Fanfic: Iпtεrпαto Fεmiпiпo- Continuação - Portiñon | Tema: Rebelde, Portiñon

Kirias abriu a porta e viu o estado lastimável da irmã e apenas deu passagem para que adentrasse, sequer precisava perguntar o que havia acontecido, porque já sabia das brigas corriqueiras que vivia a ter com a namorada que reprovava. Assim que fechou a porta, a chamou para que fosse ao banheiro.

Em silêncio, a menor retirou as roupas e foi empurrado para tomar um banho. Kirias saiu e logo voltou com roupas secas e colocou em cima da privada. Nenhuma das Fenris-Wolf se pronunciou, pareciam conseguir se comunicar por telepatia.

A porta do banheiro foi fechada e Kirias voltou para o quarto, vendo a namorada que estava dormindo na cama de casal. Não tinha um colchão extra e poucas mudas de roupa de cama, mas tratou de pegar seu próprio travesseiro e um lençol e levou até o sofá e essa movimentação fez com que a namorada acordasse.

– O que está fazendo? – Leona perguntou com sonolência, passou os dedos pelo canto dos olhos e bocejou, remexeu-se e revelou o corpo desnudo que parte do lençol cobria.

– Minha irmã está tomando banho e vai dormir aqui, - apontou para a porta e então saiu, indo arrumar a sala para que se deitasse. Era um cômodo pequeno, o sofá era desconfortável, quase não tinha acolchoado e as estacas de madeira eram evidentes.

Estava preocupada com o estado da menor. Não podia dar suas broncas, falar com aspereza, tudo isso parecia não fazer efeito e só podia ver a idiota da irmã correr para os braços da tirana que a golpeava. No começo tinha raiva de Haziel, queria acertá-la na rua com um tiro, mas agora via que a outra gostava daquela possessão e tratamento detestável. Leona apareceu na sala, usava calça jeans e olhava para o chão, queria saber aonde sua camiseta havia ido parar. Passava a mão pela cabeça, coçava com as unhas curtas e passou da sala para a cozinha, recordando os beijos e abraços que se iniciaram na lavanderia e foram despejados na cama do quarto. Olhou para o chão de pedra azulada e ali viu a camiseta jogada do avesso, pegou e vestiu, quando virou deu de cara com a namorada que lhe olhava com interrogação e os braços na cintura.

 – Por que está se vestindo?

– Vou para casa, - passou a mão pelo próprio rosto. O sono estava mais forte que o comum, estava com enxaqueca e Kirias lhe deu um forte remédio para abatê-la, contudo lhe deixava com muito sono e moleza.

– Só porque minha irmã vai ficar aqui? – Avançou e tocou no rosto, beijou o canto dos lábios e mordiscou o queixo. A mão desceu pela cintura e juntou os quadris, prendendo-o. – Não precisa sair correndo. Ela precisa ficar aqui hoje.

– Eu não estou saindo correndo. O seu apartamento é pequeno, coloque-a para dormir com você na cama, porque esse sofá é horrível e eu acho que ela vai querer conversar com você.

A loura negou com a cabeça e bufou. Puxou a namorada pela mão até o quarto, empurrou a porta de madeira e a fez se sentar na cama, empurrou o corpo para que voltasse a se deitar e as mãos foram ligeiras, desceram até o jeans e começou a despi-la.

– Kirias... – a chamava e era ignorada, tentou pedir para que ela não se preocupasse e a resposta foi seu jeans jogado no chão e a camiseta sendo arrancada de qualquer jeito.

– Pode continuar aí, - apontou para a cama e inclinou a cabeça para o lado, correu o olhar para a pele branca e cheia de marcas. – Só falta sair no meio da noite e ter seus pais reclamando de segurança e colocar aquela idiota para ficar te vigiando de novo, - disse o que lhe perturbou por muito tempo até conseguir se vir apresentada por Leona a sua família como sua namorada oficial e pedir que não tivesse mais Mel lhe seguindo.

A discussão havia sido fervorosa. Mel foi acusada de assédio por Kirias, não tinha como negar que a segurança via a mais nova da família Sabelio de um jeito desejoso e carnal. Isso não podia ser aceitável. Sem contar que havia sido agredida por ela e ainda recebia olhares ameaçadores, não temia, contudo não podia subestimar, sabia que ela andava armado e podia ser louca o suficiente para fazer alguma idiotice. Contudo Leona tinha seus seguranças ainda. Não tinha como fingir que não era um alvo para bandidos. Ela era de uma família rica, tinha Eduarda nas ruas e sabiam que ela vivia atrás de Carlos para saber a respeito de Leona. O garoto no final foi afastado por um motivo simples, ele não trazia segurança, tinha seus interesses e certa vez tentou levar a morena para um lugar inóspito, com uma desculpa qualquer e isso fez com que o próprio Sabelio cortasse as relações. Temia-a assim como a sua sequestradora. Já havia visto Eduarda nas ruas em outras ocasiões e comunicou a sua família. Seu pai tratou de contratar serviços “ocultos” e não tão “lícitos” para cuidar do caso.

– Vai deixar sua irmã naquele sofá?

– Não tem jeito. Quem manda ela ficar se esfregando com aquela idiota? É isso que dá! – E a irritação foi mais forte, bateu com a mão no armário e passou a mão pela cabeça, sentia os fios que lhe espetavam e começavam a crescer. – Mas que merda! Como acha que eu me sinto com tudo isso? Ela gosta de apanhar e ficar chorando!

Leona se levantou, aproximou e abraçou-o por trás, contendo os braços que se mexiam e cessava um pouco da irritação. Beijou as costas, distribuiu beijos pelo ombro. As mãos frias foram para dentro da camiseta e tocaram no abdômen duro e ali acariciou.

– Ela vai aprender, talvez esteja abrindo os olhos. No começo ela pareceu querer namorar aquela que mais te incomodava para chamar sua atenção, mas ela acabou gostando da Haziel e temos que concordar que vocês duas têm um gênio difícil e...

– Não me compare a ela, - interrompeu abraçou os braços que lhe rodeavam. – Sei que sou briguenta e autoritária, eu até melhorei muito, eu era mimada demais e achava que o mundo tinha que pensar friamente como eu. Mas eu acho que as pessoas gostam de se enganar, de endeusar as coisas para que possam suportar suas realidades infelizes... se ela gosta de apanhar e acha que isso é a felicidade, eu não posso fazer mais nada! – E misturava os assuntos, falava de Haziel, dela mesmo e da irmã.

– As pessoas mudam... não completamente, mas deixam algumas particularidades para trás, - murmurou ao pé do ouvido e começou a andar na direção da cama. Ali empurrou a mais velha para que se deitasse de bruços e a acompanhou, puxou o corpo de lado e abraçou, passou a mão pela bochecha e desceu até o queixo. – As pessoas acreditam que podem ser felizes do jeito que estão. Eu acreditava que podia ser feliz apesar de viver o inferno com Juliana.

– Nem me fale da sua prima, - resmungou e beijou os lábios à frente, passou as mãos pelos braços e deixou as unhas curtas arranharem ligeiramente. – Ela saiu do banho, - avisou assim que ouviu o chuveiro ser desligado e a porta ser aberta.

– Vá falar com ela.

Negou com a cabeça e sorriu de canto, - deixe-a sozinha. Ela quer pensar e hoje, ela tinha um olhar diferente. Parece que algo mudou.

– Ela está precisando conversar, Kirias.

A loura se sentou e resmungou, saiu do quarto com passos apressados e passou pela sala, viu a irmã sentado no sofá.

– Alexia, se quiser alguma coisa, eu vou estar no quarto com a Leona e se quiser ir embora, apenas me avise, não saía sem dizer nada.

Alexia concordou com a cabeça. Sentiu vontade de ouvir mais e queria até conversar, contudo sabia que seus choros e reclamações eram tão constantes, que viraram banais para a mais velha.

– Kirias... eu... – chamou-a antes que desaparecesse, - eu... não sei o que fazer.

– Quer conversar mesmo sobre isso ou vai apenas me acusar de querer acabar com o seu namoro? Porque eu também estou cansada de ouvir coisas ruins sempre que você briga com sua namorada.

– Mas você nunca me apoiou, Kirias. Sempre que eu vou falar sobre a Haziel, você diz para eu terminar e que ela não presta.

Kirias riu baixinho, ergueu os ombros e negou com a cabeça.

– Certo, então vá conversar com sua namorada, faça as pazes e seja feliz. É o conselho que quer ouvir, não é? – E bateu palma algumas vezes, - parabéns! Agora quer falar que eu estou sendo falsa?

– Não está me ajudando em nada com essa agressividade. Eu não fiz nada para você me tratar desse jeito.

– Eu sou cruel mesmo. O vilão malvado da história, o ser que se veste de preto e só diz coisas ruins de graça, - abriu os braços e inclinou a cabeça. – Pode dormir, só não vale cortar os pulsos. Boa noite, amanhã você liga para ela e pede desculpas por dormir na casa da irmã que você parou de falar para não provocar ciúme nela.

Voltou para o quarto e encontrou a namorada sentada na cama, com os olhos atentos a sua figura. Fechou a porta e ficou pensando se comprava outra fechadura com alguma chave, já que não teria a privacidade que desejava. Apesar de duvidar que Alexia adentrasse no seu quarto.

– Não precisava falar assim com ela, precisava?

– Claro que precisava. Ela vive dizendo que eu sou uma interesseira e que a quero ver sozinha, - falava e retirava a roupa, jogou a camiseta em cima de uma cadeira e a calça foi dobrada e colocada numa gaveta.

A luz do quarto foi apagada e ficou completamente escuro, Kirias foi à cama e ali se deitou. Puxou Leona pela cintura e beijou seu pescoço, o rosto e foi se acomodando no travesseiro ao qual dividiria.

– Ainda está com dor de cabeça?

– Um pouco.

– Está com sono? Tente dormir ou se quiser, eu dopo você de remédio.

– Estou com sono, - beijou o lábio e se acolheu no calor dos braços. – Assim está bom, já vou dormir.

O casal trocou mais algumas palavras e deixaram o cansaço lhes tomar.

Na sala, Alexia olhou para o celular e viu a mensagem da namorada.

“Desculpe-me, eu te amo. Amanhã vamos conversar sobre tudo”.

Era diferente de tudo que havia recebido em todo esse tempo. Suspirou e pensou que era melhor Haziel lhe tratar mal, assim sentiria raiva e tomaria as decisões mais fáceis, apesar de dolorosas.

 OoO

Continua...