, seu amor era sincero, assim como uma criança dizia que amava seus pais. Era um amor puro, cheio de admiração e com uma fome insaciável de carinho, coisa que era desprovido. Talvez Leona recebesse carinho demais, talvez o carinho que recebesse não fosse para ela e sim para sua falecida irmã.
Era notável que sempre que sua mãe lhe acariciava e lhe beijava, aqueles gestos iam para sua irmã mais velha. Não era pessimismo, depressão ou baixa auto-estima, não era esse o fator revelador, não era esse o sentimento que habitava seu coração. Ela sabia que as carícias e atenções que recebia eram para a irmã mais velha, podia sentir na sua alma.
E Juliana parada a sua frente não a via claramente, não era para Leona que ela olhava e sim para sua irmã. Os orbes acinzentados e carregados de luxúria não lhe representavam nada, não tinha o direito de receber aquele olhar, pois não lhe era verdadeiro. Juliana lhe traia enquanto a admirava, sua traição era profunda, e Leona se magoava.
– Eu não quero – falou, sentindo seu peito doer. Seu corpo continuou a tremer, era a força que tentava buscar no fundo de sua alma, era a leveza que procurava instalar no seu coração. Ela sentia o peso de sua irmã nos ombros.
E olhando Juliana, acabou por notar que ela pareceu se zangar. Não gostava de irritar sua prima, queria agradá-la, queria ser amada como nunca havia sido, ela queria o amor de Juliana para Leona, somente Leona e nenhum outra com quem pudesse parecer.
– Não seja estúpida.
– “Estúpida” – repetiu a palavra mentalmente. Seu olhar desviou-se para o azulejo esbranquiçado. No instante seguinte sentiu as mãos fortes de sua prima lhe apalparem a carne – “Estúpida” – repetiu mais uma vez em pensamento.
O corpo vazio e sem emoção foi empurrado sem delicadeza até a parede, sua roupa foi facilmente arrancada. Agora tinha o corpo trêmulo e nu perante a pessoa que amava. Juliana estava ali, tocando-a, desejando que suas mãos atravessassem a carne da mais nova a fim de poder encontrar o motivo de sua frustração.
Ela abraçava Leona com força, seus beijos sempre cortavam sua boca e suas unhas faziam questão de lhe rasgar a carne. Por trás de seus atos que muitos julgariam serem sádicos estava a intenção de encontrar em Leona algo que mostrasse que ela tinha alguma coisa de sua antiga amante. O que Leona não sabia e que talvez jamais soubesse, era que ela não se parecia em quase nada com sua irmã na cama.
Um gemido alto seguindo de uma respiração pesada saltou da garganta de Leona. Juliana havia lhe beliscado e lhe mordido no pescoço, a mais nova ergueu os braços e começou a empurrá-la para trás, contudo, sua resistência causava mais desejo na ruiva.
– Por que está me empurrando? Pare com isso!
– Você está pensando nela, não está?
– Óbvio que sim.
Aquela resposta para Leona era a pior das torturas, ela poderia sentir seu corpo ser surrado inúmeras vezes, mas nada seria semelhante a dor de ouvir aquilo da pessoa que amava. Juliana lhe traia todas as vezes que lhe tocava e lhe beijava, era uma traição silenciosa e secreta, mas sabia que ela existia.
– Eu te odeio – sussurrou – assim como te amo.
– Lindo. Agora fique quieta – pediu – só quero ouvir seus gemidos.
– “Estúpida” – pensou de repente, lembrando-se do riso de deboche de sua prima.
Os lábios que tanto desejava e que tanto odiava começaram a deslizar por sua pele. O cheiro de sua prima a deixava desnorteada, certamente entregaria seu corpo a ela e depois se sentiria como a pior das criaturas. Juliana não lhe daria o devido valor.
– “Eu sou estúpida” – pensou novamente e seu pensamento lhe respondeu, talvez fosse seu inconsciente ou então o inconsciente de sua prima, ou talvez de alguém exterior. A resposta era clara e dolorosa: “Sim, você é”. E a resposta trepidava por sua mente.
A náusea começou a invadir seu corpo, era um veneno que ela engolia todos os dias. Isso se chamava tristeza, ela empurrou sua prima com força dessa vez, fazendo com que o corpo maior fosse atirado contra a outra parede. Leona cambaleou até o vaso sanitário e vomitou. A água saia do seu corpo junto com o que havia comido, tudo estava saindo, mas a tristeza esmagadora continuava a se recusar a ausentar-se.
– Se não estava bem, devia ter me avisado – Juliana comentou – você trouxe algum remédio?
“Eu sou estúpida”.
“Sim, você é”.
– Vou pegar algo para você. Se você vomitasse em mim, eu ia ficar revoltada – riu baixinho, começando a se vestir, quando terminou abriu a porta e saiu.
A morena se vestiu e puxou a descarga, vendo a água levar o que estava preso nas suas entranhas para longe. Ela lavou sua boca e passou um pouco de pasta de dente nos dentes a fim de fazer um bochecho rápido. Ao seu lado, sua prima estava com um comprimido na mão e um copo com água.
– Tome isso – Juliana mandou.
Leona pegou a pílula e a engoliu com a ajuda da água, ela saiu do banheiro com a mão na testa, sentido que sua tremedeira havia passado. Ela deitou-se na cama e ficou olhando para o luar, ao seu lado, sua prima sentou-se.
– “Por que ainda está aqui?” – indagou em pensamento.
A ruiva lhe acariciou os cabelos e inclinou-se, capturando os lábios da prima, ignorando o fato dela ter vomitado a poucos minutos sua língua correu por sua extremidade, sentindo o hálito de pasta de dente da mais nova. Suas mãos não conseguiam ficar paradas, Juliana começou a apalpar o corpo da mais nova novamente.
– Juliana. O que sente por mim? – indagou receosa quando o beijo terminou.
– Por que você fica fazendo essas perguntas? – indagou com irritação – quer que eu fale a verdade ou o que você quer ouvir?
– “Estúpida” – pensou de repente – a verdade – respondeu em seguida, engolindo em seco.
– Eu sou sua prima, eu já disse que gosto de você. Mas não espere mais que uma relação de sexo, somos amantes, nada mais – falou baixo, acariciando o rosto que parecia se quebrar a cada palavra – quem me ouve pensa que eu sou cruel, mas eu seria mais cruel se lhe mentisse. Eu não te amo.
Uma garota entrou no quarto de repente, Juliana sorriu ao ver que era Any que estava ali, sendo acompanhada por Dulce que falava alto. A ruiva se ergueu e se aproximou do casal.
– Já estão brigando no primeiro dia? – riu baixo.
Dulce olhou para a sua amiga e então revirou os olhos e depois os apontou para Any, mostrando que ela era a única culpada daquela situação. Juliana olhou com curiosidade para a mais nova, que estava no armário, procurando alguma coisa.
Dulce e Juliana ficaram conversando, ou melhor, Dulce reclamava e Juliana apenas ouvia, aconselhando-a a tentar conversar com Any. Enquanto isso, Leona pegou a revista que estava no chão e depois olhou para Any.
– “Any não é estúpida, ela conseguiu alguém que gostasse dela e lutou por isso, sem perder sua dignidade. Dulce também aprendeu a amá-la e ambas se respeitam” – pensou – “eu invejo isso, eu queria ser assim. Fico feliz por elas, feliz...”.
Leona se ergueu com a cabeça baixa e saiu do quarto lentamente, sem ser notada por sua prima que estava entretida com a nova briga do casal. A morena caminhou pelo corredor, apoiando-se na parede, seus sentidos estavam atordoados. Ela saiu do hotel e começou a caminhar pela praia, querendo se afastar das pessoas que começavam a lhe irritar.
A morena ficou parada na beira do mar. Ela retirou seus chinelos e deu alguns passos à frente sentindo a água fria bater contra sua pele. Seu corpo se arrepiou. O mar lhe seduzia, a chamava para o seu interior, aos poucos começou a caminhar na sua direção, sentindo vontade de ser acolhida, para poder dormir profundamente.
“Eu sou estúpida, talvez se eu dormisse, não sentiria mais isso” – pensou, e a resposta do seu inconsciente lhe disse: “Sim, tem razão”.
OoO
Hudi e Miles estavam na festa, elas bebiam em silêncio. Na verdade, a ruiva sentia vontade de dançar e conversar, mas sua namorada não era fã de algazarra. A ruiva sorriu e aproximou-se do seu ouvido.
– Eu vou ali com minhas amigas, depois nos falamos – falou.
– Tudo bem – disse.
A ruiva se levantou e foi conversar com Haziel e Amín que estavam bebendo num canto, quando se aproximou, ela foi recebida com um sorriso animador das duas. Hudi passava tanto tempo com Miles que quando abria a boca para falar algo, sua voz saia rouca pelo tempo que ficava adormecida no seu peito.
– E lá vem a Any – Amín comentou – aquela Dulce não larga o pé dela.
Hudi riu baixinho e acenou para a loira que sorriu e caminhou até elas, Dulce fez a menção de segui-la, contudo parou na metade do caminhou ao ver sua amiga Kirias encostada em um pilar de madeira.
Dulce foi se aproximando, vendo que a loura parecia estar triste. Dulce parou ao seu lado e a olhou nos olhos.
– Aconteceu alguma coisa?
– Quem eu escolho? – Kirias indagou de repente, olhando para as estrelas – minha irmã, a quem eu sempre tive ou uma paixão que me faz perder a razão?
A karateca não respondeu, ela não sabia o que falar. Dulce responderia rapidamente Madona, pois achava estranha a relação que a loura mantinha com a irmã menor, mas se ela respondesse isso, ela não estaria dando atenção ao sentimento de sua amiga que era mais profundo que seu preconceito.
– São sentimentos diferentes – Dulce falou – só posso te dizer isso.
– Eu sei disso – suspirou – eu estou perdida.
– Você poderia deixar sua irmã se envolver com outra pessoa – falou.
– Eu pensei nisso, mas eu sinto ciúme dela – confessou – eu pensei que não sentiria mais. Eu pensei que depois que eu ficasse com Madona, a minha irmã seria apenas um familiar que eu daria atenção e carinho, mas não é verdade.
– Sente ciúme de irmã ou de namorada? Tem diferença.
– A diferença entre o ciúme de irmã seria a seguinte: Se eu a visse com outra pessoa, eu sentiria vontade de saber se aquela pessoa é digna de ter minha irmã e teria ciúme da falta de atenção que obviamente seria desviada para a nova garota que estaria na vida dela – falou pausadamente, analisando o brilho de cada estrela. Ela fez uma pausa, respirando profundamente e continuou – Agora, quando eu vejo alguém com a minha irmã, eu não quero saber se é digno ou não dela, eu fico louca e quero arrebentá-lo para depois tomá-la em meus braços, pois ela é só minha.
– Isso é um problema – falou – e seu ciúme não quer dizer que ame sua irmã.
– Como assim? – indagou, erguendo as sobrancelhas
– No ciúme existe mais amor próprio do que pelo outro – respondeu – Any me disse isso, agora que eu estou me lembrando – sorriu – e ela tem razão, talvez você deva parar de querer reinar sempre e pensar mais nas pessoas.
– Que palavras duras, não combinam com você. O que você anda lendo? – Kirias riu baixo.
– Any que me fala essas coisas – riu junto – ela gosta muito de ler e acaba falando de tudo comigo, mesmo quando eu não quero.
– Isso é Shakespeare – Kirias comentou – Any gosta disso. Acho que ela combina mais comigo do que Alexia e Madona – sorriu – vamos trocar?
Dulce riu baixinho e balançou a cabeça negativamente, contudo Kirias não continuou a brincadeira, ela não estava com humor para isso, ela suspirou e continuou a olhar para as estrelas.
– Eu não sei qual escolher.
– E por que tem que escolher?
– Elas estão me pressionando.
– Então fique com as duas.
– As duas me deixariam se eu fizesse isso.
– Então, fique sozinha. Aprenda a dar um tempo para você mesma. Pois desde que eu te conheço você está com alguém.
– Sem as duas? – indagou com surpresa – não conseguiria.
– Conseguiria sim, tente isso. Fique nessas férias sem as duas, deixe-as fazerem o que quiserem e pare de pensar que o mundo conspira e gira em volta de você.
– Certo, você está falando demais com a Any. Chega, agora estou começando a ficar assustada – Kirias riu baixo – esses conselhos intelectuais nunca vieram de você.
– Obrigada por me chamar de burra – Dulce falou com um pouco de ofensa – eu não sou burra.
– Mas você exercita mais os músculos do que o cérebro, e isso você tem que concordar comigo – falou baixo.
– Kirias, eu não sei como somos amigas – Dulce falou – às vezes eu sinto vontade de te arrebentar.
Kirias arregalou os olhos e sorriu, ela puxou a mão da karateca e começou a arrastá-la para fora da festa.
– O que foi? – Dulce indagou – onde está me levando?
– Vamos lutar – falou.
– O que?
– Lutar, Dul. Eu preciso relaxar um pouco – falou.
– É uma masoquista mesmo. Está dizendo que quer apanhar de mim? – riu alto.
– Que seja. Eu não agüento mais pensar nas duas, eu preciso ocupar minha cabeça com alguma coisa.
As duas ficaram andando pela praia até que pararam num canto pouco iluminado. Dulce e Kirias ficaram descalças, a loura fechou os punhos e os ergueu na altura da cabeça, estendendo a perna direita ligeiramente.
– Pode começar – Kirias falou.
– “Ela está mais louca que o normal” – Dulce pensou – “acho que uma ou duas pancadas na cabeça ela volta ao normal”.
Dulce moveu seu braço contra o corpo da loura, sem muita violência, aquilo era um treino, contudo a loura virou um chute contra o fêmur de Dulce que gemeu baixo e se afastou, olhando com surpresa para a sua aluna.
– Kirias, você está falando sério? – indagou, passando a mão por sua perna.
– Claro, eu estou com cara que quero apenas dar um tapa em você? Vem logo!
– Você não vai se levantar da cama amanhã – Dulce falou.
– Isso é o que vamos ver – sorriu – vem!
As duas começaram a se atacar e apesar de estarem lutando pra valer, elas não depositavam toda sua força. Pelo menos Dulce não usava toda sua força, ela deixava a loura lhe golpear às vezes e evitava dar um golpe num ponto importante, a fim de prolongar aquela luta que parecia estar revitalizando a loura.
Ao longe Miles estava caminhando, sentindo a brisa da noite contra seu corpo, ela viu as garotas brigando e se aproximou lentamente, observando-as. Por um momento pensou que fosse sério, mas ouviu Kirias rindo e comentando algo.
Ela sorriu e continuou a caminhar até que as duas garotas não passassem apenas de uma lembrança. Miles puxou seu maço de cigarros e pegou uma unidade, começando a fumá-lo com muito gosto.
A calmaria daquele lugar estava relaxando seus músculos. Miles sentou-se na areia e ficou olhando para o mar, ela fechou os olhos e lembrou-se dos gemidos e das expressões de sua namorada, e isso foi o suficiente para que sorrisse timidamente. Estava apaixonada!
A morena tocou na areia, mas logo afastou sua mão ao sentir algo estranho, ela voltou a tatear a areia e puxou um par de chinelos que estava ali, ela o analisou e o colocou ao seu lado. Miles ergueu-se e olhou ao redor, talvez tivesse alguém ali.
A resposta veio rápida, a sua frente via uma sombra, na verdade a sombra estava longe. Miles caminhou na direção do mar, sentindo a água bater contra seus joelhos, ela retirou seus chinelos e jogou seu cigarro na água pedindo desculpas mentalmente para a natureza.
– Hei! – gritou – Hei! – chamou a pessoa que estava mais à frente, temendo se aproximar mais, afinal o mar estava agitado e não enxergava nada.
A necessidade de puxar aquele desconhecido era maior que sua segurança, Miles esqueceu tudo e começou a nadar até a pessoa que estava na sua direção e quando se aproximou, tocou no seu ombro.
Os dois se olharam, tentando se reconhecer apesar da escuridão. O luar era a única iluminação que podiam utilizar. Miles ia indagar sobre a pessoa, mas não teve tempo, pois uma onda forte bateu contra eles, jogando-os com violência para trás e depois começou a arrastá-la para o fundo.
O corpo de Miles ficou tenso, ela se abaixou e tentou alcançar o chão arenoso e como era alto, conseguiu fazer isso, e assim sua calma e racionalidade voltou, ela começou a nadar rapidamente até a areia. E quando colocou os dois pés no chão, olhou ao redor, procurando a pessoa que estava perto dela.
– Hei! – gritou novamente.
Ao seu lado estava a pessoa que queria salvar, Miles avançou até ela fechou a mão no seu braço, começando a arrastá-la para a areia. Ela tinha que sair dali. O frio e o medo estavam imperando, tinha receio que outra onda forte os puxasse e não pudesse mais retornar.
Quando chegou a beira da praia, Miles respirou fundo e olhou para o rosto que queria reconhecer, assustando-se ao ver que era uma aluna do Saint Rosre, e que era a melhor amiga de sua amada namorada.
– Leona? – indagou com perplexidade – o que estava fazendo?
A mais nova não respondeu, ela abaixou a cabeça e tossiu levemente, ela havia bebido mais água que o normal. Seus pulmões deviam estar cheios, e essa era sua intenção. Queria que elas se enchessem até que explodissem, morrendo afogada no mar.
Leona tentou se soltar, contudo Miles continuou a lhe segurar. Ela ficou surpresa, afinal Miles nunca se mostrou verdadeiramente ativa em nada.
– Solte – pediu com a voz rouca.
– Por que queria se matar?
– Não é da sua conta.
– Não posso deixar você nesse estado – falou baixo. Sua consciência não lhe permitiria deixar aquela criança sozinha. Mesmo que não fosse comunicativa ou desejasse manter os outros à distância, Miles não podia ignorar aquilo.
– Solte – pediu novamente.
– Eu não vou contar para ninguém – Miles falou – acalme-se.
Leona a ouviu com atenção, ela fechou os olhos e sentou-se na areia, sentindo que Miles lhe soltou finalmente. A mais velha ficou em pé ao seu lado, a fim de impedir que ela se afastasse.
– Por que me tirou de lá? – Leona indagou.
– Porque eu não podia permitir que aquela desconhecida cometesse um ato estúpido – respondeu.
– “Estúpido” – pensou – eu sou estúpida – falou baixinho.
– Sim, você é – Miles falou.
Leona arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras em alto e bom som, ela ergueu seu olhar e ficou encarando o rosto que se ocultava com a escuridão.
– Não vai contar nada a ninguém?
– Não – respondeu.
– Nem ao Hudi?
– Não.
– Obrigada – agradeceu.
– Vai fazer isso de novo?
Leona não respondeu, ela flexionou seus joelhos e depois os abraçou, ficando a movimentar seu corpo para frente e para trás.
– Eu queria ser escritora – falou de repente.
– E o que te impede de ser uma? – indagou – “se eu parar de falar, essa garota vai se fechar e eu não poderei ajudá-la. Hudi riria de mim agora, se visse como eu estou comunicativa” – pensou, suspirando em seguida.
– Nada – respondeu – mas ninguém gostaria.
– E por que não?
– Todos vivem me comparando a minha irmã, que faleceu num acidente – confessou – querem que eu faça tudo o que ela iria fazer.
– Eles te obrigam?
– Não, apenas dizem: você será uma ótima médica. Ah! Você vai casar-se com um belo rapaz assim como sua irmã. Ou então: sua irmã adorava roxo, eu lhe comprei isso – falou, imitando as vozes das pessoas que lhe diziam isso.
– Por isso queria se matar?
– Eu sou estúpida – falou – eu amo alguém que nunca olhará para mim como verdadeiramente sou.
– E você mostra o que verdadeiramente é para essa pessoa? – indagou, já sabendo do que ela estava lhe falando. Afinal, Leona conversava com Hudi e a ruiva vivia lhe contando as coisas.
– Sim – respondeu – ela vive me comparando a minha irmã. Sempre, sempre e diz para mim que não me ama e que só fica comigo pela aparência. Eu me odeio! – falou com revolta.
– Por que você se odeia? – indagou – não tem motivo para isso. Se você se odeia, só vai atrair mais ódio e pessoas que te odeiam. É um ciclo. Ninguém gosta de pessoas que não gostam de si mesmas, pessoas que não tem confiança, não são atrativas.
– Eu não sou atrativa... – falou baixinho.
– “Eu não sei aconselhar uma potente suicida” – Miles pensou – “eu preciso de ajuda”.
As duas ficaram em silêncio. Pela primeira vez Miles sentia vontade de falar e falar até que Leona tirasse aquela tristeza de seus pensamentos, mas não conseguiu emitir nenhum som. A mais nova ergueu-se de repente, chamando a atenção da mais velha que voltou a lhe segurar o braço.
– Eu vou voltar para o hotel – falou – poderia me soltar?
– Eu vou te acompanhar – falou.
– Não precisa.
– Eu faço questão – disse com firmeza.
Leona sorriu de canto, balançando a cabeça negativamente. Ela ficou andando com Miles ao seu lado, as duas estavam em silêncio. Miles falou alguma coisa, mas foi completamente ignorada.
E quando chegaram ao hotel, Leona passou rapidamente pela recepção. Quando chegou no seu quarto, ela olhou para duas garotas que estavam conversando e entrou rapidamente no banheiro.
– Hum... você fez alguma coisa com a prima da Juliana? – Cássia indagou de repente.
Miles não respondeu, ela ficou olhando para as duas garotas que eram do quarto ano, em silêncio. Ela não queria falar nada, não sentia vontade de lhes dirigir a palavra, mas queria ficar naquele quarto até ver que a mais nova estava bem.
– O gato arrancou sua língua? – Cássia indagou – por que estão molhadas?
Miles encostou-se na parede do quarto e cruzou os braços, dando atenção ao barulho que ouvia no banheiro. O chuveiro havia sido ligado, e minutos depois, Leona saiu do banheiro, com uma toalha em volta dão corpo, ela foi até seu armário e se vestiu.
– O que houve, Leona? – Cássia indagou.
– Nada – respondeu rouca.
– Sua prima sabe que estava sozinha por aí? – indagou provocante.
Leona não respondeu, ela saiu do aposento sendo acompanhada por Miles que parecia um cão de guarda. Ela não falava ou expressava nada, ficando a segui-la.
– Pode me deixar em paz agora – Leona falou.
– Não vai fazer mais aquilo?
– Não – respondeu com insegurança.
Elas saíram do hotel e foram recebidas por Hudi que apareceu juntamente com as irmãs Honoi.
– Por que está molhada? – indagou Hudi.
– Entrei no mar – respondeu seca.
– Por quê?
– Senti vontade – respondeu.
– Você tem problema na cabeça – Hudi falou.
Leona se tranqüilizou ao ouvir aquilo, ela passou por elas e começou a caminhar até um banco de madeira, sentando-se nele. Amín fez a menção de se aproximar da morena, mas sua irmã começou a conversar com ela, prendendo sua atenção.
A morena ficou olhando para o mar, lembrando da força que ela batia contra seu corpo. Se Miles não tivesse aparecido, ela estaria morta. Será que seria recebido de braços abertos por sua irmã? Não. Sabia que estaria num lugar escuro e cheio de solidão, assim como o mar lhe era apresentável: Grande, solitário e vazio.
OoO
“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”.
(Oscar Wilde)
Continua...
Autor(a): lunaticas
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O primeiro dia havia passado, a noite foi muito agitada e as garotas não conseguiam se levantar da cama. Elas gemiam baixinho ao ouvir o som do despertador, ninguém queria se levantar apesar do formoso dia e do calor insuportável. Any abriu os olhos vagarosamente, sentindo o braço de Dulce na sua cintura. Dulce havia entrado embaixo de seu ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 61
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu