Fanfic: A garota e o soldado (Vondy) | Tema: RBD Vondy

   As pernas de Dulce bambearem e ela teve que se segurar na maca para se manter de pé. Johnny percebeu e se inclinou na direção dela, segurando Dul antes que ela caísse desmaiada. O soldado envolveu a cintura da ruiva com o braço bom e ela sentiu sua vista ficando escura, um zumbido dominar sua mente e uma vontade imensa de vomitar que tinha comido naquela manhã. Ela apertou os lábios e puxou ar pelo nariz para se controlar e manter-se consciente, não podia desmaiar agora, precisava saber de Ucker, ser forte e encarar a verdade, quer seja ruim ou não.

- Calma, Dulce. – Johnny a manteve de pé com a força de seu braço. – Ele não morreu, ele está vivo, Uckermann está vivo.

   Uma lufada de alívio soprou dentro de Dulce, ela podia sentir toda aquela sensação ruim saindo de seu corpo numa nuvem negra. Alguns segundos depois, seus pés já estavam bem mais firmes e suas mãos não tremiam tanto.

- Você tá melhor? – Johnny a sentou na maca, encarando Dul.

- Sim. Mas nunca mais, nunca mais me dê um susto desse. Por favor, nunca mais faça esse mistério. – Ela estava prestes a chorar, mas ele deu uma risadinha.

- Me desculpa. – Pediu, sincero.

   Johnny sentou ao lado dela e mostrou o cordão a Dulce.

- Ele perdeu. – O soldado disse, com seu sotaque canadense. – Um dia, nós nos separamos e ele foi com a tropa do general, eu fiquei de guarda com mais uns soldados nas barracas. Foi quando vi, no meio da areia cintilava essa pedrinha rosa. Peguei e guardei da farda, Stovik, um dos soldados que estava comigo de guarda, me disse que já tinha visto Uckermann usando isso. Stovik me disse também que Ucker tinha dito que era como um amuleto que você tinha dado pra ele, que ele nunca tirava do pescoço porque o protegia. Isso é verdade, Dulce?

   Dul olhou para o cordão na mão de Johnny.

- É, sim. – Dul suspirou. – Era da minha mãe. Você podia... entregar pra ele?

- Não posso, eu não tenho notícias do Uckermann. Mas sei que ele está vivo, se não o nome dele já teria saído nas baixas ali.

- Eu olho aquela folha sempre que posso. Procuro nome por nome umas dez vezes, torcendo pra não encontrar, antes de agradecer a Deus. – Ela murmurou, abaixando a cabeça.

- Tenho certeza que vai poder entregar pra ele. – Johnny colocou a corrente na mão de Dul e a fechou. – Afinal, o Uckermann é o melhor soldado desse regimento, é o melhor legionário de todos os tempos, seu namorado é sinistro.

   Dul deu um leve sorriso.

- Opa, tô vendo um sorriso? – Johnny brincou e ela abaixou o olhar.

- Tem certeza que ele está bem? – Dulce suspirou e mordeu o lábio inferior. – Tô com tanta saudade dele. – Ela deixou lágrimas caírem e Johnny suspirou.

- Ah, não chora. Ele está bem, assim que eu melhorar vou voltar pra cuidar dele. Vou cuidar do Uckermann pra que ele possa voltar pra você, eu prometo. Vai ficar tudo bem, vocês vão ficar bem e vão ficar juntos. Calma. – Johnny passou o braço bom nos ombros dela e a puxou, abraçando-a de leve. Dul não se conteve e chorou. Tanto tempo que não sentia alguém lhe confortando, não ouvia palavras carinhosas que a fizessem acreditar por breves segundos que tudo ia ficar bem, que quando aquele soldado lhe ofereceu um ombro, ela chorou.

   Num lugar distante dali, separado por alguns quilômetros de areia, uma tropa estava descansando em barracas montadas as pressas. O sol estava levemente quente, mas todos os soldados estavam fardados dos pés a cabeça e como estavam em combate, na cabeça traziam capacetes de guerra. Christian estava com alguns soldados do regimento de paraquedistas, sentados em troncos na parte de fora das barracas, desmanchando as mochilas atrás das latas de comida.

- Cadê aquelas porcarias de salsichas? – João resmungou, revirando uma mochila.

- Eu tô varado de fome e não acho a ração. – Resmungou mais um deles.

- Vou lá dentro ver como o Ucker está. Já volta, moças. – Chris levantou e caminhou até a menor barraca e entrou. Ucker estava deitado no saco de dormir, com os olhos fechados e o cenho franzido, parecia sentir dor. Ele resmungava alguma coisa, imerso em sonhos, e mesmo estando completamente descoberto, estava suando. Sua testa estava pingando de tanto suor e Chris pensou que era por causa do capacete e da farda, mas quando tocou no amigo, quase puxou a mão de susto. A pele de Ucker tinha queimado sua mão.

- Cara/lho. – Sussurrou Chris e quando colocou a palma da mão na testa de Ucker, arregalou os olhos. Nunca tinha visto ninguém tão quente em toda a sua vida. A julgar pela temperatura corporal de Ucker, o soldado deveria estar com uns 41°C, quase 42°C de febre. – Ucker! Ucker. – Ele balançou o amigo com urgência. – Ucker, acorda.

   Ucker abriu os olhos de leve, parecia dopado ou algo assim.

- Porra, você tá ardendo em febre. – Disse Chris, tirando o capacete dele. – Seu machucado melhorou?

   Ele não disse nada, apenas balançou a cabeça negativamente.

- Eu vou falar com o general e pedir pra ele providenciar que o caminhão de emergência passe aqui. – Chris já ia se levantar.

- Não precisa. – Ucker sussurrou, segurando o braço de Chris.

- Como não? Você tá pegando fogo, para de ser teimoso.

- Só preciso de um pouco de alcóol e... – Ucker se sentou com alguma dificuldade.  – Isso melhora. – Depois de dizer isso, Ucker ergueu a barra da calça em sua perna direita, revelando o corte na perna.

- Cara/lho! – Chris arregalou os olhos ao ver. O machucado na batata da perna de Ucker estava completamente inchado, parecia pulsar. No meio dele, havia um corte profundo e vermelho, que começava no calcanhar e terminava na lateral do joelho, coberto de sangue e de um pûs branco. Envolta, a pele estava avermelhada e ralada, com vestígios de sangue seco. Estava completamente inflamado, tão inflamado que era impossível alguém tocar ali sem fazer Ucker ver estrelas.

- Arruma o alcóol pra mim. – Pediu Ucker.

- Você tá maluco? Isso tá horrível, é por isso que você tá com essa febre. Sabe que pode perder a perna por causa disso, não sabe?

- Para de drama, Chris. – Ucker deu um leve risinho, mas estava doendo muito mesmo, uma dor insuportável e ele tinha consciência do quanto aquele corte estava feio e piorando. Mas era teimoso e orgulhoso demais pra assumir.

- Não vou discutir com você, Ucker, vou agora falar com o general e nós vamos imediatamente para a enfermaria mais próxima. – Depois disso, o loiro levantou-se e saiu, deixando Ucker deitado no saco de dormir.

   Quando o comboio da enfermaria chegou, uns vinte minutos depois, levando diversos outros soldados feridos, Ucker foi colocado num banco para ser levado. O general autorizou que Chris acompanhasse seu amigo e o loiro foi segurando a mão dele durante todo o caminho, que durou uns quarenta minutos. Formou-se uma pequena poça de suór na mão de Ucker e quando eles chegaram, o mesmo já estava começando a ter alucinações por causa da febre e sentia cada parte do corpo amolecer e latejar.

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Fotinhas do Johnny Cole: