Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon
Na casa dos Fenris-Wolf. Alexia estava no seu quarto, mandando uma mensagem para a sua namorada, ela digitava e apagava, não estava satisfeita com o seu texto e pensava no conselho de Leona sobre deixa-la sozinha e agir por conta própria, contudo não conseguia ser fria ao ponto de saber que sua namorada estava saindo com uma antiga pretendente, isso é, se Alexia soubesse que no passado, no Saint Rosre, Hika tinha uma grande atração e apreço por sua pessoa quando terminou seu namoro com Haziel. Era irônico pensar. Elas eram amigas, conversavam algumas vezes, mas nada muito envolvente, porque Kirias estava sempre por perto e também estava preocupada com sua irmã e seu relacionamento com Madona para prestar a verdadeira atenção nos admiradores que lhe perseguiam. No momento não pensava na amizade de Hika ou qualquer outro envolvimento que teve ou poderia ter tido com ela. Agora pensava que ela estava dando em cima da sua namorada e com certeza não deveria saber que elas estavam namorando, afinal Haziel sempre brigava com ela e tentava lhe bater.
– “E se Hazi não sair com ela? E se foi apenas para me provocar? Não posso mandar uma mensagem brigando com ela por algo que ela ainda não fez. Mas... e se ela fazer? Ah! Isso não vai fazer diferença, uma mensagem minha não vai impedi-la”, - pensava com certa apreensão, enquanto olhava para o relógio de pulso. Dentro de algumas horas o bar ia abrir e Alexia sempre ajudava a namorada. Talvez fosse melhor aparecer para o trabalho, ao qual nem era remunerada ou recebia verdadeiros agradecimentos, fingindo que nada havia acontecido e levar aquela situação com maturidade e cautela.
Ela se ergueu, tomou um banho e lavou os cabelos louros com atenção, gostando do cheiro do novo produto. Vestiu jeans modelado ao seu corpo e uma blusinha com um decote em “V” um pouco mais baixo que o normal, vestiu seu relógio de pulso, brincos, passou gel no cabelo uma maquiagem e se perfumou. Era uma tarde quente a noite continuaria da mesma forma, portanto dispensou o casaco e saiu de casa avisando sua mãe que ia sair com suas “amigas” e que voltaria tarde. Pegou o ônibus municipal e foi até o barzinho. Ela não estava com a chave, até porque nunca pediria isso a Haziel se ela não lhe desse por livre e espontânea vontade, mas ainda esperava que sua namorada tivesse mais confiança e atenção para lhe dar esse crédito. Tocou a campainha e não teve resposta. Bateu algumas vezes na porta de metal e esperou durante alguns minutos. Com um suspiro resignado, pegou o celular e discou para a namorada, esperando ela atender a ligação, enquanto já caminhava na direção do apartamento de Haziel que ficava algumas quadras dali. Assim que a namorada atendeu, Alexia parou de andar e deu atenção ao barulho que ouvia ao fundo, tentando identificar o ambiente ao qual sua namorada estava.
– Hazi, onde você está?
– Num bar. Por quê?
– Como assim? E o bar?
– Amín vai abrir hoje.
– Eu estou aqui na frente do bar.
– Por que não me ligou antes? Não vou trabalhar lá hoje.
– Onde você está?
– Num bar.
– Eu sei! Já falou isso.
– Então por que a pergunta?
– Hazi... qual o endereço do bar? – Perguntou com um longo suspiro, tentando se acalmar.
– Num bar aqui do centro.
– Certo. Eu já entendi que está num bar que fica em algum bairro! Agora me diga: com quem você está?
– Está com ciúme? Mas já está implicando comigo? Por que não para de ficar me perseguindo desse jeito?
– Está com quem?
– Com minhas amigas, - respondeu. – Elas estão até comentando como você me persegue. Olha só, eu estou aqui te dando várias satisfações.
– Por que não me levou então?
– Porque você estava bravinha demais.
– Porque você disse que ia sair com sua ex-namorada.
– Fo*da-se o que eu disse que ia ou não fazer. Você sempre age desse jeito.
– Como você se sentiria se eu saísse com minha ex-namorada?
Nesse instante Haziel riu bem alto e divertido durante alguns segundos, deixando Alexia ainda mais irritada com toda a situação.
– Francamente, não faça essa pergunta. Parece piada. Você dorme na mesma casa que sua ex-namorada, e isso ocorre todos os dias, porque é criança ainda e tem que pedir permissão para a mamãe para dormir comigo.
– Hazi, por favor... não vamos discutir por telefone.
– Você quem começou. Eu já disse onde estou e com quem estou. O que quer mais saber?
– Conheço suas amigas?
– Talvez. Acho que algumas.
– Posso ir aí?
– Não, aqui não vendem bebida para menores de idade. Olha como ia ser problemático se você viesse e ficasse bebendo leite ao meu lado, eu prefiro poupar o constrangimento.
Alexia estava pronta para explodir e xingar, mas parou por um instante com os olhos cheios de lágrimas.
– Certo! Bom passeio então. – Respondeu.
– Não vá chorar, eu sei que deve estar segurando.
– Fo*da-se!
E Alexia desligou em seguida, enquanto ouvia a risada de sua namorada e um coro ao fundo. Ela passou os dedos pelos olhos, recolhendo as lágrimas salgadas. Talvez o conselho de Leona não se aplicasse ao seu relacionamento, porque se deixasse, Haziel sumiria e faria o que realmente quisesse. O detalhe em questão é que teria que terminar definitivamente com ela. A mais nova do Fenris-Wolf estava pronta para ir embora, quando ouve a voz de sua cunhada ao longe.
– Alexia, veio me ajudar? – Indagou Amín, enquanto retirava o molho de chave do bolso da sua bolsa de couro. – Pensei que Haziel ia me deixar sozinha. Onde ela está?
Alexia estava de costas e achava melhor assim, apenas guardou o aparelho celular no bolso do jeans e se virou, encarando a irmã gêmea de sua namorada. Elas não eram muito parecidas, havia mais suavidade no olhar de Amín, algo que faltava em Haziel. A mais velha pegou o molho de chave e tratou de abrir a porta de metal que ficava na lateral, ela deu mais uma olhada para a menor, percebendo o seu estado frágil e balançou a cabeça numa negativa. Enquanto ela estava lutando para ter alguém especial para ter a oportunidade de demonstrar seu amor e carinho, os outros, os demais aos quais tinham parceiros, tratavam sempre de desmerecer e humilhar a quem os amava. Ela não entendia o motivo das pessoas sempre quererem mostrar que estavam por cima do outro, mostrar que não se importavam ou que eram donos de si mesmos.
– Brigou com Haziel de novo? – Permitiu-se perguntar assim que a menor entrou no aposento e fechou a porta atrás dela, ligando o interruptor para ascender às luzes centrais.
Alexia balançou a cabeça positivamente, observando a outra ir ao bar e pegar uma garrafa de Uísque que estava pela metade e dois copos, colocando do conteúdo no recipiente de vidro.
– O que foi dessa vez?
– Ela disse que sairia com a ex-namorada dela para beber e eu retruquei.
– Hum... e ela se sentiu pressionada e te atacou?
– Sei lá o que ela sentiu. Mas ela não deveria ficar me comparando com Kirias e ela com a ex-namorada dela.
Amín ficou pensativa, pegando do copo cheio e empurrando na direção da menor que se aproximou e sentou-se num dos bancos altos de metal que havia no balcão. A mais velha pegou sua bebida e deu um gole, sentindo a ardência daquele líquido escorrer pelo tecido aveludado da garganta.
– Ela tem ciúme de Kirias?
– Acho que não. Acho que usa como desculpa para suas ações, sempre que brigamos, ela joga a culpa em mim e na minha irmã, - murmurou enquanto sorvia daquela bebida, que teoricamente lhe era proibida.
– E isso nunca vai deixar de existir, isso é, você e Kirias para sempre serão irmãs e ex-namoradas, - comentou com um riso baixo. – Ou seja, você está destinada a viver com isso e com os comentários dos outros.
– Então Haziel sempre vai brigar comigo por isso.
– Sim, sempre.
– Ela ainda me chama de criança, Amín...
– Aí a culpa é dela de querer namorar uma criança, não sua. Mas Haziel é provocativa, ela mesma me deixa puta.
Alexia riu baixinho e concordou com um aceno com a cabeça. Ela sempre ouvia a namorada reclamar da irmã gêmea como se ela fosse um monstro.
– Por que vocês não conversam? – Perguntou a outra, mas logo acabou rindo e balançando a cabeça numa negativa. Conversar com Haziel? Piada! – Esquece meu conselho, ela é rabugenta demais para conversar. Eu não sei o que deve fazer, Alexia. Mas eu gosto da minha irmã, apesar de brigarmos sempre. Eu a quero feliz, portanto, eu acho que não sou a melhor pessoa para te aconselhar.
– Tem razão, você não diria nada que a ferisse.
– Sim, mesmo que você esteja infeliz ou feliz, o que importa para mim é que ela esteja feliz. – Confessou com um sorriso amargo. – Cruel não?
– Não, não é cruel. É amor incondicional, eu sinto isso pela Kirias também.
As duas ficaram se olhando, bebendo em silêncio.
– Leona está com Kirias agora, não?
– Sim, estão juntas.
– Vai entender. Ela nunca me deu uma oportunidade, Alexia.
– Não sei muito sobre Leona, Amín. Mas eu sei que ela te considera uma amiga, talvez esse seja o problema.
– Na verdade, eu sempre tentei, mas ela sempre me ignorou. Eu não sei o motivo, talvez ela não tenha atração por mim.
Alexia ergueu os ombros dando a entender que não sabia realmente o motivo, talvez ela conversasse com Leona no futuro a respeito para saber mais, contudo sabia que Kirias não poderia estar por perto ou ela iria ficar revoltada com a situação. Afinal, ia estar trabalhando para levar informações para a sua cunhada, uma rival para Kirias, e não queria arranjar intriga com sua irmã. A mais nova pegou o celular e ficou olhando para o aparelho, pensando se ligava novamente. Não pensou duas vezes, acabou apertando o botão verde, ligando para Haziel, contudo ela não atendeu.
– Te ignorou?
– Previsível.
– O que vai fazer?
– Eu acho que não vou te ajudar hoje, Amín.
– Tudo bem, logo os funcionários chegarão. Vá para casa.
– Não sei para onde vou, só sei que não quero mais as coisas como estão, - murmurou, chamando a atenção de Amín que ergueu uma das sobrancelhas.
– Não vá fazer nada errado.
– Tanto faz o que eu vá fazer, não é verdade? Ela vai sempre sair por cima. Ela gosta de humilhar, não importa a situação. – E ao dizer isso, agradeceu pela bebida a qual não tomou toda e se afastou, ouvindo alguma coisa qualquer da mais velha e saiu, encontrou a rua vazia e quente. Estava sem rumo e triste, olhou novamente para o celular e discou um número qualquer, talvez aquela pessoa pudesse querer conversar com ela. Ligou para Kirias e foi atendida de imediato, começando a desabafar com a irmã, pedindo para encontrá-la. Precisava de um colo. De alguém que se importasse com ela e a quisesse ver bem e feliz.
OoO
There`s a drumming noise inside my head
That starts when you`re around
I swear that you could hear it
It makes such an all mighty sound
There`s a drumming noise inside my head
That throws me to the ground
I swear that you should hear it
It makes such an all mighty sound
Há um barulho de tambor dentro da minha cabeça
Que começa quando você está por perto
Eu juro que você poderia escutar
Ele faz um som todo poderoso
Há um barulho de tambor dentro da minha cabeça
Que me joga no chão
Eu juro que você poderia escutar
Ele faz um som todo poderoso
Drumming Song/ Som dos Tambores – Florence the Machine
OoO
O celular continuava a tocar com insistência. Kirias revirou os olhos e olhou para a sua atual namorada que mastigava alguma coisa, enquanto a observava diretamente, num questionamento mudo se ela ia dar atenção a refeição que faziam ou se atenderia a quem lhe chamava. E o aparelho, dentro de alguns segundos parou de fazer seu barulho irritante e a loura de moicano se sentiu aliviada, pelo menos não teve que fazer nenhum movimento e sorriu amarelo para a mais nova. Contudo, a insistência daquela ligação não ficaria somente ali. Logo o aparelho vibrou e algumas mensagens foram enviadas. E sem resistir, pegou o aparelho e começou a ler o que estava escrito, ouvindo um suspiro carregado de impaciência de Leona.
– Minha irmã, - avisou, como se fosse algum motivo nobre em atender um familiar precisando de ajuda. Apenas recebeu outro olhar atravessado. – Ela está com problemas com sua namorada. Haziel está num bar e não fala com quem e nem onde.
Assim que ouviu a explicação, Leona bebeu de seu suco e olhou para o restante do prato, vendo que estava comendo praticamente sozinha. O prato a frente estava quase intocado, porque Kirias não conseguia esconder a preocupação de querer falar com sua irmã, enquanto o celular tocava, ela recebia mensagens, e no final, ambas não haviam conversado sobre absolutamente nada. O apetite havia sido perdido, talvez por ambas. Quando Kirias se posicionou para começar a responder as mensagens. Leona buscou o seu celular ao qual havia mantido desligado para não interrompê-la no momento que deveriam estar tendo a “sós”. Com o aparelho entre os dedos começou a fazer uma ligação para “aquela” que estava impacando a sua vida amorosa naquele dia e dentro de poucos segundos foi atendido.
– Haziel, como está?
– Leona, que surpresa. Eu estou bem e você?
– Eu estou bem também. O que está fazendo?
– Estou num bar com uns amigos. Quer aparecer aqui?
– Talvez fosse uma boa idéia. Onde está?
O endereço foi passado com casualidade por Haziel, que comentou mais algumas coisas com a sua amiga, exibindo o seu ar alcoolizado. Leona ainda perguntou se ela estava sozinha, mas apenas ouviu que estava com as “amigas” e no final contou que Alexia estava lhe procurando e atrapalhando-a. Recebeu um palavrão de Haziel, alguma reclamação e no final ficou por ouvir o quão chata e mimada era a irmã mais nova de sua namorada. Na mesa, as duas estavam em seus celulares. Kirias ficou perplexa com a atitude de Leona, quase nem prestava mais atenção no que estava digitando para enviar a mensagem, querendo arrancar o telefone celular da sua mão e jogar em um copo de água. Leona tinha um jeito descontraído ao falar com a amiga, sorria e ria em alguns momentos, assim enciumava aquela ao qual seria um erro provocar.
– Hei, pare de falar com ela, - pediu com clareza, tocando na mão dela que estava repousada sobre a mesa. Ali entrelaçou os dedos e ficou esperando alguma resposta com os olhos méis inquisitores. – “Era só o que me faltava! Haziel tomando tudo que é meu.” – Não conseguiu deixar de pensar nisso, recebendo a imagem do sorriso sarcástico daquela caolha rabugenta ao qual havia tomado sua irmã, lhe dado uma surra e no momento roubando a atenção de sua namorada.
Assim que obteve tudo que desejava. Leona encerrou a ligação e olhou para a mão que lhe acariciava, sorrindo de canto. Será que Kirias era o tipo de pessoa que só dava valor assim que perdia? Assim como Juliana? Ela era aquela que notava seus erros depois de cometê-los repetitivamente para depois se desculpar?
– Já peguei o endereço do lugar onde Haziel está. Se quiser, pode passar para a sua irmã.
– Não precisava fazer isso. Ela só queria conversar comigo.
– Diga-me, Kirias... – falou, passando a língua pelos lábios secos. – Se Alexia terminar o seu namoro com Haziel, você seria a primeira pessoa a qual ela ia querer se apoiar e por vocês terem laços fraternais e carnais. O que aconteceria?
Kirias encostou-se no encosto da cadeira com o baque da pergunta. O que aconteceria se sua irmã viesse despedaçada após um relacionamento conflitoso, pedindo por carinho, conselhos e muita atenção? Claro que daria atenção, carinho e conselhos! A resposta era óbvia demais. Esqueceria-se de tudo e faria aquilo que a mais nova chorasse por fazer. Talvez a beijasse, talvez a esquentasse na noite.
– Eu me sinto uma segunda opção, talvez Haziel também se sinta assim, - permitiu-se comentar, erguendo da mão e pedindo a conta para um dos atendentes do lugar.
Alguns minutos de silêncio a conta veio. Leona jogou algumas notas da carteira, ela queria ir embora, sair o quanto antes dali. Nada foi dito por sua parceira que puxou da jaqueta jeans que estava apoiada na cadeira e saiu com passos lentos, ficando atrás daquela que se guiava a porta. Nada diria ali, não queria expor Leona a nenhum constrangimento, porque estava prestes a despejar tudo que pensava. Talvez fizesse isso no passado, mas tinha que respeitar os limites dados pela outra. Tinha que agir menos por impulso e pensar mais nas suas palavras. Talvez esse fosse o motivo por ter arruinado todos os seus relacionamentos. Já estava escurecendo, o sol sumia por dentre os arranha-céus. O casal caminhou em silêncio até o estacionamento privado, aonde pagaram e saíram. Pararam no primeiro farol vermelho que apareceu. Leona olhou de canto para a sua namorada que lhe observava em silêncio. Aquela Kirias silenciosa lhe deu uma perspectiva diferente sobre quem estava namorando. Onde estava aquela mulher energética e impulsiva que lhe puxaria pelo braço e diria suas palavras rudes e frias sobre as indelicadezas que havia dito?
Os dedos menores foram até a fivela do cinto, não havia problema em parar ali por um tempo, não havia ninguém naquela rua e não podia desperdiçar o momento. Leona inclinou-se, gostando de ver aquele olhar curioso lhe acompanhar. Puxou do queixo quadrado e roçou os lábios, mordiscando-o com cuidado para depois encostar-se ali, aspirando o cheiro e pegando do calor. Como resposta teve duas mãos paradas lado-a-lado do seu rosto, puxando-a
com mais precisão para um beijo molhado de língua, movendo a cabeça de um lado para o outro para poder sentir de todos os ângulos possíveis aquela carícia tão gostosa e carregada de paixão. Olharam-se com os lábios vermelhos pelo atrito. Kirias sorriu de canto e depois enrolou uma mecha escura no dedo indicador, prendendo-o ali. Não! Não queria mais dar atenção a sua irmã, certamente precisava se curar daquele romance incestuoso. Não havia esquecido, na verdade havia se jogado em todas as pessoas que a interessou com a desculpa que estava querendo amar alguém, quando na verdade fugia de tudo para não aceitar a realidade de que Alexia havia crescido e estava finalmente com outra pessoa. Não interessava a pessoa com a qual Alexia estivesse, sempre a odiaria e estaria infeliz, porque na verdade, sentia-se ultrapassada, trocada e descartada, sendo apenas uma lembrança. Não suportava ser uma lembrança, queria ser real e desejada.
– Vou cuidar melhor da gente, - se permitiu sussurrar, voltando a tocar os lábios naquele rosto, beijando o canto dos olhos, descendo pela curva externa do rosto a chegar ao queixo, mordiscando e terminando sua viagem nos lábios.
Um carro que estava parado logo atrás delas buzinou ao ver o farol aberto, não obteve resposta e acabou ultrapassando com o motor acelerado, despertando o casal. Leona não comentou nada, talvez tivesse se entendido. Ela tornou a comandar aquele automóvel, colocando de um som Pop para aproveitarem o final daquele tarde.
– “Dessa vez vai dar certo...” – Kirias pensou, relaxando da cabeça no encosto. – Leona... queria que me ajudasse com algo.
– Claro. O que seria?
– Na minha casa, eu te mostro.
– Tudo bem, vamos para sua casa então.
Em poucos minutos chegaram. Logo adentraram na edificação vazia, indo para o quarto da anfitriã. O ponto de partida para as discussões vazias. Leona se sentou na ponta da cama e aos poucos começou a ver a quantidade de livros e folhas soltadas jogadas pelo quarto. Teria uma médica muito bem estudada ao seu lado e isso era positivo. Ajeitou-se e retirou o sapato que usava, colocando as pernas em cima daquele colchão fofo, enquanto Kirias estava no pequeno banheiro do seu quarto ao qual nem cabiam duas pessoas em pé. Assim que foi encontrado o que queria, a loura foi até o quarto com uma sacolinha cheia de coisas. Ela sorriu e erguendo o conteúdo para a sua namorada que apenas ergueu uma das sobrancelhas, tentando identificar o que havia ali dentro.
– Preciso amadurecer. Preciso ser uma pessoa mais séria e decidida. E pensei muito sobre isso.
– Sobre o que? E você é uma pessoa decidida, Kirias.
– Não sou tão decidida como deveria, mas eu escolhi o que eu quero ser e preciso entrar nessa realidade. – Comentou com seriedade, colocando a sacola em cima da cama, parando para beijar da boca da outra, gostando de ficar cativa aquela língua tão envolvente. – Me ajuda?
– Não sei ainda com o quê, mas eu te ajudo.
As mãos maiores reviraram a sacola até pegar o objeto desejado, levando aos olhos de Leona que ficou com os lábios entreabertos por alguns segundos, pensando em como poderia ajudar a sua namorada.
– Vai cortar o cabelo!?!?!
– Sim, eu preciso.
– E quer que eu te ajude?!?!?!
– Sim, eu não quero cortar sozinha. Acho que vai ficar horrível, faz tempo que eu tenho esse moicano.
– Kirias, vamos amanhã ao cabeleireiro.
– Não, eu quero cortar meu cabelo, eu quero sentir as mechas saindo por entre meus dedos, quero me sentir responsável por isso. E eu quero sua ajuda.
– Eu nunca cortei um cabelo, Kirias. Pode ficar horrível.
– Vou cortar bem curto, não tem como errar. Ou você não me quer de cabelo curto?
– Em um mês ele cresce, - comentou com um sorriso maior, gostando de saber que faria parte daquele momento. Era evidente que uma futura médica não podia ter aquele ar de adolescente rebelde e que logo estaria cuidando de pessoas doentes na sua residência, por isso precisava trazer confiança. A aparência era um fator crucial na sociedade, ainda mais se lidava diretamente com o público.
A dupla foi até o banheiro, Kirias se olhou algumas vezes no espelho, observando as madeixas alouradas misturadas as cicatrizes que contornavam até o início dos ombros, aonde o espelho permitia que visse, porque era pequeno e ficava preso a parede em cima da pia de vidro. Leona tocou nas mechas mais compridas e a beijou com cuidado, pensando se sentiria saudade daquele moicano. A loura se despiu por completo e entrou embaixo da ducha do box de plástico, deixou uma água fria correr pelo corpo e deu atenção aos cabelos. Talvez fosse mais fácil cortar com eles molhados, pelo menos era assim no cabelereiro. Passou um creme para que ficasse mais maleável e saiu, enxugando-se e enrolou a toalha no corpo, olhando para a namorada. Sentou no vaso sanitário e ajeitou a toalha. Leona colocou a tomada no interruptor e ligou aquele aparelho, ouvindo o barulho irritante que parecia sugar tudo ao redor.
– Tem certeza? – Indagou, colocando a opção número 2 na máquina. Ficaria quase careca, mas logo cresceria.
– Absoluta.
Leona parou na sua frente, tendo os quadris agarrados e ficou olhando para baixo, imaginando-a com os cabelos curtos. Entregou do objeto a Kirias que posicionou até o meio do couro cabeludo. A máquina tocou no couro, fazendo alguns fios caírem lentamente e Kirias moveu o braço para trás, fazendo uma linha torta para trás, revelando a forma do seu crânio aos poucos. Leona acabou puxando da máquina em certo momento ao ver que estava ficando um verdadeiro caminho de rato. E assim deu atenção a parte traseira, cortando uma grande madeixa que caiu no chão, grudando na umidade do piso.
– Como está ficando?
Leona riu baixinho, era uma tarefa difícil no começo, mas depois tendia a ser divertida. Ela ia ajeitando aos poucos, enquanto Kirias passava a mão pela nuca, sentindo os fios curtíssimos. O ruído do aparelho foi desligado e arrancado da tomada para depois ser jogado em cima da pia. Leona ficou de frente para Kirias, observando como seu rosto era bonito e como havia ficado ainda mais madura com aquele resultado final. Realmente, estava na hora de crescer.
– Ficou bom?
– Acho que ficou mais bonita, - murmurou, inclinando-se e beijando os lábios, enquanto passava as mãos pela cabeça, gostando da sensação que os fios curtos causavam. – Se soubesse disso antes, eu ia cortar seu cabelo enquanto dormia.
Kirias sorriu, gostando daquele carinho e principalmente dos elogios. Ela se ergueu e foi até o espelho, estranhando-se de início com a nova faceta. Ela usava aquele moicano há quase três anos e agora se via sem sua grande marca.
– Me sinto estranha.
– Eu imagino, mas logo se acostuma e vai crescer em duas semanas.
– Parece que tem algumas falhas.
– Culpa sua que ficou fazendo cócegas em mim, - resmungou e logo tratou de rir.
Kirias moveu a cabeça de um lado para o outro, vendo do pequeno brinco que usava. Talvez tivesse que deixar aquilo de lado também. Não gostava de tatuagens, então não teria mais nada para dizer ou fazer parte seu. Isso lhe incomodava.
– Eu quero um anel, - falou com os pensamentos perdidos, olhando para o dedo. – Vou te comprar um anel.
– Já? Quer uma aliança?
– Eu quero, e vou usá-la numa corrente e nos dois dedos anelares, - murmurou, pensando em como faria isso.
– Para que tudo isso?
– Perdi minha maior alegoria, vou tirar meus brincos. No mínimo, eu quero os anéis, - disse, caminhando até a mais nova, envolvendo-a pela cintura. – Anéis com seu nome gravado, eu acho que assim me sentiria melhor. Vamos comprar na segunda-feira?
– Como quiser, eu vou adorar usar. – Sorriu e foi corresponder o beijo que a outra iniciara.
O casal ficou se acariciando até que decidiram limpar aquela bagunça, principalmente o chão. Todo o cabelo foi para o lixo, Kirias não queria guardar nenhuma mecha, ela não gostava desse tipo de lembrança e acreditava que o presente lhe traria coisas boas e produtivas. O passado era para os fracos, para aqueles que não aceitavam sua realidade e vivia através de utopias. Ela pensava assim, não desejava mais aquela fraqueza que a corrompeu. Era uma mulher nova, jamais queria ver aquela garota mimada da adolescência.
OoO
Autor(a): lunaticas
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A vida é cheia de sobressaltos, ou melhor, não existe surpresa alguma sobre a vida. Tudo é previsível, as pessoas tendem ao costume de reagir de acordo com um estilo, uma ocorrência periódica de ações antepassadas que dão margem as ações do futuro. O que isso significa? O que é essa ocorr&ecir ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 61
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tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38
Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.
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ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27
kd vc? volta apostar please
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cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55
adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)
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cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20
O Capitulo ta bugado Ç.Ç
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anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48
Deu bug no cap
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rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12
E essa fic aqui, como fica??
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rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29
cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!
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luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20
Postaaa maiss...
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rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03
POSTA MAIS!!!!!
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maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19
posta mais.....bjaum lu