Fanfics Brasil - Capitulo 16 Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capitulo 16

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"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional".


(Carlos Drummond)


 


OoO


 


Os dias passavam rapidamente, mas numa velocidade que era possível apreciar as pequenas coisas boas e ruins que a vida trazia. O que era ruim continuava assim e as coisas boas pareciam que precisavam ser agarradas e introduzidas nas recordações, pois eram efêmeras e docilmente inatingíveis pelos corações humanos. Leona revirava seus olhos ouvindo o discurso irracional de sua prima. Será que elas nunca seriam felizes? Se Juliana a tratava mal no colégio, era para mostrar como ela era medíocre para as outras, afinal a ruiva vivia de aparências. Mas e agora? Agora ninguém mais sabia delas, não mantinham contato com as pessoas do antigo colégio. Agora Juliana estava inserida no grupo da faculdade e Leona aos poucos fazia amizade com os novos amigos da ruiva, que conseguiam ser de um "tipinho" bem difícil de se lidar. No momento elas estavam numa casa, ou melhor, numa festa de um dos novos amigos da ruiva. Havia muitos homens e mulheres, não se restringia a uma festa homossexual como elas costumavam freqüentar, mas ninguém tinha nenhum problema com casais do mesmo sexo se pegando, apesar de sempre aparecer um olhar atravessado de algum homem ou alguma mulher do lugar.


Leona recebeu algum sermão estúpido sobre bebida, enquanto estava numa roda com um monte de gente nova que começou a olhá-la como se fosse uma criança. Afinal não poderia criar uma boa reputação no colégio se tivesse sua prima mostrando como ela era imatura o tempo todo. A morena bufou, afastando com constrangimento ouvindo alguns risos, que logo ligou ser a sua pessoa. Talvez estivessem comentando sobre outras coisas, mas não conseguia parar de imaginar que estavam falando dela. Acabou sentando-se no sofá, onde havia dois homens admiráveis conversando com entusiasmo, ela sorriu amarelo e eles logo começaram a conversar com Leona com animação, sem segundas intenções, apenas para criar um laço de amizade. Com o passar das horas Leona já estava alta, rindo com algum grupo, no final estava se divertindo longe de Juliana, animando-se um pouco, sentindo-se especial e as pessoas conversavam com ela sem perguntar sobre sua prima, como se ela fosse realmente o centro da conversa e não somente a sombra de alguém. Contudo, não aproveitou tanto da festa, porque sua prima não estava mais entretida com seus novos amigos e queria ir embora. E se Juliana queria ir embora, elas iriam embora. Leona se despediu a contra-gosto, mas não iria discutir com sua prima naquele lugar aparentemente hostil. Ela andava pelo jardim com um copo de plástico nas mãos, tomando os últimos goles daquele Whisky que lhe amaciava a garganta, ela olhou para o conteúdo do copo e fechou os olhos a fim de matar o restante, mas antes isso acontecesse, o seu copo voou ao chão, molhando seu tênis.


 


– Ju-Juliana! – Falou incréduloa, assustada, olhando para a sua prima que acelerou o passo.


– Depois vai passar mal no meu carro. Anda logo!


 


A morena bufou mais uma vez, olhando para os lados novamente, notando que ninguém havia visto aquela atitude. Ela abaixou a cabeça e se apressou, alcançando a rua e logo foram até o carro importado de sua prima. Quando sentou no banco de passageiro, apenas colocou o cinto e ficou olhando para a casa que estava iluminada e com um bom som ao vivo tocando. Ela queria ficar mais... era uma pena ir embora naquela sexta-feira tão quente. Juliana colocou um som qualquer e começou a dirigir embriagada, ela cometia certos deslizes.


 


– Juliana, cuidado!


– Eu estou vendo. Você ficou bem chata depois que tirou a carta!


– Mas... Juliana! – gritou, puxando o volante para o lado, evitando que a ruiva fizesse uma curva muito fechada onde daria direto no poste.


 


A ruiva a empurrou com o cotovelo e continuou a dirigir com irritabilidade.


 


– Se está muito ruim, eu posso dirigir! Vamos trocar.


– Ah! Eu vou te expulsar desse caro! – gritou, dando um tapa na mão que tocou na sua.


– Juliana, olhe para frente! –gritou, apontando para o vidro.


 


A ruiva parou de repente, cantando pneu para depois olhar para a sua prima que a encarava com aporrinhação. Será que ela não notava o perigo? A mão da mais velha foi até o rosto de Leona e fechou no seu queixo, puxando num único tranco na sua direção.


 


– Se me encher o saco de novo, eu vou te largar aqui.


 


Leona se afastou com os olhos marejados d’água, ela olhou para os lados, vendo apenas uma rua escura e vazia e sentiu pânico. Sentia medo de sair em lugares desconhecidos e ainda mais sozinha, o terror daquele seqüestro a assombrava. Quando Juliana viu o terror no olhar de sua prima, ela se deu por satisfeita e começou a dirigir de volta para sua casa. E demorou muito para que chegassem, sendo que a ruiva conseguiu a proeza de estacionar o seu carro na diagonal no meio da rua e dessa vez Leona não fez cerimônia, ela pegou a chave na mão da mais velha e estacionou corretamente num ponto mais afastado, onde não tinha carros para atrapalhá-la na baliza. Afinal, ela também estava bêbada.


Ao se aproximar da sua prima, esta já estava revoltada com a atitude da menor. Seu carro estava perfeitamente estacionado perante sua visão e não precisava estar estacionado no outro quarteirão. Quando Leona se aproximou, ela a puxou pelo braço, ouvindo reivindicações da menor que foram certamente ignoradas até subirem ao apartamento. As primas adentraram discutindo alguma coisa, quando chegaram na sala, encontraram Kirias adormecida no sofá. A ruiva não disse mais nada, ela foi até seu quarto e trancou a porta, deixando Leona desamparada. A mais nova anelou e se sentou no chão da sala, sentindo sua cabeça rodar. Ela estava muito bêbada, mas não era por isso que ignoraria o fato de sua prima estar voltando a ser tão dominante e destrutiva como antes.


 


– Você está bem, Leona?


 


A voz de Kirias a tirou de seus devaneios, agora a loura de moicano a olhava do sofá, ela estava usando apenas uma boxer preta e uma regata branca e em cima do seu peito havia um livro aberto.


 


– Eu te acordei, desculpe. – Falou com uma voz arrastada, denunciando seu estado alcoólico.


– Eu acordei quando ouvi vocês saindo do elevador para ser mais preciso, - disse baixinho. – Será que você não consegue se arranjar com sua prima? Por que ainda namoram se continuam se destruindo desse jeito?


– Eu não faço nada para ela...


– Tem certeza? Se você permite que tudo isso aconteça, sem fazer nada para ela te tratar assim... Então você é uma idiota. – E ao dizer isso riu baixinho, sentando-se no sofá, fechando seu livro com carinho e o colocando em cima da mesa central, que estava cheia de bitucas de cigarros, revistas e livros.


 


Leona sorriu ao ouvir aquilo e deitou no chão, sentindo tudo ao seu redor rodar, então ela riu baixinho, passando a mão por seu peito.


 


– E o que você sabe sobre relacionamentos? – indagou provocativa, obviamente estava muito bêbada para provocar Kirias que estava sentada ao seu lado com um olhar nada amigável.


– Sei que não devemos continuar com algo que não tem jeito, as pessoas não mudam e você vai ser uma idiota para sempre – falou num murmúrio audível.


– E você nunca vai mudar, então nunca vai achar alguém também... e se arranjar, certamente que você... ai!! –Leona gemeu passando a mão por seu rosto.


 


Kirias estava em pé, com uma feição nada feliz, ela havia jogado a primeira coisa que viu na morena, mais precisamente no seu rosto e era um chinelo de borracha. Logo ela caminhou até a menor que a xingava baixinho e a ergueu num tranco, arrastando-a até o banheiro sob os xingamentos e pontapés da menor. No sanitário Kirias girou a torneira e jogou Leona para dentro do Box, fazendo com que a água tépida caísse sobre a menor, que parou com o que estava fazendo e ergueu seu olhar para cima, sentindo suas roupas começarem a grudar pelo seu corpo, e antes de ter outro ataque furioso, ela encarou Kirias e riu.


 


– Obrigada, - agradeceu num sussurro, surpreendendo a loura.


 


Aos poucos Leona foi se sentando no chão, retirando o seu tênis e depois começou a retirar suas roupas lentamente, sentindo-se um pouco melhor. Seu estômago doía e tudo ao seu redor continuava a rodar.


 


– Vê se aprende a morder essa sua língua quando for falar comigo. – Kirias vociferou, ela certamente havia se irritado com o que havia ouvido. Ela apenas ouviu Leona se desculpando e aos poucos seu mal humor foi sendo dissipado.


 


A porta do banheiro foi aberta de repente e era uma Dulce sonolenta que estava ali, ela havia chegado em casa e encontrou a cena que julgou um tanto estranha. Ela passou a mão por seu cabelo e depois olhou para Kirias.


 


– Ela me provocou! – Acusou a loura, apontando o dedo indicador para a morena que estava mais concentrada em tentar tirar sua calça jeans.


– Onde está Juliana? – Dulce indagou o óbvio, olhando para a loura que deu de ombros. Dulce suspirou e foi até Leona, fechando a torneira e a erguendo para cima, encostando-a na parede para que não escorregasse.


 


Aos poucos Leona foi retirando sua roupa e Dulce puxou uma toalha entregando a menor, que se enrolou naquele pedaço de tecido, sentindo o vento frio que vinha da janela.


 


– Venha, Leona! – Dulce a chamou, saindo do banheiro com um péssimo humor, ela estava cansada e queria dormir, mas antes tinha que evitar que a ruiva aparecesse com uma faca para assassinar a loura.


 


Kirias andava atrás com um olhar intrigado. Ela acompanhou a dupla até a cozinha, onde Dulce foi até a geladeira e pegou refrigerante para a mais nova, que nesse instante estava com a cabeça afundada na mesa de madeira.


 


– Pronto, agora eu posso dormir e Kirias... não faça nada errado! – Falou, passando com passos lentos, trancando-se no seu quarto segundos depois, deixando a dupla na cozinha.


 


Leona ergueu a cabeça e puxou aquele copo e bebeu um pouco do refrigerante, sentindo seu corpo reagir bem aquilo, depois olhou de soslaio para Kirias com um ódio mortal.


 


– "Eu vou sair daqui antes que eu mate essa idiota!" – raciocinou a loura rapidamente, saindo da cozinha, indo até a sala onde pegou seu livro, para depois se trancar no seu quarto.


 


As horas se passaram, Leona acabou dormindo em cima da mesa, sendo acordada por Juliana horas mais tarde, por volta das seis horas da manhã, passando a mão pelos cabelos úmidos de sua prima, notando que ela estava com uma toalha enrolada no corpo.


 


– Leona... – a chamou mais alto, recebendo um gemido. Ela a puxou lentamente, fazendo com que a toalha que estava lhe cobrindo caísse no chão. E com um suspiro indócil, ela começou a arrastar sua prima para o seu quarto, onde a colocou na cama, vendo como a morena se aninhou embaixo das cobertas, agarrando o travesseiro.


 


Juliana se deitou, abraçando o corpo menor, beijando sua nuca para depois adormecer novamente e assim o tempo se passou, passando para a tarde daquele mesmo dia. As primas acordaram se estranhando a princípio, mas logo Leona estava usando as roupas da sua prima, sentando ao seu lado na cama, olhando para o laptop de Juliana.


 


– Você disse que queria morar comigo... – Juliana disse, digitando alguma coisa no site de procura na internet.


– "Eu nem sei se vou conseguir continuar namorando com você", – pensou entristecida, passando a mão por seu braço que estava roxo pela agressão da noite anterior.


 


No quarto, um tempo depois as primas estavam mais uma vez discutindo por ciúme, por problemas psicológicos, por inúmeros motivos que até mesmo o Deus da Intriga e da Discórdia sentiria um pouco de inveja pela criatividade dos humanos criarem pretextos tão bem estruturados para uma discussão tão inflamada. Leona suspirou pela enésima vez naquele quarto, seus olhos estavam cansados de ficarem mirando a tela daquele monitor. Aos poucos o texto a sua frente começava a ficar embaçado e aos poucos nada começava a fazer sentido. Ela havia sugerido procurar um apartamento ou uma casa para morar com sua prima, mas não havia imaginado que seria tão chato e entediante. E ao contrário da mais nova, Juliana estava com um olhar determinado, com o cenho franzido e com uma grande agilidade em ler sobre todos os detalhes sobre a locação de um imóvel.


 


– Juliana, - a chamou com uma voz anêmica, manhosa e um pouco sonolenta. Ela tocou no braço desnudo de sua prima, dando uma apertada de leve, obtendo apenas um olhar de soslaio da mais velha. – Eu estou cansada de ficar aqui sentada. – Confessou com outro longo suspiro, retirando uma mecha fina cor de ébano que resvalava sobre seus olhos.


– Gostaria de dois quartos? – Juliana indagou, ignorando o murmurinho baixo de Leona. Juliana estava mais que ansiosa para achar um lugar para morar com sua prima, aquela era a oportunidade perfeita para que pudesse ter total controle de sua vida.


 


Para Leona, depois do episódio da noite passada, ela não queria mais. Estava ficando triste com as brigas. Sentia-se insegura, porque mesmo que brigasse com Juliana, ela podia fugir para a casa de seus pais ou para sua casa, onde conversa com Any e Hudi. Mas se morasse com sua prima, ela não teria para onde fugir,


A família Sabelio sabia do envolvimento entre as duas primas e antes o que poderia ser um pesadelo acabou sendo uma dádiva. O seqüestro de Leona, juntamente com os episódios posteriores foram responsáveis pelo aceitamento do relacionamento perante os pais de Leona. Elas queriam que sua única filha fosse feliz e não se rebelasse contra a família, por isso estavam fazendo todas as vontades da morena. Aquele momento era perfeito! Claro que os pais da ruiva iam intervir de certa forma, mas nada muito energético.


A brisa fresca que adentrava no quarto parecia chamar o casal para sair naquele dia nublado e quente, todavia o casal aparentava que ficaria ali por horas seguidas. Mas uma interrupção brusca chamou a atenção do casal, um som alto juntamente com uma batida foi ouvida do quarto. Juliana olhou de esgueira para sua prima que já se erguia, saindo do quarto, adentrando na sala para encarar uma loura de moicano, que estava com o rosto avermelhado e um semblante nada amigável. Kirias encarou as primas com certo cansaço. Leona nem queria olhar para a cara da loura ao lembrar que tomou uma chinelada na cara e ainda foi jogada de qualquer jeito embaixo de um chuveiro, mas não podia deixar de notar que a aparência da mais velha dos Fenris-Wolf estava deplorável.


 


– O que houve Kirias? – Juliana indagou, passando a mão pelos ombros magros de sua prima que se encostou num móvel qualquer, cruzando os braços, esperando ouvir o motivo da loura estar toda machucada e mal humorada.


– Eu fui assaltada, - disse com agastamento, jogando-se no sofá, relaxando os músculos aos poucos.


– Assaltada!? Aonde? Agora? – Juliana e Leona indagaram em uníssono, aproximando-se da loura, olhando-a com atenção a procura de algum ferimento mais prejudicial a sua saúde, contudo a maioria dos cortes no corpo da outro eram conseqüências de seu próprio masoquismo.


– Agora pouco, eu estava parada no farol... foi tudo tão rápido. Esse mundo está uma loucura. – Concluiu, soltando todo seu ar, - mas está tudo bem agora, eles já levaram meu carro, minha carteira...


– Você foi a polícia? – Leona indagou, tocando no braço de Kirias que estava mais avermelhado que o normal.


– Não, eu ainda não fiz nada, apenas vim para casa. – Respondeu seca, sem ignorar o toque que recebeu no braço, deixando a cabeça pender para o lado para olhar melhor a prima mais nova de Juliana, que estava ocupada demais olhando para os ferimentos de Kirias para notar que a loura estava dando um olhar mais atencioso para Leona.


 


A ruiva abriu os lábios ressecados e puxou o ar a sua volta para começar a discursar sobre a irresponsabilidade da loura de moicano, Juliana gesticulava, apontava para os lados e batia os pés indignando-se com o fato de Kirias nem sequer se ater ao fato que poderia ter sido seguido por bandidos, que poderia ter sido atacada, morta ou seqüestrada. A loura ergueu suas sobrancelhas em certo momento e encarou Leona que também não sabia de onde havia saído aquela ruiva furiosa.


 


– Mas... Juliana, eu... – Kirias tentou se defender em certo ponto, mas voltou a se calar ao notar que a outra não ia encerrar seu discurso tão cedo. A loura ficou passando seu dedo polegar em cima da unha afinada do seu indicador, apertando sua pele, forçando e procurando se cortar, mas fazia isso discretamente, distraindo-se com seu universo particular enquanto a voz de Juliana ia ficando ao longe e seus olhos foram se mergulhando a única visão que tinha daquela cena. Aos seus olhos estavam os olhos castanhos fortemente avermelhados de Leona que também parecia entediada e indignada com aquele discurso, por um momento ficou preso naquele olhar melancólico da mais nova dos Sabelio.


– "Será que eu estou ficando louca?" – Kirias indagou para si mesmo num pensamento secreto, engolindo em seco, sentindo um arrepio ligeiro, mas tão discreto que apenas os pêlos de sua nuca a denunciaram. Ela sentiu um frio correr sua espinha e então pela primeira vez na sua vida, desviou o olhar, encarando o chão ou qualquer coisa que pudesse ocultar a verdade que estava nos seus olhos. Ela ficou constrangida!


 


Naquele momento aquele rosto, corpo e presença havia lhe trazido um conforto e uma sensibilidade que não gostaria de sentir novamente. Por mais sincera e impulsiva que fosse, Kirias não podia permitir que seu coração ou seus olhos sentissem alguma coisa pela prima de Juliana. Nunca havia sentido isso e nem convivia tanto com a morena para ter esse tipo de sensação.


 


– "Eu devo estar em choque por causa do assalto..." – disse para ela mesma no seu pensamento, abrindo os lábios em busca de ar. – "Eu não posso sentir atração ou qualquer coisa pelas namoradas das minhas amigas. Eu devo estar pateticamente carente para isso... ontem mesmo queria jogá-la pela janela".


– Já chega Juliana! – Leona gritou, irritando-se com aquele discurso enfadonho, ou melhor, um monólogo sem fim. Ela puxou Kirias pelo braço num tranco, revelando-se uma mulher muito forte para a surpresa da loura que se ergueu num pulo, sentindo outro arrepio por seu corpo.– Kirias, vamos na cozinha!


 


Leona começou a puxar a maior até o outro cômodo sendo seguida por sua prima que apenas voltou a falar com implicância. No entanto, a ruiva estava realmente preocupada com sua amiga. Kirias se sentou numa das cadeiras, jogando no chão uma blusa suja que estava em cima da mesa e ficou olhando para a parede, pensando em como poderia ser tão irritantemente confusa com seus sentimentos. Nesse momento ela tocou no bolso do seu jeans, desejando por seu telefone, mas este havia sido deixado no veículo que acabara de ser roubado. Ela queria ligar para Selena, ouvir sua voz e talvez se encontrar com a mais nova para tirar aqueles pensamentos torturantes de sua mente.


 


– Kirias, você está me ouvindo? –Juliana indagou com mais calma, olhando para a loura que finalmente lhe deu atenção.


– Juliana, você não sabe aconselhar ninguém, sua idiota! – Kirias disse visivelmente irritada. – Você fala como se fosse alguém segura de si mesmo, mas não consegue enxergar um palmo a sua frente. Por que não pára de fingir que é tão certinha e vai dar atenção a merda da sua vida?


 


As primas se olharam ao ouvir aquele desabafo. Certo! Juliana havia sido irritante e enfadonha, mas não precisava ouvir tudo aquilo.


 


– Como quiser, sua estúpida. Dá próxima vez, certifique-se de não fazer tanto barulho. – Falou com toda a calma que conseguiu reunir para não pular no pescoço da loura. – Leona, vamos!


– Eu estou pegando água com açúcar para ela, - disse a menor, enquanto abria a porta dos armários, procurando por açúcar em algum lugar.


 


Juliana bufou e foi até a morena agarrando-lhe pelo braço, arrastando sem nenhuma cerimônia a sua namorada sob o olhar atento de Kirias que agradecia mentalmente por estar sozinha com seus sentimentos ambíguos e incompatíveis.


Ela precisava conversar com alguém! E não podia esperar.


Kirias se moveu em velocidade, indo até a gaveta da cozinha, puxando algumas moedas que tinha e saiu do apartamento, com passos rápidos, logo estava correndo, sentindo o vento daquela tarde contra seu rosto. Um ônibus passou e Kirias praticamente se jogou no seu interior, assustando os passageiros. Ela nem sequer olhou para o cobrador, pulando a catraca e indo para o fundo, sem que ninguém dissesse absolutamente nada. Ao olhar dos demais parecia uma delinqüente e não havia nenhuma autoridade presente para repreendê-la. Um tempo se passou e Kirias tocava a campainha insistentemente até que foi atendida.


 


– Quem é?


– Sou eu, Any. Abre a porta!





Kirias ouviu um estalo e sorriu, empurrando a porta de metal e correndo até a escadaria que levaria até o apartamento. Em poucos segundos estava parada na frente da porta, ofegante e descabelada, olhando para uma Any e uma Dulce sonolentas.


 


– Que surpresa... – Dulce disse, afagando sua própria cabeça, sem nenhum tipo de ânimo. – Como sabia que eu estava aqui?


– O que aconteceu com você? –Any indagou, dando passagem para que a maior adentrasse.


 


Kirias sentou-se no sofá sem nenhuma cerimônia e disse rapidamente que foi assaltada e que não queria nenhum tipo de sermão.


 


– Não vamos te dar sermão por você ter sido assaltada. Você reagiu ao assalto? – Any indagou, sentando-se no chão, sendo acompanhada por Dulce, que ficou ajoelhada ao seu lado.


– Não, eu não fiz nada, mas a Juliana ficou gritando comigo! – Desabafou num grito, puxando seus cabelos para os lados. – Ela ficou falando que eu era irresponsável, que eu não presto atenção em nada e por isso eu sempre estou fazendo burrada. Eu estou irritada, eu queria bater naquela idiota...


– Calma, Kirias. Ela estava preocupada! – Dulce disse de repente, encerrando aquele ataque furioso. – Você precisa se acalmar. Any, prepare alguma coisa para ela tomar e dê aquele analgésico também.


 


Any sorriu e se ergueu prontamente, indo para a cozinha sob o olhar atento das mais velhas. Dulce voltou a olhar para sua amiga, franzindo seu cenho e então perguntou:


 


– Mas por qual motivo saiu correndo de casa e veio aqui?


– Eu estava estressada... – disse, passando a mão pelos seus dedos.


– Hum... Kirias, algo te incomodou muito para você ter mandado Juliana a merda e ter vindo aqui correndo para falar comigo. – Disse num suspiro, com certa curiosidade. – Eu te conheço faz tempo.


 


Kirias concordou balançando a cabeça. Dulce se ergueu e foi até seu quarto, calçando seus tênis, depois foi até a cozinha avisando que levaria Kirias para dar uma volta no quarteirão. Any não discutiu, ela sabia que Dulce era mestre em aconselhar e acalmar a loura. A dupla então saiu do apartamento, sentindo um vento abafadiço para depois começarem a caminhar vagarosamente, sem nenhuma pressa ou tempo a desperdiçar, e ficaram assim por longos minutos em silêncio.


 


– Eu fiquei brava... – disse finalmente.


– Eu vi, mas não entendi o motivo. Logo vai recuperar suas coisas e seu carro tem seguro?


 


Kirias balançou a cabeça, voltando a passar a unha por seus braços.


 


– Não por isso, não por isso, Dul. Eu...


– Você? – Dulce arqueou a sobrancelha, numa pergunta baixa, tentando entender aquela aflição.


– Eu fiquei confusa, eu estou tão carente ultimamente. Isso já havia passado pela minha cabeça, mas eu não havia dado atenção ou então não queria dar atenção... – disse, sussurrando a última palavra.


 


Dulce percebeu que o assunto não era nem o assalto e nem Juliana, ela puxou sua amiga até um canto, onde ficaram encostadas numa parede de concreto, olhando para a avenida movimentada.


 


– O que está rolando? – Dulce indagou, puxando uma unidade do seu maço de cigarros, enquanto ajeitava o par de óculos escuros no seu rosto. Ela ascendeu seu pequeno vício e começou a fumar lentamente.


– Eu vou falar... mas acho que fiquei louca.


 


Dulce riu baixinho ao ouvir aquilo e pediu para que ela prosseguisse.


 


– Eu fiquei pensando qual seria o tipo de mulher que eu gostaria de me envolver. Eu tentei com aquela garota na aula de violão, eu tentei achar nas baladas, e agora eu estou saindo com aquela barman... – falava baixinho, enquanto passava a mão com certo nervosismo pelos braços visivelmente vermelhos.


– Mas nenhum despertou tanta euforia dentro dessa sua cabeça oca, certo? – Dulce indagou. – Apareceu uma pessoa agora?


– Ela não apareceu... ela já existia...


 


Dulce fechou os olhos, assentindo em silêncio, dando uma leve risada entre uma tragada de seu cigarro.


 


– Do que está rindo?! – Kirias indagou com certa irritabilidade. Ela não podia apenas expressar seus problemas sem que ninguém a tirasse de louca e realmente dessem atenção ao que estava falando?


– Ah, Kirias, eu te conheço. Eu estou afastada ultimamente, mas eu ainda sim te conheço... – Sorriu, olhando de soslaio. – Eu só pensei que fosse impressão minha, mas eu não sou tão cabeça oca, como você vive dizendo.


 


Kirias se sentiu desafiada, ela colocou as mãos na cintura e encarou Dulce com um ar de provocação.


 


– Estamos falando da mesma coisa, Dul? Eu não estou te entendendo!


– Você está gostando de alguém que sempre esteve muito próxima a nós... aliás, você sempre olhou, conversava um pouco, mas sempre se manteve afastada, porque tinha sempre sua irmã ou qualquer outra te perturbando... Certo?


– Hmm... eu ainda não sei aonde quer chegar, mas acho melhor deixar para lá.


– Não, agora que começamos a falar nisso, vamos terminar. Eu queria conversar com você sobre isso, mas nunca tivemos a oportunidade. – Disse com mais calma. – Você percebeu que pode estar gostando de alguém... humm... proibida?


 


Kirias balançou a cabeça positivamente como se fosse uma criança, sendo entendida por um adulto.


 


– E agora percebeu isso de verdade, sendo que antes pensava ser apenas uma atração...


– Sim, isso, Dul Isso! –Exclamou com afobação.


– E essa pessoa nem sequer sabe que você existe, mas sempre foi muito atenciosa e gentil com você...


– Dul, estamos falando da mesma pessoa?


 


Dulce balançou a cabeça positivamente. A loura olhou desconfiada. Será que era tão visível para a karateca?


 


– Se estamos falando da mesma pessoa... O nome dela começa com qual letra? – Kirias indagou, suando um pouco frio.


 


Dulce havia ficado indignada com aquela pergunta. Será que sua amiga a julgava ser tão cabeça oca assim?


 


– Hum... Letra L.... – disse.


 


E nesse instante Kirias bateu sua nuca contra o concreto e começou a deslizar pelo cimento rebocado, chegando a se sentar no chão, com um olhar de decepção. Não, seu coração não podia estar pregando essa peça nela. Não nesse momento.


 


– Eu sou uma cretina...


 


Dulce concordou, voltando a olhar para o trânsito a frente, pensando em como a vida pregava peças, ela ficou olhando para os carros se movimentando lentamente, parados próximo ao farol. Era tempo de mudança, ela precisava decidir o que fazer da sua vida. Continuar com sua vida ou então dar dez passos para traz e voltar a viver somente com Any.


O amor que sentia por sua namorada era inegável. Mas até que ponto ficaria nessa relação? Se largasse seu trabalho, ela ficaria desempregada, voltando a estudar educação física que era muito chato e ainda teria que fazer um estágio numa academia de bairro, com um salário baixo que nem ia conseguir colocar gasolina no seu carro e o mais interessante seriam os comentários das revistas falando de como era uma estrela decadente. Certamente que tinha que se importar com a opinião dos outros, porque sua vida estava exposta agora, não podia fingir que era uma jovem qualquer na multidão.


 


– Eu estou perdida também... – Dulce confessou, desabando-se ao lado de Kirias, batendo contra o chão. – Eu pensei em terminar meu namoro, eu acho que sou imatura demais. Eu preciso viajar, conhecer gente nova, aprender a viver em conjunto... Eu sempre tive uma idéia errada sobre namoro.


 


Kirias ouvia com atenção. E certamente ela também precisava de outros rumos, no fundo estava presa a sua cidade, porque estudava e precisava se dedicar a isso. Agora quanto a Dulce, esta tinha oportunidade de viajar o país, conhecer outros lugares, freqüentar festas e assim ter uma vida cheia de experiências, mas estava presa a uma única pessoa que vivia lhe cobrando por atenção o tempo todo. E não que Any estivesse errada, ao contrário, ela estava muito certa em cobrar sua namorada, mas isso não queria dizer que elas precisavam viver assim. Talvez o amadurecimento viesse com o tempo, assim como Any reconheceu o amadurecimento de Viviane. As vezes era necessário sair da bolha para ver o mundo e seus defeitos.


 


– Eu acho que ela também pensa assim... – Dulce murmurou.


– Vocês estão adiando isso há uns seis meses mais ou menos. – Disse, dando um soquinho no braço mais forte. – Por que não conversa seriamente com ela?


– E o que você pretende fazer?


 


Kirias balançou a cabeça numa negativa, ela não se atreveria fazer nada apenas torcer contra Juliana, mas isso fazia seu peito doer. Não podia ser tão cretina e ainda agora que Leona não saía mais da casa do trio.


 


– E quando foi que isso foi acontecer comigo? – Indagou, choramingando.


– Sinceramente?


 


Kirias a olhou com curiosidade.


 


– Nas férias, quando Juliana ficava reclamando que Amín e Haziel ficavam no pescoço de Leona. Como você já tinha antipatia pelas irmãs, você acabou compartilhando o ódio e vigiando mais a Leona... – dizia baixinho, parecendo pensativa. – No começo você parecia protetora, ajudando Juliana, mas sua dedicação era um pouco mais atenciosa... e o dia que você segurou a Juliana para não bater nela...


– Eu não tinha segundas intenções!!! – falou revoltada.


– Eu acho que você não tinha, mas acabou... com o tempo acontecendo. Afinal, você se sensibiliza demais com os outros, ainda mais depois que Leona teve aquele sumiço e você ficava horas na casa da Juliana aconselhando-a.


– Dul... você acha que eu não presto?


– Ah, como eu acompanhei todo o processo, digamos... eu não acho, mas... Kirias...


– O que eu faço?! – indagou num grito desesperado, chamando atenção de algumas pessoas que pararam por um momento para ver a dupla e depois voltaram a caminhar.


 


Dulce suou frio ao ver um grupo de garotas que ficou um bom tempo a encarando. Ela queria ficar ali e aproveitar esse momento com sua melhor amiga, mas aquele comportamento chamativo da loura podia estragar tudo.


 


– Dul... eu vou... eu vou...


– Vai ficar quieta! – pediu. – E você tem que ir na delegacia fazer um boletim de ocorrências. E eu tenho que voltar para casa e ir conversar com a Any que já me enviou duas mensagens. –Comentou com um suspiro impaciente.


 


A loura acabou concordando, ela queria que Dulce lhe desse uma carona, mas sabia que ela estava ansiosa para conversar com sua namorada. Elas voltaram a andar na direção do apartamento e ao chegar na calçada, Kirias e Dulce olharam ao ver quem estava parada na rua, olhando para o molho de chaves que estava na sua mão.


 


– Que coincidência! – Dulce sorriu, dando um tapinha no ombro de sua amiga. – Lá está ela procurando a chave para entrar e também está de carro, você podia pedir uma carona até a delegacia.


– Você... Dul, você não pensa na Juliana?


– Penso, - respondeu secamente.


– E você não é amiga dela?


– Sou, mas você sabe que a Juliana não é muito confiável e que ela vive causando o transtorno na vida dos outros, ainda mais daquela ali.


 


Leona ergueu seu olhar ao achar a chave certa, ela olhou para a dupla que se aproximava e sorriu de canto, cumprimentando-as.


 


– Leona, você poderia dar uma carona para a Kirias até a delegacia? – Dulce indagou de repente, com uma cara de cínica, percebendo como sua amiga havia ficado travada. Até mesmo Dulce estava surpresa com o jeito tímido e introspectivo de sua amiga perante a mais nova.


 


A morena encarou a dupla com certo desânimo, mas acabou assentindo, com a cabeça.


 


– Mas eu preciso trocar de roupa,- disse, olhando com certa irritação para Kirias, que apenas cruzou os braços enfezada, lembrando-se da provocação da mais nova na noite anterior.


 


O trio subiu novamente, encontrando uma Any atarefada na cozinha, ela estava cozinhando algo e Dulce começou a ajudá-la. Kirias ficou jogada no sofá, pensando em como fugir daquela situação, mas sempre que cruzava seu olhar com Dulce, esta lhe dava um sorrisinho maldito.


 


OoO


 


Continua...



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Autor(a): lunaticas

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Leona apareceu usando seu jeans escuro, bota preta e uma camiseta vermelha, ela encarou Kirias e a chamou, despedindo-se do casal que continuou na casa. Quando a dupla saiu, Any começou a ouvir Dulce lhe contar a última fofoca da vida de suas amigas.   – Kirias a jogou no chuveiro? –Indagou com surpresa. – E a Juliana? – Estava n ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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