Fanfics Brasil - Capitulo 14 Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capitulo 14

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Dulce tocou na testa de Any e passou a mão embaixo de sua cabeça, enquanto o outro braço travava de puxar seu quadril para cima, erguendo-a com destreza. Any se remexeu um pouco. Dulce saiu do quarto com sua namorada nos braços e foi para o seu, trancando a porta colocando-a na sua cama com cuidado. Logo ela se deitou ao seu lado, olhando para o rosto pálido, sentindo seu coração se acalmar um pouco.


 


– “Por que eu estava tão brava mesmo? Ah... sim! Ela havia fugido de mim” – pensava, - “só estava brava por isso mesmo? Não, ela disse que ia terminar comigo, como se eu fosse descartável e insensível”.


 


Aos poucos as pálpebras de Any foram se abrindo. Não ia conseguir dormir, porque logo seria acordada pelas mãos impacientes de Dulce que a todo instante tocavam seu corpo.


 


– Dul?


 – Te achei – sussurrou.


 – Hum... Demorou.


 – Você sabe se esconder. Por que sempre vem atrás das garotas?


 – Elas que me acham. Eu até tentei fugir da Kirias quando a vi.


 – Imagino a cena. – riu baixinho.


 – Não imagine, não foi muito saudável.


 


Dulce puxou o seu queixo se aproximou de seu lábio, mordiscando lentamente a boca de Any, para logo abri-la e então deixar sua língua serpentear para seu interior, como havia desejado desde que a encontrou no shopping. Agora podia beijá-la com doçura, não havia espaço para nenhuma discussão.


 


– Não vamos mais brigar, por favor. – pediu numa voz baixa.


 – Eu fiquei chateada ao vê-la com aquela pessoa de novo.


– Quer que eu pare de vê-la para sempre?


 – Seria pedir muito?


 – Talvez não. Talvez seja o que eu deveria ter realmente feito desde o início. – comentou com uma respiração pesada – Mas tente entender que ela faz parte do meu passado, por isso conversamos muito, comentamos sobre a infância. Isso é bom, por isso eu gosto de conversar com ela.


 – Eu sei como é isso. Era o mesmo quando me encontrei com Viviane.


 – Então você me entende?


 – Sim, mas não quer dizer que eu aceite.


 


Dulce passou a mão pela testa de Any, afastando suas madeixas loiras. Por um momento aquele ciúme de Any lhe trazia segurança, afinal sua namorada sempre se mostrou bastante fria quanto a esse tipo de situação.


 


– Ver você querendo me trancar assim do mundo...


 – Dul, por favor, eu não quero impedir que você seja do mundo. – falou, interrompendo-a.


 – Eu não terminei de falar. Eu queria dizer que eu gosto que você me prenda desse jeito.


 – Gosta? – indagou acompanhado de uma risada. – Você é masoquista, Dul. Quem gostaria de uma namorada ciumenta e controladora?


 – Você? – indagou arqueando uma sobrancelha.


 – Pensando por esse lado, eu sou outra masoquista.


 – Então você gosta do meu ciúme? – indagou num largo sorriso.


 – O que foi que eu falei? – indagou, batendo com a mão na sua própria testa. – Não, não gosto desse seu jeito possessivo.


 – Agora que confessou que gosta. Eu não vou mais esquecer. – disse triunfante.


 – Deuses! Onde fui me meter?


 


 OoO


 


Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças


 


OoO


 


E Kirias estava observando aquela garota que preenchia suas noites de sono trabalhar, ela manuseava os equipamentos com leveza, ainda tinha um sorriso carregado de simpatia nos lábios, mas aquele sorriso tão amável não estava sendo para a loura, mas sim para um cliente qualquer que estava debruçado no balcão pedindo por seus serviços.


Essa era a segunda noite que Kirias freqüentava o bar das irmãs Honoi. Na verdade ela sentia arrepios ao entrar naquele lugar, pois toda a vez que via Haziel, o seu sangue fervia, ainda mais quando esta estava com sua irmã, o que fazia uma besta anterior despertar dentro de seu âmago. A loura ficou com um cotovelo apoiado à mesa, enquanto deitava sua cabeça na palma da mão virada para cima, permitindo que algumas mechas de seu moicano caíssem pelos olhos cor de mel. Ela apenas observava e observava...


 Ciúme. Esse era o sentimento que classificou no momento, obviamente que uma pessoa sensata como Kirias sabia o motivo exato para estar vigiando a moça que estava saindo no seu trabalho, por um momento começou a rir sozinha, divertindo-se com os sentimentos que povoavam sua mente. Sim, não tinha dúvida, talvez ela estivesse se apaixonando. E quem disse que a loura tinha dificuldades em se apaixonar? Isso não era verdade! Ela tinha dificuldade em achar alguém que a suportasse por mais de uma semana, isso era fato, mas se apegava facilmente às pessoas que estavam no seu círculo social. A loura ergueu o copo e sorveu alguns goles do drink que havia pedido. Logo acabaria e ela não voltaria ao balcão, porque estava sentindo muito louca por perseguir Selena. Kirias se ergueu, pagou a conta e saiu do bar, recebendo o ar frio daquela noite chuvosa. O verão sempre trazia muita chuva, fazendo com que o mormaço e a sensação térmica aumentasse quando o sol nascesse. Nesses últimos dias a loura não conseguia sair de casa, o sol definitivamente não era seu amigo.


 Kirias ficou andando pela rua, ainda estava alterada por causa da bebida. Ela encostou-se num poste e se sentou no chão, sem se importar em se molhar. Agora ela pensava, como sempre fazia. Sua mente criava hipóteses, teses, problemas e soluções numa velocidade única e satisfatória, e aos poucos começou a pensar no seu relacionamento, que por hora estava começando, todavia já sabia das conseqüências.


 


 – “Namorar é complexo. Ainda mais uma pessoa que se sente inferiorizada por ser de uma classe social julgada como inferior pelos índices econômicos transmitidos pela mídia. Ela não deixa eu pagar quase nada, não se permite a ir em lugares bons e tem aquela mania de pobreza que me irrita” – concluiu seu pensamento fechando os olhos. Certamente aquele relacionamento ia exigir bastante de sua paciência. Selena não permitia que Kirias fizesse nenhuma gentileza, pois como a outra havia dito anteriormente:


 – “Ambos somos mulheres, não pense que somos homem e mulher, sendo você o homem que paga as contas”.


 A primeira vez que Kirias ouviu isso, ela sentiu vontade de puxar a barman pelos cabelos e depois bater com a cabeça dela na parede. Ela até ergueu o braço, mas lembrou-se que aquilo ia acabar de vez com o relacionamento, talvez pudesse impor suas vontades com violência com o passar do tempo. Era um pensamento doentio, errôneo e sem nenhum escrúpulo, mas Kirias não se importava, ela não era muito pacífica e achava que a violência podia resolver muitas coisas, pois não existia alguém mais direta e esclarecida que ela, afinal ela sempre falava o que pensava, mas isso não ajudava muito. Pelo menos não ajudava com Selena.


 


– “Vai ser irritante... teremos brigas estúpidas por coisas ainda mais ridículas, como passeios e pagamentos. Isso será algo saudável? Obviamente que não, mas eu não posso me prender ao pensamento de achar pessoas que tenham uma visão menos preconceituosa do mundo, assim como eu” – pensava, suspirando, sentindo que estava ficando cada vez mais molhada embaixo daquela garoa. – “E eu estou aqui nessa chuva, isso é refrescante, assim como dizem que a chuva lava a alma. Será que ela lavaria a minha? E por que eu estou aqui mesmo? Ah sim, Selena brigou comigo, porque eu não deixei ela me ajudar a pagar a gasolina do carro. Que irritante!”.


 


 E lá ficou por um longo tempo, perdido nos seus devaneios, até chegou a esquecer onde estava. Ela parecia uma bêbada suja naquele lugar, tão solitária quanto um leão expulso de sua família.  Ela adormeceria facilmente, todavia seu nome foi ouvido num tom alto e autoritário. Kirias olhou para a pessoa a sua frente, e não se surpreendeu ao ver Selena. Sim, ela estava saindo de seu expediente.


 


 – Bom dia, – falou Kirias com um sorriso leviano.


– O que está fazendo aqui?


 – Não sei mais.


 – Por que não veio falar comigo no balcão? Você ficou me olhando da mesa a noite toda, isso me deixou perturbada, eu nem consegui trabalhar direito! – reclamava, enquanto ofegava, ela estava furiosa. Sua face estava avermelhada, seus olhos arregalados e os cabelos louros grudavam no seu corpo que estava ficando molhado, o vento forte impedia que o guarda-chuva fosse eficaz a mantê-la seca.


 – Você estava trabalhando. Como poderia perturbá-la? – indagou com sinceridade, irritando ainda mais a outra.


 – Não seja cínica. Você ficou me perseguindo! E mais, não quero mais que isso aconteça, ouviu?!


 – O que você não quer que eu faça? – indagou, erguendo-se lentamente, apoiando-se no poste sujo.


 – Não se faça de idiota, Kirias. Eu fico puta quando você pergunta coisas idiotas!


 – Você fica puta demais por qualquer coisa, ainda mais quando está comigo. Eu já entendi, você está num estado em que tudo que eu faça ou diga lhe deixa irritada. – dizia calmamente, - assim como nesse instante você está me olhando com ódio por eu ainda estar falando. Eu queria te pegar depois do expediente para irmos a algum lugar caloroso.


 


Selena pareceu acalmar-se um pouco, de certo Kirias sabia quebrar as pernas de qualquer pessoa numa conversa mais séria. Ela parecia ter o dom de deixar qualquer pessoa mal, mesmo que ela não tivesse culpa alguma. A barman aspirou todo o ar e depois o soltou, acalmando-se, olhando para Kirias que estava ensopada, suja e com uma aparência de cansada, pois sabia que a loura estava à semana inteira estudando para as provas da faculdade. Bertoli já havia ouvido muitas coisas ruins a respeito de Kirias por Amín e outras colegas de sua patroa, por um momento pensou que ia namorar uma psicopata. Todavia foi concluindo que Kirias não era tão ruim assim. Ela não era uma pessoa muito fácil de se lidar, mas também tinha qualidades únicas e raras.


 Kirias era realmente... uma pessoa doce!


 E lá estava ela, ensopada, lhe dizendo coisas simples, não lhe dizia nada demais, nem a afrontava e nem se defendia, ela era madura demais para isso.


 


– Você vai ficar gripada – disse num tom afável finalmente, abrindo meio sorriso para a mais velha.


 – Eu já estava, não faz diferença. Podemos sair ou você ainda vai implicar comigo?


 


Selena sorriu e concordou com a cabeça, começando a seguir a sua complexa companheira que estava caminhando lentamente ao seu lado. Elas chegaram ao carro de Kirias e logo entraram, molhando o banco do carro, embaçando os vidros com suas respirações aceleradas.


 


– Posso escolher o lugar ou você vai querer antipatizar comigo? – indagou a loura, enquanto ligava o carro, fazendo com que o ar condicionado fosse ligado e assim melhorou a situação dentro do veículo, que aos poucos ia ficando com os vidros limpos.


 – Faça o que quiser, eu não discuto mais – falou e encostou a cabeça no banco, cansada, desejando dormir.


 E o carro saiu pelas ruas vazias da madrugada. Kirias tossia levemente, sua garganta arranhava a todo instante. Não havia sido uma boa idéia ficar sentada na calçada, mas ela achou o poste tão atraente que não resistiu. Muitos lugares chamativos seduziam Kirias, mas a loura sabia que não podia escolher um motel muito caro ou sua parceira ia ficar num estado de pânico, mas também tinha que atender a seu gosto pessoal de não escolher um quarto com pulgas no colchão. E assim escolheu algo que parecia ser meio termo, Bertoli nada disse quando entrou no local, portanto continuou com confiança. Após se identificarem na recepção, elas foram ao quarto do terceiro andar.  Assim que chegaram, elas tiraram seus sapatos, deixando-os num canto. Bertoli se encarregou de encher a banheira com água quente, mas duvidava se conseguiria se manter acordada naquela água tão relaxante da hidromassagem. Kirias estava logo atrás, retirando todas suas roupas para então colocar um roupão branco que estava num dos sacos descartáveis.


 


– Como foi sua prova na faculdade?


 – Mais ou menos, eu não conseguia me lembrar dos sintomas de algumas doenças. Eu preciso estudar mais.


 – Você já estuda bastante, pelo menos eu acho. – dizia, enquanto se despia e colocava o roupão.


 – Não estudo tanto assim. Eu leio muitas coisas, mas eu acabo esquecendo grande parte e tenho que voltar a ler, e esse processo de “decoreba” me irrita. Mas eu gosto do que estudo, afinal.


 – Eu acho medicina muito interessante, mas nunca faria, eu não conseguiria ver uma pessoa toda cortada na minha frente! – comentou, fazendo careta, só de imaginar um cadáver a sua frente, os pelos de seu corpo se arrepiavam antecipadamente.


 


Kirias ouvia o falatório da mais nova, enquanto dava atenção à movimentação dos lábios carnudos, deixando aquela voz lhe seduzir ao ponto que não prestava mais atenção no que dizia, acabando por se perder no significado das palavras. Ela deu um passo à frente, rompendo o monólogo, puxando aquela boca até a sua, sentindo a respiração quente e apressada de Bertoli. A umidade, o calor e a respiração quente, tudo isso excitava Kirias, ainda mais quando a menor gemia baixinho quando ela mordiscava seu lábio inferior. A loura a abraçou, aproximando seus corpos, fazendo o atrito entre o roupão e os seios desnudos, dando mais intensidade no beijo onde as línguas travavam uma conversação muda com apenas gestos e toques suaves. Selena foi aos poucos se encostando ao azulejo brancacento, enquanto o seu roupão começava a se desfazer, caindo pelos ombros até que chegassem ao chão, sendo pisado por Kirias que ia se aproximando, avançando cada vez mais nos seus lábios. Bertoli havia se acostumado ao ritmo acelerado de sua parceira, e já era sabido que logo Kirias ia lhe apertar, beliscar e morder em todos os pontos possíveis para lhe causar dor e prazer que inexplicavelmente também a excitavam. Afinal, era interessante ter um relacionamento um pouco agressivo!


Os lábios se enroscavam, todavia não queriam se deixar levar para outro ponto que não fosse o corpo da outra. Aos poucos a respiração ficava mais intensa, talvez fosse uma conversa entre os corpos tépidos que alcançavam lentamente aquele sentimento caloroso. O roupão de Kirias estava aberto, aliás, em nenhum momento a loura o havia fechado. Assim bertoli podia ver o estado físico da outro, constatando que aqueles beijos não a levariam para o banho, mas sim para a cama que lhe parecia mais aconchegante. Bertoli se perdia no meio daquele ataque. Por mais que pensasse em se separar de Kirias, esta sempre a fazia desistir de qualquer plano de fuga. O seu corpo reagia muito bem a mais velha, assim como concordava e admirava a personalidade de sua atual “ficante”, mas já tinha uma idéia que se as coisas continuassem nesse ritmo, elas com certeza estariam namorando em menos de uma semana. O abraço foi intenso dos dois lados, elas fecharam suas pálpebras e permitiram-se deitar naquele colchão e aproveitar aquele momento caloroso e único. Apesar das discussões e das brigas, naquele momento elas iriam se amar e assim fizeram.


 


OoO


 


Alguns dias passaram-se, a semana havia sido corrida, chovia e fazia sol numa velocidade ímpar. O tempo estava instável, nesse momento Anahi olhava para a cidade da janela do seu apartamento. Ela estava debruçada na janela, sentindo o vendo frio e úmido que bagunçava suas madeixas loiras.


 


– “Dul está atrasada”, - pensou com certo desânimo.


 


O sol estava começando a se pôr no horizonte. O almoço que elas haviam combinado ia ser pulado para um jantar. Talvez não fosse uma má idéia, afinal Anahi não estava com muita fome. Duas batidas secas e ocas chamaram a atenção da loira que foi até a porta do quarto, abrindo-a lentamente. Ali estava Leona, com um sorriso agradável, ela ergueu uma caixa de DVD até a altura dos olhos de Anahi, convidando-o para assistir a um filme. Elas trocaram poucas palavras e sentaram-se no sofá fofo da sala, aguardando o início do filme.


 


– Do que se trata esse filme? – indagou Any finalmente, ao ver que os trailers eram um pouco macabros e aterrorizantes.


 – Filme de terror. Juliana me emprestou! – respondeu, pegando seu celular em seguida.


 – Vai ligar para alguém agora? – Any indagou com certa irritação. Afinal elas não iam assistir ao filme?


 – Só vou mandar uma mensagem para a Juliana.


 – O que está escrevendo? – indagou de fora desesperada. Afinal Leona ia sair? Ia deixá-la sozinha naquele apartamento escuro e solitário?


 


Leona ergueu sua sobrancelha e estranhou a aproximação de Any, querendo espiar sua mensagem. E não havia segredo no que estava escrevendo, ela estendeu a mão e mostrou o que estava escrito.


 


“Vou assistir aquele filme que me emprestou. Te amo, se cuida”.


 


A mensagem não dizia nada em especial, mas naquele momento Any sentiu seu peito se apertar. Fazia tempo que ela e Dulce não trocavam mensagens bobas cheias de afeto que no final acabam dizendo muito mais que discursos e poemas amorosos.


 


– O que foi Any? Que cara é essa? – Leona perguntou, enquanto enviava a mensagem para sua namorada.


 – Sabe... eu pensei esses dias: eu acho que nós estamos distantes, porque estamos há muito tempo juntas. Mas quando eu vejo você e Juliana, eu vejo que estou me enganando, - disse com certo pesar. – Vocês se vêem quase todos os dias, são primas, sempre acabam indo nos mesmos lugares e ainda sim saem juntas o tempo todo, se dão presentes e mandam mensagens o tempo todo por celular.


 


Leona ouvia em silêncio, ela mesmo não sabia como aconselhar. O relacionamento de sua amiga não era mais tão intenso.


 


– Agora nós nos vemos e fazemos sexo. Nem conseguimos mais conversar.


 – Não é bom quando o relacionamento só vive na base do sexo, Any. Mas não pode jogar tudo para o alto quando surge qualquer problema – disse sabiamente. – Eu tenho bastante experiência no assunto. Brigas vêm e vão, aprenda isso e tenta resolver. Vai ser assim com a Dulce e com qualquer outra que você se relacionar.


 


 Any começou a escorregar pelas almofadas. Ela tinha que concordar com Leona, mas como nós podemos aceitar alguma coisa que no fundo não queremos? Como aceitar que o relacionamento está se degradando? A aceitação sempre é um sinal negativo nesse ponto. Se aceitarmos alguma situação, ou nós vivemos acomodados a ela ou então procuramos mudança. E como Anahi não estava feliz, ela ia querer mudança.


 


– O que eu faço? – perguntou com um olhar abatido.


 – Não sei. Mas não dá certo ficar terminando e voltando, - falou docilmente. – O jeito é esperar essa grande onda passar. Deixe Dulce se divertir com as novidades da vida dela. Any, vá procurar algo para estudar, isso vai ser melhor.


 – Tem razão, eu fico o dia inteiro em casa.


 – Olha, vá a academia todos os dias, pratique algum esporte. Faça algum curso. Ocupe todo o seu tempo para que só tenha o final de semana para respirar.


 – Assim Dul também fica com saudade e nos veremos sempre uma vez por semana. – disse com um sorriso animado.


– Sim. Aí vocês terão o que conversar, contar e trocar experiências.


 – Obrigada, Leona! Vamos assistir ao filme e depois eu vou pensar no que fazer.


 – Se quiser eu te ajudo a planejar!


 


O filme foi de bastante mau gosto para Any. Na verdade ela tinha medo de terror e deixou de perder o seu orgulho no meio do filme quando se viu gritando em algumas cenas e se agarrando a almofada, tentando cobrir os olhos do suspense que invadia a grande tela. Leona ria baixinho, em certos momentos deu um chute na almofada que Anahi segurava para ela largar aquele medo tolo, mas por um momento ela sentiu medo que Any a agarrasse naquela sala. O interfone tocou de repente e Any pulou do sofá e foi atender numa velocidade ímpar. Primeiro, porque havia se assustado. Segundo, porque não queria ver a cena a seguir. E terceiro, poderia ser Dulce. Felizmente era a sua querida namorada, ela podia ouvir sua voz ofegante e cansada e aquilo acalmou seu coração, ela estava cinco horas atrasada, mas não se importava mais. Ela acionou o botão que abriria o portão eletrônico e ficou na porta, esperando sua namorada subir.


 


– “Dul deve estar ficando velha. Antes ela subia em cinco minutos, agora demora bem mais.” – pensou com divertimento, com um sorriso doce nos lábios. Por incrível que parecesse, o bom humor tomou conta de sua pessoa.


 


 Dulce finalmente surgiu no último degrau da escada, ela foi se aproximando com o semblante sério e aparentemente cansado, quando se aproximou, deu um beijo rápido nos lábios da sua namorada e as duas entraram no apartamento.


 


– Desculpe o atraso, eu tive que fazer filmagens num local onde o sinal do meu celular não pegava, - disse com um mal humor visível na voz.


 – Eu imaginei algo do tipo. Você está com fome?


 – Não, eu estou um pouco enjoada. Eu comi algumas coisas que me deram no trailer e não estou me sentindo muito bem – falava, enquanto Any começava a procurar algum remédio no seu armário. – Você está sozinha?


 – Leona está aqui. Nós estávamos assistindo a um filme idiota de terror.


 


Dulce sorriu de canto ao ouvir o comentário. Nenhum filme de terror era idiota pra a sua namorada, na verdade todos eram horripilantes e a deixavam aterrorizada.


 Enquanto Any procurava o remédio, Dulce foi até a sala cumprimentar Leona com um aperto de mão. Ela sentou-se onde Any estava e ficou assistindo ao filme, enquanto sentia seu corpo clamar por descanso.


 


– Aqui está, beba isso. – Any se aproximou com um copo de vidro onde um líquido colorido e borbulhante que fez Dulce torcer o nariz. – Beba isso, Dul! – falou um tom autoritário ao ver que sua namorada ia se rebelar.


 


Dulce puxou aquele copo a contra gosto e começou a beber lentamente, sentindo vontade de vomita a cada gole. Ela não bebeu tudo e Any também não a forçou a isso.


 


– Pelo jeito você precisa de um banho e ir dormir, Dul. – Suspirou após seu comentário. – Vem! – e dizendo isso puxou sua mão, arrastando-a pelo corredor estreito até o banheiro.


 – O dia foi cansativo. – Disse, enquanto tirava toda sua roupa. – Uma idiota fez tudo errado e tivemos que refazer uma cena complicada várias vezes.


 – Demorou muito para gravar?


 


Dulce não respondeu, apenas bufou e se enfiou embaixo do chuveiro que começava a lhe cobrir com uma água quente. Aos poucos seus músculos foram relaxando, ela fechou os olhos e deixou o cabelo cair pelos olhos. Ela movia sua boca, sentindo sua língua passar pelos seus lábios, tocando a ponta do piercing de prata pelos dentes.


 


– Nós vamos gravar a última temporada do seriado mês que vem.


 – Última temporada? Mas por quê?


 – O Marcius, ator principal... Ele apareceu bebendo e batendo na esposa dele. Isso fez com que a série perdesse sua popularidade.


 – Que idiota. Eu vi sobre isso, mas não sabia que ia influenciar na série toda!


– O mundo das celebridades é assim. Esse imbecil vai acabar com todo o projeto desse jeito e ele é do tipo que fala “não se intrometa na minha vida pessoal”. – Disse, abrindo uma das pálpebras para encarar sua namorada que estava com um semblante entristecido.


 


Dulce fechou a torneira e any lhe jogou uma toalha limpa, depois de seca, ela vestiu o roupão rosa de sua namorada e ambas foram até o quarto. A karateca se jogou no colchão fofo e abraçou o travesseiro.


 


– E como está indo com o seu agente? – Anahi indagou, sentando-se na beira da cama, puxando o pé direito de Dulce para começar a lhe fazer uma massagem.


 – Hum... eu o demiti... – murmurou, adorando sentir aquele carinho.


 – De-demitiu? – indagou com surpresa, arregalando os olhos.


 – Sim.


 – Por que?


 – Porque sim.


 


Anahi apenas sorriu ao ver sua namorada fechando os olhos e resmungar algo como “faz mais forte”. No fundo Any estava incomodada pelo fato de Dulce ter ignorado os seus sentimentos com relação ao seu agente que havia lhe tratado tão mal. No final, Dulce não ia permitir que ninguém lhe agredisse daquele jeito. Foi uma tola a pensar que sua namorada não ia lhe mimar e abraçar nos momentos que mais precisasse. Em poucos minutos Dulce adormeceu, a Any não demorou em se aninhar nos seus braços e ali ficar por um bom tempo até dormir também. Horas mais tarde Dulce abriu os olhos estranhando o local que se encontrava, ela olhou para baixo e viu a cabeça de Any encostada no seu peito. A karateca se moveu lentamente e se ergueu, fechando o roupão e indo até a janela, vendo o céu cinza-azulado.


 


– “Já são três da manhã” – pensou com tristeza. – “Eu preciso de uma folga. As oito eu tenho que tirar foto para um comercial de lingerie. Que saco”.


 


Ela saiu do quarto, com passos lentos, parecia estar bêbada, mas era apenas o cansaço. Quando chegou na cozinha procurou um copo e tomou um pouco do chá que havia uma garrafa térmica. Ela sentou-se no banco de madeira e ficou olhando para a janela.


 


– “Seria bom se voltássemos a morarmos juntas. Eu queria poder viver com ela para sempre. Será que ela aceitaria morar comigo novamente”. – refletia, soltando alguns suspiros. Dulce estava ansiosa e queria propor isso há um tempo para a sua namorada, mas ela mesma tinha medo de ser um erro.


 – Dul?


 – Ah... Oi, Leona. Eu te acordei?


 – Eu estava sem sono, - respondeu, puxando uma cadeira para se sentar e pegando uma caneca para também beber um pouco de chá.


 – Como está indo com Juliana?


 – Incrivelmente bem. Isso até me assusta.


 


Dulce sorriu e concordo com um aceno com a cabeça.


 


– Como Any está aqui?


 – Sozinha, - respondeu secamente. – Carei vive na casa daquela escritora excêntrica, eu sempre estou saindo com Juliana ou estou dormindo na casa dos meus pais quando minha mãe vem me buscar.


 – Com que freqüência ela fica sozinha?


 – Carei chega todas as noites só para dormir, ela geralmente vai visitar suas irmãs ou fica na casa dos pais.


 – Idiota filhinha de mamãe. Por que veio morar com vocês, então?


 – Não sei, ela nem ajuda a pagar as contas, porque diz que não gasta com nada. – Suspirou, - eu mesmo já falei que não gostaria dela aqui, mas a Any parece acreditar naquela criança. Isso quando ela não aparece de mau humor, porque Viviane a expulsa da casa dela.


 – E você sempre está com Juliana, afinal eu a vejo mais no nosso apartamento do que aqui.


 – Verdade. Juliana sempre acaba me arrastando para lá.


 


Dulce sentiu um certo aperto no coração. Sua namorada ficava sozinha por muito tempo e ela sequer conseguia mandar uma mensagem para a loira. Por isso o relacionamento estava cheio de intrigas. Any estava infeliz e se ela não estava bem consigo mesma, Dulce acabava sofrendo com isso.


 


– No que está pensando, Dul?


 – Morarmos juntas.


 – Juliana também quer isso. Por acaso andaram conversando?


 – Eu acho que está demorando demais para vocês morarem juntas. A família de vocês já sabe de tudo mesmo, não tem mais como vocês evitarem assumir algo ainda mais sério. – Comentou com seriedade, observando as feições de Leona.


 – Eu não sei. Nós nos damos bem, mas não sei se nos damos bem o suficiente para nos agüentarmos vinte e quatro horas.


 – Nunca são vinte e quatro horas, Leona. Juliana estuda, você tem suas atividades.


 – Mas é a mesma casa. Juliana é preguiçosa, não limpa nada, eu vou me estressar.


 – A menos que faça um acordo.


 – Dul, você fala como se a Juliana fosse a pessoa mais doce do mundo! – Riu baixinho após o comentário. – Você a conhece.


 – Verdade, mas se não conseguir fazê-la pensar nas suas responsabilidades. No final, nada entre vocês vai dar certo, não concorda?


 – Parcialmente. Eu acho que prefiro morar sozinha por enquanto, eu ainda estou me descobrindo com relação a isso. Se por acaso Carei e Any saírem, eu continuarei aqui ou em outro lugar.


 – O bom é que você tem Miles e Hudi como vizinhas.


 – Aquelas duas? – riu alto. – Aquelas lá não saem para nada. Vivem gritando e fazendo bagunça. Logo você vai começar a ouvir elas conversando e batendo nas coisas.


 


Dulce ergueu uma sobrancelha, estranhando aquele comentário. Logo julgava que Miles e Hudi eram excessivamente calmas e românticas. Isso é, levando em consideração a personalidade de Miles que era bastante atípica, mas até que a admirava, por ver alguém tão calma diante das adversidades e do estresse do dia-a-dia.


 


– Hudi vem aqui às vezes, não vem? Any sempre fala.


 – Raramente, para pedir algum ingrediente ou reclamar de Miles. Mas logo sobe e fica lá por um bom tempo, - comentou, dando um longo gole no seu chá de camomila. – Elas são apaixonadas. Até gosto do estilo delas.


 – Eu quero morar novamente com Any.


 – Então proponha isso a ela.


 – Será que ela aceitaria?


 – Você parece confusa. Eu acho que Any aceitaria, mas você está tão insegura que parece que você tem mais dúvida disso do que a própria Any teria.


 – Está na cara que eu estou insegura. Eu quero que dê certo. Parece que nosso namoro está por um fio... e esse fio está arrebentando a cada dia. – murmurou, - hoje mesmo pensei que ela ia brigar comigo.


 – E realmente ia, mas o filme de terror fez com que ela ficasse distraída e não pensasse que você estaria em alguma festa por aí.


 – Boa, eu vou comprar um estoque de filmes de terror e colocar para ela assistir, - comentou com certo humor, enquanto olhava para o líquido amarelo no interior do seu copo.


 


Leona riu baixinho e bocejou, ela olhou para o relógio que ficava pendurado na parede e se ergueu, colocando a xícara em cima da pia.


 


– Vou me deitar. Pense mais sobre isso, Dul. Mas eu aconselharia você a fazer o que está pensando.


 – Obrigado, Leona.


 


Dulce ficou sozinha por mais um tempo na cozinha e logo voltou para o quarto, vendo que Anahi havia pegado mais da metade da cama para ela. Ela foi engatinhando até seu travesseiro e aos poucos foi se acomodando, tentando ao máximo não acordar sua namorada, mas sabia que seria inútil. Any tinha um sono leve, e como esperado a sua namorada acordou.


 


– Dul?


 – Shiii... volte a dormir, - sussurrou em seu ouvido.


 – Hum... que horas são?


 – Any, dorme.


 


A loira fechou suas pálpebras e voltou a dormir no instante seguinte. O método de Dulce para fazer Any dormir é único. Ela não podia deixar sua namorada se levantar e nem responder suas perguntas, porque Any ia bombardeá-la com várias indagações e no final ia se levantar e começar a conversar. Por isso, o melhor a fazer era abraçá-la e sussurrar, como se fosse muito tarde e estivesse com muito sono para não acordar ninguém, nem a ela mesma.


 


– “Droga! Logo vou ter que sair e não sei mais quando vou voltar a estar desse jeito com você, Any”.


 


OoO


 


Continua...



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Autor(a): lunaticas

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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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