Fanfics Brasil - Capitulo 17 Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capitulo 17

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Leona apareceu usando seu jeans escuro, bota preta e uma camiseta vermelha, ela encarou Kirias e a chamou, despedindo-se do casal que continuou na casa. Quando a dupla saiu, Any começou a ouvir Dulce lhe contar a última fofoca da vida de suas amigas.


 


– Kirias a jogou no chuveiro? –Indagou com surpresa. – E a Juliana?


– Estava no quarto dela dando sopa.


– Como assim dando sopa? A Kirias a molestou? – Any indagou quase num grito, erguendo a colher de pa*u que usava para mexer no molho.


 


Dulce riu baixinho e começou a contar sobre os devaneios de Kirias, deixando Any perplexa a cada relato.


 


– Como assim ela está gostando da Leona?


– Por que a surpresa?


– Dul! A Leona sempre estudou com vocês, sempre saiu com vocês... sempre esteve presente em tudo que era confusão e brigas e.... e... por que logo agora?


– Justamente por isso, elas sempre estiveram juntas de alguma forma, mas agora Kirias está carente.


– Então é só carência, a Kirias não gosta da Leona. – falou com um sorriso nos lábios, incrédula por sua namorada acreditar naquela história. – Kirias está saindo com outras pessoas.


 


Dulce riu baixinho, ela conhecia a loura melhor que ninguém. Ela era discreta apesar de ser bastante expansiva em outros pontos.


 


– Por que elas não ficaram no colégio, então? – Any indagou.


– E quem disse que nunca ficaram?


 


A loira ergueu as sobrancelhas com surpresa.


 


– Mas ficaram juntas ou foi nas festas infernais de vocês?


– Nas festas infernais... – respondeu, - mas Kirias nunca ficava com a mesma garota várias vezes e também sempre se aproximava da Juliana para pedir. Mas, nessa época era pura atração, eu concordo, mas agora ela está carente, Juliana dando mancada o tempo todo, fazendo festinhas e levando várias garotas no nosso apartamento...


– Ela está traindo a Leona!!!? –indagou num grito, jogando a colher de pau na pia. – Que cretina, filha da puta!


– Calma, Any! – Dulce pediu, erguendo os braços.


– Calma? Por que nunca me falou isso?!


– Porque você é amiga da Leona, oras! Por que eu te contaria! Hei... hei... – Dulce falava, afastando-se da menor que ia em sua direção com um dedo acusador. – E você participava das festas?


– Mas era na minha casa! Eu chegava, e encontrava vários amigos da faculdade, junto com a irmã da Juliana... É uma zona! – disse com um leve sorriso, puxando Any para um abraço.


– Que a Kirias fique com a Leona, então!!! – disse a menor com revolta. – Eu vou aconselhar a Leona a terminar com essa idiota! Eu fiquei revoltada agora, logo ela que nunca faz mal a ninguém.


 


Dulce ouvia o discurso de sua namorada com um sorriso nos lábios, começando a beijar seu rosto e por fim calando sua boca com sua língua habilidosa que fez Any se acalmar aos poucos.


 


OoO


 


E nas ruas da cidade, Leona dirigia com atenção, olhando para os lados, ouvindo a rádio do seu carro, sem dirigir uma única palavra para Kirias, que movia sua cabeça de um lado para o outro, tentando pensar em qualquer coisa menos sexo.


 


– E como foi o assalto, afinal? –Leona indagou, parando no farol vermelho.


 


Kirias suspirou e começou a relatar, assustando a menor que viu que ela realmente correu o risco de tomar um tiro. E em pouco tempo, elas mudaram de assunto e o trânsito parecia ser complicado demais.


 


– Acho que aconteceu um acidente. Impossível estar esse trânsito num Sábado – falou com agastamento, encostando-se no banco, desengatando o carro e olhando de soslaio para Kirias.


 


Kirios passou a mão por seus joelhos, depois ficou balançando a perna e parou tudo quando Leona a encarou com estranheza.


 


– Como está Alexia?


– Enfiada no quarto daquela imbecil da Haziel.


 


Leona sorriu e disse:


 


– Haziel é uma garota legal, talvez se você a conhecesse melhor...


– Conhecer melhor? Aquela imbecil!? – indagou num grito, sem surpreender Leona que já esperava esse ataque. – Ela sempre me irritou, sempre causou problemas naquele colégio.


– Na verdade você que implicava mais com ela.


– Eu?! Aquela cretina que vivia aprontando com as outras. Aliás, Juliana também não gosta dela.


 


Leona suspirou e disse:


 


– Juliana não gosta de ninguém que fique muito perto de mim, na verdade.


 


Kirias apenas a encarou sem dizer nada, passando a mão por sua cabeça, bagunçando seus cabelos que já estavam bagunçados.


 


– O colégio está no passado, Kirias. – falou calmamente.


– Você enterrou tudo que aconteceu naquele lugar, não é mesmo?


 


Leona concordou, balançando a cabeça.


 


– Mas não deveria.


– Se eu não esquecesse, ou relevasse, eu nunca mais falaria com você ou qualquer outra. – Confessou, olhando de esgueira para a loura.


– Tem raiva de mim, então? –indagou com escárnio.


 


Leona não respondeu. Kirias se remexeu no banco, sentando-se de lado, chamando a atenção da morena.


 


– Se for ter raiva de mim, eu acho que teria ódio pela sua prima! Afinal, como suporta a frieza e a agressão que você sofreu no passado? Só mesmo uma porta para não sentir nada, ou melhor, uma porta estaria toda despedaçada agora e...


– Kirias, cala a boca! – pediu com irritação, encarando a outra com ódio. – Quem é você para me dar sermão? Você não construiu nada até agora na sua vida. Não tem ninguém e fica sempre sozinha por causa desse seu gênio...


Leona foi interrompida pelo soco que recebeu no meio de sua boca, ela arregalou os olhos e se afastou, passando a mão pelos lábios cortados. Kirias nem havia batido com tanta força, mas ela estava sensível e ligeiramente irritada com aquele discurso. As duas ficaram se encarando, Leona estava sentindo o gosto de sangue na sua boca. A morena sairia correndo dali, mas estava no seu carro, parado num trânsito infernal com uma besta insana ao seu lado. Ela fechou os olhos e encostou a cabeça no banco, ficando com a mão na boca em silêncio. Kirias se acalmou um pouco e começou se arrepender do que tinha feito. Afinal não sabia mesmo se relacionar com ninguém. A loura tocou no pulso de Leona, fazendo força para baixo, tirando mão de sua boca, vendo o corte que provocou nos seus lábios, vendo o sangue seco que se formou no canto da sua boca. Os olhos de Leona estavam carregados de fúria. Ela estava fazendo um favor para aquela cretina e era tratada daquele jeito.


 


– Desculpe-me, eu me excedi. Eu estou estressada com o que aconteceu hoje, - falava, enquanto puxava o braço trêmulo para baixo, conseguindo ver o rosto da mais nova, que apenas olhou para o lado oposto.


 


Um silêncio incômodo ficou no carro. Kirias estava olhando a menor, as vezes falava alguma coisa, mas Leona nada respondia, as vezes ela ia para frente com o carro, quando o trânsito andava.


 


– Por que não sai do carro e vai a pé? – Leona perguntou num instante, numa voz baixa e carregada.


– É perigoso, eu posso ser atropelada, - disse calmamente, como se estivesse conversando com um colega.


 


Leona suspirou e nada mais disse. Dessa vez o silêncio foi cortado pelo toque do celular da morena, onde constatou que era sua prima pelo identificador de chamada.


 


– Alô... – Leona falou sem ânimo, com uma voz magoada.


– Oi, Leona, eu queria conversar com você sobre ontem.


– A noite nos falamos, - disse, enquanto massageava suas têmporas.


– O que está fazendo? Esta em casa?


– Não.


– Onde está? – indagou com curiosidade, estranhando a sua namorada não lhe falar onde estava.


– Levando Kirias na delegacia, eu estou presa no trânsito.





Kirias ergueu a sobrancelha e ficou atenta ao que a morena falava, sentindo-se incomodada com a situação. Agora ela olhava para o lado, sentindo vontade de sair do carro. Leona falava tranquilamente com Juliana, como se nada tivesse acontecido e Kirias percebeu que a morena havia aprendido a fingir que estava tudo bem e isso a entristeceu. Afinal Leona sempre sorriu quando estava visivelmente perturbada e sempre segurou a barra em todas as questões familiares que a aterrorizavam tanto no colégio como a sombra de sua irmã. Quando desligou, Leona voltou seu olhar para frente, passando a língua pelo o recém corte nos seus lábios. O longo tempo se passou e o carro conseguiu sair daquele trânsito infernal que havia sido causado por causa de um acidente entre um caminhão e um ônibus. Agora a morena acelerava, até que parou em frente a delegacia.


 


– Você não vai entrar comigo? –Kirias indagou, retirando seu cinto de segurança.


– Não, - respondeu seco.


– Por que?


 


Leona revirou os olhos. Por que será que não queria entrar na delegacia com aquela louca agressiva?


 


– Mas eu não tenho como voltar depois. Eu sei que está brava, mas você me provocou e...


– Kirias, se eu entrar nessa merda de delegacia com você. Você vai ficar quieta e não dirigir uma palavra sequer a mim?


 


A loura concordou com a cabeça, arregalando os olhos, não gostando de ser tão facilmente odiada pela mais nova. Leona respirou bem fundo e estacionou o carro e acompanhou a mais velha até todo procedimento burocrático que se instalou no lugar. Leona ficou sentada, olhando para a agitação na delegacia, onde havia prostitutas, bêbados e alguns garotos visivelmente perturbados. Estava uma loucura e pelo que Leona ouviu, a delegacia havia sofrido com as últimas chuvas, que inundou algumas salas e que agora não podiam ser usadas. Sendo assim o salão principal estava cheio de pessoas que começavam a se estranhar e brigar entre si. Por um momento o olhar da morena ficou perdido naquele mar de pessoas estranhas, seu olhar foi desviando para um corredor mais afastado, onde uma luz amarela iluminava um policial que aparecia atrás de um homem algemado e nesse momento o coração de Leona deu uma batida e parou, ao ver o rosto daquela que estava sendo guiada.


 


– "Não pode ser... ela devia estar na penitenciária!" – pensou, sentindo seus lábios tremerem. – "Não, ela estão vindo para cá..." – contatou com desespero, tentando se levantar para sair correndo dali, mas toda a energia de seus músculos lhe abandonaram. Ela estava em choque.


 


Era Eduarda que estava caminhando, com seu olhar despreocupado e um sorriso cínico nos lábios. Não havia provas contra ela, apesar de saber que a polícia a odiava e queria prendê-la. Nesse momento estava sendo presa por ter sido encontrada numa boca de fumo, mas estava sem drogas nos bolsos e sem nenhum tipo de arma, apenas observava o tráfico e disse cinicamente que estava passeando e foi pega desprevenida numa boca de fumo. Afinal Eduarda fazia as suas crianças comercializarem a droga, ela nunca se envolvia ou deixava rastros para que a policia a pegassem.


Kirias estava sentada numa cadeira, passando os dados do assalto para uma policial feminina que parecia estar em treinamento e não entendia como funcionava o sistema do computador. A loura ficou impaciente com toda aquela bagunça, se ela soubesse que a delegacia seria tão estressante, ela teria ficado em casa. E por um momento olhou para Leona, a quem estava tentando evitar a todo custo e se surpreendeu ao ver que a morena estava pálida, trêmula e com um olhar de criança perdida.


 


– "Por que ela está assim? O que ela está olhando?" – indagou para ela mesmo, acompanhando o olhar de Leona até uma mulher alta que usava um sobretudo encardido e um policial que parecia lhe interrogar.


 


Kirias se ergueu, sendo chamada pela policial, ela a ignorou e continuou a ir até a caçula da família Sabelio, tocando no seu ombro magro, quebrando o transe de Leona.


 


– Está tudo bem? – Kirias indagou com preocupação.


– Kirias, me tire daqui, por favor... – pediu num sussurro baixo.


 


A loura a puxou pelo braço, vendo como seu corpo estava pesado, sentindo um pouco de dificuldade até que passaram pelo corredor estreito e se afastaram do grande salão, indo até o banheiro que estava mais calmo. Leona foi até a pia e abriu a torneira, para lavar o rosto repetidas vezes. Kirias foi até ela, fechando a torneira por um momento e entregando uma toalha de papel para a menor que aceitou, começando a se secar.


 


– O que houve?


– Eu vi...


– Viu o que?


– Aquele muher... eu acho que ela me viu.


– Quem? De quem está falando?


– Eduarda...


 


Kirias tentava entender quem era o ser que estava causando tanto pavor na menor, mas não conseguia arrancar uma resposta mais inteligente de Leona.


 


– Eu já estou acabando o boletim, logo vamos embora. Vamos voltar, - e dizendo isso, puxou o pulso de Leona que se esquivou, caminhando para trás até bater na parede de azulejos azuis. – Você parece uma louca! – Disse, rindo baixinho, caminhando até a menor.


– Eu fico aqui te esperando.


– Nesse lugar fedido? Na boa, vamos lá, eu estou estressada com esse lugar também, mas quanto mais rápido formos, mas rápido estaremos em casa.


 


Leona balançou a cabeça numa negativa e aquilo deixou Kirias em um impasse. De repente a porta do banheiro se abriu, uma mulher encarou as duas garotas e entrou numa das cabines. O coração da morena voltou a bater em paz, ela pensava que poderia ver Eduarda a todo instante, ela olhou com desespero para Kirias que apenas lhe observava.


 


– Aquela mulher estava aqui, -disse. – Ela me olhou também, eu tenho medo que ela me ache.


– A mulher que te seqüestrou? –indagou, entendendo finalmente o motivo de tanta aflição. Afinal Leona estava há pouco tempo freqüentando uma clínica para tratar suas emoções e medo com relação esse episódio. Kirias sentiu um ar protetor de repente, ela puxou Leona pela mão e a arrastou para fora do lugar, atingindo a rua, deixando o boletim de ocorrência por incompleto. No seu íntimo Leona agradeceu de ser arrastada daquele jeito e talvez fosse melhor estar com a loura mesmo, porque sua prima com certeza agiria de uma forma irracional. Quando chegaram no carro, Kirias tomou a frente do volante, deixando a morena no banco de passageiro.


 


– Quer ir para casa?


– Não...


 


Kirias suspirou, seria melhor levar Leona para qualquer lugar desse mundo para que ela pudesse relaxar. A noite já tingia o céu de azul marinho, mas estava sem estrelas, revelando nuvens escuras. Talvez chovesse novamente mais tarde. Após rodar por algumas horas, Kirias estacionou num barzinho, ela não sabia aonde podia ficar a sós com a morena que estava realmente abalada com toda aquela situação. Leona olhou com desânimo para o barzinho, que mais parecia uma lanchonete e adentrou com a cabeça baixa, sentando-se num dos bancos de plástico. Mal chegaram um garçom, ou melhor, um garoto qualquer veio perguntar o que desejavam. Kirias pediu cerveja e ele se afastou.


 


– Ah, eu pensei que não ficaria desse jeito! – Leona bufou, passando a mão pelos cabelos negros, bagunçando-os, puxando, causando um pouco de dor a ela mesmo.


– Foi muito recente, você não tem que superar tudo o tempo todo. – Disse sabiamente, recebendo a garrafa gelada, enchendo dois copos com o líquido dourado. – Não tem que superar e aceitar tudo, porque os outros dizem que você tem que fazê-lo. – E dizendo isso, chamou a atenção de Leona, que o olhou com certo conforto.


– Eu fico sufocada, por ter que fazer tantas coisas que eu mesmo não quero.


– Eu sei, você precisa de um tempo. Seus pais te sufocam desde a morte da sua irmã. Suas primas vivem te mimando o tempo todo para que você nunca fique triste... afinal, ninguém deixa você em paz.


 


Leona concordou com um sorriso nos lábios, ela ficou alegre ao ouvir aquilo. Ela estava cansada de sempre ter que estudar, malhar, ter roupas caras, estar sempre feliz e antenada nas novidades, agradar seus pais e principalmente as suas primas. Victoria não ficava satisfeita enquanto não via um sorriso de felicidade no seu rosto, então fingia estar muitas vezes. Quanto a Juliana, esta não estava satisfeita caso sonhasse que Leona estivesse infeliz com ela, assim ficava lhe pressionando para saber o que estava pensando e fazendo, para que pudesse ter o controle de tudo.


 


– Kirias, eu não tenho controle sobre minha vida.


– Você que deixou isso acontecer com você mesma, desde o colégio, onde Juliana comandava em tudo.


– Melhor ela comandando naquela época, do que sozinha a mercê daquelas garotas – disse, com indignação.


– Se você olhasse um pouco ao seu redor, você saberia que não precisaria da Juliana para se sentir segura, mas você se apoiou nela de uma forma que ficaria muito difícil você olhar para os lados.


 


Leona não respondeu, até porque não concordava, para ela não era tão fácil fugir do domínio de sua prima.


 


– Agora você mora num lugar somente, porque seus pais permitiram, sua prima permitiu. Por que não faz algo por você mesmo, sem consultar ninguém? – comentou, sorvendo alguns goles de sua cerveja, sentindo aquele liquido com prazer, ela precisava relaxar também.


– O que sugere?


– Não, Leona! – riu baixinho, não sou eu que tenho que sugerir, esse é o grande problema. Você tem que pensar e fazer o que quiser, tem que quebrar a cara, sentir os problemas e então vai dar mais valor ao que tem.


– Eu dou valor ao que tenho...


– Não, você dá valor ao que os outros te dão, como se fosse realmente importante aceitar o que vem dos outros. Parece que você engole tudo e depois sente o gosto, e se for ruim, você sorri e se for bom, você age do mesmo jeito. – Disse baixinho, pensando no que estava realmente falando. – Porque as vezes você tem que aprender a dizer não.


 


A morena estava surpresa com aquele discurso, ela mesma achava que podia estar fazendo alguma coisa que realmente gostasse, mas a faculdade em si estava lhe estressando. Ela fazia um curso de Letras, e gostava, mas não estava sendo tão empolgante quanto pensava que seria e tinha medo de dizer isso a sua família, principalmente a Victoria.


 


– Você já ficou com alguém sem ser a Juliana?


– Eu já dormi com outras garotas, -disse, bebericando da sua cerveja.


– Mas sentiu vontade de ficar com essa pessoa que dormiu ou foi por pressão do colégio?


– Eu quis realmente, eu gostei. –Revelou para a surpresa de Kirias.


– Mas só namorou Juliana até hoje, certo? – indagou, recebendo um sinal positivo da mais nova. – E quem foi essa ela?


– Haziel, - respondeu seco, fazendo Kirias engasgar.


– Aquela filha da puta? Como pode fazer isso?


 


Leona suspirou e voltou a beber sua cerveja, dando de ombros, não sabia explicar, mas se dava muito bem com Haziel e não tinha problema nenhum quanto a sua pessoa.


 


– Mas... vocês ficaram?


– Algumas vezes...


– Algumas vezes!!!!? – indagou num grito, dando um tapa na mesa, assustando a Leona e os demais que estavam sentados no barzinho.


– Kirias, não implique com as minhas amigas, eu cansei disso.


 


A loura ficou atordoada, nem ouviu o que Leona havia pedido, ela queria apagar essa informação da sua cabeça, ela passava a mão por sua testa, deixando-a ligeiramente vermelha.


 


– Bom, mas você só namorou a Juliana, alguém da sua família e que cresceu com você, então você não sabe o que é namorar alguém...


– Diga-me, Kirias. Você descobriu isso quando terminou com sua irmã?


 


A loura se irritou um pouco com aquela pergunta, mas não podia explodir a todo momento que Leona tocava no nome de seu irmã.


 


– Sim, eu percebi que... parecíamos duas crianças juntas. Nos gostamos muito até hoje, mas as birras de irmãs estavam presentes nas brigas de namoradas... isso não dava certo.


 


Leona ouvia atentamente até que seu copo ficou vazio, mas logo Kirias voltou a enchê-lo pedindo outra garrafa.


 


– Eu imagino que você briga com Juliana por assuntos da infância, familiares, coisas que não deveriam ser ditas em um namoro, certo?


– Sim, a gente discute muito, porque temos muitas lembranças juntas, ainda mais quando tocamos no nome da minha irmã...


– Isso, eu nunca entendi! Como você aceitou ficar com Juliana, mesmo sabendo que ela te comparava com sua irmã. Você não tem orgulho?


 


Leona travou, ficando a encarar a mais velha de um jeito perplexa. Será que ela tinha que falar sobre um assunto tão pessoal com a amiga da ruiva? Não queria se expor assim.


 


– E meus sentimentos não importam? Eu gosto da Juliana...


– Gosta mesmo? Ou você acabou gostando, porque todo mundo da sua família gosta dela, inclusive sua falecida irmã?


– Kirias, você nunca entenderia e eu não vou te fazer entender.


– Então me responda a verdade.


– Eu gosto dela. Será que isso é tão difícil de entender?


– Gosta? Por que parece que você tenta achar motivos para sempre se afastar? Ora no psicólogo, ora com aquele garoto, ora com brigas, ora correndo até sua outra prima... Olha, parece que você tenta fugir de você mesmo as vezes, - falou sincera, sem alterar seu tom de voz, ficando atento as reações da morena, que estava realmente mal humorada.– Só falta você se envolver com Victoria agora.


 


Leona riu baixinho ao ouvir o outro comentário, imaginando como deveria ser patética ao olhar da mais velha.


 


– Você deve me desprezar, Kirias!– e continuou a rir alto.


 


Kirias nada respondeu ao sentir seus sentimentos entrando em conflito, ela abriu a boca para dizer algo, mas se calou, ela não podia fazer nada, apenas assistir Leona falando o quanto ela era patética sem poder abraçá-la ou consolá-la e isso a deixou indefesa, insegura e até mesmo chateada. Sua animação de estar sentada numa mesa de bar com Leona desapareceu. Ultimamente Juliana estava reclamando que Kirias estava sempre saindo com elas, atrapalhando o namoro, por causa da sua carência. Mas a loura achou realmente divertido sair com as primas, porque elas sabiam aproveitar festas, aliás, Juliana as arrastava para lugares muito legais. Claro que ela não ficava pendurada em Leona ou Juliana especificamente, mas acabava ficando com o casal que a levava para casa. A situação agora podia ser diferente se Kirias não fosse tão impulsiva. Com certeza Leona não havia esquecido do soco que levou e também não confiava muito em Kirias, porque sempre se mantinha distante. Aqueles pensamentos estavam entristecendo a mais velha, que passou a mão por seu cenho franzido, ouvindo mais um falatório da mais nova. Não que Leona a irritasse, mas estava atada, só podia ouvir e nada mais. De repente o celular de Leona voltou a tocar, ela olhou para a tela, avisando que era sua prima.


 


 Oi, Juliana...


– Onde você está? Eu estou aqui na sua casa, eu pensei que voltaria logo.


– Está aí sozinha?


– Não, eu estou olhando para a cara da Dulce e da Any. – falou contrariada. – Onde você esta? Ainda está na delegacia?


 


Leona travou, ela não podia responder que estava bebendo num barzinho com Kirias, enquanto falava mal dela.


 


– Eu estou voltando!– falou num impulso, achando que ia faltar voz por um momento.


– Onde você está!?– Indagou num tom mais alto.


 


Dessa vez até mesmo Kirias havia se assustado com o grito da ruiva. Ela puxou o celular da mão de Leona rapidamente e desligou.


 


– Por... Por que fez isso!? –Leona indagou exasperada, tentando puxar seu celular.


– Eu não sei, mas eu fiquei nervosa! – Disse sincera, rindo baixinho em seguida, vendo que o celular voltou a tocar.


 


Leona tentou puxar o aparelho e máximo que conseguiu foi uma risada insana da mais velha que se ergueu e foi até o caixa, pagando a conta, aparecendo logo depois com o celular na mão que não parava de tocar.


 


– Kirias, devolve isso agora!


– E você vai dizer o quê para ela? – indagou, devolvendo o celular, vendo que a morena atendeu rapidamente.


 


O grito de Juliana podia ser ouvido claramente por qualquer pessoa que estava próxima ao aparelho. Leona disse rapidamente que estava indo para casa e que ia desligar, porque não tinha o que falar e também não queria Kirias ouvindo sua conversa. No carro, Leona assumiu a direção e foi para casa, sentindo seu coração acelerado, imaginando a discussão infinita que essa noite ia causar, somando as discussões da noite passada. Ela até sentia medo de se encontrar com a ruiva, felizmente ela estava no seu apartamento com Dulce e Any e não poderia fazer nada contra sua pessoa. Quando chegaram, Leona parou o carro e respirou bem fundo, saindo do carro com Kirias que a seguia com as mãos no bolso da calça, com a cabeça baixa. Quando chegaram no apartamento, Leona cumprimentou Any e Dulce que estava amuadas num canto diante da fúria da sua visitante. Juliana era realmente intimidadora quando estava brava.


 


– Oi! – Leona a cumprimentou, dando um leve aceno para Juliana, jogando a chave do carro na cômoda.


– Por que desligou o telefone na minha cara? E por que raios você está com a boca toda cortada?


 


Nesse instante Dulce e Any olharam para Kirias que arregalou os olhos e passou as mãos por suas madeixas louras, com certo nervosismo. Ela não tinha medo de Juliana, mas não queria ser o pivô da discussão.


 


– Eu estava na delegacia e...


– Mentira! Vocês não estavam na delegacia!


– Eu não disse que estava nela, espere eu terminar de contar! E por que temos que discutir na frente de todo mundo?! – Perguntou dessa vez com raiva, olhando de canto para Kirias que assobiava baixinho, olhando para seu all star surrado.


 


Leona passou a mão por suas pálpebras, fechando os olhos, no instante seguinte já se via arrastada para fora do apartamento, deixando um trio assustado para traz.


 


– O que você fez, Kirias? – Dulce indagou calmamente, puxando uma unidade de seu cigarro, mas sua mão logo foi puxada por Any, que balançava a cabeça numa negativa. Sua namorada estava com um ótimo hálito de menta na boca, não podia deixá-la fumar antes que a beijasse a noite toda.


– Eu!?


– Sim, você! – Quem falou agora foi Any, apontando o dedo para Kirias.


– A Leona me irritou, ela não parava de falar e eu dei uma na cara dela! – disse naturalmente, batendo uma mão na outra.


– E o que Juliana vai pensar? Leona com certeza não vai falar o que aconteceu, porque ela é muito discreta. – Any disse com revolta, - vai agora arrumar essa burrada!!! – Gritou a loira em seguida, assustando Dulce e Kirias.


– Eu? Eu não me intrometo em briga de casal!


 


Dulce cruzou os braços e ergueu uma das suas sobrancelhas, tentando engolir aquela mentira lavada. Desde quando Kirias não se intrometia?


A loura não havia convencido nem a ela mesma com aquela resposta, ela deu meia volta e saiu do apartamento, com as mãos no bolso e um passo acelerado, torcendo para achar o casal na rua. E quando saiu viu a dupla ao longe, discutindo próximo ao carro. Ou melhor, Juliana parecia querer jogar sua prima no carro, como se fosse seqüestrá-la e Leona resistia, tentando se livrar de suas mãos.


 


– Hei, vocês!!! – Kirias gritou, correndo até elas. – Não acham que estão badernando demais? – indagou em seguida, aproximando-se do casal.


 


Juliana soltou a menor e respirou fundo, lançando um sorriso irritadíssimo para a loura que estava cada vez mais próxima.


 


– O que você quer? – Indagou a ruiva, parecendo estar tendo uma conversa normal, ignorando o fato que estava com as mãos apoiadas na porta do seu carro e que sua prima estava entre elas, sendo praticamente presa.


– Eu queria dizer que sou responsável pela marca, - falou de repente, apontando para o rosto de Leona que revirou os olhos e deu um tapa na própria testa. Ela já havia dito para Juliana que havia sido empurrada no banheiro da delegacia e bateu com a boca na porta. E a ruiva havia aceitado essa versão com tranqüilidade ainda por cima.


 


A ruiva se afastou de sua prima, endireitando-se, tornando a ficar ereta, estranhando a atitude de sua amiga. Por um momento Juliana arregalou os olhos e sentiu um arrepio correr por sua espinha. Como assim Kirias havia machucado sua namorada?


 


– Mas por que? – E foi a única coisa que conseguiu perguntar. – Ela ficou falando de como era estranho me relacionar com minha irmã, coisas do tipo, que você sabe que me tiram do sério.


 


Juliana analisou o caso por um instante. Leona era discreta, não era o tipo de pessoa que ficava falando sobre assuntos pessoais mesmo que tivesse a abertura da outra pessoa. Ela olhou de esgueira para sua prima que estava impassível a toda aquela situação, ou melhor, Leona estava travada, não sabia o que responder. Ela havia mentido para Juliana, talvez fosse melhor dizer que Kirias havia lhe agredido, mas depois que a loura a ajudou se acalmar na delegacia, a morena ficou sensibilizada e não quis denunciá-la.


 


– E por que você não me disse a verdade? – Juliana indagou, olhando para sua prima.


 


Leona suspirou e balançou a cabeça numa negativa. Talvez fosse falar desde o começo, quando viu Eduarda na delegacia e assim começou a contar tudo num grande resumo até o ponto que foram num bar e ali ficaram até que a ruiva ligasse. E ao final de seu relato, o trio se encarou sem mais nada a dizer.


 


– Tudo resolvido, então?! –Kirias indagou com certo ânimo.


– Kirias, eu quero ver você longe da minha prima. – Falou com agastamento, - eu estou cansada de ter que sempre levar você para os meus passeios e agora não quero ver você agredindo minha namorada como se fosse uma idiota qualquer. Eu não vou repetir.


 


Leona se surpreendeu com as palavras da mais velha, seu coração até palpitou quando ouviu Juliana falar a palavra "namorada", porque a ruiva sempre falava "prima" e isso soava frio e indiferente.


 


– E você mentiu para mim! – E gritou em seguida, apontando o dedo para a morena que se assustou.


– Você ainda está brava!? – Leona indagou com indignação. Por que será que não podiam rir do mal entendido e pararem de brigar. Ou melhor, por que a ruiva não agia igual a Dulce e dava na cara da loura por ousar machucá-la? – Eu que deveria estar brava!!! – E gritou em seguida, quando não teve resposta. – Você brigou comigo a noite passada, na sua casa, e agora está toda eufórica para voltar a discutir comigo novamente. Por que não aprende a separar as coisas Juliana?


– Como assim separar?


– Separar! Por que vive brigando comigo sobre assuntos que não dizem respeito ao nosso namoro? – indagou dessa vez, lembrando-se da conversa que teve com Kirias.


 


Enquanto as primas discutiam, Kirias ficou num cantinho olhando para cada Sabelio, torcendo internamente que elas brigassem e isso a deixou de certa forma injuriada. Ela estava torcendo contra sua amiga, ela gostava de Juliana, aliás, se dava muito bem com a ruiva, mas sua intenção e seus pensamentos estavam voltados para outra pessoa. E se Dulce ou Juliana tinham um instinto protetor, com certeza esse instinto não se igualava ao de Kirias. Num momento Juliana puxou a mais nova pela gola da camiseta, colando os corpos num tranco para depois voltar a jogá-la para trás, contra o carro e a discussão se encerrou.


 


– "Por que elas estão discutindo mesmo? Eu estou ouvindo um monte de abobrinhas e não estou entendendo nada. Festa passada, bebida, tios, cachorros... não faço idéia! Isso cansa!" – Kirias pensava, enquanto mordia sua unha.


 


E o que surpreendeu foi que Juliana entrou no seu carro e foi embora, deixando uma Leona desolada para trás, que acabou se sentando na guia da calçada, colocando as mãos sobre seu rosto que estava todo molhado por causa das lágrimas.


 


– E por que vocês brigaram dessa vez!? Eu juro que não entendi.


 


Leona não respondeu, apenas acompanhou Kirias com o olhar, quando esta se sentou ao seu lado.


 


– Nem eu sei, porque ela estava tão brava. Ela acha que eu estou traindo ela de alguma forma... – falou baixinho.


– Com aquele rapaz?


– Sei lá... com ele também. Ela é ciumenta demais, eu não sei o motivo, eu dou tudo o que tenho para ela.


– Mas ela nem dá metade do que tem para você. Ela reclama das festas, mas e as festas que... – Kirias ia falar mais alguma coisa, mas mordeu a língua literalmente, para impedir que fofocasse contra sua amiga.


– O que quer me dizer, Kirias? –indagou com a voz rouca, bem próxima a Kirias que apenas balançou a cabeça numa negativa. Leona ficou mais que curiosa, ela fechou a mão no braço da loura e se aproximou. – O que você estava dizendo?! Continue!


– Nada! Me solte ou eu vou esfregar sua cara no asfalto! – disse num tom sério, tentando ignorar o cheiro forte daquele hálito que estava muito próximo. Ou melhor, o perfume de grife que a morena usava era inebriante.


– Ah! Não me venha com essa! –gritou, exasperado. – Eu quero saber!


 


Kirias se afastou daquela mão e se ergueu, postando-se a caminhar, enquanto mordia seu lábio inferior. Ela não podia trair a confiança de Juliana desse jeito. Mas não podia fingir para ela mesmo que não estava fazendo isso a partir do momento, que acabou gostando de sua namorada. A loura olhou para trás ao ver que Leona estava numa ligação, ela ouviu apenas que Leona estava marcando um lugar de encontro.


 


– Já vai se resolver com sua prima? – Kirias indagou com certa amargura.


– Na verdade, eu vou sair com alguém que não me agrida e que conversa comigo normalmente.


– Aquele rapaz? – indagou, dando mais atenção. Carlos era uma ameaça somente para Juliana até o momento que Kirias a imaginou dentro de um círculo vermelho, como se fosse um alvo para seu ódio.


 


Leona colocou o celular no bolso e começou a caminhar com a cabeça baixa, ela ia de taxi, até porque as chaves estavam no apartamento e não queria aparecer chorando para as outras.


 


– Hei! Não me ignora! – Kirias gritou com revolta, correndo até a menor, começando a andar ao seu lado em silêncio.


– Vai me seguir para depois contar para a Juliana como sempre fazia no colégio?


– Não foi você mesmo que disse que não era para levarmos o colégio em consideração? – Indagou, seco. – Se quiser lembrar do colégio, vamos tentar lembrar de coisas boas ou que nos deram algum prazer.


 


Leona sentiu um frio correr por sua espinha ao ouvir aquilo, ela passou a mão por seus olhos, retirando a umidade e acelerou seu passo. A loura lhe fez relembrar de uma noite onde ela foi pega no andar do quarto ano, onde Kirias estava a reinar a bagunça.


 


– Se quiser lembrar de mim no colégio, saiba que eu posso ser mais irritante do que estou sendo agora! – Confessou no final, dando um meio sorriso diabólico para Leona que estava com medo de andar na noite com Kirias ao seu lado.


– Tudo bem, vamos esquecer.


– Não quero esquecer nada, você que gosta de fugir das coisas. Eu nunca tive a oportunidade de conversar com você sobre aquilo...


– Eu não quero falar sobre nada do passado! – Disse apressado, interrompendo a mais velha. – Kirias, por favor, deixe-me em paz. Hoje não é um bom dia.


 


Aquela conversa estava atiçando Kirias, ela ria baixinho e continuava a andar ao lado da mais nova.


 


– Você deve ter ódio de mim, certo?


– Eu não sinto nada por você, Kirias.


 


A loura engoliu em seco, mas não havia perdido seu ar maldoso, ela estava arisca.


 


– Não sente nada? Ah, mas naquele dia você sentiu. E mais... eu queria falar com você no dia seguinte, mas Juliana fez uma muralha em volta de você, porque ela....


– Cala a boca! – gritou em fúria, parando de andar voltando seu olhar para a maior. – Por que não age como uma pessoa normal e seja direta nos seus assuntos ao invés de ficar perturbando os outros?!


– Quer que eu seja direta?


– Quero!!!


 


Kirias ergueu o braço e passou pela cabeça da menor, fechando a mão num punhado de cabelo da nunca e depois a puxou para frente, num tranco forte, colando seus corpos, suas respirações aceleradas. Leona ergueu o olhar e temeu aqueles orbes cor de mel lhe encarando com tanta atenção.


 


– "Ótimo, agora eu vou apanhar..." – Pensou descontente, fechando os olhos em seguida.


 


A loura paralisou, ela não sabia se ia adiante ou não naquilo, mas não era uma mulher que voltava atrás nas sua ações e escondia o que sentia. Ela abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior da morena, que com o susto se moveu para traz, fazendo com que os dentes de Kirias cortassem seu lábio mais uma vez naquele dia.


 


– Idiota! – Kirias falou baixinho, abrindo a boca, soltando o lábio de Leona, sentindo o gosto de ferrugem na sua língua. – Não se pode puxar a cabeça assim, eu podia ter arrancado um pedaço.


 


Leona olhava para o chão, incrédula. Ela não sabia se aquilo era para ser um beijo ou um jeito estranho de ser agredida e se fosse pensar em Kirias, qualquer coisa podia ser possível.


 


– O que você quer fazer, agora? –Indagou a loura. – Você está sangrando muito, eu acho que exagerei, mas a culpa foi sua.


– "Minha culpa!?!?!" – indagou para ela mesmo, perplexa, começando a andar para longe daquela louca, mas sentiu a mão pesada sobre seu ombro e então voltou a olhar para trás com descontentamento. – "O que ela vai querer agora? Bem que Juliana podia me proteger contra essa idiota de vez em quando, mas com certeza vai rir e dizer que eu que acabei provocando..." – e concluía seu pensamento com exasperação.


 


A loura voltou a puxá-la, mas desta vez teve mais relutância e assim podia ver o corte que havia feito. Certamente que aquilo devia estar doendo e por isso mesmo sentiu um célere prazer no seu âmago.


 


– Não bastou me socar? Agora tem que morder? Você podia ter me agradecido por ter te levado na delegacia hoje, mas eu não quero mais discutir com você, Kirias!


– Eu não agradeci pela carona, - disse entre um sorriso, perdendo-se naqueles olhos avermelhados. – Obrigada!


– "Que cínica, filha da puta!".


– Agora podemos continuar até o ponto de taxi?


– Eu vou sozinha!


– Muito perigoso andar a noite, nessa escuridão...


– Kirias, por favor, - pediu sobrepujado, fechando os olhos.


– Hum?


– Por favor, me deixe em paz!


 


Kirias resolveu soltá-la ao ver o quanto estava aporrinhando demais aquela criatura, ela deu um passo a frente e passou o braço pelos ombros de Leona e voltou a peregrinar com ela.


 


– Vou te levar naquela farmácia para fazer um curativo nessa boca.


 


Leona nem sequer discutiu, ela apenas acompanhou a maior e fez suas vontades. Depois que limpou seu ferimento na farmácia, ela estava sendo arrastada ao ponto te taxi sem nenhuma vontade, apenas deixando-se guiar. Não tinha cabeça para pensar, ela havia ouvido coisas alarmantes de Juliana. Aliás, a ruiva estava muito boazinha ultimamente, mas era tudo uma farsa, ela só estava se segurando aquela besta nebulosa que vivia no seu âmago. Kirias havia dado a direção da sua casa e o taxista o obedeceu. Quando avistaram o destino, a loura puxou a carteira da menor sem nenhuma cerimônia e pagou o taxista, puxando Leona pelo braço, mas logo a mais jovem se afastou e começou a ser guiado apenas com a voz da outra a subir. No apartamento, Leona suspirou e já caminhou até a sala, afundando-se no sofá, deitando sua cabeça numa das almofadas. Kirias a olhou, depois trancou a porta e colocou a chave no seu bolso, despedindo-se de Leona com um ingênuo: "boa noite", para depois se fechar no seu quarto. As horas foram se transposto, Leona já havia se agarrado as almofadas, retirado sua bota e sentia um sono gostoso começar a lhe tomar. A morena abriu os olhos pausadamente ao ouvir uma risada alta no corredor, ela se remexeu, ainda estava com sono. Depois ouviu a voz de sua prima e se incomodou um pouco, Juliana havia chegado e não teria sossego. Ela se levantou de repente e foi até a cozinha em passos ligeiros. A porta se abriu e um trio de mulheres adentrou, rindo e conversando alto, elas acenderam a luz da sala e jogaram-se ali mesmo. Da cozinha, Leona ouvia a conversa de bêbados, enquanto estava sentada no chão frio, abraçando seus joelhos.


 


– E quem é aquela garota que anda sempre com você, Juliana? – Indagou uma das garotas que estava ao lado da ruiva, passando a mão sem nenhum pudor por seu ombro.


– Minha prima... – respondeu, jogando o pescoço para trás, relaxando com a caricia.


– Ela é muito bonitinha, você nunca tentou nada com ela?


– As vezes, mas só para tirar o estresse. Ela é muito imatura ainda.


 


Da cozinha, Leona estava atônita, ela sentia-se dentro de uma novela, e só faltava as câmeras e as luzes para mostrar que ela era a gata borralheira que sofria com o drama que viria a seguir. Sua prima estava na sala com duas vozes desconhecidas, falando sobre intimidades que lhe eram bastante pertinentes.


 


– "Imatura!?" – especulou para ela mesmo.


 


Leona começou a ouvir um som que lhe perturbou por completo. Pareciam beijos e abraços. Ela se aproximou da porta e espiou em sigilo, vendo Juliana beijando e abraçando uma das garotas, enquanto a outra bebia uma latinha de cerveja em silêncio.


 


– "Eu não estou vendo isso!" – Considerou, voltando a sentar no chão, com as faces vermelhas de rancor e ciúme, enquanto seus braços tremiam involuntariamente.


 


Leona se ateve ao novo diálogo.


– Semana passada você também estava assim, Juliana. Por que saiu tão apressada da casa da Paula? – Indagou a voz desconhecida.


– Eu tive um assunto a resolver,- respondeu a ruiva. – Odeio cobrança, não tenho que dizer nada para vocês. Aliás, eu estou com fome.


 


A morena se ergueu friamente e foi andando até a lavanderia, onde se sentou ao lado da máquina de lavar roupa, desejando que Juliana não a achasse ali. Ela estava tão constrangida que não conseguiria aparecer na sua frente. Não sabia como reagir, talvez matasse sua prima. Entretanto elas não foram para a cozinha, Leona ouviu a porta batendo e correu em desespero até a sala, encontrando-se sozinha. Elas haviam partido! Claro que não comeriam em casa, porque não havia nada saudável ou interessante ali. A oportunidade de ter pegado Juliana no flagrante havia passado, mas Leona não queria se humilhar na frente das outras, ela se sentou no sofá, no mesmo lugar que sua prima estava ha poucos minutos. Sua mente estava cheia de pensamentos desconexos, ela não conseguia ponderar em nada que não fosse matar a sua namorada.


 


– Ainda está aí, Leona? – a voz de Kirias a acordou de seus devaneios.


– Kirias! Você sabia disso!?


 


A loura balançou a cabeça, afirmando, na verdade havia levado Leona de propósito ao apartamento. Ela não tinha coragem de fofocar contra Juliana, então levou a menor para que visse pessoalmente, assim estava isento de culpa. Afinal, a ruiva sempre levava alguém diferente para casa quando podia.


 


– Eu estou com tanto ódio!!!


– Você uma vez disse que havia cansado de fazer Juliana tentar gostar de você... Ainda está cansada?


Leon ergueu seu olhar carregado de odiosidade, mas não era direcionado a Kirias, ela estava com raiva dela, da ruiva, de tudo. Queria sumir!


A loura se aproximou, ficando parada na frente da menor.


 


– Eu quero matá-la! – Vociferou.


– Isso porque você sempre volta para ela, não importa o que aconteça.


 


Leona quebrou ao ouvir aquilo. Era uma verdade infinita e infeliz.


 


– Se eu tivesse outra pessoa, outra coisa para fazer... se ela não fosse tão presente na minha casa e... ah! Que ódio! – gritou, dando um soco no sofá.


– Você precisa de outra pessoa, - Kirias avisou num doce sussurro.


– Não é tão fácil assim, arranjar alguém!!!


 


A loura abriu os braços de repente, indignado com aquela declaração.


 


– Tem uma loura linda na sua frente, e você diz que não é fácil... achar alguém? –


 


Indagou de repente, indignada com tamanha ousadia!


 


– Pare de brincar Kirias, eu não estou com humor para isso.


– Humor!? – indagou incrédula, puxando aquela criança pelo braço num único puxão para depois lhe fechar os braços na sua cintura estreita, assustando Leona que tentou balbuciar alguma coisa, mas se calou quando aqueles lábios ressecados e cortados cobriram sua boca. Por um momento pensou que Kirias ia lhe morder, mas a língua quente a habilidosa lhe preencheu a cavidade, fazendo com que um acúmulo de saliva escorresse pelo cantos das bocas. Leona estava estonteada, com furor e ainda não conseguia reagir, até que seus braços se moveram, elevando-se até as costas vultosas, tocando devagar, enquanto sentia o abraço ao redor de seu corpo se apertar.


 


Aquilo estava sendo uma loucura! Leona caiu deitada no sofá, gemendo baixo ao sentir o peso da mais velha sobre seu corpo, ela estava com as pernas abertas, permitindo que Kirias que estava com uma boxer se enfiasse ali no meio. O beijo era intenso, experiente, regado e decidido. Elas moviam a cabeça de um lado para o outro, sentindo o ar faltar com o passar dos minutos, elas estava vermelhas, descabeladas e molhadas. E quando se separaram, Leona apenas sentiu um frio no seu baixo ventre ao ver que tinha um felino com as mão no seu peito, olhando-a como se fosse devorá-la por inteiro. Era uma intensidade no olhar, que não conseguia nem sequer descrever.


De onde havia saído todo aquele desejo?


 


– Ki... Kirias?


– O que foi?


 


Leona aspirou todo ar a sua volta e o soltou, ela estava nervosa. A loura exibiu um sorriso que surpreendeu a menor, que voltou a ser beijada, sem tanta euforia dessa vez.


 


– "Que seja, então! Juliana, você vai se arrepender!!!" – pensou com ódio, fechando sua mão no moicano louro, intensificando o beijo, animando as coisas entre as duas, atiçando ainda mais Kirias que já estava completamente excitada.


 


OoO


 


Continua...



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Autor(a): lunaticas

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"Falar é completamente fácil, quando se têm palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá". (Carlos Drummond)   OoO   Leona aspirou todo ar a sua volta e o soltou, ela estava nervosa. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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