Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   O dia seguinte amanheceu embaixo de muita chuva e as ruas da cidade estavam vazias quando o pai de Dul a levou na rodoviária. Annie, May, Poncho e Anabella estavam lá, não pareciam muito contentes com a viagem da amiga. Ela tinha ido bem cedo ao hospital se despedir das crianças, pegou suas malas e seus documentos, respirando fundo para manter a calma e as lágrimas presas nos olhos. Não tinha mais tanta certeza do que estava fazendo, estava quase dando pra trás e desistindo daquela ideia corajosa e maluca ao mesmo tempo.

- Dul, não faz isso. – Annie pediu, correndo até a amiga com Anabella no colo. Dul já estava quase subindo no ônibus.

- Annie, eu não posso ficar aqui, a mercê da volta dele. Eu tenho que ir, preciso me encontrar com ele, mantê-lo em segurança.

- Dul, é ilusão sua pensar que vai conseguir salvá-lo indo pra lá. Pelo contrário, só vai atrapalhar todas as coisas. – Anahí fungou o nariz. – O Ucker é um soldado, ele sabe se defender, ele sempre lutou a vida toda. Você não é acostumada com essas guerras, aquilo lá não é o seu mundo.

- Annie, eu não vou lutar. Eu vou ser apenas enfermeira da Legião. – Dulce mordeu o lábio, escondendo o medo. – Não tem nada de tão perigoso nisso.

- Você acha que não? Será que você nunca viu filmes de guerra? As enfermeiras são mandadas para as missões, para cuidar dos soldados feridos no meio de tiroteios e de lugares horríveis. Você tá criando uma ideia diferente na sua cabeça, mas nem sabe se vai encontrá-lo lá.

- Annie, não adianta discutir. Quando eles perguntarem minha preferência na hora da entrevista, eu vou dizer o nome do regimento dele. Eu vou conseguir encontrar o Ucker, pode ter certeza disso. – Dul percebeu que uma lágrima caiu de seu rosto.

- Você tá cega, Dul, tá sendo irracional. Poxa, é o último ano dele, custa esperar? – Anahí piscou os olhos e as lágrimas caírem.

- Mamãe. – Murmurou Aninha, unindo as sobrancelhas e passando a mão no rosto de Annie.

- Vai com o papai, amor.

   Anabella foi entregue para Poncho.

- Você já esperou todo esse tempo. – Completou a loira, fungando o nariz.

- Por isso mesmo, Annie. Eu... eu não posso deixar o Ucker lutar por isso sozinho, passar por isso sem mim. Ele vai lá, enfrenta tudo pra sobreviver e voltar pra mim, enquanto eu fico aqui, vivendo uma vidinha monótona e sem nada de diferente?

- Dul, sua faculdade... – Anahí não sabia mais o que argumentar.

- Eu tranquei a matrícula. Quando isso acabar, eu voltarei a fazer, com certeza.

- Tio, faz alguma coisa pra impedir isso. – Annie virou-se pra trás, olhando para Juan.

- Eu não posso. – O pai parecia verdadeiramente magoado. – Ela já é maior de idade, é legalmente livre para ir e vir. Não posso impedí-la, Anahí.

   Juan pensava que já tinha perdido sua esposa, agora poderia perder a filha. Se Dul se fosse, não aguentaria mais viver, porque cada respiração dele era por causa de sua filha. Desde a morte de Elizabeth, ele quase tinha desistido de tudo, mas viu sua menininha com cachos negros e olhos profundos, olhando pra ele assustada, esperando que ele fosse agora pai e mãe, que ele a protegesse de tudo. Então, Juan decidiu que tinha de viver. Mas sem Dul, sem Dul não lhe sobrava nada.

- Me desculpa. – A boca de Dul disse, mas a voz não saiu, foi apenas o movimento dos lábios. Em seguida, ela abaixou a cabeça.

- Vocês vão ficar parados aí? – Annie gritou. – Não vão fazer nada, deixá-la ir embora? – Lágrimas soltaram dos olhos esverdeados de Annie e ela começou a soluçar.

   Dul impediu que ela tivesse uma crise e abraçou a amiga, apertado.

- Shii, shii. – Sussurrou Dulce, acariciando o cabelo da amiga. – Vai ficar tudo bem, não chora, loira.

- Eu não quero perder você, amiga. Nós nunca nos afastamos por tanto tempo. – Annie parecia uma criança nos braços da ruiva.

   Depois disso, Poncho e Mai também se aproximaram e abraçaram ternamente, fazendo um grande abraço em grupo.

   Ucker e Chris mal tinham chego no regimento e foram chamados para a sala do general. Estranharam, era difícil soldados serem chamados para ir na sala do general pessoalmente. Os soldados se olharam no espelho, estavam impecáveis com aquelas fardas bem limpa se bem passadas, só o que estragava o conjunto eram as olheiras que os dois colecionavam no rosto.

- Cabo Uckermann, se apresentando senhor. – Ucker parou ereto na frente do general, fazendo uma continência.

- Cabo Christian, se apresentando senhor. – Chris fez o mesmo.

- Sentem-se. – O general apontou para as cadeiras a sua frente. – Bom, sem enrolação, vou direto ao assunto. O nosso regimento foi escolhido para a invasão a Timbuktu, capital da região norte do Mali e que está ocupada há nove meses pelo grupo jihadista Al-Qaeda do Magreb Islâmico.

   Ucker e Chris engoliram seco.

- Iniciamos esse ano uma intervenção militar no Mali, com o objetivo de impedir que grupos rebeldes islâmicos que controlam o norte do Mali assumam o controle de todo o país. Não temos previsão para o fim dessa missão, mas eu prometo aos senhores que assim que ela acabar, podem os dois sair por aquela porta e nunca mais voltar. Não importa o contrato, será a última missão dos senhores. – O general explicou tudo, bem sério. – Eu conto com vocês, legionários. Com vocês e com seus colegas de regimento, espalhem a notícia.

- Com todo o respeito senhor, é uma missão suicida. - Sussurrou Chris, ainda pasmo por estar diante da pior missão que enfrentaria.

- Todos vamos morrer um dia. – O general disse. – Mas não se preocupem, vocês farão parte da minha tropa especial.

   Ucker pensava se seria tão especial assim para o general se o mesmo soubesse quantas vezes ele já dormido com a filha dele, Laura.

- Tudo bem, cabo? – O general direcionou o olhar para Ucker.

- Sim, senhor. – Ele voltou a olhar para o general.

- Então, estão dispensados. – O homem voltou a olhar para as folhas e Chris e Ucker saíram da sala.

- Nós vamos morrer nessa missão. – Chris disse baixo.

- Eu sei. – Ucker levou a mão até o peito, sentindo aquela sensação ruim tomando conta de si novamente.

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