Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
Leona sorriu e tocou no ombro da menor, ficando surpresa em encontrá-la por ali. A loirinha estava diferente, e era certamente o corte de cabelo que havia caído muito bem por seu rosto.
– Leona? O que faz aqui?
– Eu que pergunto Carei, eu moro a duas quadras daqui, eu sempre venho nesse café. – Disse docilmente, - vai tomar café? Podemos sentar ali, o que acha?
– Ah... pode ser!
– Eu preciso me desculpar por aquele incidente, Carei. Eu sinto muito, - falava com constrangimento, abaixando a cabeça, permitindo-se corar diante da mais nova.
A loirinha sorriu e concordou, indo até a mesa feita de palha dourada, sentando-se no macio acento acolchoado, ficando a sentir o cheiro forte de cacau e ouvir o som do "mensageiro do vento" de bambu que estava pendurado na parede, próximo a janela.
– Desculpe-me, Carei, eu não sabia o que era aquilo, eu nem abri a bolsa na verdade, eu cheguei tão atordoada em casa e...
A loirinha ergueu a mão pedindo para que ela parasse de falar e depois sorriu com gentileza.
– Eu confesso que te xinguei e fiquei muito brava, mas depois de conversar com a Any por telefone, eu entendi.
– Desculpa... eu podia ter machucado vocês seriamente.
– Na verdade, você não tinha como saber, podia ter acontecido com qualquer um. Agora só tome mais cuidado ao andar por aí, Leona. Essa mulher pode estar lhe perseguindo.
Leon se permitiu sorrir, vendo que Carei continuava gentil e agradável de certa forma. Ela bocejou, sentindo um pouco de sono e moleza, ela havia saído do motel com Kirias pela madrugada, elas ficaram 12 horas dentro daquele lugar e certamente que sentia dificuldade para se sentar direito, mas tentou desviar sua mente para a garota a sua frente.
– Como vai a faculdade? – Leona indagou, olhando para o cardápio, - eu sugiro beber o chocolate quente daqui, - e recomendou em seguida. –Como estão suas irmãs?
Carei sorriu, pensando em que pergunta responderia primeiro, depois notou a postura de Leona na mesa, ela era elegante e movia-se com suavidade. Será que se comportasse daquele jeito, ela chamaria mais atenção das mulheres? Quem sabe Pietra se interessaria? Por um momento corou, perdendo-se nos lábios de Leona que começava comentar sobre um assunto. No início odiava a morena, sua presença e saber que ia morar com ela lhe deixou irritada, mas com o convívio, ela notou que Leona era muito gentil e grande parte da raiva que sentia dela vinha na verdade de sua prima Juliana, que estava sempre presente, criando uma atmosfera pesada ao ambiente. Ainda mais quando Leona grudou nela quando estava com problemas psicológicos por causa do sequestro, estresse pós traumático, era assim que diziam. E no final passava as tardes ouvindo música e jogando videogame com a mais velha e no final descobriu que ela gostava de histórias de terror e HQ americanas e japonesas. Nunca saberia de nada disso se não fosse pela convivência. E elas ficaram um bom tempo conversando sobre o novo quadrinho que Leona havia comprado, ao qual Carei certamente já havia lido. Era sobre o senhor dos sonhos, Sandman. No momento falavam do traço do desenho de cada edição que era dedicada a desenhistas diferentes. Depois de falarem sobre música, filmes e gibis em geral, elas acabaram caindo no assunto relacionamentos, falavam de uma maneira geral, mas era inevitável citarem exemplos de sua própria vida.
– E você terminou com sua prima? Eu sempre achei seu relacionamento estranho, - confessou, torcendo o nariz.
– Eu sei que você não vai muito com minha cara, - disse num meio sorriso, - mas eu sei que eu e Juliana nunca fomos legais com você.
Carei ficou vermelha com aquelas palavras, encarando o chão, sentindo suas orelhas queimarem. Aquele maldito corte de cabelo não havia lhe caído tão bem quanto pensava, agora não conseguia esconder seu rosto. Ela puxou seu óculos de leitura e voltou a olhar para o cardápio, murmurando baixinho:
– Eu só não gosto de sua prima, ela sempre me fez muito mal.
– Eu te entendendo, e sentiria o mesmo no seu lugar,- falou, colocando seu aparelho de celular em cima da mesa. – Desculpe-me de novo, eu fui indelicada. O que vai querer comer?
– São tantas opções, eu estou vendo qual pedir.
– Peça o que quiser, o café fica por minha conta.
Carei sorriu e disse o que desejava, logo Leona chamou a garçonete devidamente uniformizada que parecia conhecer a sua cliente e anotou seus pedidos.
– Mas estamos diferentes, todos nós... depois que saímos daquele colégio.
– Sim, eu concordo. Aquele ambiente, aquelas regras estúpidas nos deixavam numa atmosfera de briga e competição. – Comentou, cruzando as pernas, deixando os braços apoiados no encosto da cadeira. – Mas nunca encostaram em você lá dentro, Haziel fazia de tudo para que você se mantivesse a salvo. Todos os dias ela saia brigando com metade das garotas.
Carei ergueu as sobrancelhas, surpresa com aquela revelação. Ela tinha um bom relacionamento com suas irmãs atualmente, mas no colégio, ela era sempre jogada para escanteio, como a criança mais nova que queria sair com as irmãs mais velhas.
– Tirando aquela imbecil da Kirias... uma vez ela me forçou a... a... – falava, encarando Leona balançava a cabeça, incentivando-a a terminar de falar. – Você sabe o quê!
– Ela tentou transar com você? – Perguntou incrédula. Afinal, sabia que Kirias adorava infernizar a caçula dos Honoi, mas não soube dela tentando lhe assediar.
– Sim, tentou... mas ela se afastou depois que eu quase vomitei na... na... dela, sabe?
Leona mordeu o lábio inferior, com raiva, sentindo-se enciumada com aquela revelação. Mas o que poderia fazer? Aquilo era do passado e Kirias era um terror no colégio.
– Bom, agora tudo passou, que bom que não sofreu algum abuso, - disse com um olhar perdido. – Suas irmãs te protegiam, diferente da minha prima que gostava de me comercializar de vez em quando em troca de algo.
Carei abriu a boca diante daquelas palavras carregadas de amarguras, e nada comentou, ela sabia que Juliana era sem escrúpulos e não ajudaria em nada falar o quão desprezo sentia por ela. Apenas deu um meio sorriso e comentou:
– Amín comentou sobre você ontem. Por que não sai com ela já que está solteira?
– Eu adoro Amín, adoro suas irmãs, as duas. – Disse entre um sorriso.
– E por que não sai com elas?
– Ah, elas tem outros assuntos, - disse, olhando para a garçonete que se aproximava com os pedidos.
– "Outros assuntos? Por que ela não sai com minha irmã? Vou insistir e ver no que dá essa conversa!".
Um par de xícaras alvejadas e adornadas com detalhes dourados tocaram a mesa, com suas colheres estilo Art Noveau, trazendo a reprodução de flores no seu cabo. Em outro prato vieram quatro tipos de cupcakes, cada um em um silueta diferente, todos graciosos e atrativos, de cores diferentes, com cereja, raspas de limão, chocolate, morango e tudo que pudesse ser colocado naquele pequeno doce. Carei buscou a xícara e tomou um pouco do chocolate que havia pedido, deliciando-se com o gosto de cacau. Aquele café era deleitável, porém estava pensando seriamente em não consumir nada ao ver que era muito chique e que os preços eram abusivos, contudo, como Leona havia insistido para pagar o café, ela aceitou. O aparelho celular da mais velha vibrou, ela tocou na tela e viu a mensagem da loura de moicano. Acabou sorrindo timidamente, puxou o celular digitou uma mensagem de resposta, avisando que estava tomando um café.
– Por que não sai mais com a minha irmã? Ela esta sozinha ultimamente, eu fico triste em saber que você e Hudi se afastaram tanto dela.
– Por que... por que... ah! Carei, acho que você não entenderia.
– O que eu não entenderia? Minha irmã gosta de você, eu sei disso.
– Se sabe disso, então acha certo eu sair com ela?
– Qual o problema de sair com ela? Não vai acontecer nada. Vocês são amigas, não são?
Será que a loirinha fazia idéia de como sua irmã era invasiva quando queria? Carei não devia saber que Amín simplesmente a agarrava.
– Ela fica esperançosa com algo que eu não posso retribuir, Carei. Eu sinto muito, mas na última vez que nos vimos, acabamos nos beijando.... não foi bom para ela e nem para mim.
– Ah... eu não sabia. – Disse com surpresa, ficando constrangida, talvez não conhecesse tão bem Amín.
– A propósito, seu cabelo ficou muito bom. Ficou bonito!
– Gostou mesmo? – falou, passando a mão franja.
– Sim, eu acho que Viviane vai adorar.
– Ah... ela nem me viu ainda. Eu estou pensando em terminar, isso se já... não tivermos terminado e eu ainda não tenha percebido.
– Como assim?
Carei desabafou, talvez fosse bom pedir conselhos para uma pessoa completamente diferente de sua rotina. Ela conversava bastante com Anahi, mas esta não sabia aconselhar, porque conhecia demais Viviane e já tinha a resposta para seus problemas na ponta da língua sem verdadeiramente ouvir as dificuldade da loirinha. Agora Leona parecia ser tão experiente em relacionamentos, que seria uma boa ideia pedir conselhos.
Após ouvir o dialogo, Leona até pediu outro chocolate para as duas e se postou a refletir.
– Não dá para ficarmos com alguém que não nos admira e respeita, Carei. Se ela te acha imatura e sempre lhe deixa abrir a porta da casa dela e sumir, eu acho que talvez seja uma grande atração sexual dela... não quero dizer que ela não goste de você, mas para namorar uma pessoa é preciso mais que interesse... - Falava, pensando um pouco em como Juliana sempre lhe tratava. Leona sabia aconselhar os outros, mas não a ela mesmo.
– Como assim?
– Precisamos admirar a pessoa que estamos, torcer por ela, sentir ciúme, raiva e felicidade em suas ações, precisamos pensar nela o tempo todo e querer jogar tudo para o alto para ficarmos ao lado dela. – Dizia, sentindo um aperto no peito ao pensar na sua prima de novo.
– É assim que você se sente com o Juliana?
Leona engoliu em seco, apenas não respondeu.
– E você se sente assim com Viviane? Por que se não for isso, talvez seja uma atração e um carinho por ela ser sua primeira namorada, entende? Foi a primeira que você realmente quis beijar e fez sexo, certo?
Corei balançou a cabeça positivamente, puxando um daqueles bolinhos que lhe seduziam, quebrando-o com os dedos e puxando um punhado de chocolate até sua boca.
– Eu gosto dela, mas às vezes nem quero beijá-la. Eu gosto de conversar com ela... e... ela me dá muito prazer também.
Por instinto Carei se encolheu, esperando Leona rir dela, afinal todos riam dela e por instinto natural acabava se protegendo. Mas Leona apenas a observava pensativa, sem esboçar nada, voltando a aconselhar e aos poucos a loirinha foi relaxando, sorrindo para a nova xícara de chocolate que chegava a mesa, adorando saber mais sobre a vida da morena. Tudo estava indo muito bem até a porta do café abrir e uma figura loura de moicano fazer o sorriso na boca de Carei morrer, ela apontou para Kirias com o dedo e Leona apenas virou a cabeça de encontro a porta, mostrando-se surpresa também.
– O que será que ela faz aqui? – Indagou num sussurro para Leona, não imaginando que a morena estava se relacionando com aquela que estava nos seus piores pesadelos. A imagem de Kirias era sempre a mesma, ela tinha aquele jeito desleixado, olhar penetrante e o rosto cheio de alguns cortes, assim como seus braços, lábios e orelhas cheias de brincos e furos. – Ela está vindo para cá, Leona!
– Sim, ela está. Vamos deixá-la sentar conosco ou quer ir embora? – Leona perguntou com gentileza, não ia destratar sua convidada e estava surpresa com a visita da outra.
Kirias se aproximou da mesa, olhou para a dupla e exibiu um olhar direto para a loirinha que se manteve firme, mas no seu íntimo tinha medo de ficar com Kirias num lugar onde havia facas e garfos por perto, ela poderia lhe agredir de certa forma.
– Sabia que estaria aqui, mas pensei que estaria sozinha. – Kirias disse num tom baixo e rouco, voltando seu olhar para Leona.
– Quer se sentar conosco?
– "Não, não, não... vai embora" – desejava em pensamento, quase implorando.
Mas a sua prece de nada adiantou, Kirias puxou uma cadeira, arrastando-a pelo café, trazendo um som incômodo e aflitivo de metal sendo arrastado até parar ao lado da mesa quadrada, sentando-se em seguida, apoiando a mão direita na mesa, batendo os dedos num ritmo coordenado.
– A sua aula acabou cedo hoje, - Leona comentou, estendendo sua xícara para a loura, - experimente, é muito bom.
Kirias sorriu, puxou a xícara e sorveu alguns goles daquele chocolate e depois entregou a Leona novamente.
– Gostou?
Kirias nem respondeu, apenas ergueu a mão e pediu um igual e voltou a atenção a loirinha que parecia ter desaparecido naquela mesa.
– Eu tenho que ir, Leona. – disse de repente, erguendo-se, - obrigado pelo café, e ligue para o Amín quando der.
Leona fechou os olhos ao ouvir aquele comentário, Carei não poderia ter sido mais infeliz.
– Está marcando encontro para sua irmã? – Kirias perguntou diretamente para Carei, que não entendeu aquela pergunta, mas não entendia nada da personalidade daquele individuo mesmo.
– Sim, elas são amigas. – Respondeu seco.
– Claro que são, mande lembranças para ela.
Leona se levantou da cadeira e foi até a mais nova despedindo-se com aperto de mão e um sussurro pedindo desculpas pela intromissão. A loirinha sorriu, agradeceu e saiu do café, sentindo vontade de levar um daqueles cupcakes com ela. Havia apreciado aquela tarde com a morena. Voltando a mesa, Leona se sentou e logo sentiu um toque na sua perna e antes que pudesse afastar aquela mão, o seu queixo foi puxado e ela recebeu um selo rápido nos lábios. A morena quis morrer, ela era muito discreta, não acreditava que Kirias a beijou no seu café favorito, onde amigos de sua família costumavam frequentar. Ela fez a menção de se afastar, mas Kirias apenas sorriu e puxou seu rosto beijando sua bochecha, deslizando a boca até sua orelha.
– Marcando encontro com aquela gêmea? Está saindo com mais alguém além dela e de mim? A noite de ontem não foi suficiente para te saciar, Leona?
O ar pareceu faltar para a morena, ela queria sair correndo, mas tinha medo que Kirias se afastasse e assim pudesse encarar os funcionários e os clientes daquele café. Aos poucos foram se afastando e Leona ficou olhando para mesa e lentamente ergueu o olhar, vendo que tudo transcorria normalmente no café, afinal as pessoas eram bem discretas.
– Não me toque em público assim.
Kirias riu alto, dando um tapa nas costas da morena, divertindo-se com aquela situação. Leona era muito tímida. Ela sorriu, lembrando-se da noite anterior, sentindo seus pêlos se arrepiarem.
– Desculpe, eu não pensei em te envergonhar. - Disse com um tom baixo. - "Que bom que não é tímida da cama, pelo menos, você é tão pervertida quanto eu" - Refletiu com júbilo, afinal, saberia que teria ótimas noites de sexo.
– Tudo bem, já foi feito mesmo... todo mundo já viu... – falou com desânimo, olhando para sua xícara.
– Ah, já que é assim, então posso continuar! –Exclamou, passando a mão pela coxa da menor, aproximando sua cadeira. – Vamos ir para outro lugar depois desse chocolate quente? Eu queria ir ao cinema.
– Não bastou ficar a tarde e a madrugada comigo? - Indagou provocativa.
– Ainda desejo um replay dessa noite... ou melhor, dessa madrugada. Eu nem consegui me concentrar na aula hoje, - sussurrou, - eu tive que sair mais cedo.
Leona apenas riu baixinho, adorando aquele jeito impetuoso da mais velha. No final, Kirias era perfeito para lhe tirar daquele mundinho parado e certinho. Elas terminaram o café e depois de alguns beijos roubados, Kirias se ergueu e elas saíram, encontrando Mel que estava com os braços cruzados, encostada num poste, observando-as.
– Boa tarde, cão de guarda, eu vou roubá-la um pouquinho! – Kirias sorriu, acenando para a negra alta que apenas lhe fitava. Ela puxou Leona pela mão até seu carro. – Essa mulher te olha estranho. Já percebeu, Leona?
– "Já percebi, realmente..." – pensou, sentindo um arrepio por seu corpo. – Não, deve ser impressão sua, afinal... ela tem que me vigiar, - mentiu, com um sorriso amarelo.
Ao longe parecia que uma louca toda desleixada estava sequestrando Leona, Kirias chamava a atenção das senhorinhas ricas e enfadonhas que caminhavam calmamente pela calçada do bairro com seus cachorrinhos feios e sem graças que nem conseguiam latir. A loura estava se aproximando de seu carro, mas parou de andar ao ver a figura conhecida de uma das suas melhores amigas andando na sua direção. Nesse momento, todo mundo parou.
– Vocês estão mesmo juntas?! – A voz grave de Juliana parecia um trovão.
– Que bairro pequeno que você mora, Leona. – Kirias comentou sério, sentindo que a mais nova tentava se livrar de sua mão, mas apenas fechou seus dedos com mais energia em volta daquela a quem segurava. –Oi, Juliana, tudo bom?
– Solta minha prima agora!
Leona estava perplexa com aquela situação, mas Juliana morava muito próximo e certamente que seria um risco achá-la por ali naquele horário. Ela frequentava o mesmo café. A ruiva avançou com os punhos fechados e nesse instante Kirias resolveu soltar a morena ou ela ia se machucar. Juliana ergueu seu braço para socar a sua ex-amiga e antes que desferisse o soco, uma mão pesada se fechou no seu punho e a outra empurrou o peito da loura para trás. Mel interveio ao ver que sairia uma briga feia.
– Hei, me solta sua imbecil! Eu vou acabar com seu emprego inútil se continuar me segurando, - Juliana dizia exaltada, remexendo-se. A situação do outro lado era diferente, Kirias estava parada, com os braços cruzados, irritada com a intromissão.
– Sorte esse cão de guarda estar aqui, Juliana. – Kirias disse, - mas eu não quero brigar com você. Eu sinto muito, mas acabou acontecendo, você me conhece.
A ruiva se livrou daquela mão finalmente, olhando para o pulso vermelho. Depois encarou sua prima que estava paralisada, ela conhecia Leona muito bem para saber que ela estava estarrecida e que não conseguiria pensar em alguma ação.
– Eu quero falar com você, - disse, apontando para a menor.
– Não mesmo! Não vê que está atrapalhando nosso passeio? - Kirias disse, rindo baixinho em seguida, incrédula com aquele pedido.
Juliana avançou novamente para querer quebrar a cara daquela mulher que tanto odiava no momento, mas foi novamente segurada.
– Espera, Mel! – Leona pediu, - eu acho melhor conversarmos, Juliana.
– Vai conversar com a Juliana? – Kirias perguntou incrédula. – Ela no mínimo vai te espancar, estuprar e ainda cuspir em você. Eu não vou aceitar isso!
– Você não tem que opinar sobre isso, Kirias. Desculpe-me, eu te ligo depois.
Kirias balançou a cabeça negativamente, puxando Leona pelo pulso, começando a arrastá-la pela calçada. Mel ficou surpresa com aquela atitude, mas sabia como resolver aquela situação, ela simplesmente soltou Juliana que avançou contra a loura que por sua vez soltou Leona. Nesse instante a guarda-costas puxou sua patroa e a levou para o carro sem dar atenção as suas reclamações, felizmente Leona era discreta, permitia ser puxada, mesmo que tentasse parar de andar.
– Mel... por favor, eu preciso resolver isso.
– Minha missão é que você não se machuque, Leona. Essas duas estão se mostrando agressivas, eu não posso permitir que fique aqui.
– Elas não vão me machucar.
– Eu já presenciei as duas lhe agredindo, Leona.
A morena não conseguiu responder, ela entrou no carro e Mel fechou a porta, levando-a para casa.
– Você já viu Juliana me... agredindo? – perguntou com certo constrangimento.
– Várias vezes. Uma vez quase interferi, - confessou.
– Você deve me achar patética, Mel.
A guarda-costas a olhou de soslaio e balançou a cabeça negativamente.
– Não vou mais permitir esse tipo de atitude contra você, Leona. E se você aparecer machucada por sair com Kirias ou qualquer outro, eu vou impedir que os veja e informarei a seus pais.
Leon ficou incrédula com aquele comentário.
– Co-como assim?
– Não vou entrar num motel com você, mas se eu ver que saiu machucada, eu irei interferir.
– Você está sendo indiscreta, Mel.
– Desculpe-me, senhorita.
– Não me venha chamando de senhorita, agora!
– Posso falar com seus pais sobre essas duas.
– Não, por favor.
– Eu vou ter que falar, seu pai confia em mim.
– Mel, eu faço o que quiser, mas não faça isso! Meus pais já me sufocam demais!
Mel sentiu um frio correr pela sua espinha ao ouvir aquela proposta. Será que Leona faria tudo que ela quisesse realmente? Ela sentiu uma pontada no seu baixo ventre, onde seu sexo se remexeu, incomodando-a um pouco.
– Então me obedeça, Leona. Quando eu disser para ir embora comigo, apenas obedeça e me siga, não quero puxá-la, apesar de que seu pai me deu ordens para levá-la a força caso seja necessário.
– "Maldição! O que meus pais têm na cabeça?".
O carro parou na frente da casa da morena, ela saiu cabisbaixa e adentrou pelo portão, ignorando tudo a sua volta, indo para seu quarto. E lá ficou por um tempo, jogada em cima da sua cama, pensando em como era azarada. Ela puxou seu celular e mandou uma mensagem para Kirias, pedindo desculpas.
Um tempo depois teve a resposta:
"Quase fomos para a delegacia, quando uma viatura de polícia passou. Eu e Juliana literalmente rolamos pelo asfalto. Leona, eu quero ficar com você, eu quero namorar você. Me aceite como sou, eu prometo te fazer feliz com tudo que eu tenho".
A morena sorriu ao ler aquilo, certamente que Kirias não tinha problemas em falar o que estava sentindo, talvez palavras amorosas e sinceridade fossem os ingredientes perfeitos para um bom relacionamento.
"Eu sou problemática, Kirias. Eu teria que lhe apresentar para meus pais também. Minha prima ia te infernizar. Você não precisa de mais problemas".
E veio a resposta depois de um longo tempo de espera. Leona sorriu ao ver o tamanho da mensagem, ela se ajeitou na cama e começou a ler.
"Eu disse que queria uma pessoa fácil? Meus relacionamentos nunca foram felizes de certa forma e acho que você me entende e deve sentir o mesmo. Por que não tentarmos? Eu estou disposta, nós duas nos gostamos, sentimos atração pelo outra, temos um sexo modéstia a parte maravilhoso... Só de lembrar do seu corpo, eu já fico toda molhada aqui! Brincadeiras a parte. Pare de enrolar, ninguém pode tomar essa decisão por você, mas pelo menos, tome uma decisão agora".
O coração de Leona bateu mais forte ao pensar que tinha que decidir algo tão importante, ainda mais por uma mensagem de telefone. Ela não conseguiu responder, apenas discou um número do seu celular para conversar com sua amiga. Ela precisava de conselhos.
– Leona? - A voz de Anahi a tranquilizou assim que ela atendeu.
– Any, eu preciso conversar. Você está ocupada?
– Er... Não muito... O que houve?
– Kirias, ela está querendo namorar comigo.
– Hum... mas você gosta dela? Digo... você gosta da Juliana apesar de tudo.
– Mas estou cansada de namorar minha prima, você sabe que eu sou muito infeliz com ela.
– Eu sei, eu sei, mas não estaria enganando a você mesmo achando que pode esquecer a Juliana com outra pessoa? Não seria melhor ficar sozinha e...
Leona ouviu uma discussão de repente e alguns ruídos, começou a chamar pela sua amiga e como resposta teve a voz de Dulce.
– Leona, namore com a Kirias.
– Dul?
– Sim, sou eu. A Kirias gosta de você, está apaixonada e quer te fazer feliz. Agora responde logo essa mensagem de telefone dela, porque ela está ligando a todo instante para mim pedindo conselhos também.
– Ah... ela está te ligando? - Perguntou, rindo baixinho. - O que ela está lhe dizendo?
– Ela diz que você está enrolando ela e que pretende bater sua cabeça numa parede para ver se você responde logo! Agora deixem a gente em paz!
Leona nem respondeu, porque Dulce desligou na sua cara. A morena nem se incomodou, apenas riu baixinho. Kirias infernizava Dulce e ela a Anahi. Então ela fechou os olhos e ficou um bom tempo refletindo, não havia mais o que conversar com Juliana, com certeza sua prima ia lhe acusar de alguma insanidade.
Ela voltou a olhar para a mensagem, relendo algumas vezes até que respondeu.
"Eu aceito, Kirias".
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"O amor eterno é de muito breve duração; podemos odiar eternamente, porém, amar eternamente, não". (Emanuel Wertheimer)
OoO
A noite de Kirias passou em branco e agora pagava por isso. Eram oito horas da manhã e mal conseguia prestar atenção no que o professor explicava no grande quadro negro. Parecia ser importante, e provavelmente era, contudo sua atenção estava mais voltada em se manter acordada e apesar do esfalfamento, ela exibia um sorriso nos lábios que não esvanecia. Estava naquele estado de felicidade onde você não consegue tirar o sorriso do rosto ou o fulgor dos olhos. Aquele estado onde todo mundo perguntava o motivo da felicidade. Ou quando as pessoas mais sensíveis se aproximavam para pegar um pouco de sua energia boa e alegre. A loura de moicano, que sentava-se sempre nas primeiras carteiras da sala, dessa vez estava escorada na parede, sentada nos últimos lugares, totalmente alheio ao que acontecia a sua volta. Num segundo decidiu, ela não conseguiria ficar ali. Pegou sua mochila e saiu da sala sem dizer nada, avançando pelos corredores cheios de alunos. A faculdade lhe dava uma liberdade que o colégio não permitia, não havia regulamentos e obrigações, você estudava se desejasse e fazia o que tinha vontade. Avançou até o estacionamento, observando os tímidos raios de sol que venciam as nuvens. Seria um dia quente. Ela abriu a porta do carro, jogou a mochila no banco de trás e começou a dirigir, com um destino bem definido, ela precisava conversar com alguém. O automóvel percorreu as alamedas que estavam cheias pelo trânsito local, contudo era uma motorista muito equilibrada, deixando pedestres passarem na sua frente, parando os faróis vermelhos, nos cruzamentos críticos. Para Kirias a pressa só trazia desgraça a perfeição, isso é, quando não se tratava de algo urgente. Com certeza seria uma excelente cirurgiã se mantivesse esse tipo de comportamento centrado e racional. Afinal, todos os carros tinham um destino, as vias sempre estavam cheias de pessoas indo e vindo, o excesso populacional não podia ser contido, portanto, o jeito era esperar. Apressar as pessoas é negar a sociedade em que vive, a população com que você se relaciona e no fim virar um estressado ignorante. E seu destino se seguiu até uma casinha amarela. Kirias estacionou na rua mesmo e parou na frente do portão, começando a tocar a campainha, e em alguns minutos ouviu a voz entorpecida de Anahi pelo interfone.
– Quem... é?
– Kirias. A Dul está?
– Humm... Kirias?
A loura ouviu uma breve conversa e depois o portão foi aberto por um dispositivo eletrônico. Kirias adentrou e foi sendo recebida por Anahi, que usava uma calça de moletom e um top preto e estava descabelada.
– Bom dia, Any! - Kirias exclamou com animação, dando um tapa em suas costas. - Onde está a Dul?
– Oi, Kirias... Ela está... no quarto se...
Anahi nem terminou de falar, ao ver que Kirias já andava até o quarto, olhando para todos os cômodos. A loira suspirou e fechou a porta. Ela estava morrendo de sono e com fome, com certeza era um péssimo momento para receber uma visita. Já no quarto, Kirias avançou encontrando a sua amiga usando somente uma calcinha, olhando para o chão, tentando achar alguma peça de roupa.
– Dul!
– Ah... Oi, Kirias, - falou com uma voz sonolenta. - O que você quer? Ainda é cedo.
– Dul, eu precisava conversar com alguém.
Dulce exibiu um olhar abatido e depois desviou sua atenção a calça jeans e uma regata que encontrou, vestindo-a.
– Vamos tomar café em algum lugar?
– Acho que a Any não vai querer sair, ela está meio irritada hoje. - Disse, lembrando-se da discussão que teve com sua namorada na noite anterior. O motivo? Nem Deus sabia explicar, mas elas tinham o dom para discutir sobre qualquer assunto.
– Brigaram de novo? - Kirias indagou, encostando-se no batente da porta.
Com um leve balançar na cabeça, Dulce acabou concordando saindo do quarto com a mão na boca para cobrir o bocejo e o possível mal hálito. E a dupla caminhou até a cozinha, encontrando a mais nova brigando com a máquina automática de fazer cafés e outras bebidas. Kirias puxou um alto banco de madeira que ficava próximo a um balcão de mármore, sentando-se ali, apoiando os cotovelos na superfície, deixando a cabeça propender para a palma da mão, observando suas amigas. Os seus pés não alcançavam o chão pela altura, ficando a balançar no ar. Dulce aproximou-se por trás, dando um beijo no ombro da menor, passando a mão por sua cintura num leve abraço, enquanto com a outra mão pegava um papel informativo de como usar aquela máquina.
– Essa porcaria não me obedece! – Anahi reclamou, desistindo de tocar nos botões e se permitindo ser envolvida naquele abraço quente.
– Humm... deixa que eu vejo isso, meu amor. Senta ali, que eu preparo.
– Mas eu quero aprender a mexer nisso aqui!
– Você vai quebrar a máquina apertando desse jeito, - falou, puxando as mãos da sua namorada e começando a caminhar com ela até a sala que era uma grande extensão da cozinha, sem divisão de paredes ou portas, colocando sua namorada sentada no sofá fofo, depositando um beijo afetuoso nos seus lábios. - Liga e televisão e fica aí quietinha que eu te trago um café quentinho com leite.
Anahi fez um bico e franziu o cenho, ainda contrariada e assim voltou a receber alguns beijos mais envolventes da sua namorada.
– Você fica irresistível quando fica com essa cara, Any.
A loira acabou sorrindo, esticando os braços para puxar o corpo maior, fazendo com que ela se sentasse no sofá também e lhe desse um beijo mais envolvente na boca, sentindo a língua cálida e o piercing que resvalava por sua cavidade, baleado pelo sabor da saliva, do calor e de toda a energia daquela que amava, assimilando o perfume de sua pele com seus toques.
– Hei, vocês!!! Não se esqueçam de mim!
A voz de Kirias veio como um trovão aos ouvidos do casal. Anahi empurrou sua namorada com as mãos com certa incivilidade, pelo susto que levou. E ambas olharam para a cozinha, vendo que Kirias acenava para eles.
– Dul, livre-se dela. - Anahi pediu num cochicho.
– Eu vou expulsá-la.
– Não precisa ser agressiva, apenas ouça o que ela tem a dizer e manda ela embora.
– Ela vai querer ficar conversando, eu conheço a Kirias.
– Faça ela ir embora logo.
– Eu vou dizer que tenho um compromis...
– Eu estou ouvindo vocês daqui!!! - Kirias gritou novamente, voltando a acenar para o casal. - Faça logo o café com leite para a Any e venha conversar comigo Dul. Eu sempre te dei ouvidos quando você queria conversar!
Anahi resmungou e acabou saindo do sofá, praguejando alguma coisa e indo até o quarto, fechando a porta num estrondo. Ah, pelo jeito o ânimo da mais nova ainda estava baixo e isso preocupava sua namorada. Dulce queria fazer Anahi feliz, queria que tudo desse certo, desejava que aquele sorriso doce e inocente que ela tinha no início do namoro retornasse aos seus lábios e faria de tudo para conseguir. A ex-atriz foi até a cozinha, quando passou por Kirias lhe deu um tapa na nuca xingando-a de alguma coisa e foi até a máquina de café, olhando a instruções.
– A Any está mal humorado, hein!
– Sim. Fala logo o que quer e vai embora.
– Dul, a Leona disse que vai namorar comigo.
– Você parece uma criança Kirias, - comentou com um sorriso superficial.- Mas você sabe que ela gosta da Juliana e que está com você para tentar esquecê-la.
As duas ficaram um minuto em silêncio, ouvindo o canto matinal dos pássaros que pousavam na grande árvore que ficava no jardim da frente da casa. A luz do sol estava mais forte e avançava entre as frestas da cortina, iluminando o ambiente, contornando os móveis e trazendo um calor agradável.
– Eu sei, - Kirias articulou com certa chateação, pegando uma colher que estava na sua frente, ficando a contornar sua superfície com os dedos, exibindo as unhas roídas e avermelhadas, pelos cortes que fazia com seus caninos quando começava a comer suas cutículas.
– Não estou dizendo isso para te chatear, mas eu não quero ver você saindo magoada dessa história. Eu sou sua amiga e de Juliana também...
– Não precisa me dizer que é amiga de Juliana, eu já sei disso! - Falou com amolação, exibindo um olhar contrariado.
Dulce sorriu ao ver a máquina de café lhe obedecendo. Era mais fácil do que pensava! Logo o café expresso estava saindo pronto numa xícara que entregou a Kirias e voltou ao equipamento, fazendo outro expresso para ela.
– Juliana disse que queria conversar comigo também, e logo eu que sempre fui a mais desequilibrada das três... - Acabou rindo baixinho. - Eu estou namorando, trabalhando, morando com a Any e dando conselhos. Quem diria, não? - Comentou, sentando-se num dos bancos, servindo-se de açúcar, experimentando o expresso.
– Você sempre foi muito persistente, Dul. Eu não acho que você é desequilibrada... É apenas irritada e brava demais e eu acho que é por isso que as coisas dão certo para você. Afinal, quando você quer uma coisa, você manipula as pessoas a sua volta e força uma situação que tudo seja feito para você do jeito que você quer.
Dulce riu com a observação, talvez Kirias estivesse certo. Mas quem nesse mundo não forçava as coisas para se ver feliz?
– Any, por exemplo. Você a roubou para você.
– Ela me ama.
– Não te amava.
– Eu não a amava também.
– Mas depois começou a amá-la e impôs que ela sentisse o mesmo. Eu me pergunto se ela te ama mesmo ou está com você pelo comodismo e o fato de não ter familiares ou amigos.
O olhar de Dulce foi exclusivo, exibindo os orbes castanhos, permitindo que fosse exprimido naquele ato toda sua cólera. E percebendo o estado que deixou sua amiga, Kirias exibiu um sorriso amarelo.
– Desculpe-me, eu fiquei mal humorada. Não devia ter dito isso.
– Mas já disse, isso não muda o fato. Não gosta de ouvir as coisas Kirias, contudo também não controla sua língua.
– Você também fala o que pensa e não se importa. Acha que eu não sei que a Leona é apaixonada pela prima dela?
– Eu só estava te avisando, te aconselhando, eu não sei se ficou cega. Mas não precisa pegar meu relacionamento e os meus erros passados e jogar agora na minha cara. Parece que você tem inveja da minha felicidade!
Kirias ajuizou. Tinha que admitir que havia sido uma filha da puta no seu comentário, ainda mais estando no teto da casa daquele casal. Se Anahi amava Dulce... isso só mesmo Anahi podia responder e isso não interessava a mais ninguém naquele universo. Somente a Dulce e Any.
– Claro que eu amo minha namorada! - A voz de Any adentrou na cozinha. A loira se aproximava com o mesmo olhar sonolento, indo até a máquina de café. - Cadê meu café com leite, Dul? Eu fiquei esperando.
A irritação de Dulce acabou sendo abrandada, ela sorveu mais daquele café quente e sorriu para sua namorada.
– E pare de ficar colocando merda na cabeça da minha namorada, Kirias. Nós estamos muito bem, e se te responde a pergunta. Como qualquer pessoa que começa a namorar a outra: Não, nós não nos amávamos no começo... isso foi crescendo com o tempo, - falava, voltando a bater os dedos nos botões da máquina, praguejando e Dulce foi rapidamente ao seu socorro, ensinando-a com simplicidade como usar o aparelho e em poucos segundos o seu café com leite estava na xícara.
Anahi se sentou no balcão, ao lado de sua namorada encarando a sua visitante, enquanto adoçava sua bebida.
– E você está namorando a Leona, certo? É isso que quer falar. Eu acho que a melhor pessoa para você falar sobre esse assunto é comigo.- Disse, chamando a atenção das mais velhas. - Afinal, quem conversa com a Leona sou eu.
– E o que ela te disse? - Especulou a loura, com curiosidade, esquecendo-se completamente da presença de Dulce.
Anahi exitou e bebeu um pouco daquela bebida abrasadora divertindo-se internamente ao ver a aflição e apreensão que aflorou a loura. Seria bom torturá-la um pouco por ser tão inconveniente.
– Ela me disse várias coisas, - falou seco.
Dulce até olhou de canto para a sua namorada. Anahi estava o demônio naquela manhã, o seu mal humor era grande e sabia que ela estava num estado em que um simples toque ou ação poderia fazê-la explodir. Estava de TPM, sua sensibilidade, hormônios e emoções estavam a mil.
– O que ela disse, Any?
– Seria errado eu falar. Afinal, ela confia `todos` seus segredos a mim. - Falou, dando ênfase a palavra "todos".
Nesse instante Kirias saltou de seu banco e caminhou até o casal, parando ao lado de Anahi, pronto para começar a chacoalhar seu corpo para tentar arrancar alguma informação.
– Se encostar nela eu vou te bater tanto que a Leona nem vai querer chegar perto de você, - Dulce falou, olhando de esgueira para sua amiga, voltando a beber seu café calmamente, sabendo que sua ameaça foi precisa e bem ouvida.
– Any, me fala! - Pediu, contendo-se para não puxá-la pelos cabelos, sabendo que Dulce era uma pessoa excelente para cumprir promessas e suas ameaças. Principalmente se isso envolvia violência física.
A mais nova voltou a beber calmamente, observando o terror psicológico que estava se formando no semblante da outra.
– Ela fala algumas coisas, Kirias.
– Sim, eu imagino que ela fala coisas, as pessoas geralmente falam coisas, Any. Mas que tipo de coisas ela fala?
– Sobre música, sobre o tempo...
– Any, você está me zuando. Eu estou ficando puta e...
– Kirias, sente-se no seu banquinho ali e tome seu café. - Dulce pediu, não gostando daquela proximidade, enciumando-se por sua namorada estar usando apenas uma calça folgada, e um tope exibindo seu corpo perfeito. - Agora!- E o segundo comando foi único, fazendo com que a loura praguejasse e voltasse a sentar no seu banco, que ficava do outro lado do balcão.
A mão de Anahi desceu até o bolso da calça, puxando seu pequeno aparelho de celular, começando a mexer nele em silêncio, enquanto ouvia o diálogo entre sua namorada e Kirias que estava sendo basicamente o fato de Kirias reclamar por não conseguir informações a respeito de Leona e Dulce ameaçando a lhe bater se não parasse de ficar enchendo o saco.
– Pronto! - Anahi disse de repente, interrompendo aquele diálogo cheio de farpas afiadas, chamando a atenção das mais velhas que a olharam com interrogação. - Eu já mandei uma mensagem para a Leona vim aqui conversar com você, Kirias.
O trio ficou se olhando em silêncio, para Kirias voltar a dar atenção ao seu café que já estava frio nessa altura.
– Assim você conversa com ela em paz e nos deixa sozinhas.
– Mas diga, Any. Sua opinião sobre a Leona aceitar namorar a Kirias. - Dulce pediu, passando a mão na perna da menor, que observou aquele carinho com certa hostilidade no olhar para depois pensar naquela pergunta.
– Leona ama a Juliana. - Disse secamente, indo direto ao assunto. - Todo mundo sabe disso, inclusive a Leona e principalmente a Juliana. Eu espero que você também saiba disso, Kirias.
A loura balançou a cabeça de um lado para o outro e com as mãos massageou suas têmporas. Será que estava sendo muito idiota em ficar contente de estar com aquela pessoa? Não queria ser uma palhaça e estava acabando com a sua amizade com Juliana, ao qual estava sentindo falta também. O celular de Any vibrou e ecoou um barulho singular, ela pegou o aparelho e voltou a mexer nele, despertando a curiosidade das mais velhas.
– Acha que ela não gosta de mim, Any? - A pergunta veio numa voz trêmula, um pouco insegura.
Nesse instante Anahi ergueu o olhar e se sensibilizou pelo semblante da mulher a sua frente para depois voltar a terminar de digitar sua mensagem.
– Eu acho que ela quer gostar de você, sabe? Acho que ela quer se apaixonar por você e está fazendo de tudo para isso dar certo. Porque se ela realmente quisesse a Juliana, ela não aceitaria namorar com você, ela apenas ficaria com você e voltaria para a prima dela no final, - disse baixinho, analisando suas palavras, fazendo uma reflexão sobre tudo. - Juliana está infernizando ela, pelo o que ela me disse. Liga o tempo todo, manda mensagem, e-mail, aparece na casa dela.
– Juliana está estressada, mas ela não conversa muito comigo.- Dulce falou de repente, - ela está precisando conversar com alguém, mas pelo jeito está se enfiando em festas e barzinhos todas as noites.
– Imagina que a Leona recebeu a recomendação de um médico para parar de tomar suco de... de... maçã, e que agora deveria tomar somente suco de... melão! – Anahi disse, pensando no que dizia com um leve sorriso de divertimento nos lábios carnudos. – Ela quer gostar do suco de melão e vai evitar a outra bebida.
– Suco de melão é ruim, Any. Eu não podia ser de laranja? –Kirias indagou, rindo baixinho com aquela metáfora.
E o trio ficou conversando por um longo tempo, bebendo café até não agüentarem mais, explorando a máquina de fazer aquelas deliciosas bebidas. Com certeza estavam cheio de cafeína e um pouco mais acordados. O humor de Anahi estava bem melhor, aos poucos sorria com mais facilidade e até se permitia tocar nas mãos de sua namorada, entrelaçando os dedos, roubando alguns beijos de sua bochecha, exibindo um perfil saudável de um relacionamento para Kirias, que até hoje não conseguiu ter isso em sua vida. A campainha tocou, tinha um som agradável, como se fosse um grande sino tocando. Anahi se ergueu e foi caminhando até o interfone, ouvindo a voz sonolenta de sua amiga que havia cabulado a aula, pensando em dormir mais, mas no final foi acordada com as mensagens de Anahi. Ela abriu a porta, abraçando sua amiga num cumprimento, olhando seu semblante cansado e os cabelos escuros jogados por seus olhos que estavam ainda mais avermelhados.
– Por que me chamou aqui? Brigou com a Dul? - Leona perguntou numa voz baixa, não entendo o motivo de ser chamada com tanta urgência, retirando sua jaqueta jeans e a entregando-a para Any que colocou no seu cabideiro de mogno atrás da porta.
O sorriso amarelo de Anahi foi evidente, ela puxou sua amiga pela mão até a cozinha, sentindo os dedos dela se contraírem ao ver Kirias e Dulce tomando café.
– E aí, Leona! - Dulce a cumprimentou com um sorriso. - Vou fazer um café para você, também.
Anahi soltou daquela mão que parecia suar frio e voltou para o seu acento, deixando Leona parada em pé na cozinha, próximo a Kirias que lhe olhava com um sorriso leviano, observando seu constrangimento.
– Ah... oi! - Falou num tom baixo, abaixando um pouco a cabeça. - Você me deixou desconsertada agora! - E riu baixinho, esticando o braço para encostar no ombro da loura, inclinando o rosto, ficando na ponta dos pés para lhe tocar os lábios num selo, para depois puxar o banco e se sentar ao seu lado, antes que fosse agarrada ou tivesse o beijo aprofundado. Apesar de nunca ter namorado com Kirias antes, Leona a conhecia muito bem para saber que poderia ser agarrada e odiava ser o centro das atenções.
Dulce voltou para a máquina de café, perguntando o que sua mais nova visitante iria querer tomar, tendo como resposta "um chocolate quente" ao qual instruiu a máquina a fazer. Leona exibia um olhar "você ainda vai me pagar por isso" para Anahi que apenas lhe sorria amarelo, e a mão de Kirias já se fechou na alça de madeira do banco, puxando-a para ficar ainda mais próximo de seu corpo e depois ficar com a mão espalmada em sua coxa.
– Não foi a faculdade hoje? - Leona indagou, passando os dedos por cima daquela mão que lhe acariciava.
– Estava morrendo de sono, não conseguia prestar atenção na aula e acho uma falta de respeito ignorar o professor falando. E você faltou também, pelo jeito.
Leon sorriu amarelo. O que poderia responder? Juliana apareceu na sua casa naquela noite, pela madrugada, desejando conversar com ela e ameaçando a fazer um escândalo se ela não o escutasse. O resultado foi uma ida a um café 24 horas que elas costumavam ir para conversarem em paz, isso é, com a presença de Mel, que ficou sentada numa das mesas, temendo que a ruiva agredisse a sua querida patroa.
– Sim, eu não consegui acordar.
Dulce entregou a xícara para a menor e voltou ao seu lugar, voltando a comentar sobre algum projeto de filme ao qual estava sendo convidada a participar. Por incrível que parecesse, Anahi estava animada com a proposta, desejando que sua namorada aceitasse. O tempo foi passando e Kirias estava com vontade de ir embora, contudo só de lembrar que havia um cão de guarda do lado de fora daquela casa, ela ficava deprimida e não podia ficar por ali por mais tempo.
– Eu vou me mudar também... - Leona falou de repente, quando o assunto se transformou em moradia.
– Você vai morar sozinha!?!?! - A pergunta veio de Anani, surpresa com aquela revelação, sendo seguida de Kirias e Dulce que começaram a lhe encher de perguntas. Os pais de Leona mal a deixavam sair na esquina sozinha.
Leona se permitiu sorrir, adorando o fato de estar surpreendendo as demais numa boa notícia.
– Victoria vai mudar para um apartamento próximo do centro e me convidou. Por incrível que pareça, o meu pai achou uma boa idéia, porque fica perto da empresa também, e eu disse que vou começar a trabalhar com ele.
O nome Victoria fez o semblante de Dulce se amargar, ela não gostava daquela mulher e sua expressão não foi desapercebida por Kirias, que sentiu uma pontada no seu peito. Se Juliana se jogava em cima de Leona... Victoria poderia fazer o mesmo. Na sua cabeça já estava imaginando as situações mais controversas e maliciosas.
– Por que vai morar com sua prima? Por que não mora sozinha?- Kirias perguntou, voltando toda sua atenção a menor, tocando nos seus ombros.
– Porque eu não acho que conseguiria morar sozinha, eu sou muito irresponsável e minha prima sabe cuidar muito bem das coisas, - falou com um sorriso radiante.
A palavra "prima" vindo da boca de Leona trazia arrepios em Kirias. Não conseguia tirar a imagem de Juliana da sua cabeça. Pior, a ruiva poderia visitá-la a qualquer momento. Afinal seria um encontro em família.
– Claro que conseguiria viver sozinha. Aliás, sua prima Victoria não tem segundas intenções com você, não é mesmo?
– Não, claro que não. Não seja ridícula, Kirias! - Disse num tom elevado, com exacerbação. - Eu sou muito amiga da Victoria. E meus pais nunca iam deixar que eu morasse sozinha.
A discussão começou desde então, Dulce e Any se viram responsáveis em tentar acabar com aquele conflito, tentando mudar de assunto ou servir mais café, tentando propor em almoçarem fora naquele dia, contudo nada tirava aquele casal da conversa fervorosa que se iniciou.
– Chega, não quero mais falar sobre isso. - Leona disse ofegante, passando a mão pela testa, sentindo um início de dor de cabeça. - Eu vou embora, - e dizendo isso, ergueu-se, fazendo com que todos copiassem seu deslocamento.
- Obrigado pelo café.
As anfitriãs foram até a porta, despedindo-se do recém casal que não parecia estar tão bem resolvido agora. Leona despediu-se e foi andando a frente, vestindo sua jaqueta, avançando pelo portão, onde já encontrou Mel no carro preto estacionado atrás do seu. Kirias vinha logo atrás, fechando os dedos no seu braço antes que escapasse.
– Aonde vai?
– Para casa, - respondeu seco.
– Vamos conversar.
– Ah, eu estou irritada. Como você é implicante, Kirias. Não podia aceitar melhor as coisas?
– Hei, hei, vamos conversar. Desculpe, eu fiquei com ciúme.
Leona ofegou, parando de andar, vendo que Dulce e Anahi já haviam entrado em seu lar e que agora estava sozinha naquela calçada com a mulher que aceitou ser sua namorada. Será que havia sido um erro? Os orbes cor de mel lhe trouxeram um arrepio interno. Kirias era bonita, muito bonita. Era diferente, charmosa, chamativa... ter alguém como ela enciumada e interessada por você, certamente trazia vaidade. Contudo Juliana era maravilhosa também e lhe fazia infeliz. A beleza não era fundamental.
– Tudo bem... aonde quer ir?
– Quer ir na minha casa? Podemos almoçar lá.
A morena refletiu um pouco e achou que não seria uma má idéia e ainda por cima não teria Mel ouvindo sua conversa. No final, Leona foi no seu carro, seguindo a sua namorada até a casa dela.
OoO
Continua...
Autor(a): lunaticas
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 61
Para comentar, você deve estar logado no site.
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu