Fanfic: Carpe Diem - Sem medo de ser feliz | Tema: Romance, Drama
Nunca pensei que depois de tanto tempo eu estaria por mais de três dias debaixo do mesmo teto que minha minha mãe novamente. Da última vez eu ainda cursava o ensino médio e morávamos todos juntos, eu, ela, meu pai e minha irmã mais nova. Depois de uma separação eu e minha irmã continuamos morando com meu pai, por escolha nossa, e a mulher que me colocou no mundo foi morar numa cidadezinha perto da nossa, onde meus avós maternos moram. Cidadezinha essa que estou agora.
Geralmente, Luíza minha progenitora, passa um final de semana por mês conosco. Ela está muito focada e ocupada cuidando de sua própria vida para dispor de mais tempo. Desta vez, meu pai insistiu para eu passar minhas últimas duas semanas de férias de julho com ela, numa tentativa quase que impossível de reaproximação entre mãe e filha. Não me sinto muito a vontade a sós com ela, aceitei fazer isso por causa do meu pai, ele pediu quase que implorando por isso com todo aquele discurso de que devemos perdoar e recomeçar, que ela tem sua própria maneira de demonstrar que me ama.
A verdade é que diante de tudo que já vivi, não consigo ter esperança e muito menos fé, que uma dia eu e minha mãe voltaremos a ser melhores amigas ou no mínimo vamos ter algo além de superficialidades. Não que eu não queira me reaproximar da minha mãe, eu só não consigo, e a culpa não é minha.
***
Já são 21h00 e minha mãe ainda não chegou, estou sozinha na sua pequena casa, na sala assistindo uma reprise de Três é Demais, cara como esse John Stamos é quente! Luíza geralmente chega do trabalho às 20h00, ela é enfermeira e trabalha no único hospital público daqui de Flores. Minha mãe sempre foi dona de casa, mas com a separação ela resolveu recuperar o “tempo perdido”, e ir atrás de uma profissão. Hoje aos 39 anos ela é técnica em enfermagem.
Enquanto assisto, meu celular vibra. É uma mensagem de Bárbara, minha amiga da faculdade perguntando se estou viva.
Eu: Passar a noite assistindo Três é Demais conta?
Bárbara: Rs. Como vai sua mãe?
Eu: Bem, está trabalhando agora.
Bárbara: Estou com saudades, mas não me importaria se as férias fossem prolongadas hehehe
Eu: Não posso dizer o mesmo, quero voltar logo a minha rotina normal :/
Bárbara: Relaxa amiga, faltam apenas 4 dias.
Eu: Os dias aqui passam devagar...
Bárbara: Sei como é... Bom, estou saindo agora. Bjs amiga, se cuida!
Eu: Bjs e se divirta por mim ;)
Nos conhecemos num cursinho pré-vestibular e terminanos ingressando na mesma faculdade, no mesmo curso de Administração.
Bárbara é uma boa amiga, a melhor que eu poderia ter nesses últimos anos de minha vida. Ela é do tipo amiga fiel e que não pergunta muito sobre minha vida íntima, familiar. Ela sabe até onde pode ir, e eu gosto disso, não me sinto a vontade com pessoas querendo um histórico da minha vida.
A porta da sala abre, é minha mãe. Graças a Deus, já estava ficando preocupada. Eu sou daquelas que intuitivamente acham que o motivo da demora foi algum sequestro, estrupo, acidente... quando o mais normal seria pensar que ela deve ter tido algum imprevisto.
– Você demorou, o que houve?
– Você? – ela me pergunta em tom de reprovação.
– A senhora. – reviro os olhos.
– Ossos do ofício filha. Quando eu já estava me aprontando para ir embora, um jovem chegou com um ferimento profundo na perna. Prestei os primeiros socorros.
– Levou 1 hora para fazer isso?
– Eu ainda liguei para sua avó e contei o que havia acontecido. Embora pouco, conheço os dois.
Saber que nenhum mal tinha acontecido a minha mãe já havia me deixado aliviada. Ela pode não ser a melhor mãe do mundo, mas é claro que quero vê-la sempre saudável e segura. Apesar de não ser tão tarde da noite assim, eu já estava com sono e não dei muita atenção ao que ela falava sobre o que acontecera com a perna do rapaz.
Me levantei do sofá, dei boa noite a minha mãe e me dirigi ao quarto dela para dormir. A casa não era tão grande e eu não tinha o luxo de ter um quarto só pra mim. Então nós duas dividíamos uma cama de casal.
Antes que eu pudesse entrar no quarto, ela me chama.
– Katherine, acabei de me lembrar que amanhã preciso ir até Indianópolis resolver umas coisas. Você pode ir no meu lugar amanhã?
– Amanhã? Pra onde?
– Você sabe, acabei de falar. Trocar o curativo do Davi.
Fiquei totalmente perdida. Droga, odeio quando ela percebe que eu não estava prestando atenção.
– É brincadeira? Eu nem sei fazer isso! Porque outra enfermeira não vai no seu lugar?
– É tão simples, te ensino rápido. Eu não gosto de pedir favores as outras meninas. Você sabe, se fico responsável por alguma coisa, tenho que fazer e pronto. E sabe de uma coisa? Esse rapaz é até bonitinho.
Nesse ponto somos parecidas, eu também não gostava de pedir favores, a não ser que não tivesse outra alternativa.
Aceitei ajudá-la, eu não tinha nada melhor para fazer no próximo dia mesmo, nada melhor do que pegar numa ferida de um desconhecido, numa casa desconhecida, para quebrar a rotina. Depois de uma aula de “Como trocar um curativo de uma perna pela primeira vez”, e dela me ensinar 300 vezes o endereço do acidentado, deitei-me e dormi.
Autor(a): corinnek
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