Fanfics Brasil - Capítulo 41 Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon

Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo 41

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Sábado de manhã.


O vento fresco trazia as lembranças da chuva recente, os bancos das praças estavam todos molhados e os transeuntes apenas observavam e voltavam a caminhar. Aquela manhã de domingo estava um tanto tediosa, o céu estava acinzentado e a sensação térmica ia caindo aos poucos. A madrugada havia sido gelada, os motoristas foram presenteados com a pista escorregadia e com acidentes de percurso por conta do descuido do asfalto molhado.


Leona estava encostada num dos postes de metal que serviam de iluminação daquele parque. Ao seu lado estava sua inseparável prima. Fazia um bom tempo que elas não conversavam, pouco contato havia sido trocado nas reuniões familiares e isso não foi visto com maus olhos por suas famílias que desejavam que as primas continuassem sendo apenas primas e nada a mais.


 


– Faz tempo que não nos falamos, Leona. Como está o trabalho com seu pai?


– Está tudo certo, eu nunca pensei que gostaria das finanças. Eu leio bastante a respeito e talvez seja isso que eu deva seguir. Eu acho que trabalhar nos abre uma dimensão maior do que queremos ou do que devemos fazer, - disse no seu tom sossegado, com os braços cruzados a fim de fechar a jaqueta de couro que usava. – E como vai a universidade?


– Eu adoro, está tudo dando certo. Até consegui um estágio, acredita?


– Com o que vai trabalhar?


– Vou trabalhar numa rádio local com a edição de alguns textos, não é bem o que eu quero, mas vou aprender um pouco. Quero trabalhar com televisão, - e sua voz saiu um pouco mais rouca, a gripe havia lhe pegado naquela estação mais fria. Os fios ruivos estavam mais escuros por conta da umidade, os olhos miravam a todo instante o rosto da mais nova e seu coração se apertava. Sentia vontade de se aproximar e tocar no rosto cândido, assim como se segurava para não fazer nenhum movimento brusco ou estúpido, pois sabia que não teria mais aquela Leona tranquila e simpática ao seu lado, isso é, sua prima nunca a tratou de forma rude.


– Você vai se sair bem, sempre sabe para onde ir, Juliana.


– Nem sempre, - sorriu amargo e dessa vez não conseguiu resistir, colocando a mão no ombro menor. – Não consigo ficar perto de você.


– Quer que eu vá embora? Eu estou esperando a Kirias.


– Eu sei quem está esperando e me surpreende que ainda não tenha cansado dela.


 


A cabeça menor meneou de um lado para o outro, os orbes avermelhados apenas miraram o horizonte. Não tinha o que dizer. Leona sabia que a mágoa da sua prima era profunda, tratava-se de uma traição da sua melhor amiga e não sabia avaliar a situação sem envolver os próprios sentimentos. No final, ela havia sido traída pela namorada, separou-se e ficou com Kirias, tudo era simples de ser analisado dessa forma, mas para os outros... Ah, sim! Para os outros a situação era ainda mais divertida. Uma grande novela! Um drama com brigas, socos e chutes, um amor perdido, noites de insônia atrás de bares... Um grande clichê chamado amor e traição.


 


– Você está saindo com alguém?


– Hum... Algumas pessoas, eu sempre estou saindo com alguém.


 


Leona mexeu no bolso do casaco e pegou um pacote de goma de mascar, oferecendo para a mais velha que pegou uma das unidades coloridas; depois pegou uma para si e colocou na boca, onde começou a mascar.


 


- Algo mais sério. Alguém fixo... Sabe o que eu quis dizer.


– Depende. Eu saio às vezes com as mesmas pessoas. Mas não existe um compromisso.


– Eu vou entender que não está saindo com ninguém, então.


– Por quê? Você se importa? Tem ciúmes?


 


A negação veio seguida de uma risada divertida.


 


– Se eu tenho ciúmes, Juliana? O que você acha? – Sorriu, a resposta era óbvia, contudo jamais a diria em voz alta. Certamente que tinha ciúme ou qualquer sentimento de posse com a sua prima, afinal, não conseguiu desfazer dos laços por completo. Isso não era traição sentimental, não era dúvida sobre a namorada atual ou sequer sobre os próprios sentimentos. Era apenas um ciúme com a prima e ex-namorada, não tinha como negar. Contudo não trocaria Kirias por nenhum desses sentimentos.


– Vou ficar com a resposta que me agradar. Bom, eu estou vendo um carro todo amassado se aproximando e imagino que seja da Kirias. – Disse num tom rápido, endireitando-se e fechando o casaco.


– Nunca mais vai falar com ela? – Perguntou no instante que a maior virou-se e postou-se a andar.


– Quem sabe... Quando minha raiva passar.


– Sua raiva nunca vai passar, Juliana.


 


E não ouve resposta, a ruiva foi se afastando, sendo vista com clareza pelos cabelos tom de fogo no meio daquele dia cinza. Sua visão não pode ser contemplada por tanto tempo, logo ouviu duas buzinadas do outro lado da avenida e avistou o carro todo amassado da sua namorada. Em minutos a morena estava sentada no banco do passageiro, olhando para a bagunça que estava naquele automóvel. Havia papéis de balas, folhas arrancadas de livros, latas de energético e inutilidades as quais Kirias sempre comprava nos faróis, onde dizia que estava para incentivar o trabalho informal ao invés da mendicância.


 


– Quando vai levar esse carro para lavar?


 


Kirias sorriu, os lábios eram carnudos e a fileira branca de dentes ficou exposta. Pegou os dedos e os fechou no queixo à frente. Puxou e beijou a namorada ali, mordiscou e escorregou os dentes até a curva da orelha até morder o lóbulo.


 


 – Eu vou lavar amanhã, tudo bem? Assim fica com menos fobia do meu carro?


– Ele só está fedendo.


– Por que fizemos sexo nele ontem.


– Ah... Eu disse para não fazermos mais aqui, podemos pegar até alguma doença rara, - e a mão correu até a cabeça, passando pelo cabelo que já não existia como antes. Kirias sempre passava a máquina número 2 nos fios dourados que estavam mais claros e assim podia ver parte do seu couro cabeludo e suas cicatrizes das quais sempre se somavam e mais desapareciam. – Como foi no hospital?


– Aceitei pegar um turno extra no ambulatório. Eu estou apenas observando a emergência, foi onde eu escolhi.


– Não podia ter escolhido uma área mais calma? Assim não vai ter tempo para estudar.


– Claro que vou ter tempo para você, não se preocupe.


– Eu disse para você estudar.


– Sei o que quis dizer. Vamos apenas trocar os nomes, “estudar” seria igual “Leona”, ou seja, eu não vou deixar nenhum dos dois na mão, - sorriu sem exibir os dentes e deu atenção a sua máquina, porque estava estacionado em local proibido e já havia atrapalhado metade do trânsito tranquilo de domingo com sua infração.


 


O carro se pôs a circular pelas ruas e a garoa começou a cair diante de alguns relâmpagos que cortaram os céus. Os ventos adquiriram uma velocidade maior, arrancando alguns gravetos fracos das árvores e até ergueu algumas latas de lixo que não eram plantadas no chão.


 


– Dulce me ligou hoje.


– E?


– Ela quer ir num bar com música ao vivo.


– Legal. Você quer ir?


– Sim, vamos ir. Ela já me disse que chamou a Juliana também.


 


Leona suspirou e passou a mão pelo cenho onde começou a massagear. A última vez havia sido um completo desastre para todas.


 


– Prometo que não vou fazer nada, - disse a loura erguendo uma das mãos, rindo baixinho logo em seguida. – Prometi a Dulce e vou prometer a você, eu prometi a mim também, porque eu sou a parte mais importante é claro.


– Não vai bater boca? Jogar objetos? Bater?


 


Kirias negou com a cabeça.


 


– Isso está ficando infantil demais até para mim, nem eu aguento isso por muito tempo. – Concluiu ao parar num farol amarelo, desengatou o carro e correu a mão pela coxa ao lado, apertando na região do joelho. – Cansa sentir tanta raiva o tempo todo.


– Kirias, eu estou muito feliz em ouvir isso! – Sorriu animada sem acreditar no que ouvia. – Você é tão... É tão...


– Gostosa?


– Também, - sussurrou, acariciando a mão que lhe tocava. – Mas apesar de fazer tanta coisa insana às vezes você sabe fazer a coisa certa.


– Claro que sim. Afinal eu tenho o prêmio, eu sou a vencedora, não sei por que eu estava brigando o tempo todo. Juliana que tem que ficar latindo por aí...


– Ah... Sabia que estava sendo compreensível demais.


– Verdade, Leona! Time que está ganhando não se mexe, eu aprendi isso com uma enfermeira hoje e olha... Isso me fez refletir sobre minha vida.


– Essa frase te fez refletir sobre sua vida?


– Sim, me fez... Esses ditados populares são irritantes e na maioria das vezes inúteis, mas sabe... Esse ditado “o time que está ganhando não se mexe”, eu acho que deveriam fazer um livro a respeito.


– Meu Deus... Não, não deveriam. É um ditado como outro qualquer e de nada vale os ditados populares se as pessoas não os seguirem de verdade.


– Ah, Leona! Francamente, existem ditados estúpidos demais.


– Dirige mais devagar ou vai ter outro amassado. E sim, tem todo o tipo de ditado e cada um serve para cada tipo de situação. E não sei por que estamos discutindo sobre ditados populares com tanta veemência nessa semana.


– É que eu comprei um livro sobre ditados populares.


– Me mostre assim que chegar ao seu apartamento, porque eu vou querer queimar.


 


A loura apenas riu e olhou de soslaio para a menor que agora dava atenção à janela e a paisagem chuvosa. Kirias respirou fundo e voltou à atenção ao seu veículo sem se esquecer da figura de Juliana no parque, coisa a qual seus olhos atentos não deixaram de notar um segundo sequer e isso a incomodava, apesar de jamais admitir em voz alta.


 


– “A grama dos outros é sempre mais verde. Não é mesmo, Juliana?” – Pensou e mordeu o lábio inferior com seu canino direito, afundando-o com pressão até produzir o corte desejado, ou melhor, reabrir, porque sempre fazia isso quando estava estressada.


 


Duas horas mais tarde o casal estava no novo apartamento de Kirias que ficava próximo ao hospital ao qual estava estagiando. Era um lugar pequeno e sem luxo, um grande prédio com oito apartamentos por andar, sem jardim ou qualquer tipo de lazer. As portas eram de madeira escura e havia alguns enfeites em cada uma. No interior da estrutura havia uma sala compartilhada com a cozinha, com uma mesa de apenas três lugares, sofá e uma grande escrivaninha abarrotada de livros grossos e pesados aos quais eram lidos com frequência pela loura, que estava procurando um oculista a fim de ver algum par de óculos para descanso, porque sua vista estava começando a ficar cansada de tanto ler. Para complementar, um quarto com uma grande cama de casal, armários embutidos aonde permitia existir e um banheiro minúsculo com um box de plástico ao qual Leona fez questão de comprar, porque não aguentava mais tomar banho com uma cortina de plástico que balançava o tempo todo. Teve que admitir que fazer sexo no banheiro com aquela cortina lhe causou alguns hematomas pelo corpo, afinal, não havia o apoio necessário quando era arremessada de um lado para o outro pelos instintos sexuais da sua parceira. Inicialmente a mudança era apenas um projeto, mas por causa do hospital, Kirias foi obrigada a dormir algumas noites em motéis e ao ver que o valor das estadias estava pesando no seu orçamento mensal, ela optou por alugar um apartamento há poucas quadras. E assim podia ir andando para casa, enquanto deixava o carro na garagem, economizando com gasolina, manutenção e estacionamento. Assim que adentraram, Leona se jogou no sofá da sala, colocando alguns livros ali espalhados em cima da mesa central.


 


– Kirias, você precisa de uma faxineira.


– Estou sem dinheiro para isso, Leona. Se quiser me dar de presente, eu aceito, - falava da cozinha, onde pegava na geladeira duas garrafas long neck de cerveja.


– Eu posso pedir para uma mulher de confiança aparecer toda segunda-feira. O que você acha?


– Perfeito, desde que ela não roube meus livros, - sorriu aproximando-se e dando uma das garrafas a namorada. Foi até a janela, abriu e deixou o vento frio adentrar. – O tempo mudou drasticamente. Estava tão quente ontem.


 


Leona retirou o casaco, ficando apenas com uma blusa de algodão de manga comprida da cor vinho, combinava perfeitamente com a cor dos olhos.


 


– Você anda falando com a Any ultimamente, certo?


– Sim, por quê?


– Dulce estava reclamando comigo que ela está sempre a evitando.


– Sério? Any não comentou nada comigo.


– Não? – Indagou com surpresa, bebendo um pouco da cevada. – Any não disse se está em crise com a Dulce? Não comentou nada sobre o relacionamento delas?


– Não, de verdade. Eu estou aqui pensando em nossas conversas... E a Any não parecia infeliz com o relacionamento dela.


– Talvez ela não tenha te contado.


– Ela conversa sobre tudo comigo, mas talvez não quisesse compartilhar seus problemas, porque sabe que eu vou conversar com você, que depois vai falar com a Dulce, - comentou e voltou a atenção à long neck que bebia. – Eu mesmo não conto tudo para a Any, porque ela pode conversar com a Dul e chegar aos seus ouvidos.


 


A loura apenas riu baixinho. Aquilo era óbvio, contudo não contaria tudo para Dulce, porque poderia fazer o casal brigar com fofoquinhas internas. O famoso “telefone sem fio”, que sempre trazia uma história aumentada.


 


– E sua irmã? Ela está bem?


– Continua com aquela idiota da namorada dela. Minha mãe estava reclamando que ela não passa o final de semana em casa e não sabe aonde ela vai.


– Ela não a avisa?


– Diz que vai ficar na casa da amiga dela. Bom, pelo menos ela deixou o cabelo dela no tom natural para sempre e desistiu de tentar agradar Haziel com tudo.


– Falei com a Haziel semana passada. Ela está muito ocupada com o bar que está dando bastante movimento. Amín está pensando em abrir outra filial e até a Carei está se envolvendo nos negócios.


– Odeio as três, nem quero falar delas. – Bufou e voltou à atenção para a janela, via a movimentação do pouco trânsito abaixo. – Principalmente Amín. Não fique sozinha com essa idiota. Ah, também não gosto daquele menino safado.


– Eu não fico sozinha com ela. E o Carlos não é safado.


– O garoto não é um grande problema, acredito que você consegue fugir dele caso ele te agarre. Mas semana passada foi no barzinho e ficou com as irmãs. Ela não tentou nada, não?


– Não, Kirios. Ela não tentou nada e a Carei estava junto também, ela parece depressiva ultimamente. Any até tentou levá-la num barzinho, mas não deu muito certo.


– Ela tem que casar com um homem e fazer filhos, eu acho que só assim conseguiria se contentar. – Observou com uma risada baixa. – Não, coitado do marido. Ninguém merece uma lésbica enrustida. – E o comentário fez ambas rirem baixinho.


 


Sentou-se ao lado da morena, passou a mão por cima dos ombros e se inclinou, mordendo o lóbulo da orelha que já estava marcado com seus dentes. Aliás, o corpo de Leona era cheio de arranhões e roxos.


 


– Trabalhou muito ontem?


– Fiquei no escritório com o meu pai até às oito horas, acredita? Estávamos fechando o balanço da empresa. Isso é tão cansativo.


– Gosto de te ver ocupada, eu acho sexy. – Murmurou próximo ao lóbulo, descendo os dentes pelo pescoço, depositando um beijo ali. – Nós não temos problemas com sexo, não é mesmo?


– Não da minha parte, - sorriu e beijou-a, envolveu a língua e sentiu o sabor da cerveja, correu até a parte interna da bochecha, contornou a região e abriu mais a boca, dando mais espaço para a língua da outra dançasse com a sua.


 


O casal ficou junto naquela manhã de sábado, jogadas no sofá, comendo besteiras, enquanto colocavam o assunto em dia, já que não conseguiam se encontrar durante a semana por causa do trabalho e dos estudos.


 


 


OoO



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Autor(a): lunaticas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 61



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  • tammyuckermann Postado em 15/09/2015 - 20:47:38

    Leitora nova... Posta mais pf, to amando a fanfic, se vc não for postar mais aq entre em contato cmgo parae passar os capítulos pra mim ler. Bjoos.

  • ponnyaya Postado em 27/12/2014 - 18:21:27

    kd vc? volta apostar please

  • cmilla Postado em 08/03/2014 - 15:30:55

    adoro sua fanfic , ainda estou na metade mas tou adorando ;-)

  • cherry Postado em 04/03/2014 - 12:54:20

    O Capitulo ta bugado Ç.Ç

  • anyusca Postado em 27/02/2014 - 10:15:48

    Deu bug no cap

  • rafavorita Postado em 22/01/2014 - 09:49:12

    E essa fic aqui, como fica??

  • rafavorita Postado em 07/01/2014 - 18:28:29

    cadê Kirias, cadê?? POSTA POSTA!!

  • luanaaguiar Postado em 07/01/2014 - 10:20:20

    Postaaa maiss...

  • rafavorita Postado em 05/01/2014 - 09:35:03

    POSTA MAIS!!!!!

  • maralopes Postado em 23/12/2013 - 17:42:19

    posta mais.....bjaum lu


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