Fanfics Brasil - Capítulo 35 Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo 35

30 visualizações Denunciar


Enquanto isso, naquela manhã.


 


Alexia bocejava baixinho e saia da sua escola aonde teve uma atividade extra para o sábado de manhã, sentindo-se sonolenta, querendo voltar para sua casa e dormir, contudo havia prometido que passaria no barzinho para ajudar sua namorada em alguns afazeres. A loura pensava que deveria pedir uma porcentagem daquele lucro, sendo que administrava aquele lugar com mais frequência que as gêmeas. Ela ajeitou melhor a sua mochila e andou com um olhar baixo, observando o asfalto úmido por causa da chuva da madrugada, sentindo um pouco de frio com os ventos que vinham do oeste, pensando se teria outra tarde chuvosa. Os orbes correram pela rua e pararam numa cafeteria, entrando no local logo em seguida e se sentou numa das mesas, pedindo um café e um salgado qualquer a uma garota que parecia estar um pouco atrapalhada. E ali ficou em silêncio por um tempo até ter seu celular começando a tocar, ela sorriu para o número que lhe ligava, pensando se sua namorada se tocava que era um verdadeiro grude. Seus dedos correram ao aparelho, atendendo a ligação.


 


– Oi, Hazi. Tudo bom?


– Sim. Onde você está?


– Hum, podia ser mais romântica, não?


 


Alguns segundos em silêncio e a mais velho tornou a falar.


 


– Disse que passaria no bar depois da escola. Cadê você?


– Eu estou tomando café para ver se consigo acordar um pouco, eu estou com muito sono e cansada.


– Vai demorar muito?


– Não, eu já pedi o café... logo chegará e depois vou até o bar.


– Quer que eu vá te buscar?


– Não, eu vou andando. Está uma manhã gostosa.


– Posso ir te pegar se quiser.


– Não, Hazi, não precisa. Eu logo chegarei aí. Por que está nervosa?


– Estou irritada com as contas...


– Hummm... sabia que devia estar preocupada com alguma coisa. Algum problema?


– Eu vou te buscar.


– Você nem sequer ouve o que eu falo, Haziel. Eu disse que já vou, espere um pouco.


– Está sozinha?


– Sim, eu estou sozinha.


– Onde está? Eu estou saindo.


– Naquela cafeteria na frente da escola, - disse, ouvindo o som de passos e do ambiente externo no celular, com certeza sua namorada devia estar em movimento. Certamente que Haziel já devia estar se preparando para ir buscá-la aonde quer que estivesse, ela apenas ligou para saber seu destino final.


– Logo estarei aí. Fique aí dentro.


– Haziel, eu vou andando...


 


A mais nova ficou falando sozinha, ela olhou para a tela do aparelho sem acreditar que havia desligado daquele jeito na sua cara. Sim, a sua namorada era uma pessoa muito difícil de lidar e Alexia parecia estar vivendo num jogo. Sua primeira namorada havia sido Kirias, sua irmã era certamente dificílimo de lidar, contudo Haziel se mostrava ser um grande mestre na arte da confusão e imposição de limites. Parecia que estava naqueles jogos onde tinha que passar por diversas fases e mestres, e acreditava que estava no último nível.


O tempo estava correndo rapidamente e Alexia se ergueu para falar com a garçonete do balcão, querendo saber de seus pedidos e como resposta teve um sorriso amarelo e sem graça, sendo avisado que a garota não havia informado sobre seu pedido e que logo o fariam. E nesse instante, a porta eletrônica se abriu, revelando uma mulher alta com cabelos louros compridos e um olhar atencioso. As atenções foram para Haziel, ela sabia chamar a atenção, porque era bonita, alta e tinha um porte físico diferenciado e ainda tinha a longa tatuagem colorida pelo braço, mesmo ela usando camiseta ela aparecia no seu antebraço. Contudo, naquele par de orbes azulados só havia um alvo a ser observado e ele estava logo a sua frente, e se aproximou.


 


– Vamos?


– Chegou rápido! – Exclamou com surpresa. – Estava por perto? Eu ainda nem comi.


– Então cancela o pedido e vamos.


 


A garçonete parou com o que fazia e observou a menor, esperando que ela a avisasse se continuava ou não a preparar o seu café.


 


– Pode cancelar, - Haziel disse a moça. – Vamos indo?


 


Com um longo suspiro a menor ajeitou a mochila e saiu daquele estabelecimento, encontrando o carro da sua namorada estacionado do outro lado da rua e para lá partiu, adentrando no veículo assim que o alarme foi destravado pelo dispositivo eletrônico da chave, jogando-se no banco de passageiro, puxando o cinto de segurança e ligando o aparelho de som. Haziel sentou-se logo em seguida, puxou uma unidade do cigarro e levou a boca, ascendendo com uma chama forte de seu novo isqueiro. Logo a fumaça invadiu o pequeno ambiente, ela tragou uma e duas vezes e expeliu aquela fumaça dos pulmões. Sua mão foi até os cabelos louros da mais nova e acariciou a sua nuca, logo se inclinou para o lado e depositou um beijo no couro cabeludo.


 


– Por que tanta pressa, Hazi? Eu estou com fome.


– Te faço algo para comer no bar.


 


E nada foi dito depois, o carro saiu em disparada e logo chegaram ao barzinho. Ao chegarem à frente do estabelecimento, algumas gotas de chuva começaram a cair das nuvens acinzentadas, e elas se apressaram para adentrar. O bar ficava tão triste e solitário quando estava fechado. As cadeiras ficavam empilhadas num canto junto com as mesas e o chão era todo riscado, o palco era ermo e havia apenas um microfone esperando pelo seu músico. No andar acima havia uma porta que dava para o escritório, e ali o casal adentrou.


 


– Mas... que bagunça! – Alexia exclamou ao ver uma pilha de papéis no chão, junto com uma pasta, o computador ligado e um vento frio que adentrava pela janela, ajudando a aumentar aquela bagunça. – O que houve aqui?


 


E assim o casal ficou toda aquela manhã e o início da tarde trancafiados no escritório, saindo dali sobre os protestos de Alexia que estava cansada e morrendo de fome, porque ninguém havia feito nada para ela comer e agora precisava ir para sua casa antes que sua mãe tivesse um colapso e fosse lhe buscar. Ela havia ligado cinco vezes e já estava mandando mensagens. O casal saiu, encontrando a rua úmida, contudo sem chuva dessa vez. Elas se moveram até o carro e pararam assim que uma garota apareceu, abordando-as.


 


– Olha só, quanto tempo, Haziel!


 


Alexia ergueu o seu olhar para a garota que tinha a mesma idade que a sua. Ela a reconheceu imediatamente, não tinha como não saber de quem se tratava. Era ninguém mais que a antiga namorada de Haziel. Hika, como ela era chamada no colégio, e agora estava ali, com um sorriso nos lábios e os cabelos compridos presos num alto rabo de cavalo.


 


– Como vai Haziel?


– Que surpresa. O que faz por aqui, Hika? – Indagou a mais velha, tragando do seu cigarro, olhando para o corpo daquela garota que a fazia se meter nas maiores encrencas no antigo Saint Rosre por causa do seu ciúme.


– Estava de passagem. – Falou, olhando para Alexia dessa vez. – Alexia? Nossa, eu estou ainda mais surpresa. Vocês são amigas agora?


 


A menor resolveu sair da sua posição e ir até a sua namorada, sem tirar a expressão de desgosto do rosto, olhando para a mais velha que simplesmente não tirava os olhos do corpo de Hika, comentando algumas coisas em seguida com um sorriso nos lábios. Como assim Haziel estava sendo simpática? Ela nunca era agradável e amiga de ninguém! Não podia acreditar naquela atitude. Por mais sutil que fosse às ações de Haziel, Alexia sabia reconhecer qualquer expressão e olhar de sua namorada.


 


– Então é dona desse bar? Que legal! Eu vou vim aqui qualquer dia desses, - comentou. – Alexia trabalha aqui?


– Não, - respondeu seco. – Não disse que ia morar fora depois que saísse do colégio, Hika? – Indagou, lembrando-se das poucas conversas que havia tido com a outra, sabendo que numa delas acabou sendo agredida por Haziel que ficou enciumada e se fosse pensar no assunto, ela acabaria rindo. No final, ela havia adquirido a mais rabugenta das Honoi como sua namorada.


– Eu resolvi ficar na cidade! – Disse com animação, buscando seu aparelho celular para pegar o telefone de contato das duas e assim saiu, dizendo que tinha um compromisso e que iria retornar para saírem e beberem alguma coisa.


 


Quando o casal se encontrou sozinho, Haziel nada disse e foi até o carro aonde entrou e esperou que a mais nova fizesse o mesmo. Assim que Alexia se sentou no banco, ela fechou os olhos e se preparou para ouvir as possíveis reclamações da mais nova, contudo, para a sua surpresa ela não disse absolutamente nada. E assim começou a dirigir.


 


– Quer comer algo antes de ir para casa?


– Não, eu vou comer em casa.


 


A resposta da mais nova foi seca e mal humorada. Aquilo a deixou um pouco irritada e ao mesmo tempo lhe divertiu. Queria saber como era Alexia com ciúme e a provocaria mais um pouco.


 


– E pensar que eu bati em você no colégio por causa da Hika.


– Hum... você era uma idiota.


 


Haziel riu baixinho, soltando a fumaça pelos lábios.


 


– Eu era louca de ciúme por ela. Eu pensava que você estava dando em cima dela.


– Eu não quero saber o que você sentia por ela, - falou rapidamente, virando a cabeça para o lado contrário. – Não quero que saia com ela também.


– Por que não?


– Porque ela é sua ex-namorada.


– E daí? Você vê sua ex-namorada todos os dias e eu não ligo.


– Ela é minha irmã, isso é bem diferente.


– É sua ex-namorada. – Respondeu num tom elevado, parando o carro no farol e puxando com a mão o queixo menor para observá-lo. – Não se preocupe, eu não quero fo*der outra garota.


– Você é uma estúpida mesmo! – Falou com alteração, dando um tapa naquela mão. – Não fique brincando comigo.


– Eu não fiz nada e você está toda nervosinha. Eu saio com quem eu quiser, e se estiver brava ou irritada, vá para casa e cresça um pouco. Eu tenho amigas e ex-namoradas e você também, e temos que conviver com isso.


 


Alexia ficou de boca aberta diante daquele discurso. Como assim tinha que aceitar as coisas? E novamente aquele papo de que ela era uma criança!


 


– Odeio quando você fala assim comigo.


– Eu odeio quando eu tenho que falar assim com você.


– Então você é a mãezona aqui? E eu sou a criança?


– Não, eu não quero ser sua mãe. Que loucura, - murmurou. – Mas sim, você é uma criança, infelizmente. Eu só encontrei uma ex-namorada na rua, troquei algumas palavras com ela e peguei telefone de contato como qualquer pessoa faria.


– Certo, tudo bem. Eu não vou falar mais nada.


 


E o casal ficou em silêncio até que o carro chegou ao seu destino. Elas se despediram com um beijo rápido nos lábios e logo estavam distantes. No carro, Haziel olhou para o seu aparelho celular, vendo uma mensagem:


 


"Eu fiquei muito feliz em te ver, Haziel. Quando posso ir ao seu barzinho para tomar uma cerveja e colocar o assunto em dia? Hika".


 


 OoO


 


O meu coração
Já estava acostumado
Com a solidão


Quem diria que a meu lado
Você iria ficar
Você veio pra ficar
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim
(Marisa Monte – Ainda Bem)


 


OoO


 


Em sua casa, Alexia estava olhando para a sua irmã que estudava no quarto. Kirias estava sempre mergulhada em livros ou fazendo exercícios e a todo instante entrava na internet e escrevia algumas palavras em sites de procura quando os livros não o satisfaziam e ficava assim durante toda a semana e aos finais de semana, pelo período noturno e na madrugada ao invés de sair ou ficar vendo televisão, ela continuava estudando. Contudo, como aliar uma namorada ao qual devia dar muita atenção e os estudos? A resposta para essa questão era bem simples, apenas leve sua namorada consigo! Leona estava sentada ao seu lado no chão, olhando para uma revista que falava sobre negócios e administração, pensando se seria a melhor opção de curso para fazer, já que não estava conseguindo se identificar com as coisas ultimamente. As duas dificilmente falavam algum fato e às vezes Kirias parava para beijar o rosto da outra quando virava uma página.


Para a mais nova dos Fenris-Wolf, encontrar a sua irmã naquele estado lhe deixava um pouco apreensiva. Será mesmo que Kirias estava realmente apaixonada?


 


– O que tanto olha Alexia? – Kirias indagou sem tirar os olhos da leitura. – O que houve?


– Eu só estou surpresa por ver que você arrastou a Leona para ficar nesse tédio, - disse com certo humor, adentrando do cômodo e fechando a porta atrás, indo para a cadeira giratória ao qual sentou e ficou olhando para o casal que agora lhe encarava. – Vocês são bem diferentes.


 


A loura de moicano ergueu uma das sobrancelhas, pensando no que sua irmã estava pensando para agir daquela forma. Será que estava com ciúme? Não, não, Kirias a conhecia muito bem para saber que tinha alguma coisa o incomodando ali.


 


– O que houve? Brigou com sua namorada?


– Não, ainda não brigamos. Mas posso pedir um conselho para você, minha irmã.


– Claro, - respondeu e fechou o livro que estava lendo, colocando-o no chão e assim ergueu os olhos e deu toda sua atenção a mais nova, deixando a mão tocar na coxa de sua namorada que parou com o que fazia também.


– O que você faria se a sua namorada, - começou a falar desviando o seu olhar para Leona e apontando o dedo indicador para ela. – Se ela se encontrasse com uma ex-namorada dela, querendo convidá-la para tomar uma cerveja, e aí... a sua namorada aceitasse tranquilamente e quando você reclamasse sobre o assunto, ela dissesse que você é infantil e que faria o que quisesse? Hipoteticamente falando.


– Hipoteticamente? – Kirias indagou num riso baixo.


 


Leona se perguntava o motivo de ter sido usada com exemplo, pensando que aquilo poderia realmente acontecer.


 


– Eu ia peitar a Juliana, mas é claro. Afinal, ela sabe que ela está namorando comigo. E que eu não ia aceitar esse tipo de investida e mais uma coisa, eu ia conversar com você por querer sair com a sua prima, - acabou falando, desviando a atenção da sua irmã para Leona.


– Hipoteticamente falando, certo? – Leona indagou dessa vez, engolindo em seco ao ver o olhar compenetrado de Kirias.


– Não, eu estou falando sério. O que faria se Juliana aparecesse e quisesse sair com você?


– Eu não iria sair com ela, Kirias. Francamente! – Falou num tom indignado soltando o ar num tom irritado. – E por que eu tenho que ser usada nesse exemplo?


– Certo, parem de discutir. O assunto é comigo, - Alexia avisou num tom alto, acenando para o casal que já estava debatendo algum assunto aleatório. – Hei, Hei... vocês duas! Kirias, preste atenção, eu estou precisando de um conselho!


 


Os orbes mel desviram-se do belo rosto daquela morena que estava lhe deixando hipnotizada e atualmente desconcertada, indo para o semblante angustiado da sua irmã, vendo que os olhos estavam sem o brilho tão conhecido, parecendo desanimado.


 


– Certo, certo... então hipoteticamente falando, eu acho que você deveria se impor e não aceitar que ela visse a ex-namorada dela.


– Mas e se ela dissesse que eu vejo minha namorada todos os dias? E por isso se achasse no direito de querer sair com a ex-namorada dela?


 


Leona apenas observava o diálogo sem sentido, acabando por erguer a mão, pedindo permissão para falar. Talvez a loura de moicano não fosse a melhor para dar conselhos, sendo que já havia dito que ia se impor contra a ex-namorada e ainda brigar com a namorada atual.


 


– Por acaso Haziel encontrou Hika por aí e marcaram alguma coisa?


 


Alexia pareceu refletiva e acabou concordando com a cabeça.


 


– Você reclamou e ela disse que você é uma criança birrenta e o que ela faz a desejar?


 


E novamente teve um aceno positivo.


 


– No seu lugar, eu esperaria a minha namorada fazer algum movimento, porque Haziel está falando da boca para fora, ela é provocativa. Mas se ela realmente sair com a Hika ou mandar alguma mensagem, seja superior a ela.


– Como? - Alexia indagou.


– Finja que não liga, não manda mensagem para ela, não telefone, não apareça na casa dela e se ela perguntar se está tudo bem, diga que está. Afinal, ela está praticamente terminando o namoro e é bom que ela sinta que está fazendo isso sozinha. – Disse calmamente, surpreendendo as duas irmãs. Leona era boa para dar conselhos, mas somente para dá-los, porque sua vida era uma verdadeira loucura e não conseguia fazer nada disso.


– E aí você termina com ela e fica tudo certo! – Kirias concluiu, exibindo um sorriso largo. – E se ela vier aqui implicar com você, eu cuidarei de tudo e...


– Kirias, você não pode interferir no relacionamento da sua irmã, - Leona disse num tom baixo, não gostando nenhum pouco de ver a sua namorada com ciúme, mesmo que fosse de sua irmã, ela não aceitaria aquela relação incestuosa.


– Claro que eu posso, ela é minha irmã. Você não ajudava a sua irmã?


– Eu... bom... ela que me ajudava, - respondeu baixinho, ficando pensativa, lembrando-se que Gianna se esforçava para ajudá-la, sendo que era mais velha e tinha mais conhecimento sobre a vida, diferentemente de Leona que ainda estava jogando bola nos clubes e gostava de colecionar carrinhos antigos.


– E você acha que eu como irmã mais velha deveria ficar quieta e deixar minha irmã ser pisoteada por aquela imbecil sem cérebro? Alexia tem problema de visão e de escolhas, eu tenho que ajudá-la, eu não a quero ver chorando pelos cantos da casa, - dizia, enquanto gesticulava com os braços, ficando contrariada. Quando o assunto era sua irmã mais nova, a sua paciência chegava ao limite em poucos segundos.


 


Alexia apenas observava a sua irmã explodindo aos poucos com Leona, ficando um pouco constrangida e preocupada em saber que seria a pivô de um possível desentendimento entre elas. A menor saltou da cadeira que estava sentado e foi até ela, parando na frente de sua irmã e segurando os seus pulsos que se moviam livremente pelo ar.


 


– Kirias, não fique tão brava, minha irmã. – Pediu com um sorriso amarelo. – Eu estou bem, eu só queria conselhos.


– E eu estou dando conselhos. – Kirias falou, acalmando-se um pouco. – Eu só quero te ver feliz, só isso. É tão difícil entender os meus sentimentos? Eu sou protetora.


 


Leona olhava aquela cena com ciúme, não gostando nenhum pouco de ter que dividir a atenção da loura de moicano. Ali estava uma pessoa com a qual não poderia competir, não era questão de beleza e nem de amizade, era o laço de sangue que as tornava únicas e jamais poderia interferir. Por um momento lembrou-se de uma conversa que havia tido por telefone com Haziel que reclamava sobre aquele incesto e que não gostava de saber que Alexia via todos os dias Kirias. Na época tentou aconselhar racionalmente, mas agora entendia muito bem como aquela situação era perturbadora. As irmãs começaram a conversar então, excluindo Leona completamente daquela conversa, aos poucos a morena começou a se sentir uma intrusa e queria sair dali. Para o seu socorro, o seu celular que estava em cima da escrivaninha acabou vibrando, ela se ergueu e foi até o aparelho, vendo a mensagem que havia recebido da sua prima.


 


Eu não consigo parar de pensar em você. Você é fria demais, Leona...”.


 


As batidas do coração de Leona pareceram se agitar, batendo forte contra o peito, deixando sua coloração um tanto mais rosada, ela havia ficado nervosa, sentiu um frio correr pela sua espinha e agradecia por estar de costas para suas anfitriãs, apesar de que ainda podia ouvi-las discutindo e pouco lhe davam atenção.


 


– “Juliana... você sempre espera o vaso se quebrar para depois querer consertar”, - pensou com tristeza. – “Por que você me traía com frequência? Logo quando eu pensei que estávamos bem, você voltou a ser agressiva e me trair com outras pessoas. No começo pensei que você queria fazer isso para provar para você mesmo que não me amava e que não se magoaria novamente e eu te perdoei. Mas agora... eu não entendo o motivo”.


 


O celular foi colocado no bolso da calça assim que a mensagem foi apagada, ficando apenas na memória da mais nova que voltou sua atenção as irmãs que pareceram se acalmar, e agora Alexia dava alguns conselhos para Kirias. Aquilo chegava ser cômico, a mais nova dizia algo e Kirias retrucava a altura. Em certo momento Alexia acabou se desequilibrando e caindo no chão, por cima da mais velha, numa cena perfeita para que o humor de Leona fosse completamente para o espaço e assim adquirisse um olhar atravessado e nada amigável. O que Kirias diria se ela ficasse se abraçando com Juliana na sua frente? Era praticamente a mesma coisa. Ela daria a desculpa que eram primas e assim ficaram se tocando e trocando palavras de proteção e afeto. Leona levou à mão a boca e tossiu, chamando a atenção de ambas, vendo aquelas cabeças louras virarem na sua direção.


 


– Não me diga que tem ciúme de mim? Eu sou irmã da Kirias! – Alexia falou num tom divertindo, rindo baixinho. – É ridículo ter ciúmes de mim, Leona.


 


A morena apenas ergueu uma das sobrancelhas, tentando entender o motivo de ser impossível sentir ciúme, sendo que aquelas duas viviam se beijando pelos cantos no Saint Rosre e como Leona sempre estava junto ao grupo, ela presenciava isso.


 


– Ah, tudo bem, façam como quiserem, eu vou embora. – Falou, pegando a sua blusa que estava em cima da cadeira e assim foi caminhando para fora do quarto, sendo observada pelas duas e então saiu do quarto, fechando a porta, descendo a escada para o andar abaixo, cumprimentando a mãe delas que se despediu com um aceno, estranhando que nem Kirias e nem Alexia estavam ali para recepcioná-la. Quando a morena chegou à rua, ela encontrou a sua segurança encostada na parede do outro lado da calçada e foi até Mel, acenando para ela, coisa que dificilmente fazia com a segurança a qual desejava que sumisse da sua vida para sempre.


– Algum problema, senhorita?


– Nenhum, Mel. Não está cansada de ficar aí?


– Não, senhorita.


– Voltou a me chamar de senhorita, eu não gosto disso.


– Ordens de sua mãe, senhorita.


– Ah, ela ouviu você chamando-me pelo meu nome e exigiu isso?


– Sim, senhorita.


 


Leona bufou e negou com a cabeça, ela não queria ser chamada de senhorita por aquela mulher que se movia como um robô. A morena já estava irritada pelo fato de ver sua atual namorada se jogando com sua irmã menor e ainda tinha aquele tratamento mascarado por parte de Mel.


 


– Sua namorada está atravessando a rua, - Mel avisou, num tom irritadissímo, ela não tinha simpatia nenhuma por Kirias.


– Entre no seu carro, então. – Leona mandou, vendo que Mel ficou um pouco relutante, mas acabou acatando, saindo com passos lentos, mostrando-se uma funcionária muito rebelde para a morena, que estava começando a estranhar as ações da sua guarda-costas. Às vezes ela soltava alguns comentários mais irônicos e o desobedecia.


 


Kirias nada disse, foi direto até a mais nova e fechou os dois braços na sua cintura, andando com ela até a parede, fazendo as costas da menor se apoiar ali e então olhou para baixo, deixando os lábios rachados tocarem na sua testa e depois descerem até a sua bochecha num beijo estalado e molhado.


 


– Desculpe-me, eu estava entretida com minha irmã.


– Eu percebi.


– Ficou com ciúme? – Indagou num riso baixo. – Não vou dizer que não deve sentir ciúme, porque eu gosto de ver você brava por isso, significa que gosta de mim. O ciúme é muito egoísta e acho que você pode ser egoísta, eu deixo.


– E você fala que quer que eu sinta ciúme? Não acha que está sendo filha da puta?


– Olha, minha mãe te tratou tão bem... não a xingue assim, - falou, inclinando-se para frente para capturar o queixo com os dentes e assim beijo e continuou com o percurso com os lábios até chegar na orelha direita, mordendo levemente a cartilagem e sugando um pouco da sua pele.


– Kirias, estamos na rua. Pare com isso! Aliás, me solta! – Pediu, colocando a mão espalmada naquele peito, querendo distância.


– Só fingir que você é um homem. Ninguém está vendo seu rosto e é menor que eu. As pessoas vão pensar: “não, se fosse mulheres mesmo, elas não estariam assim...”.


– Kirias, pare com isso. Vamos para meu carro se quiser.


– Se eu quiser? Hummm... eu prefiro ficar aqui mesmo, vendo você ainda mais nervosa e querendo me matar. – Comentou com mais divertimento ainda, voltando a beijar aquele rosto que estava realmente ficando mais quente e mais avermelhado.


 


Leona parou de lutar, ela conhecia a outra bem demais para saber que ela se divertia quando as pessoas se debatiam ou retrucavam. Aquela era a forma de dar mais combustível as ações da mais velha. Parou de empurrá-la e deixou a testa bater no seu ombro, ficando ali, quieta, com os braços parados lado a lado do tronco.


 


– Kirias, eu gosto de você, mas não me trate como um brinquedo como fez com todas suas namoradas, eu não sou alguém para ser testado.


– Eu te trato como brinquedo? – Indagou, puxando o queixo da menor, olhando-o nos olhos com preocupação. – Eu só estou te abraçando.


– Não, você me provocou com ciúme, depois veio aqui e ficou me expondo a todos na rua.


– Não tem ninguém na rua, só sua segurança.


– Passou algumas pessoas do outro lado da rua e olharam para nós. Não interessa se é uma rua movimentada ou não, mas sim o que você está fazendo.


– Desculpe-me, então. – Disse, dando um beijo nos lábios menores. – Mas eu estou apenas mostrando para a sua segurança que você é minha.


– Ah, por favor! Francamente Kirias, a minha segurança é um robô que vive me chamando de senhorita, ela não tem interesse algum em mim, somente no dinheiro que pagamos a ela pela semana, - disse num tom indignado, virando a cabeça para o lado contrário. – Era só o que me faltava!


– Hei, não fique tão brava. Mas eu sei do que eu estou falando, eu sou observadora... eu sou uma excelente observadora.


 


A loura puxou novamente aquele queixo e dessa vez na direção do carro de Mel que estava bem próxima a elas, e assim olharam para a segurança, vendo que estava sentada no banco do motorista, olhando-as.


 


– Viu, ela está nos olhando.


– Claro, é a função dela olhar. Ela é pago para isso.


– Não, não... ela é paga para te proteger. Geralmente ela desviaria o olhar, mas presta atenção, ela está olhando diretamente para você. – Disse, passando a ponta da língua pelos lábios da mais nova. – Se ela não se importasse, ela não ficaria me olhando com aquela cara.


– Ela só deve estar irritada por estarmos olhando e falando dela, Kirias.


 


A loura sorriu e deu um passo para trás, puxando a morena pela mão, indo na direção do carro ao qual estavam encarando. Leona tentou perguntar o que ela pretendia fazer, mas não houve resposta e logo estava parada ao lado do carro, aonde Mel havia aberto a porta e agora as encarava com o braço cruzado, esperando alguma coisa.


 


– Por que está nos olhando, Mel? Não deveria cuidar assim da vida de sua patroa. – Kirias comentou com acidez, odiando ver aquele olhar de deboche da mais velha.


 


Mel apenas olhou para Leona que estava incrédula com a situação. Viver com Kirias era definitivamente complicado, ela tinha ações ilógicas e conseguia criar desavenças facilmente, como se fosse algo comum e nem precisasse de energia para executar.


 


– Bom, eu vou para a minha casa. – Leona comentou, livrando-se das mãos da sua atual namorada e indo até seu carro, sendo acompanhada pela loura que ainda comentava algumas coisas, rindo baixinho. Talvez Leona ainda não estivesse acostumada a lidar com a bipolaridade da mais velha.


 


Assim que adentrou no veículo, Kirias pareceu se acalmar. Ela abriu a porta do lado do passageiro e sentou no banco, observando a morena colocar o som lentamente e ajeitar os espelhos e o banco, para depois ligar o carro, puxar o seu cinto de segurança e olhá-la.


 


– Vai querer ir comigo, Kirias?


– Sim, eu vou querer. Aliás, desculpe-me, eu vou pedir para Alexia não ficar grudada em mim quando estivermos juntas e vou prestar mais atenção. – Falou com seriedade, erguendo o braço para então tocar nas mechas escuras que caíam sobre os olhos castanhos.


– Você poderia sempre falar assim, mas gosta de provocar a analisar os outros. Um dia posso cansar e estamos há pouco tempo juntas e...


 


Leona parou de falar de repente, ao ser interrompido com um dedo indicador que foi encostado em seus lábios. Apenas abaixou o olhar e logo encarou a loura que balançava a cabeça numa negativa, pedindo para que não falasse aquele tipo de coisa. Talvez fosse pesado demais. Não queria ouvir que seria deixada.


 


– Vou parar de brincar, eu tenho essa mania de achar que não é importante. Acho que as preocupações dos outros são exageradas e inconcebíveis e acabo julgando a partir das minhas idéias, - comentou baixinho, inclinando-se para beijar o rosto da morena. – Não gostaria que fosse ao contrário também. Não ia gostar de ver você brincando com sua prima.


– Eu acho que você fala essas coisas da boca pra fora. Vou brincar com você também, - murmurou com um mal humor que estava lhe acompanhando desde a madrugada. – Posso ser tão chata quanto você, Kirias. Acredite, eu realmente posso.


– Eu sei, Juliana vivia reclamando quando você estava mal humorada. – Comentou com certo humor, voltando a beijar a bochecha a frente. – Não queria ser tão chata também, eu estou pisando na bola e estou reparando meu erro. Então vamos para minha casa e esquecer esse episódio.


 


Leona aceitaria a princípio, contudo sabia que não poderia ceder aos pedidos de Kirias, não depois de ter ficado tão irritada. Se voltasse atrás agora, com certeza estaria dando combustível para ter um relacionamento dominado pela outra. Seria como foi com Juliana, seria um fantoche ao qual poderia ser manipulada a todo instante e no final receberia alguns beijinhos e pedidos simplórios de desculpas para que tudo voltasse ao normal. Nesse instante poderia determinar como seria esse novo relacionamento. Estava na hora de parar de dar conselhos aos outros e começar a seguir um pouco da verdadeira essência de um relacionamento. Afinal, um namoro era feito de trocas, dos dois lados principalmente. As consequências deveriam ser sempre impostas e no final mostrar o ponto de vista de cada integrante desse compromisso.


 


– Não, Kirias. Eu vou para minha casa e você tem que estudar. Depois eu te ligo.


– Mas agora eu quero que você fique comigo. Eu não vou conseguir estudar.


– Então pensa mais antes de agir.


 


Aquela frase foi como um balde de água fria para a mais velha, que se afastou e encostou as costas na porta do carro, ficando a encarar a sua atual namorada com estranheza.


 


– Não acredito que vai mesmo embora depois de ver eu brincando com a minha irmã.


– Não somente por isso. Você gosta de mostrar que está no comando, gosta de me testar e contrariar meus pedidos. No começo é só um beijinho na rua, depois vai estar fazendo tudo aquilo que me constrange e incomoda apenas para mostrar que você pode fazer tudo que quiser, nesse aspecto, você e Juliana deveriam tirar nota dez!


– Não me compare com Juliana, eu nunca trairia ou faria metade das coisas que ela fez com você.


– Verdade, vocês são diferentes. Vocês têm maldades diferentes, - sussurrou perdido em seus pensamentos. – Talvez eu esteja cometendo novamente o mesmo erro.


 


Os dedos de Kirias foram rápidos e certeiros, apertando o botão para soltar o cinto de segurança que prendia o corpo menor, e assim inclinou-se, puxando-a com as duas mãos para um abraço apertado, entre o espaço do câmbio e dos bancos, apertando as costas magras com os dedos, enquanto afundava os lábios na curva do pescoço num misto de desespero e raiva.


 


– Não está cometendo o mesmo erro. Desculpe, eu que estou estragando tudo. Eu não quero mais ser sozinha, - disse baixinho num desabafo. – Desculpe-me.


 


Para Leona aquela reação foi de puro desespero. Ela acompanhou o abraço e permitiu aninhar aquela mulher aos seus braços, sentindo o seu calor e a textura da sua pele, das mãos que adentraram pela blusa, iniciando uma leve carícia nas costas.


 


– Quer almoçar em algum lugar para quebrar esse clima? – Leona perguntou baixinho, sentindo que poderia quebrar aquela em seus braços em pedaços se falasse mais alto ou apertasse mais o abraço.


 


Kirias apenas moveu a cabeça positivamente. Leona beijou o topo de sua cabeça e se afastou delicadamente, empurrando-a para que se sentasse no banco, observando o olhar cabisbaixo de Kirias, sem ver os seus olhos por causa das mechas louras que lhe encobriam. Assim deu a partida no carro e saiu dali, pensando aonde levaria a loura para almoçar. Deveria ser num lugar calmo e que pudessem conversar em paz.


 


OoO


 


Mara Lopes - Obrigada pelos comentários, cada casal dessa web tem meu carinho especial q bom q tenha conquistado vc tbm...bjuss


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): lunaticas

Este autor(a) escreve mais 6 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Na casa dos Fenris-Wolf. Alexia estava no seu quarto, mandando uma mensagem para a sua namorada, ela digitava e apagava, não estava satisfeita com o seu texto e pensava no conselho de Leona sobre deixa-la sozinha e agir por conta própria, contudo não conseguia ser fria ao ponto de saber que sua namorada estava saindo com uma antiga pretendente, isso &eac ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais