Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   O tempo sempre passa rápido pra caramba quando você está com alguém que ama, ou quando está se divertindo. Ucker estava mesmo comvencido de que aquilo era uma grande verdade universal. Em relação a Legião, nossa, o tempo se arrastava como um soldado ferido. Mas quando estava com Dul, na cidade dela, naquela proximidade e intimidade com a ruiva, o tempo parecia um foguete. As semanas passaram, dias maravilhosos só foram marcando o casal, dias frios em que ele esquentava o pé de Dulce embaixo do cobertor fofinho da cama dela, e noites quentes em que ele tirava cada peça dela e beijava cada centímetro de sua pele aveludada.

   Mas, infelizmente, tudo na vida tem fim. Querendo ou não, desejando ou não, suplicando aos céus ou não, tem um fim. E esse tinha chego. Agora, Ucker tinha que ir embora para encarar seu último ano de Legião Estrangeira. Por um lado, estava triste pra caraca de ter que deixar Dul para lutar por mais um ano, mas por outro lado, observando o lado bom da situação, quando aquele ano acabasse, ele estaria livre. Livre pra voltar e casar com a mulher da sua vida...

   A rodoviária estava cheia naquele dia, estranhamente. Pessoas passavam de um lado para o outro e Dul achava que era o fato de um pessoal de uma faculdade numa cidade distante ter passado as férias ali também. Chris e Mai se beijavam numa pilastra, o loiro estava fardado, mas a boina estava na mão da namorada, que estava com os braços envoltos no pescoço dele. Annie e Poncho tinham ido comprar um biscoitinho pra Anabella e a menina estava chorosa naquele dia, sabendo que os “tios” iam embora. Ucker estava sentado no banquinho marrom, também estava fardado e sorria para a noiva, que estava parada diante de si, de pé.

- Linda. – Suspirou ele, beijando a mão dela e sentindo a aliança ali. Ele olhou, as vezes não acreditava que estava ali mesmo.

- Ô, meu soldado. – Ela fez um biquinho. – Vou morrer de saudades de você.

   Ucker abraçou a cintura dela, encostando a cabeça na barriga dela.

- Quando vai ter um bebê aqui, hein? – Ucker riu e encostou o indicador, cutucando a barriga dela.

- Ucker! – Dul brigou, batendo com a mão no ombro dele e ele riu.

- Que foi? Nós vamos ter um filho um dia, não vamos?

- Sim, mas não agora. – Ela estava ficando vermelha como a cor de seus cabelos.

- Eu não disse agora. Quando eu voltar, talvez. – Ucker sorriu. – Você tá muito magrinha, acho que treinamos muito essa produção de bebê durante as férias. – Ele brincou, olhando pra cima, vendo o rosto de Dulce.

- Você queria me deixar desnutrida? – Ela ergueu as sobrancelhas.

- Hum, não. – Ucker a puxou para sentar em seu colo. – Reparou numa coisa? Essa é a primeira despedida nossa que não teve lágrimas.

- Quem disse isso? – Dul secou o canto do olho.

- Chora não, amor. É nossa última despedida.

- Eu sei. – Dul fungou o nariz. – Não é por isso que estou assim.

- O que foi? – Ucker perguntou.

- Eu te amo muito. Volta pra mim, tá? Só isso, apenas volte para mim.

   Ele assentiu. Dul se abraçou a ele num abraço bem apertado, como se fosse possível se fundirem. Ela não pode evitar que uma lágrima rolasse pelo rosto, a ruiva tentou desfazer o abraço mas desta vez foi Ucker que o apertou. Ele também devia estar pensando que o fim estava próximo. Dulce engoliu a vontade de chorar com todas as forças, mas o beijo dele quente e macio desarmou-a e as lágrimas rolaram lentamente até ele lhes tomar o gosto. Ucker se afastou dela ligeiramente, secou o rosto de Dul suavemente com os seus dedos e não fez perguntas, acho que não precisava…

- Tenho que ir agora. Eu te amo, minha linda. Mais do que todos, mais do que tudo. – Ucker murmurou, se levantando e pegando sua mala. O ônibus já estava ligado e podia se ouvir com clareza Maite e Chris se despedindo entre lágrimas e risadas. Annie e Poncho voltaram para se despedirem dos amigos e Anabella não queria soltar Ucker quando o abraçou. Ela olhou pra ele com os olhos marejados e um biquinho no rosto e sussurrou: “tchau, titio”. Foi a cena mais comovente do momento. Chris a pegou no colo e lhe deu uma animadinha e ela puxou o cabelo dele como costumava fazer, brincando de cavalinho.

   Entre risadas e acenos, os meninos subiram no ônibus, mandando beijos e acenando para os que ficavam. Ucker subia a escada do ônibus quando sentiu um forte aperto no peito, uma sensação ruim, mas manteve a postura de durão. Deu mais um passo, subindo mais um degrau e a sensação dobrou de tamanho e força. Começou a parecer uma dor. Ucker arfou, respirando fundo, a última vez que tivera aquele pressentimento foi quando se despediu de um amigo legionário mexicano com um abraço e ele não voltou nunca mais de uma missão na África. O soldado, que já tinha salvo a vida de Ucker uma vez: era uma das primeiras semanas dele na Legião e o mexicano arriscou sua vida para matar um terrorista que atirava em Ucker, que naquele momento recarregava o fuzil. Mas naquele dia em que abraçara Ucker e o mesmo tivera uma sensação ruim em seu peito, o mexicano morreu como um bicho embaixo de botas terroristas. Ucker ainda tinha pesadelos com isso, virara um trauma. Mas o que fazer? Como fazer? Não havia nada que ele pudesse fazer e a porta do ônibus já tinha fechado.

   Dul viu a porta se fechar e ficou parada algum tempo por ali. Annie e Poncho tiveram que ir, precisavam lever Aninha no pediatra. Dul ficou de mãos dadas com Mai, entendendo a amiga. A ruiva tirou o papel dobrado do bolso, aquela folha que já havia sido lida dezenas de vezes e já estava amarelada e gasta por esse motivo.

- Você tem certeza do que está fazendo, Dul? – Mai suspirou, olhando para o papel na mão de Dulce, que a ruiva desdobrava.

- Tenho. – Ela suspirou, tentando fazer a voz não tremer. – Eu faço de tudo pra ficar com ele, tomar conta dele, estar próxima dele. Não vou viver direito um ano aqui, sentada, esperando. Eu vou.

   Dul olhava para a folha determinada e leu o papel novamente. “Légion étrangère” estava escrito no topo da folha e no resto, traduzindo do frânces, dizia: “você foi aceita na seleção primária com o objetivo de servir a Legião Estrangeira Francesa no nosso corpo médico, como enfermeira.”

- Eu embarco amanhã. – Dul dobrou a folha e cruzou os braços. Logo, faria parte da Legião também e estaria tão próxima de Ucker... Era tudo o que mais sonhava.

Comentem, meus amores ;*