Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon

Na manhã seguinte, em outro bairro, longe de toda a euforia das drogas e das traições, um casal parecia estar completamente em paz. Haziel estava sentada no banco de espera de um salão de beleza, ela e sua namorada iam cuidar de sua aparência. A mais velha estava decidida a mudar o visual, até porque não sabia cuidar e estava num estado lamentável. Isso, porque na semana anterior havia ido retocar suas tatuagens que estavam ficando apagadas por causa do tempo. Alexia estava sentada ao seu lado, pensando no que faria para mudar a ideia de sua namorada em cortar os cabelos. Mas ela mesma estava ansiosa para ver o resultado. Mudanças eram difíceis, mas eram necessárias e parecia que sua namorada estava numa fase de coisas novas e mais maduras. Com o andamento do barzinho, Haziel via a necessidade de construir uma imagem e um espaço para coisas boas e saudáveis na sua vida. Algumas horas se passaram e Alexia saiu com seus cabelos louros, obviamente não estava no seu tom natural, porque era impossível, mas não precisaria mais retocar. Haziel estava com os cabelos batendo um pouco acima dos ombros, ainda dava para prender, mas agora estavam com os fios mais bem cuidados e hidratados. A dupla saiu, sentindo a brisa bater nos cabelos renovados.

– Que horas são? - Indagou a maior, buscando fumar seu cigarro, enquanto admirava o amarelo intenso que estava na cabeça de sua namorada. Alexia ficava linda com os cabelos negros ou louros, talvez até mesmo com a cabeça raspada.

– Ainda dá tempo, podemos ir agora, - disse, olhando para seu relógio de pulso, bocejando em seguia. Ela estava com sono, porque Kirias não a deixou dormir naquela madrugada, que ela chegou em casa toda machucada e cheio de novidades.

O casal caminhou até o carro, elas estavam indo para uma imobiliária. Haziel estava precisando morar mais perto do seu barzinho, porque o escritório se encontrava no andar de cima e sua irmã gêmea não estava sendo tão responsável quanto deveria. No final, ela que acabou fechando contrato com empresas de bebidas, suborno para policiais, suborno para órgãos fiscais que cuidavam de som alto, contrato com artistas que tocavam na casa, além de ter que correr para fazer um curso rápido de administração e negócios. Tudo estava sendo uma loucura, os gastos estavam saindo maiores que os lucros e se isso continuasse, ela teria que fechar a casa. Mas com o apoio de sua namorada, ela conseguiu ter ambição e vontade de seguir em frente. Quando chegaram na imobiliária, uma moça apresentou os apartamentos e casas que havia por perto, chamando a atenção para um apartamento pequeno que tinha um aluguel barato que ficava duas quadras no barzinho. E sem pensar muito, acabou fechando o acordo, desejando assinar tudo o mais rápido possível para ir embora e dar atenção as outras prioridades de sua vida. Alexia estava entendendo cada vez mais de administração e negócios, porque ela lia tudo que era necessário na Internet e passava para sua namorada, vendo se ela ficava menos estressada e preocupada, além disso, estava lendo bastante sobre direito tributário, tentando saber sobre o pagamento de impostos e o enquadramento fiscal que estava registrada a empresa. No final daquele dia, a dupla estava exausta, jogada no sofá, olhando para o teto rachado da sala.

– Eu estou podre... - Alexia disse, numa voz cansada, sentindo seu estômago roncar de fome, mas estava sem forças para levantar até a cozinha e caçar algo no armário, que provavelmente não teria nada. Afinal, Haziel continuava sendo a senhora da bagunça.

– Obrigado por me ajudar em tudo isso... eu não conseguiria sem você. - falou, passando a mão pela coxa da sua namorada, apertando-a levemente.

– Você estava mais estressada que o normal... - disse, - eu fiquei preocupada.

– Amín está saindo uma bela de uma safada, ela só aparece nos finais de semana, fica na gerência, assalta o nosso caixa e depois some. Ela não pode ficar pegando o dinheiro e consumindo tanto... eu vou ter que falar com ela.

Alexia nada disse, porque a última vez que falou mal da sua cunhada, ela havia recebido uma patada fenomenal de sua namorada. Não se fala da família da outra... havia aprendido isso da pior forma possível. Apesar de que... Haziel adorava falar mal de sua irmã.

– Ah, eu tenho que ir para casa e arrumar o quarto, - falou com agastamento.

– Por que?

– Kirias vai voltar para casa, e eu badernei o quarto dela. Minha mãe ficou brava e falou que eu tinha que arrumar ou ia cortar minha mesada...

– Eu te dou mesada, eu quero que você durma aqui hoje.

– Não vai dar!

Haziel bufou. Era sempre a mesma história, a sua namorada era mais nova e vivia embaixo das asas de seus pais, sem contar que Kirias vivia lhe enviando mensagens para lhe encher o saco. No final, via Alexia durante o dia e a noite sua namorada tinha que voltar para casa, como uma criança. O pior era quando Alexia tinha que voltar antes das dez horas!

– Por que ela vai voltar?

– Eu conversei com minha irmã ontem de madrugada... parece que ela brigou feio com a Juliana e agora elas se odeiam.

Haziel ergueu uma sobrancelha, ficando curiosa.

– E por quê?

Alexia respirou fundo, lembrando-se do relato da sua irmã. Ela mesmo não havia engolido aquela história de sua irmã estar gostando de Leona, até havia ficado enciumada, mas acabou aceitando antes que Kirias implicasse novamente com seu namoro.

– Bom, parece que a Leona terminou com a Juliana.

– Ótimo, Leona não deveria ficar com aquela idiota mesmo, - falou Haziel com certa alegria, até porque gostava muito da mais nova dos Sabelio.

– E aí... a Kirias ... bom, não vai contar para ninguém, ta?

– Contar o que?

– Promete?

Haziel concordou com a cabeça, ela estava tão curiosa que faria qualquer coisa para ouvir.

– A Kirias disse que está gostando da Leona, que descobriu isso e... até já ficou com ela e...

– O que?!?! - Haziel indagou num grito, entrando num estado de indignação. Ela não podia acreditar naquela história. Será que Leona tinha imã para mulheres da pior espécie? - Eu não acredito!!! Elas ficaram?

Alexia começou a relatar o que sua irmã havia lhe contado, vendo que sua namorada ficava cada vez mais abismada e acabou ficando enciumada ao ver que ela se preocupava muito com Leona.

– Hazi... você gostava da Leona no colégio? - Indagou com insegurança. - Amín dizia que apenas Leona conseguia segurá-la quando você estava brava...

Haziel nada disse, apenas sorriu e beijou os lábios rosados, divertindo-se com o ciúme alheio.

– Eu gosto de você.

– Mas gostava dela?

– No colégio? Ah, aquele lugar era muito confuso. Éramos amigas apenas.

Alexia estreitou o olhar e voltou a perguntar:

– Mas vocês já ficaram alguma vez?

– Não, - mentiu, olhando para os olhos esverdeados.

– "Mentirosa" - Alexia pensou, ficando quieta no sofá. Se Haziel não queria lhe contar, ela não ia forçar, mas Kirias havia lhe dito tudo, inclusive que Leona já havia ficado com sua namorada e sabia que sua irmã fez isso para deixá-la incomodada e esperta com Haziel.

O casal acabou mudando de assunto, voltando a falar de negócios, enquanto seus corpos começaram a pedir por descanso. Mas antes que pudessem dormir, Haziel acabou levando sua namorada para seu lar e quando estacionou na frente da sua casa, se apressou para sair o mais rápido possível ao ver uma loura de moicano que estava encostado no portão com um olhar desafiador.

– "Eu ainda vou te quebrar..." - Kirias prometeu para ela mesma no seu pensamento, vendo sua irmã se aproximar com os cabelos louros novamente. Ela sorriu e então reclamou da bagunça do quarto, ignorando o fato de estar irada por ter brigado com Juliana, ter visto Leona internada numa clínica e agora ver sua irmã com a pessoa que mais detestava.

– "Eu não posso permitir que minha irmã continue com essa infeliz... Não mesmo" - Ponderou, fechando a porta, voltando a olhar para a rua agora deserta.

oOo

Na clínica, o trio estava se recuperando e sofrendo com a desintoxicação. Elas não entendiam onde estavam e como foram parar num quarto branco com enfermeiras, mas apenas aceitaram o fato que ficariam por ali por mais um dia em observação.

“Mas há sonhos que não podem ser

E há tempestades que não podemos prever

Eu tive um sonho que minha vida seria

Tão diferente deste inferno que estou vivendo

Tão diferente daquilo que parecia

Agora a vida matou o sonho que sonhei”

(I Dreamed A Dream)

Os orbes azul piscina miravam o teto verde fulgente, sem entender o motivo de estar com tanta dor de cabeça e de estômago. Ela passou a mão por seu rosto, sentindo sua boca seca, ao tentar erguer seu outro braço, acabou parando ao sentir uma pontada da agulha que estava inserida na veia de sua mão. Onde raios estava? Anahi fez a menção de se sentar, mas sentiu um forte estonteamento e então respirou profundamente, forçando sua memória, mas não veio nenhuma resposta. Ela estava completamente sozinha naquele quarto que identificou como ser um hospital. Afinal, tinha aquele cheiro de hospital que lhe desagradava. Isso fazia lembrar-se de sua mãe. Por um momento ela se lembrou daquela mulher que vivia lhe abraçando e beijando, acolhendo-a em suas asas protetoras. Isso a entristeceu, ela sentia saudades, apesar de nunca falar ou demonstrar para os outros, porque na verdade sentia que talvez não pudesse suportar a dor caso notasse que estava realmente sozinha.

– “Nem meu pai está aqui, nem mesmo... a Dul está aqui” – Ponderou, soltando um suspiro debilitado. E assim estavam seus pensamentos desde que sua namorada começou com aquele trabalho, mas o que Anahi não sabia era que ela estava em depressão. Claro que todos falam de tristezas e insatisfações, mas o quadro clínico de depressão é algo mais sério. Ela estava se amargurando com seus próprios pensamentos e sua incapacidade de sentir o mundo como desejava. Por que a vida tinha que ser tão complicada? Ela tinha dinheiro, bons amigos, uma namorada e mesmo assim um grande vazio inflamava sua alma.

– “E quando foi que eu fiquei tão fraca?” – averiguou para ela mesma, sentindo um frio correr sua espinha. Desde quando dependia tanto assim dos outros para fazer as coisas? E estava tão fraca, que mal sabia aonde se encontrava e ainda sentia-se deprimida por estar tão sozinha. – “Onde está a Dulce? Ela fala que eu não a amo, que eu não falo coisas doces. Mas será que ela ainda não percebeu que eu não consigo nem me levantar sem ela por perto?” – Refletia com mais angústia, mas dessa vez se irritou com sua pobre situação, arrancando a injeção livrando-se de tudo que a prendia para então se erguer.

Anahi usava a roupa de hospital, deixando aquele vestido branco com um grande recorte nas suas costas revelar seu corpo, e aquilo a constrangeu. Ela foi até uma mesa, olhando suas vestes dobradas e quando fez à menção de pegar sua calça, a porta do quarto se abriu. A loira ficou estática, olhando para Dulce, que estava na sua frente segurando um copo descartável que continha café e na sua outra mão havia um caderno.

– Dul... –Sussurrou o nome dela, ficando sem reação.

OoO

Continua...