Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   Dul olhava pela janela o momento exato em que o avião decolava. Sentia um frio na barriga de puro nervosismo, mas naquele dia não era por causa do voo. Muito pelo contrário, a viagem era para ela, seu último momento em segurança. Dul fechou os olhos e encostou a cabeça no encosto da poltrona, segundos depois, Luna a cutucou.

- Dulce, você está bem? – Perguntou ela e Dul assentiu de leve com a cabeça, sem abrir os olhos. – Está com medo? – Dul assentiu novamente. – Eu sei que não é de voar.

   Dul deixou sua cabeça tombar de lado e abriu os olhos, preocupada. Mordeu o lábio de leve.

- Quer conversar? – Luna sugeriu. Os olhos da ruiva encheram-se de lágrimas, porque era só isso que ela fazia ultimamente, chorava. Dul fungou e respirou fundo, controlando o choro que logo viria.

- E se tiver acontecido alguma coisa com ele? – A ruiva murmurou.

- Não aconteceu, Dulce. Ele está bem. – A enfermeira tentou passar um pouco de confiança pra Dul, mas não tinha certeza disso, não tinha notícias, nem sabia da verdade. Podia estar falando que estava tudo bem com ele, mas agora Ucker podia estar morto. Dul sufocou com a ideia, arfando.

- Tenho medo dessa história ter um fim trágico. – Dul deixou a primeira lágrima cair. – Eu quero ter paz, é só o que eu tenho desejado durante todo esses anos.

- A paz começa de dentro. – Luna tocou com o dedo sob o coração de Dul. – Só depois, depois de arrumar a bagunça que está aí, você pode ter paz aqui.

   Dul assentiu e naquele momento, prometeu pra si mesma que manteria tudo sob controle para que o melhor fim possível acontecesse. Ela não permitiria que aquela guerra acabasse com eles, já tinha os separado, mas não acabaria com o amor deles.

   Os dias se passaram e a paz nunca chegava. A missão estava cada vez mais difícil, todos os dias soldados perdiam suas vidas, todos os dias famílias perdiam seus entes queridos. Dul estava numa enfermaria instalada as pressas pela Legião para atender aos feridos durante a missão. Era bem diferente do que ela estava acostumada em relação a enfermagem. Tinha feito estágio no último ano do ensino médio e aprendido vários atendimentos na prática, mas ali, nem todo o treinamento, experiência e técnica do mundo traziam confiança e segurança no que estava fazendo. O que você mais precisava era sangue frio, coragem e um controle absoluto sobre seus dutos lacrimais.

   Naquele exato momento, Dul estava cuidando do ferimento de tiro de um soldado francês. O garoto estava assustado, parecia bem novo para já ser Legionário, a julgar pela cara que ele estava fazendo devia ser seu primeiro ano ali. Estava difícil cuidar do ferimento na barriga, toda vez que Dul encostava o algodão para limpar, o soldado se afastava e reclamava de dor. Quando a ruiva terminou o procedimento, olhou para o soldado e se viu numa situação difícil ao não saber dizer uma única palavra em francês, ficou constrangida por não ter como se comunicar.

- Hum... Ai, meu Deus. – Ela uniu as sobrancelhas. – Você tem que vir aqui amanhã pra limpar novamente e trocar o curativo. – Dul disse.

- Você sabe que falar devagar não adianta, né? – Riu uma voz masculina com um sotaque bonito e Dul olhou para trás. Havia um soldado, alto, loiro com os olhos verdes, fardado e sentado sobre uma maca, o braço enaixado com uma gaze cheia de sangue.

   Dul não sorriu e olhou pra frente de novo.

- Vous devez revenir ici demain pour nettoyer et changer le pansement. – Disse o soldado, traduzindo e ajudando Dulce. O garoto então entendeu e assentiu para ela, depois levantou-se, fez uma continência e saiu.

- Obrigada. – Dul suspirou, jogando os algodões sujos dentro do lixo e lavando as mãos.

- Me desculpe a brincadeira. – Ele abaixou a cabeça.

- Tudo bem. – Ela virou-se e caminhou na direção dele, puxou a cortina ao lado da maca dele e só ficaram os dois ali. – Você é o próximo, então.

- Sim, graças a Deus.

- Com licença. – Dul pediu, desenrolando com cuidado a gaze do braço dele. O soldado mordeu a mão e olhou para o lado, o ferimento em seu braço já estava com o sangue estancado, mas toda a pele envolta estava vermelha e inchada, devia estar sentindo muita dor. – Você quer um comprimido?

- Não, não precisa. – Ele riu, tremendo quando ela tocou de leve envolta. – Já estive pior, acredite. Eu sou o soldado Cole.

- Não precisa se apresentar tão formalmente, eu não sou fanática por militarismo. – Ela jogou a gaze na lata de lixo.

- Meu nome é Jonathan, me chame de Johnny. – Ele sorriu e seus olhos verdes ficaram fechadinhos por causa do sorriso.

   Dul sorriu e não disse mais nada, apenas pegou o algodão e começou a limpar o ferimento, evitando que acontecesse uma inflamação. Ele suspirou, fechou os olhos e controlou a dor, quando aquilo acabou, foi um alívio para Johnny. Dulce cobriu com uma gaze nova e colou um esparadrapo.

- A mesma coisa pra você. Amanhã já vai estar melhor, tenho certeza. – Ela deu um tapinha no ombro dele.

- Não vai me dizer seu nome?

- Enfermeira Saviñon.

- Primeiro nome.

- É pra considerar isso uma ordem? – Dul levantou os olhos.

- Mas... mas é claro que não. Tudo bem, estou incomodando. Me desculpe. – Ele levantou-se da maca.

- Dulce. Meu nome é Dulce.

- Obrigada, Dulce. – Johnny disse e passou por ela, caminhando em direção a porta. De repente, como num estalo, algo aconteceu. Lembranças repentinas surgiram na mente de Johnny com muita facilidade e ele arregalou os olhos verdes, surpreso.

- Peraí... – Pensou alto, colocando um dedo no queixo. – Dulce?

   O canadense virou-se para ela e caminhou até Dul rapidamente, com a mão livre pegou na boina que ela usava e tirou de uma vez só. Dul não entendeu, se surpreendeu e arregalou os olhos. O que ele estava fazendo? Será que tinha enlouquecido de vez? Mas a gota d’água foi quando o soldado pegou no coque dela e o desmanchou com muita facilidade, fazendo os cabelos vermelhos caírem ondulados sobre os ombros. Dul pensou na hora que aquilo só podia ser um assédio, mas o soldado parou e ficou olhando paralisado, sem acreditar no que seus olhos lhe mostravam.

- Não, só pode ser uma coincidência. – Disse ele, balançando a cabeça com os olhos arregalados. – Uckermann vai rir de mim quando eu contar isso.

- Ucker? Você conhece o Ucker? – Dul perguntou, seu coração palpitou.

- Não é uma coincidência. – Concluiu Johnny. – Você é a Dulce, a Dulce dele, a noiva do meu amigo, a bela ruiva? É você, eu lembro perfeitamente agora, com o cabelo desse jeito eu lembro da foto. Você é a garota.

- Sim, sim, sou eu. – Dulce levou as mãos até o peito. – Como ele tá?

   Em vez de responder, Johnny lembrou-se do que levava no bolso da frente da farda e colocou a mão, pegando. Quando sua mão surgiu, havia uma corrente e um pingente preso a ela, um pingente rosa que Dul reconhecia bem. Tinha dado o cordão de sua mãe a tanto tempo para Ucker e agora ele cintilava e balançava como um relógio hipnotizante a sua frente. E o que aquilo significava? Seu soldado estava ferido? Ou pior... Ucker estava...? Dul começou um choro paralisada e ela jurou, sem drama nenhum, que podia sentir toda a apreensão e tristeza do mundo caindo em cima de si.

Querem uma fotinha do Johnny? Beijos, comentem <3